Uma vez em um fórum de literatura, vi alguém usando como exemplo o conto "All you zombies" para explicar o quão longe um paradoxo temporal poderia ir. A pessoa fez o favor de entregar o plot twist da história nesse comentário. Interessado, guardei o título na memória para procurar depois, mas acabei nunca lendo. Minutos antes de ver O Predestinado, ao ler sobre o filme, descobri que era uma adaptação desse conto. Vi o filme já sabendo que
Jane e o personagem de Ethan Hawke são a mesma pessoa. As atuações, o olhar, o posicionamento dos atores, linhas no diálogo (a reacão irônica do Barkeeper quando Jane/John o chama de "son of a bich", por exemplo) e outras sutilezas podem ser percebidas pelo espectador quando se vê pela segunda vez.
Tudo muito bem encaixado, sem o didatismo excessivo presente em alguns filmes do gênero. Minha vontade de ler o conto só aumentou! Quaisquer que sejam as diferenças entre "All you zombies" e "O Predestinado", os irmãos Spierig fizeram muito bom uso do material original.
A vitória às vezes está no próprio ato de lutar. Sandra, extremamente abalada, precisou reunir os cacos e ir atrás de seu objetivo. No final, vê-se o quanto sua busca foi importante para que se restabelecesse emocionalmente e pudesse manter-se firme diante de uma decisão difícil.
Vou ser redundante, mas tenho que dizer: que atriz maravilhosa Marion Cotillard é!
Não pensei que sairia do cinema tão leve, com um sorriso rasgado e uma satisfação enorme! Nunca o termo 'tragicomédia' fez tanto sentido: a tensão é crescente, os desdobramentos são surpreendentes e absurdos, mas é tudo muito, muito divertido. Szifron não erra nunca a mão entre o desespero e o humor, de modo que nada parece de mal gosto. O segmento final é apoteótico: uma explosão de sentimentos, o tipo de história que não se consegue compreender sem ter visto. Fica a reflexão: quais os limites da nossa "humanidade"? Será que a civilização nos torna diferentes dos animais mostrados nos créditos iniciais? Enfim, um filme para não se esquecer! Recomendo a todos!
Falar de Darin é chover no molhado... e esse Ignacio Huang? Emociona sem dizer uma palavra sequer em espanhol. A não-tradução de suas falas foi uma decisão acertada: somos obrigados a prestar atenção em seus gestos, olhares e expressões faciais. Uma atuação não-verbal que cativa e torna toda a história crível. Tivesse o papel caído nas mãos de um ator menos competente, Jun poderia se tornar um personagem irritante. E palmas pra todo o resto! Prestarei atenção no nome Sebastián Borensztein agora. Mais um ótima crônica urbana do cinema argentino, adorável, simples e divertida.
Bryan Singer cumpre habilidosamente o que promete: corrige boa parte das incongruências da franquia, reúne o melhor das duas gerações de atores e entrega um filme memorável. O longa consegue dar ao elenco original uma despedida digna e abre os caminhos para sequências promissoras. Um aula de como rebootar.
O que, de início, parece uma simples crônica familiar, se converte em um redemoinho indissolúvel de conflitos envolvendo os personagens, humanos e tridimensionais. O roteiro de Asghar Farhadi, nada maniqueísta, impressiona ao criar uma cascata de desdobramentos dramáticos a partir de um evento trivial como a separação de um casal. A tensão é crescente: não se consegue escolher um time na briga nem prever o que acontecerá a seguir. E que atores! Todos são afinadíssimos, e o desempenho da jovem atriz que interpreta Termeh (filha do diretor) me surpreendeu. Pergunto-me aonde a garota teria chegado se fosse um filme ocidental Enfim, 'A Separação' me fez desfazer preconceitos e voltar os olhos para além de fronteiras étnicas. Ver um filme iraniano com esse nível de excelência deixa a reflexão de que um povo - e sua produção artística - é muito maior que seus problemas e que o regime político em que está inserido.
