Excelente anime, diferenciado tecnicamente. Ookiku Furikabutte é um excelente exemplo de como um esporte pode e deve ser adaptado como anime, sem perder sua essência e, principalmente, como os exageros e super poderes shounen são totalmente descartáveis e deturpam o conceito/imagem do gênero.
Este não é um anime para qualquer um, infelizmente. O conceito de baseball, suas táticas, ritmo de jogo, ou melhor, todo o esporte em si é totalmente técnico e real, nada didático como Major, ou um esporte reinventado e totalmente fora da realidade como em Kuroko No Basket, por exemplo. A autora passou muito tempo pesquisando e estudando o esporte para aplicar características reais na obra.
O argumento da obra gira em torno do time da escola secundária Nishiura e os desafio dos alunos quanto ao esporte e vida social. Mihashi, um garoto tímido e sem habilidades sociais, agora é o novo Pitcher da equipe. Abe, um catcher habilidoso e inteligente, que agora deve guiar o novato, junto todos os outros personagens que compõe o time, cada qual com seus problemas, motivações e desafios. É desta forma que esta bateria um pouco disfuncional é formada. Serão eles capazes de aprender a trabalhar juntos, encontrar a resposta para cada um dos seus próprios problemas e a equipe será vencedora no torneio?
Uma curiosidade sobre este anime é que o mangá é desenhado por uma mulher, que entende muito do esporte, aliás. O interessante é que isso é bem diferente e intrigante, pois culturalmente no Japão o baseball é praticado apenas por homens, as mulheres se ocupam com softball, que é uma vertente.
A propósito, ignorem este comentário aí em baixo, esse cara não manja nada.
Bom, o anime é muito complexo, tanto quanto Lain, para definir um parâmetro. Na verdade é mais dificil de entender o argumento central por causa da narrativa, que não segue um único vetor, e sim diferentes direções, basicamente, são várias peças soltas em um tabuleiro, algo como um quebra-cabeça. O que o autor propõe é que você interligue tais pontos para formar e desvendar um grande enredo em forma de teia.
A morte, uma certeza humana, uma condição natural e verdadeira, que não somente representa o fim de um ciclo, mas, na verdade, é propriamente o sentido lato da vida. Esta é a premissa de Boogiepop Phantom, uma animação única, que rompe as barreiras do convencional, e assim, cria o seu próprio estilo de gênero, algo totalmente experimental, que foge de qualquer clichê e padronização, e ao mesmo tempo exalta sua originalidade, complexidade e valor.
Definitivamente, esta não é uma obra para todos, no entanto, aqueles que dela desfrutarem encontrarão algo único e profundo; um enredo influenciado por filosofia, que não apenas questiona, como demonstra de uma forma crua a realidade mundana. É interessante o modo como a narrativa da trama desenvolve-se, o seu argumento central é baseado na própria Boogiepop Phantom, que simboliza a morte, tal personagem é o mais próximo de um conceito de protagonista, pois a série não conta com protagonistas, de fato.
Enfim, como eu comentei antes, entender a linha cronológica do anime é uma tarefa complicada, pois a história se entrelaça e se mistura, ora estamos no passado, ora no presente. O que agora é o presente, outrora foi apenas mais uma memória. Com essa relação o autor diz que o tempo não é cíclico, pois o tempo não passa para frente nem para trás, o presente sempre será sempre presente, afinal, se o tempo passa para frente vamos voltar ao passado... e se ele passou, quer dizer que ele foi para trás.
A animação é bem diferente, a fotografia dele nos proporciona um mundo cinza, quase apagado, mas não se deixe enganar pensando que é problema ou defeito técnico da produtora, isso é proposital, pois se trata de uma analogia sobre a Boogiepop Phantom, ou melhor, a morte. A trilha sonora é deliciosa, mistura faixas clássicas com rock, dando um clima de êxtase e grande expectativa por cada desfecho de clímax.
O desfecho do anime é que todos os personagens ali já estavam mortos, mas continuavam vivos porque suas memórias ainda estavam interligadas a nossa realidade, então era isso que estava comprometendo o estado do nosso mundo. O trabalho da Boogiepop era basicamente desvendar e consertar este mistério. Parece algo bem complicado, mas na verdade é bem simples.
Anime interessante, mesmo com o descaso por parte do estúdio Pierrot na adaptação. Digo, o enredo da obra é bastante complexo, portanto, as bifurcações nessa transição Novel/Anime acabaram por prejudicar um pouco a trama em si. Mesmo assim, é um anime que pode ser desfrutado e satisfazer expectativas, embora esteja sem final, pois a obra se dá em 12 livros, e esta animação foi adaptada até o começo do sétimo, aproximadamente.
Este anime é um Game of Thrones melhorado e com profundidade, porém mais complexo, talvez uma comparação com o universo de LoTR seja mais coerente. No universo de Os 12 Reinos, eles são governados pela "vontade de Deus", e é este Deus que dita a regras, escolhe o rei e castiga as pessoas. Cada reino tem um Kirin, uma criatura místicas que escolhe e protege o rei (que pode ser masculino ou feminino), e, portanto, um rei ou rainha. Quando o rei se desvia e se torna um péssimo governante, este Kirin adoece e morre. Isso não quer dizer que um rei vai errar ou que não tenha sido bem escolhido.
Juuni Kokuki é um conto místico, e este universo é como se fosse um mundo paralelo ao nosso, mas estreitamente interligado, ações afetam aqui e lá, o aspecto de enredo é uma critica social ao nosso modelo de vida e de consideração pela vida alheia, não somente uma referencia ao modo como consideramos a vida animal, vegetal, etc, mas, sim, o sentido de vida como um todo. Ao longo da trama, vemos as histórias de reinos diferentes se misturarem e se interligarem. Vemos diferenças sociais, intelectuais e conflitos de personalidades. Uma amostra é o modo como a maioria do seres querem o melhor para seu reino, mas por outro lado, vemos o pior dos seres humanos, a miséria e a pobreza, questões existencialistas, superstição, medo e conspirações para tomar o poder. É um anime bem cru e realista, mesmo sendo uma obra audiovisual de ficção animada.
Outro ponto interessante é o desenvolvimento da primeira protagonista, mesmo o enredo não focando totalmente nela, pois a perspectiva de enredo se dá sobre os reinos, e não especificamente sobre os personagens(sim, é assim que funciona a narrativa), mesmo assim a mudança na personalidade e a evolução dela é impressionante. Resumindo, este é um anime que vale muito a pena mesmo, é uma obra subestimada demais. Lembro que ela foi transmitida no Animax, tirei para assistir novamente este ano, amei ainda mais, pois agora pude entender melhor e analisar bem muitas coisas que não percebi desde a ultima vez que assisti, aliás, agora estou lendo as Novels, fico cada vez mais encantado com a capacidade da autora de criar situações épicas, misturando misticismo, política e filosofia.
É interessante a abordagem do anime sobre um tema tão delicado e complexo. Afinal, querendo ou não, vivemos em uma sociedade metodológica, excludente e opressora. Convenhamos, esta realidade é algo constante, pois é intrínseco do homem padronizar, buscar modelagens e delimitar um paradigma de "certo" e "errado".
Hourou Musuko, em forma critica social, conta a história de Nitori, um jovem estudante, que além de possuir um peculiar estilo de vida, está passando por uma fase de transição, um momento delicado de muitos questionamentos e construção de identidade. Este garoto, - devido suas divergências para com o outros - constantemente classificado como "diferente" ou "doente" por não seguir uma corrente uniforme, agora está diante da escolha mais dificil de sua vida: se reprimir e ser aceito por aqueles que vivem na padronização ou então viver para agradar a si mesmo e, por este motivo, enfrentar os desafios de ser oprimido por uma maioria excludente. Será Nitori capaz de lidar com o mundo real e enfrentar seus medos e angustias?
A parte técnica é boa, a trilha sonora não varia muito, mas mantém um ritmo de acordo com as cenas apresentadas. A animação não compromete, sua arte é até bonita, o character design dos personagens ficou bem agradável, na minha opinião. Enfim, podemos dizer que o diretor conseguiu fazer um bom trabalho com a quantidade de conteúdo disponível.
Este é um anime que eu subestimei muito, sinceramente. Felizmente acabei por descobrir algo maduro, com um enredo profundo, sobretudo questionador. Hourou Musuko é uma anime que deve ser visto com seriedade, não é algo apenas para ser apreciado, mas também deve servir como um aprendizado.
Em um mundo devastado por um apocalipse nuclear, a cidade cúpula de Romdo foi concebida com uma utopia, onde humanos e androides(AutoReivs) coexistem pacificamente sob completo controle de um governo.
Romdo City(onde decorre grande parte da história) é uma referência direta a Zigurate (Templo típico da antiga Mesopotâmia, considerado morada dos deuses), visto como um paraíso divino criado por seres humanos em tempos de crise. Esta cidade cuja construção exibe uma megalópole típica de um clássico cyberpunk, mas com uma estética muito elegante, moderna e refinada, não somente esconde uma aparência neobrutalista, mas é também uma maneira de referir à escuridão, onde a população é incapaz de perceber as conspirações das autoridades, os problemas sociais e a decadência que os rodeia. Além disso, sua aparente perfeição gera uma certa monotonia e o tédio em seus habitantes, que se reflete em sua passividade, transformando este palco em um elemento fundamental da trama. Romdo é o último paraíso humano sob um ambiente degenerativo; uma hostil e isolada cidade em que nem todos podem entrar. Estas questões têm segregação, xenofobia, marginalização, conspiração e religião.
Drama e suspense são alguns aspectos que podem ser atribuídos a este Anime. Ergo Proxy não é uma série adequada para todos, no sentido de que seu enredo é muito profundo e escuro o suficiente para ser influenciado por filosofia. Assim, podemos afirmar que este é um anime que separa homens de meninos; a partir daqui, passarei uma ideia de quão profundo ele é. Lembrando que psicanálise e a filosofia utilizadas no argumento da série, possuem referências desde Julia Kristeva, Carl Gustav Jung até JJ Rousseau e Nietzsche.
