Indicado a quatro Primetime Emmy Awards 2009, “A Casa de Saddam” é um trabalho um tanto frio e que precisava, talvez, de maior “paixão” no seu relato e, principalmente, por parte dos envolvidos – especialmente os dois diretores. Tome-se como exemplo o caso de Yigal Naor, que interpreta o personagem principal. Ao contrário de Bruno Ganz, que foi uma presença magnética e monopolizadora como Adolf Hitler, Naor é burocrático e apático. Seu Saddam é totalmente ofuscado pelos atores coadjuvantes, principalmente aqueles que interpretam o General Hussein (Amr Waked), Qusay Hussein (Mounir Margoum) e Uday Hussein (Philip Arditti).
Ao contrário do que foi visto na primeira temporada de O Conto da Aia, a qual era baseada no livro homônimo escrito por Margaret Atwood, a segunda temporada da série, na realidade, deixa o livro de lado e passa a ter como inspiração os roteiros originais escritos pela sua equipe de roteiristas, liderada pelo criador do programa, Bruce Miller.
Talvez, isso explique um pouco a queda de rendimento quando comparamos as duas temporadas. Se a primeira tinha um material muito rico a explorar; a segunda esbarra na pressão de se manter o alto nível visto no ano inicial da série. Se antes, tínhamos o enfoque na figura das aias e no estabelecimento dos fundamentos que compunham a República de Gilead; agora, a preocupação maior é pensar o futuro de Gilead e seus habitantes.
Nesse sentido, o olhar pra frente vem por meio de diversas perspectivas.
Primeiro, a de Offred (Elisabeth Moss), que está grávida e pensativa sobre o futuro que seu bebê (e também sua filha Hannah, uma vez que a criança está cada vez mais em seus pensamentos) terão. Segundo, a dos comandantes, que intensificam as relações exteriores entre Gilead e os países vizinhos, uma vez que precisam das transações com estes mercados. Terceiro, a das aias, das domésticas Marthas, dos guardiães, dos olhos, das esposas, enfim, daqueles que compõem os diversos papeis vistos em Gilead e que sonham e vislumbram sempre com a possibilidade de liberdade.
Apesar deste viés interessante, a sensação que temos é a de que, nos seis primeiros episódios desta temporada, a trama fica muito presa no universo particular e complicado das relações de June/Offred, só se expandindo – e melhorando – a partir do sétimo episódio, quando o particular e o geral começam a se fundir mais. O season finale, mesmo com o incômodo sentimento de déjà vu, acaba de forma satisfatória, indicando que caminhos promissores estão por vir, no que diz respeito ao desenvolvimento desta trama.
Os seis episódios de Vai Anitta são bastante esclarecedores para podermos compreender o por quê da artista ter chegado ao patamar que ela conseguiu alcançar. Ela sabe enxergar muito bem a sua carreira, sabe definir bem quais serão seus próximos passos e tem ambição na medida certa. Por se tratar de uma série documental bastante “chapa branca”, falta a Vai Anitta um pouco mais de drama, de conflitos e de visões antagônicas. A série também peca pela sua conclusão, que é um tanto brusca e que não faz uma reflexão maior sobre o momento em que Anitta se encontrava naquela ocasião.
Esta é uma série que apresenta, em cada episódio, os bastidores das investigações de alguns dos casos criminais mais emblemáticos da história recente brasileira. Por meio de entrevistas com peritos, investigadores, delegados, psiquiatras, familiares todos os momentos que envolveram estes acontecimentos são recriados. A série tem um tom bastante documental, com uma trilha sonora marcante. O resultado é bastante satisfatório, na maneira como os relatos são feitos e apresentados aos telespectadores. Entretanto, ao assistirmos aos epílogos que marcam cada episódio, fica a certeza de que o nosso sistema judiciário pode melhorar muito, especialmente na melhoria das leis atuais, que deixam a sensação de impunidade em crimes bastante bárbaros.
Chama a atenção em O Conto da Aia a realidade que a série nos retrata. A mistura de religião com política, como retratada nos atos cometidos em Gilead, é catastrófica. Algumas situações são muito hipócritas. Precisa-se ter muito estômago para assistir ao que o programa mostra – especialmente se você for mulher. No mais, somente uma lição fica: a de que resistir e lutar são sempre as melhores soluções – ainda mais quando estamos diante de uma ditadura teocrática, que parece que veio da Idade Média, e que nos dá a impressão de ser utópica, mas, quando a gente vê alguns acontecimentos que acontecem atualmente, nos mostram que Gilead é totalmente possível de ocorrer.