Eu gostei. Talvez meu apego à história original e às músicas do espetáculo não tenha me deixado analisar o filme como cinema, mas o fato é que eu saí da sala muito satisfeito, com a sensação de ter estado em um teatro vendo ao vivo o musical que sempre quis ver, com aqueles personagens velhos conhecidos meus. É deslumbrante visualmente, bem cantado (em sua maior parte) e bem atuado, nada diferente do que eu esperava. O fato de os atores terem cantado no momento das gravações se revelou uma decisão acertada, contribuindo para dar mais autenticidade às atuações. Não recomendo para quem não tem paciência para musicais, afinal, são quase três horas de pura cantoria.
Para quem é fã, vale a pena assistir! É muito bom, considerando as limitações de um filme de TV não-autorizado. Muito do que é mostrado parte da imaginação do roteirista, que floreia bastante alguns acontecimentos da vida da autora, mas o filme funciona, e tem momentos encantadores.
O que mais chama a atenção, além da boa produção e da exuberância do cenário, são as atuações. As Fernandas se alternam entre três gerações de mulheres com maestria, imprimindo singularidade em cada personagem representada.
O diálogo entre mãe e filha, na cena final, vale o fime inteiro. Que atriz! Fernanda Montenegro contracena consigo mesma com naturalidade e emoção impressionantes.
Tão besteirol que nem divertido consegue ser. O que se vê são 2 bons comediantes se esforçando o tempo inteiro para extrair graça de um roteiro extremamente fraco.
Não sei por que demorei tanto pra ver. Que roteiro! O texto de Jorge Furtado transita entre diferentes gêneros (comédia romântica, drama, policial) de maneira habilidosa, sem parecer incongruente ou perder a fluidez. A narração em primeira pessoa permite que compreendamos bem a mente difícil do protagonista, o interessante contraste entre sua habilidade em arquitetar planos criminosos e a ingenuidade de suas intenções. Somos envolvidos de tal maneira que nos desfazemos de qualquer senso de justiça, e nos tornamos cúmplices de todos os crimes dos personagens que, narrados sob a ótica de André, nos parecem justificáveis. A narração subjetiva ainda garante momentos de divagação divertidíssimos, aos quais se somam os inventivos recursos narrativos presentes no filme, como as HQs de André, o discurso repetido de sua mãe e a maneira como ele imagina e monta mentalmente o quarto de Sílvia. Sem falar da coleção de diálogos memoráveis, mesmo os que não têm relação direta com a trama (aqui é impossível evitar a modinha de mencionar a semelhança com Tarantino), que dão humanidade aos personagens e facilitam nosso envolvimento com eles.
Atuações mais que competentes: Lázaro Ramos, mesmo com o perceptível esforço para imitar o sotaque gaúcho, conduz muito bem o protagonista, Leandra Leal dá a Sílvia o carisma que precisa, e Pedro Cardoso torna seu personagem o mais engraçado do filme. Até Luana Piovani está bem: sua Marinês é sensual e divertida como deve ser. A direção segura de Furtado dispensa comentários.
A não-linearidade, a estética diferenciada e as cenas de ação são tão louváveis, que perdoamos as pontas soltas e as forçações de barra do roteiro. Um passo a frente do cinema nacional, de qualquer maneira.
O plot poderia resultar em um filme clichê ou piegas demais, mas Campanella não erra a mão. O romance entre os protagonistas encanta e é bastante crível, sem que a história siga caminhos muito previsíveis. É interessante acompanhar esses 20 anos da história argentina, e o modo como as transformações do país influenciam os dramas pessoais e as diferentes fases vividas pelos personagens. Simples, delicado e extremamente agradável de se assistir. Quem gostou de "O Segredo dos Seus Olhos" e está buscando outros títulos da filmografia do diretor, certamente não se decepcionará com este.