O ritmo do anime é lento, mas integra informações constantemente, por isso, perder um único dialogo pode mudar a compreensão de um capítulo por completo. Embora este seja basicamente linear, o onirismo está presente em muitos de seus capítulos, que, aparentemente, está fora da cronologia usual e tem uma história totalmente alheia ao que estávamos acostumados, especialmente os capítulos centrais (14 : 19), no qual o espectador é forçado a inferir como tudo aconteceu. Nestes capítulos as ideias são totalmente sonhadoras, aliadas a situações difíceis desvendar, como realidades alternativas, que pode facilmente levar-nos a se perder no enredo. No entanto, alguns episódios entregam muitas pistas sobre o passado da Terra, enquanto é falado do Projeto Proxy, a reconstrução da raça humana, o Projeto Bumerangue e o Vírus Cogito. Questões sociais como a tecnocracia e utopia também são discutidos, fazendo uma critica a forma como exercem seu controle absoluto sobre a população para garantir a paz, a felicidade e a "perfeição", paradoxalmente.
Proxies, como o próprio nome indica, são um componente de uma rede que executa uma função em nome de outro, sua finalidade é fingir ser deus, mas realmente segui ordens de um exceder inatingível para os seres humanos, pois eles são uma espécie de intermediário entre deuses e humanos. Eles são os deuses da criação, que vivem nas profundezas da mente humana e as cúpulas são o seu paraíso. Contudo, são incompletos, pois suas criações(humanos) são depravados. É através deles que construído o principal referencial filosófico do anime, questões tais como quem é o criador de sua criação, ou vice-versa.
Aos poucos, a história mostra cada vez mais uma aparente loucura e instabilidade mental de seus personagens, que podem causar uma verdadeira confusão no espectador se somarmos os capítulos em que tudo parece ser um sonho ou uma psicótica abstração mental, na qual não sabemos o que é real e o que é falso.
A revolução, como a luta armada, é dada por pessoas que vivem fora da cúpula e pelos habitantes de Romdo contra robôs. No entanto, parece que a verdadeira intenção é mostrar uma "revolução da consciência" através da introspecção e autorreflexão de seus personagens. Os imigrantes acabam protegendo a cidade de androides e uma guerra irrompe contra os robôs, eles são considerados uma ameaça de ter escapado do controle humano e pensar por si mesmos. Como em muitas obras cyberpunk, os seres humanos não nascem naturalmente, são artificialmente produzidos (em linhas de montagem, tais como PLCs) e manipuladas para se tornarem bons cidadãos. Uma referência clara a Aldous Huxley e seu livro Admirável Mundo Novo. As referências vão desde a estirpe do vírus Ebola, para os atuais conflitos em robótica de Isaac Asimov, crise militar e referências religiosas apocalípticas.
O vírus Cogito é uma clara referência à frase do filósofo René Descartes: "Cogito ergo sum" (Penso, logo existo). Na verdade, tanto o título e toda a abordagem é baseada na sua proposta filosófica. Os AutoReivs podem acordar voluntariamente e fugir do controle humano, como proposto por Asimov em muitas de suas histórias, no entanto, ao invés de elevar a evasão de ordens trata de encontrar inconsistências na lógica humana, que precisamente permitir robôs se libertar de suas amarras. Para estar sujeito a algo ou alguém não é obrigatório ter uma identidade; no anime, os AutoReivs tomam consciência de si mesmos e isso permite-lhes criar uma identidade para além dos seus mestres, um despertar que irá impulsioná-los para questionar a sua própria existência.
O aspecto musical é simplesmente incrível. A música promove uma atmosfera fabulosa que às vezes se assemelha a coros de igreja, tornando a atmosfera de algo sacro. O som ambiente é igualmente sublime, ele gera a sensação de estar em um mundo desolado, frio e hostil. Entre os destaques, temos a abertura e o encerramento, cujo estilo se encaixa perfeitamente com o tema da história. Em primeiro lugar, o encerramento (Paranoid Android - Radiohead) uma referência a este mundo cinza, que descreve perfeitamente todo o enredo principal. Por outro lado, a abertura (Kiri - Monoral) mostra uma série de referências, tal como o encerramento, que poderia muito bem resumir a série.
E os defeitos?
Analisando friamente, a profundidade da série acaba por ser a sua maior falha, embora Ergo Proxy faça muitas referências filosóficas e científicas, se olharmos criticamente, estas referências são realmente um exemplo de uma série de ideias relacionadas com a história, elas não tem de fato um impacto fundamental na série, ou seja, as referencias, em sua grande maioria, não passam de ideias soltas e aleatórias.
Independentemente de sua aplicação, da sua falsa profundidade e da sua complexidade inerente, Ergo Proxy é um anime verdadeiramente inovador, porque explora através de seu enredo elementos temáticos de uma forma nunca feita antes. Além disso, seu aspecto artístico usa modelos que se afastam do estereótipo clichê e fútil dos animes atuais.
Bom anime, com certeza um clássico entre os clássicos das animações nipônicas. Infelizmente não tão genial quanto a primeira temporada, mas ainda manteve um nível alto, com um desfecho surpreendente e questionador.
A trama parece desenrolar como um jogo de xadrez, as estratégias e duelos intelectuais cativam e ao mesmo tempo intrigam, porque remetem os espectadores a refletir sobre o comportamento moral e imoral dos personagens, em especial do protagonista, sua ideologia sobre a criação de um mundo perfeito e os meios utilizados para alcançar esse objetivo, que de uma forma indireta ou não, questiona o que é "certo" e o que é "errado".
Lain é um dos anime mais complexos e fascinantes da história, seu enredo composto de uma filosofia niilista é o ponto central da trama. Há 17 anos, Ryutaro Nakamura, dirigia com maestria o grande feito do mestre Yoshitoshi ABe, o qual se tornaria uma das grandes referencias da indústria animalesca. Aliás, obra que mesmo após tanto tempo continua moderna, longe de ser datada.
Este não é um anime para todos, mas para aqueles que dele desfrutarem, encontrarão um admirável contexto de filosofia e ficção científica. A série começa por argumentar sobre uma crítica à influência da Internet na sociedade de hoje e os perigos inerentes ao advento desta invenção nas relações humanas. Mas como o desenrolar da trama, a série apresenta muito mais uma tradicional abordagem filosófica, questões que tem incomodado muitos pensadores há milhares de anos: a identidade! Quem sou eu? O mundo que eu vejo é real? Posso confiar em meus sentidos? Sou fruto de uma criação? Eu fui programado?
Através da metáfora da Internet como um mundo virtual alternativo, Lain torna-se um sinal de extremo ceticismo, que duvida de tudo e de todos, até a si mesmo como um indivíduo. Assim, através do conflito que se desenrola, Lain reflete e questiona sobre os diferentes dilemas que habitam o mundo real e o virtual. O que é especial sobre este anime é que vivemos neste complexo, e de fato são questões que intrigam e fazem, nós, espectadores, questionarmos se o mundo realmente é real ou vivemos em uma realidade virtual moldado por alguém ou pela nossa própria vontade.
Baseado no romance do mesmo título, que é o primeiro de uma série de 12 livros, com mais de 1 milhão de exemplares vendidos, escritos por Nahoko Uehashi, e que passou a ter adaptações para outras mídias, como rádio e manga, Seirei No Moribito ou Moribito: Guardião o espírito, é um anime de 26 episódios que nasceu em 2006 nas mãos do estúdio Production IG, e do diretor Kenji Kamiyama (Ghost in the Shell: Stand Alone Complex, Higashi no Eden, etc.).
Moribito é um anime muito bem trabalhado desde o início, dando-nos uma premissa marcante, um mundo com um toque de fantasia e magia, uma história que além de muito bem elaborada é envolvente, conseguindo atrair o interesse do espectador com muita facilidade, mantendo um ritmo perfeito, nem muito rápido, nem muito lento.
Esta é uma história sobre a superação, sobre a importância das tradições e de nossos instintos naturais, sobre a importância da vida humana e os sacrifícios que fazemos para nossas para preservar a vida daqueles que amamos e respeitamos. Não há tempo para sentimentalismo, é uma narrativa sincera e dura sobre a vida em Yogo, uma comparação entre a nobreza, clero e os camponeses, suas dificuldades sociais e modo de vida como tal.
Este é um anime para todos, embora alguns possam se decepcionar tratando-se de uma série sem fanservice e moes. Moribito é uma obra com uma memorável trama, cheia de reviravoltas e referencias culturais; uma excelente trilha sonora, com ótimas faixas, entre elas a abertura(SHINE - L'Arc-en-Ciel); uma animação de qualidade, com várias cenas de ação dinâmicas e batalhas inesquecíveis, fazendo deste uma superprodução. Enfim, é um anime subestimado e esquecido, que infelizmente não recebe o verdadeiro reconhecimento que deveria receber.
Meu anime favorito, provavelmente. Posso ser um pouco suspeito para falar, mas sem demagogia, este é um dos poucos animes que realmente vale imergir na trama e degustar cada magnífico e delicioso episódio.
Cowboy Bebop é uma série de ficção científica, reconhecida como um das mais influentes dos anos 90, este brilhante anime, simplificando, narra as aventuras de um caçador de recompensa a bordo da nave Bebop, em um futuro não muito distante, no qual a humanidade conseguiu colonizar o sistema solar. Enormes portais dimensionais abertos, permitem lacunas no vácuo do espaço através do qual viajar para Marte, Júpiter ou para qualquer lugar em nossa galáxia é cotidiano e necessário no estilo de vida das pessoas daquela época. Cada capítulo deste incrível anime tem um argumento diferente e auto conclusivo, que serve como um pretexto para aprofundar a vida dos personagens, que se interligam e se completam, quase como peças de um quebra-cabeça. Sem dúvidas, o ponto forte de Cowboy Bebop é à sua narrativa que desenvolve o enredo através de muitas histórias que se entrelaçam e se misturam.
A característica forte do anime, que serve até mesmo como um tributo, é o ocidente, em especial os Estados Unidos; o que se reflete nos temas abordados em cada episódio, isto é, os caçadores de recompensa; que tem sido uma constante em vários filmes do "Velho Oeste", onde coloca-se um preço sobre as cabeças dos fugitivos. Neste caso, os informativos são alterados por um programa de televisão (Big Shot) onde é transmito a lista dos mais procurados, o programa é em si uma paródia do gênero. Outra característica ocidental presente na série é o tratamento dado ao herói; um herói fora da lei que, mais cedo ou mais tarde terá de enfrentar seu destino. Aqui vem à mente aquelas cenas em que o herói e o vilão se enfrentam em um duelo final, pronto para desenhar sua arma diante dos olhos aterrorizados das pessoas; um silêncio quase fúnebre que só é quebrado pelo som do vento, close olhos, suor e mãos trêmulas.