A série documental Wild Wild Country, dirigida por Chapman Way e Maclain Way, conta a história por trás do Bhagwan Shree Rajneesh, de Ma Anand Sheela e da fundação de Rajneeshpuram. Dividida em seis partes, cada uma delas enfoca os aspectos que fizeram da comunidade fundada por Bhagwan ser considerada como uma das histórias mais surreais envolvendo religião, comunidade, influência, lealdade absoluta (beirando a idolatria), desejo de poder e perda total de contato com a realidade que eu já vi.
Apoiada em um trabalho excelente de pesquisa que foi feito pelos diretores, que conseguiram ter acesso a um acervo impressionante de imagens e de pessoas que estiveram diretamente envolvidas com as decisões que eram tomadas, tanto pelo lado de Rajneeshpuram, quanto pelo do governo dos Estados Unidos e suas instituições, bem como as instâncias locais do Estado do Oregon; Wild Wild Country é um retrato muito fiel sobre como, muitas vezes, em busca dos seus ideais, as pessoas simplesmente não conhecem limites éticos e morais.
Ao término das seis partes, várias perguntas martelam na nossa mente, mas a principal delas é a seguinte: tudo vale a pena em nome daquilo que se acredita? É muito bonito de se ver todo o envolvimento daquelas pessoas com uma ideologia que elas claramente acreditavam. Também chega a ser impactante ver a humanidade por trás do relato de pessoas que foram diretamente afetadas por todas as vivências dentro de Rajneeshpuram, como Jane Stork. Mas, ao mesmo tempo, chama a atenção como Bhagwan conseguiu sair intacto de toda essa controvérsia em torno de seu nome, conseguindo se reinventar como Osho, recriando todo um novo ashram e um novo império – tendo nos bastidores as mesmas pessoas que o seguiram nos últimos dias de Rajneeshpuram. Essa história merece uma continuidade, especialmente em relação ao novo império que foi construído por Osho, após seu retorno à Índia.
Em que pese o fato de que algumas subtramas parecem estar sendo abordadas somente para encher lingüiça enquanto aguardamos a resolução do crime, a verdade é que Collateral tem uma história que prende a atenção da plateia. Além disso, Carey Mulligan defende muito bem a sua personagem. Por trás da fragilidade de Kip Glaspie, na verdade, existe uma investigadora com um faro – e um instinto – bem apurados e que estará sempre à frente dos seus colegas.
Uma série como La Casa de Papel tem que se apoiar em um roteiro muito bom, que não tenha pontas soltas e que mantenha presa a atenção dos espectadores. Durante boa parte da temporada, os roteiristas são muito felizes nisso; entretanto, a partir do momento em que os relacionamentos pessoais entre assaltantes, policiais e reféns se torna mais estreito, os furos começam a aparecer e o roteiro começa a ficar muito falho – em alguns momentos, por exemplo, o foco maior nos romances que nascem chega a prejudicar muito a narrativa.
Entretanto, La Casa de Papel se destaca por ser uma série que, por meio de um ritmo ágil, captura por completo a nossa atenção, ao ponto de que chega a ser impossível finalizar um episódio e não querer iniciar imediatamente outro. Um outro aspecto interessante da série é que a construção das personagens nos mostra uma linha muito tênue entre quem são os mocinhos e quem são os vilões – muitas vezes, essa linha se mistura e as personagens vão se alternando nesses papeis. Não se surpreenda se, com o sucesso que a primeira temporada do programa teve, os produtores decidam fazer uma segunda temporada da série – mesmo que a trama tenha sido concluída com sucesso, ao que se propôs neste primeiro momento, ao término do último episódio.
Uma série como La Casa de Papel tem que se apoiar em um roteiro muito bom, que não tenha pontas soltas e que mantenha presa a atenção dos espectadores. Durante boa parte da temporada, os roteiristas são muito felizes nisso; entretanto, a partir do momento em que os relacionamentos pessoais entre assaltantes, policiais e reféns se torna mais estreito, os furos começam a aparecer e o roteiro começa a ficar muito falho – em alguns momentos, por exemplo, o foco maior nos romances que nascem chega a prejudicar muito a narrativa.
