Trono Manchado de Sangue é a prova do poderio do cinema asiático, de toda sua sagacidade, força e influência. Este incrível filme demonstra a genialidade de um consagrado mestre, Akira Kurosawa, além de toda a capacidade de interpretação de outro monstro do cinema, Toshiro Mifune.
Presumindo que todos saibam, está uma adaptação da obra de Shakespeare, Macbeth, que por sua vez, conta a história do personagem de mesmo nome, um general do exército escocês, que através do processo de involução de um homem essencialmente bom, influenciado por sua esposa - e talvez por causa de um defeito em sua natureza - sucumbe à ambição. Depois de obter e, em seguida, mantendo a coroa da Escócia, Macbeth perde sua "moral" e faz todos os tipos de atos hediondos. A peça, escrita por William Shakespeare em torno de 1606, resume o que a ganância e desejo de poder pode fazer com o homem. O enredo, sempre falando sobre a tragédia, situado na Escócia e Inglaterra, entre 1040 e 1057, quando Macbeth é morto por Macduff, líder do exército britânico, que Malcolm - filho do rei Duncan, morto pela o próprio Macbeth seguinte sua esposa, Lady Macbeth - finalmente é coroado ao trono da Escócia. O trabalho tem, por sua vez, um toque de misticismo, como a intervenção de bruxas proféticas, assim, dando corpo a uma peculiar e fascinante tragédia.
A passagem para o cinema por Kurosawa envolve, em princípio, pelo menos uma transposição dupla (tomado em sentido lato) não só envolve a adaptação da história literária para uma obra audiovisual, mas também a decisão do diretor japonês foi a de defini-la no Japão feudal, tornando-se uma história samurai, o que implica em uma intertextualidade de gênero e por que não - com base desta dupla passagem - um sintoma do pós-modernismo na arte cinematográfica.
Ele viu na obra de Shakespeare o espírito de um escocês monárquico, e através desse espírito, transformou-o em uma filosofia samurai. Assim, as espadas pesadas dos contos britânicos transformaram-se em katanas, envenenamentos em assassinatos a sangue frio, reis em senhores da floresta, etc. Em sintonia com o tema final do Shakespeare, Kurosawa diz, através deste paralelo, como a história se repete uma e outra vez, quase nunca para o bem. Resumindo, transformou o clássico em épico.
"O caminho do mal é o caminho da perdição, e seu rumo nunca muda"
Para Kurosawa, o significado dessas constantes exprimem duas circunstâncias que correspondem em caminhos da natureza humana que, afinal, são, paradoxalmente, a mesma coisa: a concepção do homem como elemento manipulável, quer por elementos internos(a sua própria ambição ) ou externo(o outro, a sociedade) é deturpado pelo poder, pois a identidade de força está diretamente constituída ao reconhecimento do mundo como vontade de poder e consciência da vontade de poder. Ao atingir tal consciência, o ser forte sabe que não deve aderir ao postulado interpretativo de outro, pois esse situa-se como nada mais que uma exasperação de vontade de poder, de dominar, torna-se um soberano. Entretanto, o argumento de seu discurso vive em torno de um destino implacável, que aumenta a ganância e transforma seus desejos. A propósito, esta filosofia pode ser vista claramente em ambos: "Trono de Sangue" e "Ran" (1985), adaptação de "Rei Lear", também por Kurosawa.
Por fim, podemos afirma que Kurosawa foi um gênio, que esta grande obra exala a grandiosidade do cinema asiático, sobretudo do Japão, sendo uma referencia de modernidade até os dias atuais. Para os mesquinhos que tanto subestimam o oriente, este filme é um verdadeiro "tapa na cara". E digo mais, não é um exagero compararmos esta obra-prima com qualquer pintura renascentista, pois essa é a arte em sua mais perfeita forma.
Obrigado, Kurosawa! Obrigado, Mifune!