A parte técnica é impecável, beira a perfeição. É importante enfatizar, que mesmo sendo um anime antigo, a animação é ótima, o movimento da câmera, enquadramento, sequências, perseguições, lutas coreografadas, o uso de flashbacks e a oscilação temporal resultam numa explosão visual tão impactante quanto o enredo. A trilha sonora(The Seatbelts) é simplesmente uma delicia(no geral, meu OST favorito entre os animes), eles nos proporcionam uma trilha sonora cheia de jazz, blues, country, folk e rock. A música, neste caso, é essencial na série, pois ela nos dá profundidade, exalta as emoções dos personagens e transmite sentimentos.
O mérito da Watanabe reside na mistura de gêneros, que resulta em algo totalmente novo e experimental que só pertence a ele. Ele reinventa o gênero Western ao misturar o cinema negro com ficção científica, temperando com jazz, blues e artes marciais. Assim, Watanabe cria algo único, que possui seu carimbo e estilo.
"No oeste há espaço para finais felizes, mas sempre haverá um fim honroso, digno de ser lembrado.".
"Existe um único mundo, e é falso, cruel, contraditório, corrupto, sem sentido (...). Nós temos necessidade da mentira para vencer esta verdade, ou seja, para viver (...). A metafísica, a moral, a religião, a ciência (...) são tomadas em consideração apenas como diversas formas de mentira: com a sua contribuição crê- se na vida."
Naoki Urasawa(Pluto, 20th Century Boys e Billy Bat), através de seus inquestionáveis recursos, desenvolve Monster em uma premissa de dualidade "maniqueísta", questionando as condutas morais dos personagens, de um lado Tenma, "o médico", de outro, Johan, "a depravação", que travam durante toda a trama um paradoxal embate ideológico.
Seu roteiro investiga a mente humana, seus medos e seus anseios. Obluda, conto infantil também desenvolvido por Naoki Urasawa, que conta a história de um monstro sem nome, que por não suportar este fato, se divide em dois, assim, cada um parte para lados opostos, um para o oeste e outro para o leste, ambos em busca de um nome. Contudo, após uma grande jornada, o monstro sem nome que para o Leste foi, acabou por consumir todas as pessoas que encontrara, até um dia encontrar um príncipe doente, que em troca de sua cura, ofereceu-lhe seu nome, imediatamente o monstro pulou para dentro do garoto, que por sua vez ficou bem saudável, entretanto, com o tempo o monstro que dentro dele vivia, acabou por consumir todos em sua volta, agora sozinho, o garoto decidi partir para o oeste. E assim, garoto caminhou alguns dias até encontrar o monstro que foi para o oeste, e contente exclamou: – Eu tenho um nome. É um nome maravilhoso! E então, o monstro que foi para o oeste disse: – Eu não preciso de um nome. Sou feliz mesmo não tendo um nome. Porque nós somos monstros sem nomes. E assim, já consumido e depravado pelo monstro que dentro dele vivia, o garoto comeu o monstro que foi para o oeste. Embora tivesse um nome agora, não havia mais ninguém para chamá-lo pelo nome. Johann. É um nome maravilhoso. Este conto simbólico exprime muito bem o enredo e a complexidade psicológica do anime, é uma história simples, mas que ajuda em muito para entender o argumento central do autor.
Johan, o "antagonista" do anime, é um personagem extremamente frio, calculista, fascinante, sobretudo, humano e racional. Ele representa a natureza do homem na sua forma mais cruel, nociva e verdadeira, com uma abordagem um tanto quanto egoísta e devastadora. A sua complexidade moral é incrível, mostrando-se um personagem extremamente intrigante, com um passado horripilante e obscuro.
Tenma, o protagonista, segue uma moralidade inexistente, feita para tornar suportável o mundo da vida. É intrínseco a sua formação moral de médico valorizar a vida, mas mesmo que não note que por trás dessa moralidade ele escolheu mentir para o mundo ao encarar sua verdade, ele somente interpretou que assim quis que fosse. No final, tudo é interpretativo, ele está preso a ideias que o transcendem e existentes somente no seu consciente. Uma corrente moral. Se vem a tona em sua mente a verdadeira natureza mundana, veria ele que sua moral nada mais é que uma maquiagem interpretativa de mundo e que a verdadeira natureza do mundo é crueldade?
A parte técnica da série é excelente, vindo da Madhouse chega a ser até impressionante que tenham adaptado tão bem um mangá sem estragar ou desvirtuar o enredo (convenhamos, a madhouse sempre deturpa alguma coisa, parece proposital). A trilha sonora possui faixas que variam de acordo com o momento da série, sempre mantendo a tensão e acrescentando no gozo da animação.
O final pode não agradar a todos, mas temos que aceitar o fato de que as coisas nem sempre acontecem como desejamos. Afinal, o fator surpresa é uma das qualidades deste incrível anime.
Vamos começar por onde eu tive maior dificuldade de interpretação, que foi com o Johan. Vejo ele como um grande roteirista, mas a cena final me intriga, pois, após a visita do Tenma, é mostrado uma cama de hospital vazia, neste quarto é evidente que a janela ao lado da cama estava aberta, o que abre Johan tenha tentado escapar. Como mencionei, é interpretativo, ao mesmo tempo em que há a possibilidade de que tenha escapado, há também de que tenha cometido suicídio.
Enfim, isto é apenas mais uma possibilidade, se aconteceu não posso afirmar, pois o anime não conclui o enredo e nem o desenvolvimento da grande maioria dos personagens. O que aconteceu com o Johan? A sua natureza predominou novamente? Foi em busca de vingança? Não sei! não houve uma conclusão... É isso, apenas isso, não há final, você deduz o que você achar mais apropriado, pois não importa o que aconteceu depois, o importante é que o ciclo que repetições foi quebrado.
Para Tenma, matar ou deixar vivo o Johan, tanto faz, ambas as escolhas seriam feitas com base em interpretações morais: seja para favorecer sua vingança ou seu dever.
Não é uma tarefa fácil falar de The Wire, esta incrível série ao longo de suas cinco temporadas cativou, entreteve e ensinou-nos tanto quanto o necessário para satisfazer qualquer espectador de uma forma na qual não estamos acostumados a ver em uma série de televisão.
Seu enredo, baseado em uma enorme conspiração é tecido em uma complexa narrativa, com várias histórias paralelas estreitamente interligadas uma com as outras. A complexidade moral é um dos aspectos mais interessantes; o contraste da hipocrisia, tanto no setor público como no tráfico drogas personificam uma sociedade corrupta e distópica. Estes problemas sociais retratam lados uma mesma moeda, uma vez que em The Wire não existem heróis, sua perspectiva é o verdadeiro retrato de um mundo cruel, um lugar onde não há espaço para inocentes.
The Wire funciona como uma soma de elementos orgânicos em pequenos riachos que formam um conjunto ressonante. Tudo é orquestrado por inúmeros personagens secundários que formam um conjunto coral devastador. Você não pode avaliar como partes de um todo, sentindo individualmente cada episódio, porque só podemos avaliá-la em uma gama completa e definida, em forma de uma cadeia de distribuição total. É a simbiose pura da série que gera a trama em forma de vibrações que se tornam furacões ferozes.
Resumidamente, em The Wire os personagens tentam lutar contra um mundo hipócrita e acabam por perceber que a hipocrisia é mais que uma regra, é uma exigência do sistema. A moral da série é o preço que você paga para sobreviver tentando ser fiel a princípios em um mundo onde a mentira é a lei e o motor da sociedade. É a realidade em forma de ficção, na série nem o bom nem o mau ganham; outro destaque é a ausência de maniqueísmo que aborda propícias situações, podemos encontrar um criminoso desonroso, um policial, um político, um advogado ou um ladrão na mesma situação moral, um viciado em drogas dando lições de tenacidade e reabilitação para pessoas "normais". Assim, a linha entre o bem e o mal é turva e escura. Enfim, são as atitudes e decisões de cada personagem que decidem um sucesso ou um fracasso.
Por fim, podemos dizer que The Wire é uma legitima obra-prima, uma série completa, inteligente e dotada de realismo, que não apenas critica, mas expõe o mundo da forma como realmente ele é.
Baseado no livro de Alexandre Dumas, "O Conde de Monte Cristo", tal qual é reconhecido mundialmente como um clássico da literatura, Gankutsuou adapta e encarna o que há de melhor no livro através de uma belíssima série de animação japonesa.
O anime é um tanto quanto diferente do romance original. Gankutsuou tem variações em partes dos personagens e na ambientação, uma vez que reconstrói a ordem cronológica dos fatos e o modo de como as coisas são apresentadas por meio de um universo futurista de ficção científica, dando um toque refrescante e interessante para a história original. Embora ainda seja um conto de vingança, outro ponto que podemos atribuir como "original" ao anime é a perspectiva de enredo, pois ele se dá sobre os olhos de Albert Morcerf em vez da original perspectiva do Conde .
Gankutsuou é um exemplo interessante de como um bom drama combinado com um bom mistério pode intrigar e entreter o telespectador, criando quase sempre uma expectativa quanto ao próximo episódio. A maior parte do drama é político, de caráter aristocrático, que mostra a nobreza e as complicações da vida como tal. O mistério é, obviamente, focado no Conde de Monte Cristo e seus verdadeiros motivos e planos, deixando o público em dúvida ou inseguro em cada final de episódio. O elemento de ficção científica também é esplendidamente executado, explorando robôs gigantes, naves espaciais, carros, diferentes tecnologias e muito mais. No entanto, o mais surpreendente é que, mesmo em tal elemento a essência original da obra, que se ambienta e incorpora o século XIX, não é perdida, muito pelo contrário, foi bem executada e mesclada com a proposta de ficção da animação.
Outro ponto forte deste anime, são os personagens, algo que deve-se atribuir tanto a Alexandre Dumas quanto ao roteirista da animação, dado que o fato de relacionar a trama principal com a maioria dos personagens é algo incrível. Mas, honestamente, analisando individualmente, temos que parte deles podem parecer simples, o que é diferente de ruim, considerando que cada personagem tem seu destaque e um papel fundamental na trama.
Apesar de toda a história ser contada a partir do ponto de vista de Albert, de acordo com o progresso do anime, certos personagens acabam tendo mais importância e evidencia. Inevitavelmente, em certos momentos, alguns dos mistérios, acabam por se tornar bastante óbvio para todos os personagens, exceto para Albert, que às vezes parece realmente ter graves problemas de entendimento ou simplesmente muita inocência. Entretanto, não pode ser considerado como um fator negativo, pois o anime não perde em intensidade.