Entretanto, La Casa de Papel se destaca por ser uma série que, por meio de um ritmo ágil, captura por completo a nossa atenção, ao ponto de que chega a ser impossível finalizar um episódio e não querer iniciar imediatamente outro. Um outro aspecto interessante da série é que a construção das personagens nos mostra uma linha muito tênue entre quem são os mocinhos e quem são os vilões – muitas vezes, essa linha se mistura e as personagens vão se alternando nesses papeis. Não se surpreenda se, com o sucesso que a primeira temporada do programa teve, os produtores decidam fazer uma segunda temporada da série – mesmo que a trama tenha sido concluída com sucesso, ao que se propôs neste primeiro momento, ao término do último episódio.
Em sua segunda temporada, o programa The Crown enfoca o período de 1957 a 1964, do reinado de Elizabeth II (mais uma vez interpretada por Claire Foy), quando a monarca enfrentou transformações do ponto de vista pessoal – neste período, nasceram seus dois filhos caçulas, os Príncipes Andrew e Edward – e também se deparou com algumas crises políticas, como a de Suez, a sucessão de poder entre os Primeiros-Ministros Harold Macmillan (Anton Lesser) e Alec Douglas-Home, a visita a Gana e também o encontro com o então Presidente dos Estados Unidos, John Kennedy (Michael C. Hall), e sua esposa, Jacqueline Kennedy (Jodi Balfour).
Entretanto, o ponto principal da segunda temporada de The Crown é o relacionamento entre Elizabeth II e seu marido, o Duque de Edinburgh, Príncipe Philip (mais uma vez, interpretado por Matt Smith). Nos primeiros episódios da temporada, ambos estão separados, uma vez que Philip embarca numa viagem de volta ao mundo a bordo do iate real, causando rumores de uma possível separação entre os dois. A série indica um trato feito entre rainha e príncipe, de permanecerem juntos até o fim, e a isso faz referência a cada percalço que os dois passam.
The Crown invade ainda mais a privacidade do Palácio de Buckingham ao nos mostrar o desenrolar do relacionamento entre a Princesa Margaret (mais uma vez, interpretada por Vanessa Kirby) e o fotógrafo Antony Armstrong-Jones (Matthew Goode), que terminou em um casamento; e também ao acompanhar o Príncipe Charles (Billy Jenkins) em seu processo de crescimento, quando foi apontado como um menino extremamente tímido e sensível e que era encarado de forma bastante dura pelo pai.
A segunda temporada de The Crown termina de uma maneira perfeita, quando toda a Família Real Britânica está reunida para um retrato de família. Naquela harmonia, não percebemos todas as fissuras, dissabores e ressentimentos que unem aquelas pessoas e que ficam tão perceptíveis quando acompanhamos esses episódios. Entretanto, ao mesmo tempo, fica a sensação desta mesma cena ser um grande tributo a esse elenco maravilhoso das duas primeiras temporadas da série, que, na terceira temporada, deixarão seus papeis e serão substituídos por outros atores. Sem dúvida, sentiremos a falta deles!
A primeira temporada de "Downton Abbey" parece saída de um livro de Jane Austen: uma família com posses consideráveis, cujo pai só teve filhas mulheres e que, para manter seus bens dentro da própria família, tem que casar a mais velha com alguém que também seja da própria família, assim tudo fica em casa. Mas, "Downton Abbey" tem algo que não nos é apresentado nos livros de Jane Austen: o retrato da vida dos criados, dos mordomos, das ajudantes, das cozinheiras e das governantas. A maneira como eles veem seus patrões, as suas próprias ambições e desejos é o que faz de "Downton Abbey", também, uma série diferenciada.
Baseado na peça teatral The Audience, que foi escrita por Peter Morgan, a série The Crown, produzida pelo canal de streaming Netflix, tem o objetivo de fazer um grande balanço a respeito do reinado de Elizabeth II (na série, interpretada por Claire Foy), que ascendeu ao trono inglês no dia 06 de fevereiro de 1952, aos 25 anos, após a morte de seu pai, o rei George VI (na série, interpretado por Jared Harris).