Simples, sensível, tocante - e, ao mesmo tempo, fluido, leve e divertido. Com belos momentos, atuações competentes e diálogos inspirados, esta pequena pérola de Campanella se desfaz de gêneros ou rótulos e desperta emoções diversas, sem que pareça forçado ou pretensioso.
Penso que três tipos de pessoas detestaram esse filme: os idólatras da trilogia do Raimi, que insistem em comparações irrelevantes entre as duas versões e tomam como negativo cada ponto em que as histórias divergem; os fãs xiitas dos quadrinhos, que esperam ver uma transcrição exata do que leram e não admitem qualquer distanciamento - por menor que seja - das histórias originais; e, por último, cinéfilos que abominam o entretenimento puro e esperavam um filme de arte profundo e hiperrealista, com alguma revolução inteligente a la Nolan no conceito do herói.
Como não me encaixo em nenhum desses grupos, curti o filme, e bastante. Tenho sim certa nostalgia em relação à trilogia de Sam Raimi, mas reconheço que esta não acabou bem, e não recebi mal a notícia de que dariam um refresh na história do herói. Fui ao cinema na expectativa de algo diferente, e não me decepcionei.
O Peter Parker de Andrew Garfield é carismático e, pelo que conheço das HQs e das séries animadas, me lembra mais o personagem original. Emma Stone dispensa comentários: sua Gwen Stacy ganhou minha simpatia, e me fez esquecer completamente da Mary Jane de Kirsten Dunst. O romance entre os dois personagens gerou bons momentos para o filme, e me pareceu bem convincente (aqui percebo um pouco do dedo de Marc Webb, de '500 Dias Com Ela').
Embora se explore pouco a relação entre Peter e o Dr. Connors, bem como a dubiedade na personalidade do cientista, o Lagarto me convenceu como vilão, e o embate final entre os personagens ficou muito bom.
Talvez não tenha me agradado muito o uso dos pais de Peter como base da história e justificativa para tudo. O filme se propõe a mostrar "a história não contada" e, ao final,
se revela pouco eficiente nessa tarefa, deixando as explicações para o próximo capítulo. Acredito que prolongar esse mistério não tem muita utilidade. A meu ver, dar por encerrada a história de Richard e Mary Parker seria uma melhor opção, que deixaria o filme mais redondo.
Enfim, sabia exatamente o que esperar, e o filme não ficou aquém dessas expectativas. "O Espetacular Homem-Aranha" foi divertido e bem desenvolvido, com ação, comédia e romance na dose certa para não entediar ou cair no besteirol. Boto fé nessa nova trilogia.
Muito superior à versão sueca. Sério. É difícil não soar 'hollywoodcentrista' ao afirmar isso, mas é a impressão que tive. Gostei da versão sueca e a valorizo bastante, mas esta nova adaptação (não consigo classificá-la como remake) soube explorar melhor o livro de Stieg Larsson. Tudo de que senti falta no filme de 2009 está presente aqui. Ainda que alguns detalhes tenham sido alterados/suprimidos, o 'todo', a 'essência' do livro está melhor representada. Penso que as alterações só agregaram, contribuindo para deixar o filme mais redondo e realista (com a ressalva da língua falada ser o inglês). Fincher claramente se preocupa em criar um clima de tensão e urgência constante, e sua mão dá ao filme uma qualidade técnica impressionante.
Rooney Mara está brilhante. Sua Lisbeth me lembrou mais a personagem original do que a da Noomi Rapace - talvez a caracterização e o próprio físico da atriz tenham contribuído para isso. A complexa personalidade da personagem foi bem apresentada pelo roteiro, que dá tempo para que a compreendamos, sem ser explicativo demais. Aliás, Steve Zaillian também não peca nesse ponto ao adaptar a trama principal, da investigação: em nenhum momento subestima a inteligência do espectador com didatismo excessivo.
Enfim, não tinha apostado muitas fichas nessa adaptação, e acabei me surpreendendo bastante. Espero que os filmes posteriores (se acontecerem) se mantenham no patamar de qualidade deste primeiro.