A trilha sonora deste anime é de alta qualidade, possui uma das melhores aberturas e encerramentos entre os animes. Em Gankutsuou, a música ajuda muito para adicionar impacto na trama. A maioria, se não todas as músicas usadas no anime são clássicas, de maneira que complementa perfeitamente a caracterização do século XIX, resultando no gozo da animação.
O estilo visual é único e agradável, bem como realista e tão fluido quanto deveria ser. Considerando que a animação foi transmitida em 2004, o estilo dele é evidentemente superior aos animes da mesma temporada e ano. A parte artística é impecável, dando requintes e imersão ao anime. Pode parecer um pouco difícil de se acostumar a técnica de estratificação usada no visual, mas a verdade é que ela acrescenta muito na arte da obra.
O ritmo do anime é lento, o que pode parecer um pouco maçante em alguns momentos, mas é apenas uma questão de se acostumar com a maneira em que a trama se dá, pois, em Gankutsuou, a teia do enredo se faz em uma candelária, capítulo sobre capítulo, explorando a natureza misteriosa e atraente do Conde, todo o tecido político de Paris e também os segredos escondidos por trás de cada personagem, imergindo o espectador para dentro do mundo bizarro e cativante que a série transmite.
Por fim, recomendo este anime, é uma série que deve ser apreciada com calma e disposição, especialmente se você estiver interessado em conspirações, traições e uma peculiar histórias de vingança.
A pérola da Jump, sem dúvidas, o melhor entre os melhores shounens. Este anime é o trunfo e o que ainda resta de genialidade no gênero, que infelizmente a perspectiva é que não veremos algo tão bom durante alguns anos(sim, sendo pessimista, pois com essa crise de identidade na indústria animalesca a tendência é essa).
O que faz Hunter x Hunter ser tão bom?
Apesar de que de incio a trama aparentar ser apenas mais um clichê igual qualquer outro shounen battle, em pouco tempo já fica visível que ele se diferencia da mesmice metodológica criada pelos animes da Jump. Em termos de gênero e desenvolvimento, podemos dizer que é aí onde reside a alma de Hunter X Hunter, deixando notório que ele não é um Shounen comum.
Seu desenvolvimento de enredo é de fato totalmente imprevisível. Um personagem pode morrer a qualquer momento, uma batalha pode ser travada ou evitada se possível, qualquer personagem principal, dependendo do desenvolvimento da trama e relevância no momento, pode acabar eventualmente deixado em segundo plano.
O universo do anime é fictício, mas inspirado no real. O mundo hunter é recheado espécies raras, monstros curiosos e horríveis, mas, principalmente, vemos países, cidades e vilas com tecnologias, leilões, política e também a máfia. E é possível encontra vários elementos divergente nele, em certo momento temos um lugar exótico e interessante como um país completamente isolado, onde todos os países jogam seu lixo, um país radicalmente ambientalista, ou então, uma ilha onde é realizado um jogo "eletrônico" de cartas real, etc.
As batalhas também não são convencionais, elas são sempre muito dotadas de estrategias e táticas, fazendo com que nem sempre o que possui mais força bruta vença. Um dos pontos enfatizados durante o desenvolvimento do anime é a questão da crueldade humana. Devido ao mundo oculto da corrupção e gangsters, chantagem e abuso, coisas escondidas pelo governo, práticas verdadeiramente cruéis e nocivas.
Sobre a adaptação da "Diabohouse": Existem algumas divergências entre o Mangá, Anime 99 e o Remake 2011. Pessoalmente, prefiro o mangá... a versão 99 tem a trilha sonora muito bem trabalhada pela Nippon, além de ter o fator do episodio 1 mais "semelhante" ao mangá. Por sua vez, o Remake feito pela Madhouse, tem uma animação mais moderna e conta com uma saga e um arco a mais que o seu antecessor. Sinceramente, mesmo com as falhas grotescas da Mahouse, essa ainda é uma excelente adaptação, pois apesar de ter perdido em similaridade, não perdeu sua intensidade e nem identidade.
Hunter x Hunter é um ótimo anime estilo rpg, algo bem experimental que cativa várias pessoas em todo mundo. Uma pena esses hiatos, no entanto, temos que nos contentar, o Togashi pode, o ritmo dele é lento, mas sabemos que o conteúdo é de qualidade, não é à toa que ele manda e desmanda na Jump.
Durarara!! é um anime inovador e original, uma daquelas boas histórias em que só um gênero como o anime pode mostrar na perfeição. Ele consegue falar de diversas coisas e introduzir muitas histórias sem saturar o enredo. É incrível como este anime não apenas defini uma história sólida que liga muitos personagens, mas retrata uma gama de vários problemas urbanos: gangues, consumismo, suicídio, a vida cotidiana do ser urbano, significado da amizade, lendas urbanas e elementos sobrenaturais.
Ele apresenta várias histórias ao mesmo tempo, que são inter-relacionadas, com os personagens do mais simples ao mais divertidos e originais, cada um com um papel definido na trama e bem desenvolvido. Esse é o ponto fundamental que difere o anime. A trama de toda a história se destina a girar em torno da relação de que, aparentemente, são os três protagonistas Mikado, Kida e Anri; mas é uma sensação momentânea, pois com o desenvolver da trama, é possível sentir que a história deles é uma ponte que ajuda a contar o ponto de vista do resto dos personagens do anime. Isso faz com que a história se interligue e mude a visão de protagonismo de acordo com cada ponto de vista, como aconteceu comigo, que de alguma forma eu pensei que o personagem principal era a Celty Sturluson, mas ao chegar ao fim , conclui que o enredo centra-se nos três protagonistas.
A partir deste ponto você percebe que as histórias dos outros personagens foram entrelaçada com a dos três. No entanto, pode haver algum episódio em que nenhum deles aparece ou que temos vários capítulos em curso explicando a mesma história a partir de outras perspectivas dos diferentes personagens. Ao contar a história desta maneira e querendo abordar todos os pontos de vista, certos eventos podem parecer repetitivos e podem até chegar a ter a sensação de que a história se passa muito lentamente. A motivação de repetir alguns eventos é simplesmente para mostrar novamente a cena do ponto de vista de outro personagem, justificando ações em determinado momento e por quê.
O Anime contém um pouco de tudo, desde mistério ao romance envolvido e outras relações da vida cotidiana. Durarara aborda do sobrenatural e o cotidiano de dois adolescentes, uma garota com um passado oculto, um cientista apaixonado, e dois jovens em brigas constantes, e isso soa muito estranho, tudo está relacionado no anime o que o torna ainda mais cativante. O toque sobrenatural não é completamente forçado, em alguns momentos, leva a crer que esses eventos poderiam até mesmo ser real. É um bom anime para passar o tempo, desfrutar e satisfazer as mais altas expectativas, mas com a ideia de que será algo bem encaixado e relaxante.
A trilha sonora é muito bem encaixada, mudando a melodia de acordo com o momento do anime. As aberturas e encerramentos são contagiantes e bem usados, embora o OST de fundo, por vezes, passe uma sensação de ansiedade, principalmente em algumas cenas finais, o que não o torna ruim, muito pelo contrario, é um ponto positivo, no entanto em desenvolvimento é inovador, divertido e cumprindo o seu papel, sem muita dificuldade. A animação foi muito bem feita pela Brain's Base, o design dos personagens ficou impecável, bem original e cheio de vida, a ambientação foi outro ponto forte, bem detalhada, agradável, um ótimo contraste de cores e com base em lugares reais, mostrando um alto nível de detalhes, como no caso de quando se passa nas ruas de Ikebukuro, um dos mais famosos bairros de Tokyo.
Uma das melhores e mais bem elaboradas obras do gênero, simplesmente sensacional, esse brilhante OVA mostra ao longo dos seus quatro capítulos, a história de pequeno Shinta, conhecido como Kenshin, desde que ele começou seu treinamento de assassino, até se tornar um profissional . Extraordinário, tudo muito bem executado. É de tirar o fôlego, consegue em pouco espaço de tempo realmente cativar. Ele é diferente da animação original, em relação ao anime ele tem uma abordagem muito mais seinen, deixando de lado tudo aquilo de shounen que conhecemos dos 95 episódios de Samurai X. Sem dúvidas, foi um fator extremamente positivo, ora, assim evitamos um repeteco desnecessário, além de ser possível ver com outros olhos a brilhante cronologia de Rurouni Kenshin.
Tsuiokuhen, é uma versão estilizada dos 95 episódios do anime original, a animação foi muito bem feita, tendo formas mais humanas , rostos quase perfeitos e uma expressividade que é fora do comum. A história é mais escura, sem piadas e elementos shounen. O que o Furuhashi consegue adaptar nos quatro episódios da animação é um absurdo, é uma contundência que é normalmente vista apenas em filmes clássicos, o que nos remete a lembrar das grandes obras do mestre Kurosawa.
Além de sua animação brutal, ele possui uma trilha sonora que inclui enormes e belos temas orquestrados, que acompanha perfeitamente em momentos como toda a seção final, de longe a melhor parte do OVA. O roteiro sublime faz os diálogos de descanso projetado, bem mastigado, pegando a filosofia samurai, sugerindo informações históricas, precisa e cuidadosamente confiável, o que dá como resultado um ambiente simplesmente impecável. O modo como ele é exibido, narrado e humano, demonstra muito bem um pouco dos elementos culturais que fazem parte da história do Japão feudal.
Tudo, sim, tudo neste OVA é cuidadoso ao extremo: animação, trilha sonora, roteiro, construção de personagem e até mesmo o nome é perfeito. Simplesmente uma obra-prima que rompe o estereótipo dos OVAS de animação japonês. E não deixa nada desejar a produções mais ambiciosas, como filmes do Studio Ghibli ou outros. Uma animação para desfrutar do começo ao fim, conheça, goste, ou não do anime. Sem duvidas, uma das mais magnificas obras samurais, repleta de belas metáforas, violência poética, cores suaves e harmoniosas, animação bem feita e uma história que eleva a arte de "desenhar" um degrau mais alto, fazendo deste, uma das pérolas da animação japonesa .
Ookiku Furikabutte
3.9 2Excelente anime, diferenciado tecnicamente. Ookiku Furikabutte é um excelente exemplo de como um esporte pode e deve ser adaptado como anime, sem perder sua essência e, principalmente, como os exageros e super poderes shounen são totalmente descartáveis e deturpam o conceito/imagem do gênero.