A primeira temporada do seriado enfoca os três primeiros anos do seu reinado, de 1952 a 1955, quando ela teve como Primeiros-Ministros o lendário Winston Churchill (na série, interpretado por John Lithgow) e Anthony Eden (na série, interpretado por Jeremy Northan). Período este que foi de adaptação e de aprendizado para Elizabeth II, na medida em que ela foi aprendendo a ser Rainha no exercício do seu poder.
O que chama a atenção na primeira temporada de The Crown é justamente o fato da série, não só nos apresentar os bastidores do poder, como também humanizar personalidades políticas que são conhecidíssimas, mas que, aqui, são apresentadas em todas as suas vulnerabilidades – por exemplo, a abordagem da vida familiar de Elizabeth II e seus parentes mais próximos e a ênfase nas questões de saúde vividas por Winston Churchill, neste período.
É certo dizer que o roteirista Peter Morgan tem um certo fascínio pela Coroa britânica, em especial pela figura de sua representante maior, a Rainha Elizabeth II. Não é a primeira vez que ele trabalha com esta personagem – tendo em vista o fato de ele tê-la abordado na já citada peça The Audience, como também no filme A Rainha, dirigido por Stephen Frears, e que relata o delicado momento da morte da Princesa Diana Spencer, em agosto de 1997.
Talvez, seu maior triunfo como roteirista, ao fazer a crônica da vida da Família Real Britânica, é fazer com que percamos o senso comum em relação à monarquia, à vida de princesa e de rainha. Elizabeth Spencer, assim como seu pai, o Príncipe Albert, não pediu para ser Rainha/Rei e, muito menos, quis ver a sua vida particular ser relegada à vontade dos outros ou àquilo que as leis que regem a Família Real Britânica ditam que é o mais adequado a ser feito. Entretanto, o que chama a atenção na figura da Rainha Elizabeth II, que está no centro dos acontecimentos mais importantes do mundo pelos últimos 64 anos (reinado mais longo da história da monarquia britânica) é a sua resiliência, força e, principalmente, os sensos de responsabilidade e de cumprimento do dever. Todo nosso respeito e admiração a ela!
Considerado por muitos como o “Julgamento do Século”, aquele que envolveu o ex-jogador de futebol americano Orenthal James “O.J.” Simpson (Cuba Gooding Jr.) pela acusação de assassinato da ex-mulher Nicole Brown e do amigo desta, Ronald Goldman, foi um verdadeiro circo nos Estados Unidos. Um circo jurídico, um circo midiático, com muitas jogadas sujas de bastidores e com um resultado altamente surpreendente: a inocência do acusado, apesar das evidências incontestáveis que existiam contra ele. O julgamento de O.J. Simpson durou 372 dias, ouviu cerca de 133 testemunhas e teve uma audiência de mais de 20 milhões de pessoas – batendo o recorde da chegada do homem à Lua e do funeral do presidente John Fitzgerald Kennedy.
A série American Crime Story: O Povo Contra O.J. Simpson, criada por Scott Alexander e Larry Karaszewski, conta justamente tudo o que aconteceu neste julgamento. Baseado no livro escrito por Jeffrey Toobin, o roteiro relata esta história por meio da perspectiva dos envolvidos neste processo: a promotoria, o acusado, os advogados de defesa, o juiz, o júri, os familiares das vítimas.
Com 10 episódios dirigidos por Ryan Murphy, John Singleton e Anthony Hemingway, American Crime Story: O Povo Contra O.J. Simpson tem uma fluência tão boa na sua história que o ritmo é viciante. Aqui, temos personagens extremamente interessantes, como o advogado Johnnie Cochran (Courtney B. Vance), a promotora Marcia Clark (Sarah Paulson), o detetive Mark Fuhrman (Steven Pasquale), o advogado Robert Shapiro (John Travolta) e o promotor Christopher Darden (Sterling K. Brown).
O que a série nos mostra é que o trabalho da promotoria, apesar das provas irrefutáveis, foi bastante irregular –
erros primários foram cometidos, como permitir que O.J. Simpson provasse a luva encontrada no local do crime e a decisão por autorizar o depoimento do detetive Mark Furhman, que tinha um histórico de utilização de termos pejorativos para com os negros, o que poderia abalar a sua credibilidade como testemunha
. A série também nos revela o brilhante trabalho feito pela “equipe dos sonhos” da defesa de O.J. Simpson,
que conseguiu reverter o destino do seu cliente ao utilizar uma linha de defesa que mostrava que esse era o caso de uma polícia arbitrária (a de Los Angeles) e o seu tratamento abusivo para com a comunidade negra local.