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Trono Manchado de Sangue
4.4 121 Assista AgoraTrono Manchado de Sangue é a prova do poderio do cinema asiático, de toda sua sagacidade, força e influência. Este incrível filme demonstra a genialidade de um consagrado mestre, Akira Kurosawa, além de toda a capacidade de interpretação de outro monstro do cinema, Toshiro Mifune.
Presumindo que todos saibam, está uma adaptação da obra de Shakespeare, Macbeth, que por sua vez, conta a história do personagem de mesmo nome, um general do exército escocês, que através do processo de involução de um homem essencialmente bom, influenciado por sua esposa - e talvez por causa de um defeito em sua natureza - sucumbe à ambição. Depois de obter e, em seguida, mantendo a coroa da Escócia, Macbeth perde sua "moral" e faz todos os tipos de atos hediondos. A peça, escrita por William Shakespeare em torno de 1606, resume o que a ganância e desejo de poder pode fazer com o homem. O enredo, sempre falando sobre a tragédia, situado na Escócia e Inglaterra, entre 1040 e 1057, quando Macbeth é morto por Macduff, líder do exército britânico, que Malcolm - filho do rei Duncan, morto pela o próprio Macbeth seguinte sua esposa, Lady Macbeth - finalmente é coroado ao trono da Escócia. O trabalho tem, por sua vez, um toque de misticismo, como a intervenção de bruxas proféticas, assim, dando corpo a uma peculiar e fascinante tragédia.
A passagem para o cinema por Kurosawa envolve, em princípio, pelo menos uma transposição dupla (tomado em sentido lato) não só envolve a adaptação da história literária para uma obra audiovisual, mas também a decisão do diretor japonês foi a de defini-la no Japão feudal, tornando-se uma história samurai, o que implica em uma intertextualidade de gênero e por que não - com base desta dupla passagem - um sintoma do pós-modernismo na arte cinematográfica.
Ele viu na obra de Shakespeare o espírito de um escocês monárquico, e através desse espírito, transformou-o em uma filosofia samurai. Assim, as espadas pesadas dos contos britânicos transformaram-se em katanas, envenenamentos em assassinatos a sangue frio, reis em senhores da floresta, etc. Em sintonia com o tema final do Shakespeare, Kurosawa diz, através deste paralelo, como a história se repete uma e outra vez, quase nunca para o bem. Resumindo, transformou o clássico em épico.
"O caminho do mal é o caminho da perdição, e seu rumo nunca muda"
Para Kurosawa, o significado dessas constantes exprimem duas circunstâncias que correspondem em caminhos da natureza humana que, afinal, são, paradoxalmente, a mesma coisa: a concepção do homem como elemento manipulável, quer por elementos internos(a sua própria ambição ) ou externo(o outro, a sociedade) é deturpado pelo poder, pois a identidade de força está diretamente constituída ao reconhecimento do mundo como vontade de poder e consciência da vontade de poder. Ao atingir tal consciência, o ser forte sabe que não deve aderir ao postulado interpretativo de outro, pois esse situa-se como nada mais que uma exasperação de vontade de poder, de dominar, torna-se um soberano. Entretanto, o argumento de seu discurso vive em torno de um destino implacável, que aumenta a ganância e transforma seus desejos. A propósito, esta filosofia pode ser vista claramente em ambos: "Trono de Sangue" e "Ran" (1985), adaptação de "Rei Lear", também por Kurosawa.
Por fim, podemos afirma que Kurosawa foi um gênio, que esta grande obra exala a grandiosidade do cinema asiático, sobretudo do Japão, sendo uma referencia de modernidade até os dias atuais. Para os mesquinhos que tanto subestimam o oriente, este filme é um verdadeiro "tapa na cara". E digo mais, não é um exagero compararmos esta obra-prima com qualquer pintura renascentista, pois essa é a arte em sua mais perfeita forma.
Obrigado, Kurosawa! Obrigado, Mifune!