Este não é um anime para qualquer um, infelizmente. O conceito de baseball, suas táticas, ritmo de jogo, ou melhor, todo o esporte em si é totalmente técnico e real, nada didático como Major, ou um esporte reinventado e totalmente fora da realidade como em Kuroko No Basket, por exemplo. A autora passou muito tempo pesquisando e estudando o esporte para aplicar características reais na obra.
O argumento da obra gira em torno do time da escola secundária Nishiura e os desafio dos alunos quanto ao esporte e vida social. Mihashi, um garoto tímido e sem habilidades sociais, agora é o novo Pitcher da equipe. Abe, um catcher habilidoso e inteligente, que agora deve guiar o novato, junto todos os outros personagens que compõe o time, cada qual com seus problemas, motivações e desafios. É desta forma que esta bateria um pouco disfuncional é formada. Serão eles capazes de aprender a trabalhar juntos, encontrar a resposta para cada um dos seus próprios problemas e a equipe será vencedora no torneio?
Uma curiosidade sobre este anime é que o mangá é desenhado por uma mulher, que entende muito do esporte, aliás. O interessante é que isso é bem diferente e intrigante, pois culturalmente no Japão o baseball é praticado apenas por homens, as mulheres se ocupam com softball, que é uma vertente.
A propósito, ignorem este comentário aí em baixo, esse cara não manja nada.
Boogiepop Phantom
4.5 13 Assista AgoraBom, o anime é muito complexo, tanto quanto Lain, para definir um parâmetro. Na verdade é mais dificil de entender o argumento central por causa da narrativa, que não segue um único vetor, e sim diferentes direções, basicamente, são várias peças soltas em um tabuleiro, algo como um quebra-cabeça. O que o autor propõe é que você interligue tais pontos para formar e desvendar um grande enredo em forma de teia.
A morte, uma certeza humana, uma condição natural e verdadeira, que não somente representa o fim de um ciclo, mas, na verdade, é propriamente o sentido lato da vida. Esta é a premissa de Boogiepop Phantom, uma animação única, que rompe as barreiras do convencional, e assim, cria o seu próprio estilo de gênero, algo totalmente experimental, que foge de qualquer clichê e padronização, e ao mesmo tempo exalta sua originalidade, complexidade e valor.
Definitivamente, esta não é uma obra para todos, no entanto, aqueles que dela desfrutarem encontrarão algo único e profundo; um enredo influenciado por filosofia, que não apenas questiona, como demonstra de uma forma crua a realidade mundana. É interessante o modo como a narrativa da trama desenvolve-se, o seu argumento central é baseado na própria Boogiepop Phantom, que simboliza a morte, tal personagem é o mais próximo de um conceito de protagonista, pois a série não conta com protagonistas, de fato.
Enfim, como eu comentei antes, entender a linha cronológica do anime é uma tarefa complicada, pois a história se entrelaça e se mistura, ora estamos no passado, ora no presente. O que agora é o presente, outrora foi apenas mais uma memória. Com essa relação o autor diz que o tempo não é cíclico, pois o tempo não passa para frente nem para trás, o presente sempre será sempre presente, afinal, se o tempo passa para frente vamos voltar ao passado... e se ele passou, quer dizer que ele foi para trás.
A animação é bem diferente, a fotografia dele nos proporciona um mundo cinza, quase apagado, mas não se deixe enganar pensando que é problema ou defeito técnico da produtora, isso é proposital, pois se trata de uma analogia sobre a Boogiepop Phantom, ou melhor, a morte. A trilha sonora é deliciosa, mistura faixas clássicas com rock, dando um clima de êxtase e grande expectativa por cada desfecho de clímax.
O desfecho do anime é que todos os personagens ali já estavam mortos, mas continuavam vivos porque suas memórias ainda estavam interligadas a nossa realidade, então era isso que estava comprometendo o estado do nosso mundo. O trabalho da Boogiepop era basicamente desvendar e consertar este mistério. Parece algo bem complicado, mas na verdade é bem simples.
Juuni Kokuki
4.4 4Anime interessante, mesmo com o descaso por parte do estúdio Pierrot na adaptação. Digo, o enredo da obra é bastante complexo, portanto, as bifurcações nessa transição Novel/Anime acabaram por prejudicar um pouco a trama em si. Mesmo assim, é um anime que pode ser desfrutado e satisfazer expectativas, embora esteja sem final, pois a obra se dá em 12 livros, e esta animação foi adaptada até o começo do sétimo, aproximadamente.
Este anime é um Game of Thrones melhorado e com profundidade, porém mais complexo, talvez uma comparação com o universo de LoTR seja mais coerente. No universo de Os 12 Reinos, eles são governados pela "vontade de Deus", e é este Deus que dita a regras, escolhe o rei e castiga as pessoas. Cada reino tem um Kirin, uma criatura místicas que escolhe e protege o rei (que pode ser masculino ou feminino), e, portanto, um rei ou rainha. Quando o rei se desvia e se torna um péssimo governante, este Kirin adoece e morre. Isso não quer dizer que um rei vai errar ou que não tenha sido bem escolhido.
Juuni Kokuki é um conto místico, e este universo é como se fosse um mundo paralelo ao nosso, mas estreitamente interligado, ações afetam aqui e lá, o aspecto de enredo é uma critica social ao nosso modelo de vida e de consideração pela vida alheia, não somente uma referencia ao modo como consideramos a vida animal, vegetal, etc, mas, sim, o sentido de vida como um todo. Ao longo da trama, vemos as histórias de reinos diferentes se misturarem e se interligarem. Vemos diferenças sociais, intelectuais e conflitos de personalidades. Uma amostra é o modo como a maioria do seres querem o melhor para seu reino, mas por outro lado, vemos o pior dos seres humanos, a miséria e a pobreza, questões existencialistas, superstição, medo e conspirações para tomar o poder. É um anime bem cru e realista, mesmo sendo uma obra audiovisual de ficção animada.
Outro ponto interessante é o desenvolvimento da primeira protagonista, mesmo o enredo não focando totalmente nela, pois a perspectiva de enredo se dá sobre os reinos, e não especificamente sobre os personagens(sim, é assim que funciona a narrativa), mesmo assim a mudança na personalidade e a evolução dela é impressionante. Resumindo, este é um anime que vale muito a pena mesmo, é uma obra subestimada demais. Lembro que ela foi transmitida no Animax, tirei para assistir novamente este ano, amei ainda mais, pois agora pude entender melhor e analisar bem muitas coisas que não percebi desde a ultima vez que assisti, aliás, agora estou lendo as Novels, fico cada vez mais encantado com a capacidade da autora de criar situações épicas, misturando misticismo, política e filosofia.
Hourou Musuko
4.3 5É interessante a abordagem do anime sobre um tema tão delicado e complexo. Afinal, querendo ou não, vivemos em uma sociedade metodológica, excludente e opressora. Convenhamos, esta realidade é algo constante, pois é intrínseco do homem padronizar, buscar modelagens e delimitar um paradigma de "certo" e "errado".
Hourou Musuko, em forma critica social, conta a história de Nitori, um jovem estudante, que além de possuir um peculiar estilo de vida, está passando por uma fase de transição, um momento delicado de muitos questionamentos e construção de identidade. Este garoto, - devido suas divergências para com o outros - constantemente classificado como "diferente" ou "doente" por não seguir uma corrente uniforme, agora está diante da escolha mais dificil de sua vida: se reprimir e ser aceito por aqueles que vivem na padronização ou então viver para agradar a si mesmo e, por este motivo, enfrentar os desafios de ser oprimido por uma maioria excludente. Será Nitori capaz de lidar com o mundo real e enfrentar seus medos e angustias?
A parte técnica é boa, a trilha sonora não varia muito, mas mantém um ritmo de acordo com as cenas apresentadas. A animação não compromete, sua arte é até bonita, o character design dos personagens ficou bem agradável, na minha opinião. Enfim, podemos dizer que o diretor conseguiu fazer um bom trabalho com a quantidade de conteúdo disponível.
Este é um anime que eu subestimei muito, sinceramente. Felizmente acabei por descobrir algo maduro, com um enredo profundo, sobretudo questionador. Hourou Musuko é uma anime que deve ser visto com seriedade, não é algo apenas para ser apreciado, mas também deve servir como um aprendizado.
Ergo Proxy
4.3 89Em um mundo devastado por um apocalipse nuclear, a cidade cúpula de Romdo foi concebida com uma utopia, onde humanos e androides(AutoReivs) coexistem pacificamente sob completo controle de um governo.
Romdo City(onde decorre grande parte da história) é uma referência direta a Zigurate (Templo típico da antiga Mesopotâmia, considerado morada dos deuses), visto como um paraíso divino criado por seres humanos em tempos de crise. Esta cidade cuja construção exibe uma megalópole típica de um clássico cyberpunk, mas com uma estética muito elegante, moderna e refinada, não somente esconde uma aparência neobrutalista, mas é também uma maneira de referir à escuridão, onde a população é incapaz de perceber as conspirações das autoridades, os problemas sociais e a decadência que os rodeia. Além disso, sua aparente perfeição gera uma certa monotonia e o tédio em seus habitantes, que se reflete em sua passividade, transformando este palco em um elemento fundamental da trama. Romdo é o último paraíso humano sob um ambiente degenerativo; uma hostil e isolada cidade em que nem todos podem entrar. Estas questões têm segregação, xenofobia, marginalização, conspiração e religião.
Drama e suspense são alguns aspectos que podem ser atribuídos a este Anime. Ergo Proxy não é uma série adequada para todos, no sentido de que seu enredo é muito profundo e escuro o suficiente para ser influenciado por filosofia. Assim, podemos afirmar que este é um anime que separa homens de meninos; a partir daqui, passarei uma ideia de quão profundo ele é. Lembrando que psicanálise e a filosofia utilizadas no argumento da série, possuem referências desde Julia Kristeva, Carl Gustav Jung até JJ Rousseau e Nietzsche.
O ritmo do anime é lento, mas integra informações constantemente, por isso, perder um único dialogo pode mudar a compreensão de um capítulo por completo. Embora este seja basicamente linear, o onirismo está presente em muitos de seus capítulos, que, aparentemente, está fora da cronologia usual e tem uma história totalmente alheia ao que estávamos acostumados, especialmente os capítulos centrais (14 : 19), no qual o espectador é forçado a inferir como tudo aconteceu. Nestes capítulos as ideias são totalmente sonhadoras, aliadas a situações difíceis desvendar, como realidades alternativas, que pode facilmente levar-nos a se perder no enredo. No entanto, alguns episódios entregam muitas pistas sobre o passado da Terra, enquanto é falado do Projeto Proxy, a reconstrução da raça humana, o Projeto Bumerangue e o Vírus Cogito. Questões sociais como a tecnocracia e utopia também são discutidos, fazendo uma critica a forma como exercem seu controle absoluto sobre a população para garantir a paz, a felicidade e a "perfeição", paradoxalmente.