Sucesso de crítica e de público nos Estados Unidos, obtendo 9 Primetime Emmy Awards (o prêmio mais importante da indústria televisiva do país), os criadores de American Crime Story já preparam a próxima temporada do programa, que deve abordar o assassinato do famoso estilista italiano Gianni Versace, que será interpretado por Edgar Ramirez. Sua irmã, Donatella, deve ser interpretada por Penélope Cruz. A previsão de estreia dessa nova temporada é 2018.
Gilmore Girls: Um Ano para Recordar mantém a essência principal da série, que foi sempre a cumplicidade entre mãe e filha, mesmo diante dos maiores obstáculos; mas peca pela maneira como desenvolve a sua história principal – especialmente na forma como relega os seus coadjuvantes a um papel raso, sem um maior desenrolar de histórias paralelas (a mais rica acaba sendo a mudança pela qual Emily passa após a morte de Richard). Ou seja, o revival funciona mais como uma maneira de matarmos as saudades de personagens que são tão queridos, ficando a sensação de que, talvez, seria melhor se a história tivesse terminado da maneira como vimos no series finale, em 2007. Foi, definitivamente, muito mais poético do que o cliffhanger que encontramos no último episódio deste revival.
As maiores críticas advindas ao trabalho desenvolvido por Luís Felipe Sá em “Tim Maia: Vale o que Vier” advém justamente daquilo que deveria ter sido o ponto mais original dessa minissérie: o fato de que ela expandia o que foi realizado por Mauro Lima no cinema, tendo como base a adequação à linguagem televisiva. Entretanto, muito incomodou a forma como o diretor trabalhou alguns dos pontos mais delicados da vida de Tim Maia, principalmente a relação dele com Roberto Carlos. Entretanto, esse é, de longe, um dos pontos menos negativos da minissérie. O problema maior de “Tim Maia: Vale o que Vier” é que a obra televisiva descaracterizou por completo o longa produzido diretamente para o cinema, ao ponto de nos fazer crer que estávamos assistindo a mais um episódio de “Por Toda a Minha Vida”, especial que a Globo promoveu, durante alguns anos, e que retratava um pouco da vida de personalidades importantes da música brasileira, aliando a parte ficcional à documental – como feito aqui por Luís Felipe Sá. E isso é muito pouco para alguém que foi tão intenso como Tim Maia. Sem dúvida alguma, a vida dele oferece material para algo muito mais profundo, forte e melhor que essa minissérie.
O ponto mais positivo de “O Canto da Sereia” acaba sendo a sua parte técnica, notadamente a fotografia do experiente Walter Carvalho, e a atuação expressiva de todo o elenco, com destaque para Isis Valverde, Camila Morgado, Marcélia Cartaxo (em curtíssima participação) e o camaleônico João Miguel, o melhor ator brasileiro em atividade, atualmente. Um outro elemento que chama bastante a atenção nesta minissérie é o retrato contundente que ela faz dos bastidores, muitas vezes sujos, da “criação” de um ídolo musical como Sereia.
O grande pecado dessa adaptação de "In Treatment" é copiar todas as histórias sem fazer qualquer tipo de adaptação livre para diferenciar o que assistimos, em "In Treatment", para o que vemos em "Sessão de Terapia". Acredito que, por causa disso, o programa funcionará melhor para quem não assistiu à adaptação norte-americana. No mais, acho que o terapeuta interpretado por ZéCarlos Machado é muito frio, diferente do interpretado por Gabriel Byrne, que tinha muita compaixão pelos seus pacientes. Além disso, é impossível olhar pra personagens como Nina e Dora e não se lembrar de Sophie e Gina. Sinto muito, não consigo entrar nessas histórias... Uma pena! Também estou achando tudo muito fraco...
