Algumas considerações sobre a série “Eu, tu e ela” do Netflix (CONTÉM SPOILER!!!)
Não se trata apenas de uma série sobre a relação de um “trisal”, acredito que algumas outras questões bastante relevantes são expostas e podem nos fazer ir um pouco além.
A primeira e mais relevante delas é a de perceber como a sociedade foi erigida tendo como base leis/padrões/costumes que muitas vezes não condizem com o que somos ou desejamos. A família tradicional não funciona para grande parte das pessoas e isso não é novidade (E Emma, inclusive, é julgada por não conseguir engravidar). E caso fujam a norma, estas pessoas são consideradas aberrações, como bem se diz na série em alguns momentos. Há uma preocupação absurda com a vida alheia, que nada saia dos trilhos do que é convencional.
Um outro aspecto relevante é da ordem do afeto. É muito interessante a passagem em que se revela que a vizinha fofoqueira Lori, somente estava vigiando a casa deles por nunca ter sido convidada a entrar nela. É marcante o fato de que, a falta de afeto na vizinhança por Lori a leva a ter comportamentos rancorosos, chegando ao ponto de querer usar a história investigada para desqualificar a ascensão profissional de Jack como reitor.
Como terceiro ponto eu destacaria: Como o estilo de vida racional americanizado muitas vezes pode nos fazer sofrer ao ponto de não fazermos o que queremos, não estarmos com alguém do qual gostamos, não tentarmos o que é diferente por medo de perder uma suposta posição na sociedade. Estamos priorizando nossos empregos, nossos bens materiais, nossa reputação na vizinhança em detrimento de possíveis pontos fora da curva dessa vida entediante e quadrada que é estabelecida pela ordem burguesa, como por exemplo, um casamento entre três pessoas (que se amam, ponto.).
Entre outras coisas, instiga-me o fato de vislumbrar que relações outras são possíveis, por mais que o embate com essa sociedade quadrada seja iminente. Parece-me que todo contexto atual no qual estamos vivendo emerge nessa problemática da série. Ou seja, são pessoas duras, que seguem muitas regras, ficando rancorosas, raivosas, e consequentemente entediadas com suas vidas. Acaba restando, como gozo particular, a pulsão de morte se estabelecendo no ato de “empatar” a vida de quem sente as coisas, de quem se joga em um encontro múltiplo sem receio do que há por vir, e é feliz justamente por isso, por viver o que se sente sem se enquadrar em padrões estipulados e que não condizem com o que somos de verdade.
No fim, a felicidade alheia dói, pois a equivocada estrutura da sociedade, nos torna infelizes por reprimir o nosso desejo.
Eu, Tu e Ela (1ª Temporada)
3.6 131 Assista AgoraAlgumas considerações sobre a série “Eu, tu e ela” do Netflix
(CONTÉM SPOILER!!!)
Não se trata apenas de uma série sobre a relação de um “trisal”, acredito que algumas outras questões bastante relevantes são expostas e podem nos fazer ir um pouco além.
A primeira e mais relevante delas é a de perceber como a sociedade foi erigida tendo como base leis/padrões/costumes que muitas vezes não condizem com o que somos ou desejamos. A família tradicional não funciona para grande parte das pessoas e isso não é novidade (E Emma, inclusive, é julgada por não conseguir engravidar). E caso fujam a norma, estas pessoas são consideradas aberrações, como bem se diz na série em alguns momentos. Há uma preocupação absurda com a vida alheia, que nada saia dos trilhos do que é convencional.
Um outro aspecto relevante é da ordem do afeto. É muito interessante a passagem em que se revela que a vizinha fofoqueira Lori, somente estava vigiando a casa deles por nunca ter sido convidada a entrar nela. É marcante o fato de que, a falta de afeto na vizinhança por Lori a leva a ter comportamentos rancorosos, chegando ao ponto de querer usar a história investigada para desqualificar a ascensão profissional de Jack como reitor.
Como terceiro ponto eu destacaria: Como o estilo de vida racional americanizado muitas vezes pode nos fazer sofrer ao ponto de não fazermos o que queremos, não estarmos com alguém do qual gostamos, não tentarmos o que é diferente por medo de perder uma suposta posição na sociedade. Estamos priorizando nossos empregos, nossos bens materiais, nossa reputação na vizinhança em detrimento de possíveis pontos fora da curva dessa vida entediante e quadrada que é estabelecida pela ordem burguesa, como por exemplo, um casamento entre três pessoas (que se amam, ponto.).
Entre outras coisas, instiga-me o fato de vislumbrar que relações outras são possíveis, por mais que o embate com essa sociedade quadrada seja iminente. Parece-me que todo contexto atual no qual estamos vivendo emerge nessa problemática da série. Ou seja, são pessoas duras, que seguem muitas regras, ficando rancorosas, raivosas, e consequentemente entediadas com suas vidas. Acaba restando, como gozo particular, a pulsão de morte se estabelecendo no ato de “empatar” a vida de quem sente as coisas, de quem se joga em um encontro múltiplo sem receio do que há por vir, e é feliz justamente por isso, por viver o que se sente sem se enquadrar em padrões estipulados e que não condizem com o que somos de verdade.
No fim, a felicidade alheia dói, pois a equivocada estrutura da sociedade, nos torna infelizes por reprimir o nosso desejo.