Proxies, como o próprio nome indica, são um componente de uma rede que executa uma função em nome de outro, sua finalidade é fingir ser deus, mas realmente segui ordens de um exceder inatingível para os seres humanos, pois eles são uma espécie de intermediário entre deuses e humanos. Eles são os deuses da criação, que vivem nas profundezas da mente humana e as cúpulas são o seu paraíso. Contudo, são incompletos, pois suas criações(humanos) são depravados. É através deles que construído o principal referencial filosófico do anime, questões tais como quem é o criador de sua criação, ou vice-versa.
Aos poucos, a história mostra cada vez mais uma aparente loucura e instabilidade mental de seus personagens, que podem causar uma verdadeira confusão no espectador se somarmos os capítulos em que tudo parece ser um sonho ou uma psicótica abstração mental, na qual não sabemos o que é real e o que é falso.
A revolução, como a luta armada, é dada por pessoas que vivem fora da cúpula e pelos habitantes de Romdo contra robôs. No entanto, parece que a verdadeira intenção é mostrar uma "revolução da consciência" através da introspecção e autorreflexão de seus personagens. Os imigrantes acabam protegendo a cidade de androides e uma guerra irrompe contra os robôs, eles são considerados uma ameaça de ter escapado do controle humano e pensar por si mesmos. Como em muitas obras cyberpunk, os seres humanos não nascem naturalmente, são artificialmente produzidos (em linhas de montagem, tais como PLCs) e manipuladas para se tornarem bons cidadãos. Uma referência clara a Aldous Huxley e seu livro Admirável Mundo Novo. As referências vão desde a estirpe do vírus Ebola, para os atuais conflitos em robótica de Isaac Asimov, crise militar e referências religiosas apocalípticas.
O vírus Cogito é uma clara referência à frase do filósofo René Descartes: "Cogito ergo sum" (Penso, logo existo). Na verdade, tanto o título e toda a abordagem é baseada na sua proposta filosófica. Os AutoReivs podem acordar voluntariamente e fugir do controle humano, como proposto por Asimov em muitas de suas histórias, no entanto, ao invés de elevar a evasão de ordens trata de encontrar inconsistências na lógica humana, que precisamente permitir robôs se libertar de suas amarras. Para estar sujeito a algo ou alguém não é obrigatório ter uma identidade; no anime, os AutoReivs tomam consciência de si mesmos e isso permite-lhes criar uma identidade para além dos seus mestres, um despertar que irá impulsioná-los para questionar a sua própria existência.
O aspecto musical é simplesmente incrível. A música promove uma atmosfera fabulosa que às vezes se assemelha a coros de igreja, tornando a atmosfera de algo sacro. O som ambiente é igualmente sublime, ele gera a sensação de estar em um mundo desolado, frio e hostil. Entre os destaques, temos a abertura e o encerramento, cujo estilo se encaixa perfeitamente com o tema da história. Em primeiro lugar, o encerramento (Paranoid Android - Radiohead) uma referência a este mundo cinza, que descreve perfeitamente todo o enredo principal. Por outro lado, a abertura (Kiri - Monoral) mostra uma série de referências, tal como o encerramento, que poderia muito bem resumir a série.
E os defeitos?
Analisando friamente, a profundidade da série acaba por ser a sua maior falha, embora Ergo Proxy faça muitas referências filosóficas e científicas, se olharmos criticamente, estas referências são realmente um exemplo de uma série de ideias relacionadas com a história, elas não tem de fato um impacto fundamental na série, ou seja, as referencias, em sua grande maioria, não passam de ideias soltas e aleatórias.
Independentemente de sua aplicação, da sua falsa profundidade e da sua complexidade inerente, Ergo Proxy é um anime verdadeiramente inovador, porque explora através de seu enredo elementos temáticos de uma forma nunca feita antes. Além disso, seu aspecto artístico usa modelos que se afastam do estereótipo clichê e fútil dos animes atuais.
Death Note (2ª Temporada)
4.3 399 Assista AgoraBom anime, com certeza um clássico entre os clássicos das animações nipônicas. Infelizmente não tão genial quanto a primeira temporada, mas ainda manteve um nível alto, com um desfecho surpreendente e questionador.
A trama parece desenrolar como um jogo de xadrez, as estratégias e duelos intelectuais cativam e ao mesmo tempo intrigam, porque remetem os espectadores a refletir sobre o comportamento moral e imoral dos personagens, em especial do protagonista, sua ideologia sobre a criação de um mundo perfeito e os meios utilizados para alcançar esse objetivo, que de uma forma indireta ou não, questiona o que é "certo" e o que é "errado".
Serial Experiments Lain
4.4 151Lain é um dos anime mais complexos e fascinantes da história, seu enredo composto de uma filosofia niilista é o ponto central da trama. Há 17 anos, Ryutaro Nakamura, dirigia com maestria o grande feito do mestre Yoshitoshi ABe, o qual se tornaria uma das grandes referencias da indústria animalesca. Aliás, obra que mesmo após tanto tempo continua moderna, longe de ser datada.
Este não é um anime para todos, mas para aqueles que dele desfrutarem, encontrarão um admirável contexto de filosofia e ficção científica. A série começa por argumentar sobre uma crítica à influência da Internet na sociedade de hoje e os perigos inerentes ao advento desta invenção nas relações humanas. Mas como o desenrolar da trama, a série apresenta muito mais uma tradicional abordagem filosófica, questões que tem incomodado muitos pensadores há milhares de anos: a identidade! Quem sou eu? O mundo que eu vejo é real? Posso confiar em meus sentidos? Sou fruto de uma criação? Eu fui programado?
Através da metáfora da Internet como um mundo virtual alternativo, Lain torna-se um sinal de extremo ceticismo, que duvida de tudo e de todos, até a si mesmo como um indivíduo. Assim, através do conflito que se desenrola, Lain reflete e questiona sobre os diferentes dilemas que habitam o mundo real e o virtual. O que é especial sobre este anime é que vivemos neste complexo, e de fato são questões que intrigam e fazem, nós, espectadores, questionarmos se o mundo realmente é real ou vivemos em uma realidade virtual moldado por alguém ou pela nossa própria vontade.
Seirei no Moribito
4.5 17Baseado no romance do mesmo título, que é o primeiro de uma série de 12 livros, com mais de 1 milhão de exemplares vendidos, escritos por Nahoko Uehashi, e que passou a ter adaptações para outras mídias, como rádio e manga, Seirei No Moribito ou Moribito: Guardião o espírito, é um anime de 26 episódios que nasceu em 2006 nas mãos do estúdio Production IG, e do diretor Kenji Kamiyama (Ghost in the Shell: Stand Alone Complex, Higashi no Eden, etc.).
Moribito é um anime muito bem trabalhado desde o início, dando-nos uma premissa marcante, um mundo com um toque de fantasia e magia, uma história que além de muito bem elaborada é envolvente, conseguindo atrair o interesse do espectador com muita facilidade, mantendo um ritmo perfeito, nem muito rápido, nem muito lento.
Esta é uma história sobre a superação, sobre a importância das tradições e de nossos instintos naturais, sobre a importância da vida humana e os sacrifícios que fazemos para nossas para preservar a vida daqueles que amamos e respeitamos. Não há tempo para sentimentalismo, é uma narrativa sincera e dura sobre a vida em Yogo, uma comparação entre a nobreza, clero e os camponeses, suas dificuldades sociais e modo de vida como tal.
Este é um anime para todos, embora alguns possam se decepcionar tratando-se de uma série sem fanservice e moes. Moribito é uma obra com uma memorável trama, cheia de reviravoltas e referencias culturais; uma excelente trilha sonora, com ótimas faixas, entre elas a abertura(SHINE - L'Arc-en-Ciel); uma animação de qualidade, com várias cenas de ação dinâmicas e batalhas inesquecíveis, fazendo deste uma superprodução. Enfim, é um anime subestimado e esquecido, que infelizmente não recebe o verdadeiro reconhecimento que deveria receber.
Cowboy Bebop
4.6 251 Assista AgoraMeu anime favorito, provavelmente. Posso ser um pouco suspeito para falar, mas sem demagogia, este é um dos poucos animes que realmente vale imergir na trama e degustar cada magnífico e delicioso episódio.
Cowboy Bebop é uma série de ficção científica, reconhecida como um das mais influentes dos anos 90, este brilhante anime, simplificando, narra as aventuras de um caçador de recompensa a bordo da nave Bebop, em um futuro não muito distante, no qual a humanidade conseguiu colonizar o sistema solar. Enormes portais dimensionais abertos, permitem lacunas no vácuo do espaço através do qual viajar para Marte, Júpiter ou para qualquer lugar em nossa galáxia é cotidiano e necessário no estilo de vida das pessoas daquela época. Cada capítulo deste incrível anime tem um argumento diferente e auto conclusivo, que serve como um pretexto para aprofundar a vida dos personagens, que se interligam e se completam, quase como peças de um quebra-cabeça. Sem dúvidas, o ponto forte de Cowboy Bebop é à sua narrativa que desenvolve o enredo através de muitas histórias que se entrelaçam e se misturam.
A característica forte do anime, que serve até mesmo como um tributo, é o ocidente, em especial os Estados Unidos; o que se reflete nos temas abordados em cada episódio, isto é, os caçadores de recompensa; que tem sido uma constante em vários filmes do "Velho Oeste", onde coloca-se um preço sobre as cabeças dos fugitivos. Neste caso, os informativos são alterados por um programa de televisão (Big Shot) onde é transmito a lista dos mais procurados, o programa é em si uma paródia do gênero. Outra característica ocidental presente na série é o tratamento dado ao herói; um herói fora da lei que, mais cedo ou mais tarde terá de enfrentar seu destino. Aqui vem à mente aquelas cenas em que o herói e o vilão se enfrentam em um duelo final, pronto para desenhar sua arma diante dos olhos aterrorizados das pessoas; um silêncio quase fúnebre que só é quebrado pelo som do vento, close olhos, suor e mãos trêmulas.