Na confluência de fatores para a produção de “Dercy de Verdade” vê-se que tudo conspirou a favor da minissérie. Quem melhor para adaptar o seu próprio livro do que Maria Adelaide Amaral? A escritora soube condensar uma existência de 101 anos da forma correta. O diretor Jorge Fernando tem o senso de humor e a competência necessárias para compreender uma personagem tão peculiar quanto Dercy Gonçalves, além disso, demonstra aqui uma sensibilidade irretocável na escolha dos colaboradores, notadamente o diretor de arte e o diretor de fotografia, que fizeram um trabalho excelente. Em relação aos atores, a escolha de Heloisa Périssé e Fafy Siqueira (não existe nenhuma atriz melhor que ela para interpretar Dercy em sua fase madura) – elas alternam as cenas com imagens de arquivo da própria Dercy Gonçalves, o que foi uma solução narrativa bem diferente – foi muito acertada, tendo em vista que as duas possuem um timing cômico excelente e, notadamente, se esforçaram bastante para dar vida a uma das personalidades mais importantes do show business brasileiro (o que faz, até mesmo, a gente perdoar o exagero da caracterização delas em certos momentos da minissérie). Enfim, “Dercy de Verdade” é mais um acerto da Globo dentro do gênero das minisséries, as quais já viraram uma tradição de início de ano na emissora carioca.
Excelente parte técnica. Uma história que é apresentada de uma forma um pouco confusa, mas cujo cerne é o amor e a necessidade que o ser humano tem de responder a algumas questões básicas existenciais. Uma ótima atuação de Michel Melamed. Parabéns a Rede Globo por abrir espaço ao experimentalismo de Luiz Fernando Carvalho. Isso é muito importante!
Minissérie dividida em três capítulos, “Carlos”, do diretor Olivier Assayas, conta a história de Ilich Ramírez Sánchez, o popular “Carlos, o Chacal”, terrorista e assassino que atuou nas décadas de 70 e 80, especialmente no continente europeu, local onde trabalhou em prol das causas comunistas, árabes e islâmicas. O elemento mais importante do programa acaba sendo a atuação do venezuelano Édgar Ramírez. O ator está presente em todas as cenas da minissérie e a sua entrega emocional ao personagem foi tão grande que Ramírez se sujeitou a uma transformação física notável para ficar ainda mais parecido com Carlos. Chama a atenção também na minissérie indicada a 2 Primetime Emmy Awards 2011 a impecável reconstituição de época e a trilha sonora maravilhosa. Com certeza, um programa que cumpre o seu papel de apresentar a história do destino de um homem, ao mesmo tempo em que faz a análise de um momento histórico cujas ressonâncias ainda podem ser encontradas nos dias de hoje, tendo em vista a própria indefinição da situação palestina e das ações cada vez mais constantes de terror ao redor do mundo.
A Casa de Saddam
4.1 8 Assista AgoraIndicado a quatro Primetime Emmy Awards 2009, “A Casa de Saddam” é um trabalho um tanto frio e que precisava, talvez, de maior “paixão” no seu relato e, principalmente, por parte dos envolvidos – especialmente os dois diretores. Tome-se como exemplo o caso de Yigal Naor, que interpreta o personagem principal. Ao contrário de Bruno Ganz, que foi uma presença magnética e monopolizadora como Adolf Hitler, Naor é burocrático e apático. Seu Saddam é totalmente ofuscado pelos atores coadjuvantes, principalmente aqueles que interpretam o General Hussein (Amr Waked), Qusay Hussein (Mounir Margoum) e Uday Hussein (Philip Arditti).
O Conto da Aia (2ª Temporada)
4.5 1,2K Assista AgoraAo contrário do que foi visto na primeira temporada de O Conto da Aia, a qual era baseada no livro homônimo escrito por Margaret Atwood, a segunda temporada da série, na realidade, deixa o livro de lado e passa a ter como inspiração os roteiros originais escritos pela sua equipe de roteiristas, liderada pelo criador do programa, Bruce Miller.
Talvez, isso explique um pouco a queda de rendimento quando comparamos as duas temporadas. Se a primeira tinha um material muito rico a explorar; a segunda esbarra na pressão de se manter o alto nível visto no ano inicial da série. Se antes, tínhamos o enfoque na figura das aias e no estabelecimento dos fundamentos que compunham a República de Gilead; agora, a preocupação maior é pensar o futuro de Gilead e seus habitantes.
Nesse sentido, o olhar pra frente vem por meio de diversas perspectivas.
Primeiro, a de Offred (Elisabeth Moss), que está grávida e pensativa sobre o futuro que seu bebê (e também sua filha Hannah, uma vez que a criança está cada vez mais em seus pensamentos) terão. Segundo, a dos comandantes, que intensificam as relações exteriores entre Gilead e os países vizinhos, uma vez que precisam das transações com estes mercados. Terceiro, a das aias, das domésticas Marthas, dos guardiães, dos olhos, das esposas, enfim, daqueles que compõem os diversos papeis vistos em Gilead e que sonham e vislumbram sempre com a possibilidade de liberdade.