Também me surpreendi com o trailer, não esperava uma comédia. Seria um volta aos tempos de Beetlejuice? No mais, Michelle Pfeiffer + Tim Burton me traz boas lembranças. Vamos ver no que vai dar.
Almodovar mais sério e contido, sem as reviravoltas e experimentações que lhe caracterizam. O enredo é intimista, porém pouco inspirado. O que há de melhor aqui é de fato a atuação de Marisa Paredes, que brilha como a protagonista Leo.
Vale também para saber de onde vieram Manuela e Raimunda, heroínas de filmes posteriores.
Pelo visto não é de hoje que os títulos em português são mal escolhidos. O título 'A Malvada' tem um ar de maniqueísmo que, de maneira alguma, está presente aqui. O filme é impecável. Atuações femininas poderosas e diálogos inspirados. Favoritado.
O Predestinado
4.0 1,6K Assista AgoraUma vez em um fórum de literatura, vi alguém usando como exemplo o conto "All you zombies" para explicar o quão longe um paradoxo temporal poderia ir. A pessoa fez o favor de entregar o plot twist da história nesse comentário. Interessado, guardei o título na memória para procurar depois, mas acabei nunca lendo.
Minutos antes de ver O Predestinado, ao ler sobre o filme, descobri que era uma adaptação desse conto. Vi o filme já sabendo que
algúem em algum momento engravidaria a si mesmo no passado
Jane e o personagem de Ethan Hawke são a mesma pessoa. As atuações, o olhar, o posicionamento dos atores, linhas no diálogo (a reacão irônica do Barkeeper quando Jane/John o chama de "son of a bich", por exemplo) e outras sutilezas podem ser percebidas pelo espectador quando se vê pela segunda vez.
Minha vontade de ler o conto só aumentou! Quaisquer que sejam as diferenças entre "All you zombies" e "O Predestinado", os irmãos Spierig fizeram muito bom uso do material original.
Dois Dias, Uma Noite
3.9 542Com tão pouco, me disse tanto! O filme consegue passar uma velha mensagem sem se utilizar de clichês:
A vitória às vezes está no próprio ato de lutar. Sandra, extremamente abalada, precisou reunir os cacos e ir atrás de seu objetivo. No final, vê-se o quanto sua busca foi importante para que se restabelecesse emocionalmente e pudesse manter-se firme diante de uma decisão difícil.
Vou ser redundante, mas tenho que dizer: que atriz maravilhosa Marion Cotillard é!
Relatos Selvagens
4.4 2,9K Assista AgoraNão pensei que sairia do cinema tão leve, com um sorriso rasgado e uma satisfação enorme! Nunca o termo 'tragicomédia' fez tanto sentido: a tensão é crescente, os desdobramentos são surpreendentes e absurdos, mas é tudo muito, muito divertido. Szifron não erra nunca a mão entre o desespero e o humor, de modo que nada parece de mal gosto. O segmento final é apoteótico: uma explosão de sentimentos, o tipo de história que não se consegue compreender sem ter visto. Fica a reflexão: quais os limites da nossa "humanidade"? Será que a civilização nos torna diferentes dos animais mostrados nos créditos iniciais?
Enfim, um filme para não se esquecer! Recomendo a todos!
Um Conto Chinês
4.0 852 Assista AgoraFalar de Darin é chover no molhado... e esse Ignacio Huang? Emociona sem dizer uma palavra sequer em espanhol. A não-tradução de suas falas foi uma decisão acertada: somos obrigados a prestar atenção em seus gestos, olhares e expressões faciais. Uma atuação não-verbal que cativa e torna toda a história crível. Tivesse o papel caído nas mãos de um ator menos competente, Jun poderia se tornar um personagem irritante.
E palmas pra todo o resto! Prestarei atenção no nome Sebastián Borensztein agora. Mais um ótima crônica urbana do cinema argentino, adorável, simples e divertida.