A parte técnica é impecável, beira a perfeição. É importante enfatizar, que mesmo sendo um anime antigo, a animação é ótima, o movimento da câmera, enquadramento, sequências, perseguições, lutas coreografadas, o uso de flashbacks e a oscilação temporal resultam numa explosão visual tão impactante quanto o enredo. A trilha sonora(The Seatbelts) é simplesmente uma delicia(no geral, meu OST favorito entre os animes), eles nos proporcionam uma trilha sonora cheia de jazz, blues, country, folk e rock. A música, neste caso, é essencial na série, pois ela nos dá profundidade, exalta as emoções dos personagens e transmite sentimentos.
O mérito da Watanabe reside na mistura de gêneros, que resulta em algo totalmente novo e experimental que só pertence a ele. Ele reinventa o gênero Western ao misturar o cinema negro com ficção científica, temperando com jazz, blues e artes marciais. Assim, Watanabe cria algo único, que possui seu carimbo e estilo.
"No oeste há espaço para finais felizes, mas sempre haverá um fim honroso, digno de ser lembrado.".
See You Space Cowboy ...
Monster
4.6 131"Existe um único mundo, e é falso, cruel, contraditório, corrupto, sem sentido (...). Nós temos necessidade da mentira para vencer esta verdade, ou seja, para viver (...). A metafísica, a moral, a religião, a ciência (...) são tomadas em consideração apenas como diversas formas de mentira: com a sua contribuição crê- se na vida."
Naoki Urasawa(Pluto, 20th Century Boys e Billy Bat), através de seus inquestionáveis recursos, desenvolve Monster em uma premissa de dualidade "maniqueísta", questionando as condutas morais dos personagens, de um lado Tenma, "o médico", de outro, Johan, "a depravação", que travam durante toda a trama um paradoxal embate ideológico.
Seu roteiro investiga a mente humana, seus medos e seus anseios. Obluda, conto infantil também desenvolvido por Naoki Urasawa, que conta a história de um monstro sem nome, que por não suportar este fato, se divide em dois, assim, cada um parte para lados opostos, um para o oeste e outro para o leste, ambos em busca de um nome. Contudo, após uma grande jornada, o monstro sem nome que para o Leste foi, acabou por consumir todas as pessoas que encontrara, até um dia encontrar um príncipe doente, que em troca de sua cura, ofereceu-lhe seu nome, imediatamente o monstro pulou para dentro do garoto, que por sua vez ficou bem saudável, entretanto, com o tempo o monstro que dentro dele vivia, acabou por consumir todos em sua volta, agora sozinho, o garoto decidi partir para o oeste. E assim, garoto caminhou alguns dias até encontrar o monstro que foi para o oeste, e contente exclamou:
– Eu tenho um nome. É um nome maravilhoso!
E então, o monstro que foi para o oeste disse:
– Eu não preciso de um nome. Sou feliz mesmo não tendo um nome. Porque nós somos monstros sem nomes.
E assim, já consumido e depravado pelo monstro que dentro dele vivia, o garoto comeu o monstro que foi para o oeste. Embora tivesse um nome agora, não havia mais ninguém para chamá-lo pelo nome. Johann. É um nome maravilhoso.
Este conto simbólico exprime muito bem o enredo e a complexidade psicológica do anime, é uma história simples, mas que ajuda em muito para entender o argumento central do autor.
Johan, o "antagonista" do anime, é um personagem extremamente frio, calculista, fascinante, sobretudo, humano e racional. Ele representa a natureza do homem na sua forma mais cruel, nociva e verdadeira, com uma abordagem um tanto quanto egoísta e devastadora. A sua complexidade moral é incrível, mostrando-se um personagem extremamente intrigante, com um passado horripilante e obscuro.
Tenma, o protagonista, segue uma moralidade inexistente, feita para tornar suportável o mundo da vida. É intrínseco a sua formação moral de médico valorizar a vida, mas mesmo que não note que por trás dessa moralidade ele escolheu mentir para o mundo ao encarar sua verdade, ele somente interpretou que assim quis que fosse. No final, tudo é interpretativo, ele está preso a ideias que o transcendem e existentes somente no seu consciente. Uma corrente moral. Se vem a tona em sua mente a verdadeira natureza mundana, veria ele que sua moral nada mais é que uma maquiagem interpretativa de mundo e que a verdadeira natureza do mundo é crueldade?
A parte técnica da série é excelente, vindo da Madhouse chega a ser até impressionante que tenham adaptado tão bem um mangá sem estragar ou desvirtuar o enredo (convenhamos, a madhouse sempre deturpa alguma coisa, parece proposital). A trilha sonora possui faixas que variam de acordo com o momento da série, sempre mantendo a tensão e acrescentando no gozo da animação.
O final pode não agradar a todos, mas temos que aceitar o fato de que as coisas nem sempre acontecem como desejamos. Afinal, o fator surpresa é uma das qualidades deste incrível anime.
Explicação sobre o final:
Vamos começar por onde eu tive maior dificuldade de interpretação, que foi com o Johan. Vejo ele como um grande roteirista, mas a cena final me intriga, pois, após a visita do Tenma, é mostrado uma cama de hospital vazia, neste quarto é evidente que a janela ao lado da cama estava aberta, o que abre Johan tenha tentado escapar. Como mencionei, é interpretativo, ao mesmo tempo em que há a possibilidade de que tenha escapado, há também de que tenha cometido suicídio.
Enfim, isto é apenas mais uma possibilidade, se aconteceu não posso afirmar, pois o anime não conclui o enredo e nem o desenvolvimento da grande maioria dos personagens. O que aconteceu com o Johan? A sua natureza predominou novamente? Foi em busca de vingança? Não sei! não houve uma conclusão... É isso, apenas isso, não há final, você deduz o que você achar mais apropriado, pois não importa o que aconteceu depois, o importante é que o ciclo que repetições foi quebrado.
Para Tenma, matar ou deixar vivo o Johan, tanto faz, ambas as escolhas seriam feitas com base em interpretações morais: seja para favorecer sua vingança ou seu dever.
The Wire (5ª Temporada)
4.6 113Não é uma tarefa fácil falar de The Wire, esta incrível série ao longo de suas cinco temporadas cativou, entreteve e ensinou-nos tanto quanto o necessário para satisfazer qualquer espectador de uma forma na qual não estamos acostumados a ver em uma série de televisão.
Seu enredo, baseado em uma enorme conspiração é tecido em uma complexa narrativa, com várias histórias paralelas estreitamente interligadas uma com as outras. A complexidade moral é um dos aspectos mais interessantes; o contraste da hipocrisia, tanto no setor público como no tráfico drogas personificam uma sociedade corrupta e distópica. Estes problemas sociais retratam lados uma mesma moeda, uma vez que em The Wire não existem heróis, sua perspectiva é o verdadeiro retrato de um mundo cruel, um lugar onde não há espaço para inocentes.
The Wire funciona como uma soma de elementos orgânicos em pequenos riachos que formam um conjunto ressonante. Tudo é orquestrado por inúmeros personagens secundários que formam um conjunto coral devastador. Você não pode avaliar como partes de um todo, sentindo individualmente cada episódio, porque só podemos avaliá-la em uma gama completa e definida, em forma de uma cadeia de distribuição total. É a simbiose pura da série que gera a trama em forma de vibrações que se tornam furacões ferozes.
Resumidamente, em The Wire os personagens tentam lutar contra um mundo hipócrita e acabam por perceber que a hipocrisia é mais que uma regra, é uma exigência do sistema. A moral da série é o preço que você paga para sobreviver tentando ser fiel a princípios em um mundo onde a mentira é a lei e o motor da sociedade. É a realidade em forma de ficção, na série nem o bom nem o mau ganham; outro destaque é a ausência de maniqueísmo que aborda propícias situações, podemos encontrar um criminoso desonroso, um policial, um político, um advogado ou um ladrão na mesma situação moral, um viciado em drogas dando lições de tenacidade e reabilitação para pessoas "normais". Assim, a linha entre o bem e o mal é turva e escura. Enfim, são as atitudes e decisões de cada personagem que decidem um sucesso ou um fracasso.
Por fim, podemos dizer que The Wire é uma legitima obra-prima, uma série completa, inteligente e dotada de realismo, que não apenas critica, mas expõe o mundo da forma como realmente ele é.
O Conde de Monte Cristo
4.5 20 Assista AgoraBaseado no livro de Alexandre Dumas, "O Conde de Monte Cristo", tal qual é reconhecido mundialmente como um clássico da literatura, Gankutsuou adapta e encarna o que há de melhor no livro através de uma belíssima série de animação japonesa.
O anime é um tanto quanto diferente do romance original. Gankutsuou tem variações em partes dos personagens e na ambientação, uma vez que reconstrói a ordem cronológica dos fatos e o modo de como as coisas são apresentadas por meio de um universo futurista de ficção científica, dando um toque refrescante e interessante para a história original. Embora ainda seja um conto de vingança, outro ponto que podemos atribuir como "original" ao anime é a perspectiva de enredo, pois ele se dá sobre os olhos de Albert Morcerf em vez da original perspectiva do Conde .
Gankutsuou é um exemplo interessante de como um bom drama combinado com um bom mistério pode intrigar e entreter o telespectador, criando quase sempre uma expectativa quanto ao próximo episódio. A maior parte do drama é político, de caráter aristocrático, que mostra a nobreza e as complicações da vida como tal. O mistério é, obviamente, focado no Conde de Monte Cristo e seus verdadeiros motivos e planos, deixando o público em dúvida ou inseguro em cada final de episódio. O elemento de ficção científica também é esplendidamente executado, explorando robôs gigantes, naves espaciais, carros, diferentes tecnologias e muito mais. No entanto, o mais surpreendente é que, mesmo em tal elemento a essência original da obra, que se ambienta e incorpora o século XIX, não é perdida, muito pelo contrário, foi bem executada e mesclada com a proposta de ficção da animação.
Outro ponto forte deste anime, são os personagens, algo que deve-se atribuir tanto a Alexandre Dumas quanto ao roteirista da animação, dado que o fato de relacionar a trama principal com a maioria dos personagens é algo incrível. Mas, honestamente, analisando individualmente, temos que parte deles podem parecer simples, o que é diferente de ruim, considerando que cada personagem tem seu destaque e um papel fundamental na trama.
Apesar de toda a história ser contada a partir do ponto de vista de Albert, de acordo com o progresso do anime, certos personagens acabam tendo mais importância e evidencia. Inevitavelmente, em certos momentos, alguns dos mistérios, acabam por se tornar bastante óbvio para todos os personagens, exceto para Albert, que às vezes parece realmente ter graves problemas de entendimento ou simplesmente muita inocência. Entretanto, não pode ser considerado como um fator negativo, pois o anime não perde em intensidade.