Apesar deste viés interessante, a sensação que temos é a de que, nos seis primeiros episódios desta temporada, a trama fica muito presa no universo particular e complicado das relações de June/Offred, só se expandindo – e melhorando – a partir do sétimo episódio, quando o particular e o geral começam a se fundir mais. O season finale, mesmo com o incômodo sentimento de déjà vu, acaba de forma satisfatória, indicando que caminhos promissores estão por vir, no que diz respeito ao desenvolvimento desta trama.
Vai Anitta (1ª Temporada)
3.3 107Os seis episódios de Vai Anitta são bastante esclarecedores para podermos compreender o por quê da artista ter chegado ao patamar que ela conseguiu alcançar. Ela sabe enxergar muito bem a sua carreira, sabe definir bem quais serão seus próximos passos e tem ambição na medida certa. Por se tratar de uma série documental bastante “chapa branca”, falta a Vai Anitta um pouco mais de drama, de conflitos e de visões antagônicas. A série também peca pela sua conclusão, que é um tanto brusca e que não faz uma reflexão maior sobre o momento em que Anitta se encontrava naquela ocasião.
Investigação Criminal (1ª Temporada)
3.9 81 Assista AgoraEsta é uma série que apresenta, em cada episódio, os bastidores das investigações de alguns dos casos criminais mais emblemáticos da história recente brasileira. Por meio de entrevistas com peritos, investigadores, delegados, psiquiatras, familiares todos os momentos que envolveram estes acontecimentos são recriados. A série tem um tom bastante documental, com uma trilha sonora marcante. O resultado é bastante satisfatório, na maneira como os relatos são feitos e apresentados aos telespectadores. Entretanto, ao assistirmos aos epílogos que marcam cada episódio, fica a certeza de que o nosso sistema judiciário pode melhorar muito, especialmente na melhoria das leis atuais, que deixam a sensação de impunidade em crimes bastante bárbaros.
O Conto da Aia (1ª Temporada)
4.7 1,5K Assista AgoraChama a atenção em O Conto da Aia a realidade que a série nos retrata. A mistura de religião com política, como retratada nos atos cometidos em Gilead, é catastrófica. Algumas situações são muito hipócritas. Precisa-se ter muito estômago para assistir ao que o programa mostra – especialmente se você for mulher. No mais, somente uma lição fica: a de que resistir e lutar são sempre as melhores soluções – ainda mais quando estamos diante de uma ditadura teocrática, que parece que veio da Idade Média, e que nos dá a impressão de ser utópica, mas, quando a gente vê alguns acontecimentos que acontecem atualmente, nos mostram que Gilead é totalmente possível de ocorrer.
Wild Wild Country
4.3 265 Assista AgoraA série documental Wild Wild Country, dirigida por Chapman Way e Maclain Way, conta a história por trás do Bhagwan Shree Rajneesh, de Ma Anand Sheela e da fundação de Rajneeshpuram. Dividida em seis partes, cada uma delas enfoca os aspectos que fizeram da comunidade fundada por Bhagwan ser considerada como uma das histórias mais surreais envolvendo religião, comunidade, influência, lealdade absoluta (beirando a idolatria), desejo de poder e perda total de contato com a realidade que eu já vi.
Apoiada em um trabalho excelente de pesquisa que foi feito pelos diretores, que conseguiram ter acesso a um acervo impressionante de imagens e de pessoas que estiveram diretamente envolvidas com as decisões que eram tomadas, tanto pelo lado de Rajneeshpuram, quanto pelo do governo dos Estados Unidos e suas instituições, bem como as instâncias locais do Estado do Oregon; Wild Wild Country é um retrato muito fiel sobre como, muitas vezes, em busca dos seus ideais, as pessoas simplesmente não conhecem limites éticos e morais.