A Culpa é das Estrelas
3.7 4,0K Assista AgoraVale a pena fazer vista grossa para o hype e assistir sem preconceitos. É muito mais que chick flick adolescente que aparenta.
X-Men: Dias de um Futuro Esquecido
4.0 3,7K Assista AgoraBryan Singer cumpre habilidosamente o que promete: corrige boa parte das incongruências da franquia, reúne o melhor das duas gerações de atores e entrega um filme memorável. O longa consegue dar ao elenco original uma despedida digna e abre os caminhos para sequências promissoras. Um aula de como rebootar.
A Separação
4.2 725 Assista AgoraO que, de início, parece uma simples crônica familiar, se converte em um redemoinho indissolúvel de conflitos envolvendo os personagens, humanos e tridimensionais. O roteiro de Asghar Farhadi, nada maniqueísta, impressiona ao criar uma cascata de desdobramentos dramáticos a partir de um evento trivial como a separação de um casal. A tensão é crescente: não se consegue escolher um time na briga nem prever o que acontecerá a seguir.
E que atores! Todos são afinadíssimos, e o desempenho da jovem atriz que interpreta Termeh (filha do diretor) me surpreendeu. Pergunto-me aonde a garota teria chegado se fosse um filme ocidental
Enfim, 'A Separação' me fez desfazer preconceitos e voltar os olhos para além de fronteiras étnicas. Ver um filme iraniano com esse nível de excelência deixa a reflexão de que um povo - e sua produção artística - é muito maior que seus problemas e que o regime político em que está inserido.
Os Miseráveis
4.1 4,2K Assista AgoraEu gostei. Talvez meu apego à história original e às músicas do espetáculo não tenha me deixado analisar o filme como cinema, mas o fato é que eu saí da sala muito satisfeito, com a sensação de ter estado em um teatro vendo ao vivo o musical que sempre quis ver, com aqueles personagens velhos conhecidos meus. É deslumbrante visualmente, bem cantado (em sua maior parte) e bem atuado, nada diferente do que eu esperava. O fato de os atores terem cantado no momento das gravações se revelou uma decisão acertada, contribuindo para dar mais autenticidade às atuações.
Não recomendo para quem não tem paciência para musicais, afinal, são quase três horas de pura cantoria.
Django Livre
4.4 5,8K Assista AgoraEstou gostando bastante dessa fase historical revenge do Tarantino. Tomara mesmo que seja uma trilogia e venha mais um bom filme por aí.
Magia Além das Palavras: A História de J.K. Rowling
4.0 226Para quem é fã, vale a pena assistir! É muito bom, considerando as limitações de um filme de TV não-autorizado. Muito do que é mostrado parte da imaginação do roteirista, que floreia bastante alguns acontecimentos da vida da autora, mas o filme funciona, e tem momentos encantadores.
Casa de Areia
3.7 241O que mais chama a atenção, além da boa produção e da exuberância do cenário, são as atuações. As Fernandas se alternam entre três gerações de mulheres com maestria, imprimindo singularidade em cada personagem representada.
O diálogo entre mãe e filha, na cena final, vale o fime inteiro. Que atriz! Fernanda Montenegro contracena consigo mesma com naturalidade e emoção impressionantes.
Os Penetras
2.6 1,1KTão besteirol que nem divertido consegue ser. O que se vê são 2 bons comediantes se esforçando o tempo inteiro para extrair graça de um roteiro extremamente fraco.
O Homem Que Copiava
3.5 900 Assista AgoraNão sei por que demorei tanto pra ver. Que roteiro! O texto de Jorge Furtado transita entre diferentes gêneros (comédia romântica, drama, policial) de maneira habilidosa, sem parecer incongruente ou perder a fluidez. A narração em primeira pessoa permite que compreendamos bem a mente difícil do protagonista, o interessante contraste entre sua habilidade em arquitetar planos criminosos e a ingenuidade de suas intenções. Somos envolvidos de tal maneira que nos desfazemos de qualquer senso de justiça, e nos tornamos cúmplices de todos os crimes dos personagens que, narrados sob a ótica de André, nos parecem justificáveis. A narração subjetiva ainda garante momentos de divagação divertidíssimos, aos quais se somam os inventivos recursos narrativos presentes no filme, como as HQs de André, o discurso repetido de sua mãe e a maneira como ele imagina e monta mentalmente o quarto de Sílvia. Sem falar da coleção de diálogos memoráveis, mesmo os que não têm relação direta com a trama (aqui é impossível evitar a modinha de mencionar a semelhança com Tarantino), que dão humanidade aos personagens e facilitam nosso envolvimento com eles.