A trilha sonora deste anime é de alta qualidade, possui uma das melhores aberturas e encerramentos entre os animes. Em Gankutsuou, a música ajuda muito para adicionar impacto na trama. A maioria, se não todas as músicas usadas no anime são clássicas, de maneira que complementa perfeitamente a caracterização do século XIX, resultando no gozo da animação.
O estilo visual é único e agradável, bem como realista e tão fluido quanto deveria ser. Considerando que a animação foi transmitida em 2004, o estilo dele é evidentemente superior aos animes da mesma temporada e ano. A parte artística é impecável, dando requintes e imersão ao anime. Pode parecer um pouco difícil de se acostumar a técnica de estratificação usada no visual, mas a verdade é que ela acrescenta muito na arte da obra.
O ritmo do anime é lento, o que pode parecer um pouco maçante em alguns momentos, mas é apenas uma questão de se acostumar com a maneira em que a trama se dá, pois, em Gankutsuou, a teia do enredo se faz em uma candelária, capítulo sobre capítulo, explorando a natureza misteriosa e atraente do Conde, todo o tecido político de Paris e também os segredos escondidos por trás de cada personagem, imergindo o espectador para dentro do mundo bizarro e cativante que a série transmite.
Por fim, recomendo este anime, é uma série que deve ser apreciada com calma e disposição, especialmente se você estiver interessado em conspirações, traições e uma peculiar histórias de vingança.
Hunter x Hunter II (Arco 7: Eleição)
4.3 47A pérola da Jump, sem dúvidas, o melhor entre os melhores shounens. Este anime é o trunfo e o que ainda resta de genialidade no gênero, que infelizmente a perspectiva é que não veremos algo tão bom durante alguns anos(sim, sendo pessimista, pois com essa crise de identidade na indústria animalesca a tendência é essa).
O que faz Hunter x Hunter ser tão bom?
Apesar de que de incio a trama aparentar ser apenas mais um clichê igual qualquer outro shounen battle, em pouco tempo já fica visível que ele se diferencia da mesmice metodológica criada pelos animes da Jump. Em termos de gênero e desenvolvimento, podemos dizer que é aí onde reside a alma de Hunter X Hunter, deixando notório que ele não é um Shounen comum.
Seu desenvolvimento de enredo é de fato totalmente imprevisível. Um personagem pode morrer a qualquer momento, uma batalha pode ser travada ou evitada se possível, qualquer personagem principal, dependendo do desenvolvimento da trama e relevância no momento, pode acabar eventualmente deixado em segundo plano.
O universo do anime é fictício, mas inspirado no real. O mundo hunter é recheado espécies raras, monstros curiosos e horríveis, mas, principalmente, vemos países, cidades e vilas com tecnologias, leilões, política e também a máfia. E é possível encontra vários elementos divergente nele, em certo momento temos um lugar exótico e interessante como um país completamente isolado, onde todos os países jogam seu lixo, um país radicalmente ambientalista, ou então, uma ilha onde é realizado um jogo "eletrônico" de cartas real, etc.
As batalhas também não são convencionais, elas são sempre muito dotadas de estrategias e táticas, fazendo com que nem sempre o que possui mais força bruta vença. Um dos pontos enfatizados durante o desenvolvimento do anime é a questão da crueldade humana. Devido ao mundo oculto da corrupção e gangsters, chantagem e abuso, coisas escondidas pelo governo, práticas verdadeiramente cruéis e nocivas.
Sobre a adaptação da "Diabohouse":
Existem algumas divergências entre o Mangá, Anime 99 e o Remake 2011. Pessoalmente, prefiro o mangá... a versão 99 tem a trilha sonora muito bem trabalhada pela Nippon, além de ter o fator do episodio 1 mais "semelhante" ao mangá. Por sua vez, o Remake feito pela Madhouse, tem uma animação mais moderna e conta com uma saga e um arco a mais que o seu antecessor. Sinceramente, mesmo com as falhas grotescas da Mahouse, essa ainda é uma excelente adaptação, pois apesar de ter perdido em similaridade, não perdeu sua intensidade e nem identidade.
Hunter x Hunter é um ótimo anime estilo rpg, algo bem experimental que cativa várias pessoas em todo mundo. Uma pena esses hiatos, no entanto, temos que nos contentar, o Togashi pode, o ritmo dele é lento, mas sabemos que o conteúdo é de qualidade, não é à toa que ele manda e desmanda na Jump.
Durarara!!
4.4 40 Assista AgoraDurarara!! é um anime inovador e original, uma daquelas boas histórias em que só um gênero como o anime pode mostrar na perfeição. Ele consegue falar de diversas coisas e introduzir muitas histórias sem saturar o enredo. É incrível como este anime não apenas defini uma história sólida que liga muitos personagens, mas retrata uma gama de vários problemas urbanos: gangues, consumismo, suicídio, a vida cotidiana do ser urbano, significado da amizade, lendas urbanas e elementos sobrenaturais.
Ele apresenta várias histórias ao mesmo tempo, que são inter-relacionadas, com os personagens do mais simples ao mais divertidos e originais, cada um com um papel definido na trama e bem desenvolvido. Esse é o ponto fundamental que difere o anime. A trama de toda a história se destina a girar em torno da relação de que, aparentemente, são os três protagonistas Mikado, Kida e Anri; mas é uma sensação momentânea, pois com o desenvolver da trama, é possível sentir que a história deles é uma ponte que ajuda a contar o ponto de vista do resto dos personagens do anime. Isso faz com que a história se interligue e mude a visão de protagonismo de acordo com cada ponto de vista, como aconteceu comigo, que de alguma forma eu pensei que o personagem principal era a Celty Sturluson, mas ao chegar ao fim , conclui que o enredo centra-se nos três protagonistas.
A partir deste ponto você percebe que as histórias dos outros personagens foram entrelaçada com a dos três. No entanto, pode haver algum episódio em que nenhum deles aparece ou que temos vários capítulos em curso explicando a mesma história a partir de outras perspectivas dos diferentes personagens. Ao contar a história desta maneira e querendo abordar todos os pontos de vista, certos eventos podem parecer repetitivos e podem até chegar a ter a sensação de que a história se passa muito lentamente. A motivação de repetir alguns eventos é simplesmente para mostrar novamente a cena do ponto de vista de outro personagem, justificando ações em determinado momento e por quê.
O Anime contém um pouco de tudo, desde mistério ao romance envolvido e outras relações da vida cotidiana. Durarara aborda do sobrenatural e o cotidiano de dois adolescentes, uma garota com um passado oculto, um cientista apaixonado, e dois jovens em brigas constantes, e isso soa muito estranho, tudo está relacionado no anime o que o torna ainda mais cativante. O toque sobrenatural não é completamente forçado, em alguns momentos, leva a crer que esses eventos poderiam até mesmo ser real. É um bom anime para passar o tempo, desfrutar e satisfazer as mais altas expectativas, mas com a ideia de que será algo bem encaixado e relaxante.
A trilha sonora é muito bem encaixada, mudando a melodia de acordo com o momento do anime. As aberturas e encerramentos são contagiantes e bem usados, embora o OST de fundo, por vezes, passe uma sensação de ansiedade, principalmente em algumas cenas finais, o que não o torna ruim, muito pelo contrario, é um ponto positivo, no entanto em desenvolvimento é inovador, divertido e cumprindo o seu papel, sem muita dificuldade. A animação foi muito bem feita pela Brain's Base, o design dos personagens ficou impecável, bem original e cheio de vida, a ambientação foi outro ponto forte, bem detalhada, agradável, um ótimo contraste de cores e com base em lugares reais, mostrando um alto nível de detalhes, como no caso de quando se passa nas ruas de Ikebukuro, um dos mais famosos bairros de Tokyo.
Rurouni Kenshin: Tsuiokuhen
4.6 85Uma das melhores e mais bem elaboradas obras do gênero, simplesmente sensacional, esse brilhante OVA mostra ao longo dos seus quatro capítulos, a história de pequeno Shinta, conhecido como Kenshin, desde que ele começou seu treinamento de assassino, até se tornar um profissional . Extraordinário, tudo muito bem executado. É de tirar o fôlego, consegue em pouco espaço de tempo realmente cativar.
Ele é diferente da animação original, em relação ao anime ele tem uma abordagem muito mais seinen, deixando de lado tudo aquilo de shounen que conhecemos dos 95 episódios de Samurai X. Sem dúvidas, foi um fator extremamente positivo, ora, assim evitamos um repeteco desnecessário, além de ser possível ver com outros olhos a brilhante cronologia de Rurouni Kenshin.
Tsuiokuhen, é uma versão estilizada dos 95 episódios do anime original, a animação foi muito bem feita, tendo formas mais humanas , rostos quase perfeitos e uma expressividade que é fora do comum. A história é mais escura, sem piadas e elementos shounen. O que o Furuhashi consegue adaptar nos quatro episódios da animação é um absurdo, é uma contundência que é normalmente vista apenas em filmes clássicos, o que nos remete a lembrar das grandes obras do mestre Kurosawa.
Além de sua animação brutal, ele possui uma trilha sonora que inclui enormes e belos temas orquestrados, que acompanha perfeitamente em momentos como toda a seção final, de longe a melhor parte do OVA. O roteiro sublime faz os diálogos de descanso projetado, bem mastigado, pegando a filosofia samurai, sugerindo informações históricas, precisa e cuidadosamente confiável, o que dá como resultado um ambiente simplesmente impecável. O modo como ele é exibido, narrado e humano, demonstra muito bem um pouco dos elementos culturais que fazem parte da história do Japão feudal.
Tudo, sim, tudo neste OVA é cuidadoso ao extremo: animação, trilha sonora, roteiro, construção de personagem e até mesmo o nome é perfeito. Simplesmente uma obra-prima que rompe o estereótipo dos OVAS de animação japonês. E não deixa nada desejar a produções mais ambiciosas, como filmes do Studio Ghibli ou outros. Uma animação para desfrutar do começo ao fim, conheça, goste, ou não do anime.
Sem duvidas, uma das mais magnificas obras samurais, repleta de belas metáforas, violência poética, cores suaves e harmoniosas, animação bem feita e uma história que eleva a arte de "desenhar" um degrau mais alto, fazendo deste, uma das pérolas da animação japonesa .