aline

Gosto muito dos filmes/documentários que viram minhas percepções de cabeça para baixo. Esse documentário fez isso. Apesar de considerar até certo ponto relevante a questão do artista em si ter sido potencialmente muito mais beneficiado do que a comunidade dos catadores, gosto de olhar para a metade cheia do copo: o artista, da mais alta condição de seu privilégio decidiu fazer algo transformador com a sua posição e sua arte que foi visar o impacto social. Ele poderia muito bem ter optado por ter se mantido na pequeníssima bolha que consiste o mundo das artes e da sua própria arte, mas decidiu transformar e olhar para as pessoas que assim como o nosso lixo são resguardadas a um lugar de marginalidade.
É de mexer tudo aqui dentro ver essas pessoas que mesmo com todos os revezes da vida, persistem e resistem. Alimentam-se do lixo. Geram dinheiro do lixo. Sobrevivem do lixo.
Me marcou a passagem em que o Vik percebe que eles estavam enganados quando disseram que apesar daquelas pessoas viverem naquelas condições, elas são felizes. Na verdade, essas pessoas só tiram o melhor daquilo que podem. E é duro ver que aquilo que podem é o aquilo que ninguém mais quer, o lixo. Ficam escancaradas a disparidade e inequidade ensurdecedoras que vivemos e o quão pouco estamos fazendo a respeito.
Isso me fez pensar como com o decorrer do tempo fui me resguardando cada vez mais dentro da minha bolha social também. Sou uma pessoa com uma vida de muitos privilégios e, dentro da nossa bolha, a gente acaba esquecendo que existe um mundo inteiro lá fora. Que o meu sonho é o de transformar, mas que eu quero fazer atingir esse mundão também. Esse mundo que o próprio mundo esqueceu, mas que existe e resiste.

achei essa temporada 100% chernobyl
tem uns episódios e algumas cenas que eu simplesmente fico ????
sei lá

No início eu achava que seria como qualquer outro filme de comédia romântica bonitinho que faz uso da viagem do tempo como recurso para fazer com que os protagonistas fiquem juntos no futuro. No entanto, esse filme vai além e faz uso da viagem do tempo para abordar questões como a relação que o protagonista tem com sua família, principalmente com seu pai, e nos dá uma outra perspectiva sobre o tempo em si e os momentos que vivemos. Ou seja, existe também toda a mensagem de "carpe diem" por trás desse filme que apesar de ser clichê foi, pra mim, construída de uma forma tão singela e verdadeira que, apesar de, infelizmente, eu não ser dotada do poder de viajar no tempo, me fez querer perceber as pequenas coisas que fazem desse mundo tão bonito na única oportunidade que eu tenho de vivê-las.

Recomendo muito esse filme tão lindo <3