Atuações mais que competentes: Lázaro Ramos, mesmo com o perceptível esforço para imitar o sotaque gaúcho, conduz muito bem o protagonista, Leandra Leal dá a Sílvia o carisma que precisa, e Pedro Cardoso torna seu personagem o mais engraçado do filme. Até Luana Piovani está bem: sua Marinês é sensual e divertida como deve ser. A direção segura de Furtado dispensa comentários.
O final é um tanto surpreendente
Sílvia se revela a mais astuta de todos os personagens, e seu discurso final, inspirado em "Carta ao Pai", de Kafka, é um dos pontos altos do filme
Enfim, cinema nacional da melhor qualidade, simples, redondo, cinco estrelas, com todos os elementos para entrar em minha galeria de favoritos.
2 Coelhos
4.0 2,7K Assista AgoraA não-linearidade, a estética diferenciada e as cenas de ação são tão louváveis, que perdoamos as pontas soltas e as forçações de barra do roteiro. Um passo a frente do cinema nacional, de qualquer maneira.
Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge
4.2 6,4K Assista AgoraMesmo com
todos os já conhecidos rumores sobre a identidade de alguns personagens se revelando verdadeiros,
O Mesmo Amor, a Mesma Chuva
3.8 131O plot poderia resultar em um filme clichê ou piegas demais, mas Campanella não erra a mão. O romance entre os protagonistas encanta e é bastante crível, sem que a história siga caminhos muito previsíveis. É interessante acompanhar esses 20 anos da história argentina, e o modo como as transformações do país influenciam os dramas pessoais e as diferentes fases vividas pelos personagens. Simples, delicado e extremamente agradável de se assistir. Quem gostou de "O Segredo dos Seus Olhos" e está buscando outros títulos da filmografia do diretor, certamente não se decepcionará com este.
O Filho da Noiva
4.1 297Simples, sensível, tocante - e, ao mesmo tempo, fluido, leve e divertido. Com belos momentos, atuações competentes e diálogos inspirados, esta pequena pérola de Campanella se desfaz de gêneros ou rótulos e desperta emoções diversas, sem que pareça forçado ou pretensioso.
O Espetacular Homem-Aranha
3.4 4,9K Assista AgoraPenso que três tipos de pessoas detestaram esse filme: os idólatras da trilogia do Raimi, que insistem em comparações irrelevantes entre as duas versões e tomam como negativo cada ponto em que as histórias divergem; os fãs xiitas dos quadrinhos, que esperam ver uma transcrição exata do que leram e não admitem qualquer distanciamento - por menor que seja - das histórias originais; e, por último, cinéfilos que abominam o entretenimento puro e esperavam um filme de arte profundo e hiperrealista, com alguma revolução inteligente a la Nolan no conceito do herói.
Como não me encaixo em nenhum desses grupos, curti o filme, e bastante. Tenho sim certa nostalgia em relação à trilogia de Sam Raimi, mas reconheço que esta não acabou bem, e não recebi mal a notícia de que dariam um refresh na história do herói. Fui ao cinema na expectativa de algo diferente, e não me decepcionei.
O Peter Parker de Andrew Garfield é carismático e, pelo que conheço das HQs e das séries animadas, me lembra mais o personagem original. Emma Stone dispensa comentários: sua Gwen Stacy ganhou minha simpatia, e me fez esquecer completamente da Mary Jane de Kirsten Dunst. O romance entre os dois personagens gerou bons momentos para o filme, e me pareceu bem convincente (aqui percebo um pouco do dedo de Marc Webb, de '500 Dias Com Ela').
Embora se explore pouco a relação entre Peter e o Dr. Connors, bem como a dubiedade na personalidade do cientista, o Lagarto me convenceu como vilão, e o embate final entre os personagens ficou muito bom.
Talvez não tenha me agradado muito o uso dos pais de Peter como base da história e justificativa para tudo. O filme se propõe a mostrar "a história não contada" e, ao final,
se revela pouco eficiente nessa tarefa, deixando as explicações para o próximo capítulo. Acredito que prolongar esse mistério não tem muita utilidade. A meu ver, dar por encerrada a história de Richard e Mary Parker seria uma melhor opção, que deixaria o filme mais redondo.
Enfim, sabia exatamente o que esperar, e o filme não ficou aquém dessas expectativas. "O Espetacular Homem-Aranha" foi divertido e bem desenvolvido, com ação, comédia e romance na dose certa para não entediar ou cair no besteirol. Boto fé nessa nova trilogia.
A Família Buscapé
3.2 527Deus sabe o quanto esse filme já me fez rir! Infância à base de Sessão da Tarde só dá nisso. rs
Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres
4.2 3,1K Assista AgoraMuito superior à versão sueca. Sério. É difícil não soar 'hollywoodcentrista' ao afirmar isso, mas é a impressão que tive. Gostei da versão sueca e a valorizo bastante, mas esta nova adaptação (não consigo classificá-la como remake) soube explorar melhor o livro de Stieg Larsson. Tudo de que senti falta no filme de 2009 está presente aqui. Ainda que alguns detalhes tenham sido alterados/suprimidos, o 'todo', a 'essência' do livro está melhor representada. Penso que as alterações só agregaram, contribuindo para deixar o filme mais redondo e realista (com a ressalva da língua falada ser o inglês). Fincher claramente se preocupa em criar um clima de tensão e urgência constante, e sua mão dá ao filme uma qualidade técnica impressionante.
Rooney Mara está brilhante. Sua Lisbeth me lembrou mais a personagem original do que a da Noomi Rapace - talvez a caracterização e o próprio físico da atriz tenham contribuído para isso. A complexa personalidade da personagem foi bem apresentada pelo roteiro, que dá tempo para que a compreendamos, sem ser explicativo demais. Aliás, Steve Zaillian também não peca nesse ponto ao adaptar a trama principal, da investigação: em nenhum momento subestima a inteligência do espectador com didatismo excessivo.
Enfim, não tinha apostado muitas fichas nessa adaptação, e acabei me surpreendendo bastante. Espero que os filmes posteriores (se acontecerem) se mantenham no patamar de qualidade deste primeiro.
Sombras da Noite
3.1 4,0K Assista AgoraTambém me surpreendi com o trailer, não esperava uma comédia. Seria um volta aos tempos de Beetlejuice? No mais, Michelle Pfeiffer + Tim Burton me traz boas lembranças. Vamos ver no que vai dar.
A Flor do Meu Segredo
3.7 160Almodovar mais sério e contido, sem as reviravoltas e experimentações que lhe caracterizam. O enredo é intimista, porém pouco inspirado. O que há de melhor aqui é de fato a atuação de Marisa Paredes, que brilha como a protagonista Leo.
Vale também para saber de onde vieram Manuela e Raimunda, heroínas de filmes posteriores.
Simplesmente Amor
3.5 889 Assista AgoraO primeiro da safra de chick flicks com múltiplas histórias, e o único que realmente funciona.
A Malvada
4.4 660 Assista AgoraPelo visto não é de hoje que os títulos em português são mal escolhidos. O título 'A Malvada' tem um ar de maniqueísmo que, de maneira alguma, está presente aqui. O filme é impecável. Atuações femininas poderosas e diálogos inspirados. Favoritado.