Ao término das seis partes, várias perguntas martelam na nossa mente, mas a principal delas é a seguinte: tudo vale a pena em nome daquilo que se acredita? É muito bonito de se ver todo o envolvimento daquelas pessoas com uma ideologia que elas claramente acreditavam. Também chega a ser impactante ver a humanidade por trás do relato de pessoas que foram diretamente afetadas por todas as vivências dentro de Rajneeshpuram, como Jane Stork. Mas, ao mesmo tempo, chama a atenção como Bhagwan conseguiu sair intacto de toda essa controvérsia em torno de seu nome, conseguindo se reinventar como Osho, recriando todo um novo ashram e um novo império – tendo nos bastidores as mesmas pessoas que o seguiram nos últimos dias de Rajneeshpuram. Essa história merece uma continuidade, especialmente em relação ao novo império que foi construído por Osho, após seu retorno à Índia.
Collateral
3.3 40 Assista AgoraEm que pese o fato de que algumas subtramas parecem estar sendo abordadas somente para encher lingüiça enquanto aguardamos a resolução do crime, a verdade é que Collateral tem uma história que prende a atenção da plateia. Além disso, Carey Mulligan defende muito bem a sua personagem. Por trás da fragilidade de Kip Glaspie, na verdade, existe uma investigadora com um faro – e um instinto – bem apurados e que estará sempre à frente dos seus colegas.
La Casa de Papel (Parte 2)
4.2 942 Assista AgoraUma série como La Casa de Papel tem que se apoiar em um roteiro muito bom, que não tenha pontas soltas e que mantenha presa a atenção dos espectadores. Durante boa parte da temporada, os roteiristas são muito felizes nisso; entretanto, a partir do momento em que os relacionamentos pessoais entre assaltantes, policiais e reféns se torna mais estreito, os furos começam a aparecer e o roteiro começa a ficar muito falho – em alguns momentos, por exemplo, o foco maior nos romances que nascem chega a prejudicar muito a narrativa.
Entretanto, La Casa de Papel se destaca por ser uma série que, por meio de um ritmo ágil, captura por completo a nossa atenção, ao ponto de que chega a ser impossível finalizar um episódio e não querer iniciar imediatamente outro. Um outro aspecto interessante da série é que a construção das personagens nos mostra uma linha muito tênue entre quem são os mocinhos e quem são os vilões – muitas vezes, essa linha se mistura e as personagens vão se alternando nesses papeis. Não se surpreenda se, com o sucesso que a primeira temporada do programa teve, os produtores decidam fazer uma segunda temporada da série – mesmo que a trama tenha sido concluída com sucesso, ao que se propôs neste primeiro momento, ao término do último episódio.
La Casa de Papel (Parte 1)
4.2 1,3K Assista AgoraUma série como La Casa de Papel tem que se apoiar em um roteiro muito bom, que não tenha pontas soltas e que mantenha presa a atenção dos espectadores. Durante boa parte da temporada, os roteiristas são muito felizes nisso; entretanto, a partir do momento em que os relacionamentos pessoais entre assaltantes, policiais e reféns se torna mais estreito, os furos começam a aparecer e o roteiro começa a ficar muito falho – em alguns momentos, por exemplo, o foco maior nos romances que nascem chega a prejudicar muito a narrativa.
Entretanto, La Casa de Papel se destaca por ser uma série que, por meio de um ritmo ágil, captura por completo a nossa atenção, ao ponto de que chega a ser impossível finalizar um episódio e não querer iniciar imediatamente outro. Um outro aspecto interessante da série é que a construção das personagens nos mostra uma linha muito tênue entre quem são os mocinhos e quem são os vilões – muitas vezes, essa linha se mistura e as personagens vão se alternando nesses papeis. Não se surpreenda se, com o sucesso que a primeira temporada do programa teve, os produtores decidam fazer uma segunda temporada da série – mesmo que a trama tenha sido concluída com sucesso, ao que se propôs neste primeiro momento, ao término do último episódio.
The Crown (2ª Temporada)
4.5 254 Assista AgoraEm sua segunda temporada, o programa The Crown enfoca o período de 1957 a 1964, do reinado de Elizabeth II (mais uma vez interpretada por Claire Foy), quando a monarca enfrentou transformações do ponto de vista pessoal – neste período, nasceram seus dois filhos caçulas, os Príncipes Andrew e Edward – e também se deparou com algumas crises políticas, como a de Suez, a sucessão de poder entre os Primeiros-Ministros Harold Macmillan (Anton Lesser) e Alec Douglas-Home, a visita a Gana e também o encontro com o então Presidente dos Estados Unidos, John Kennedy (Michael C. Hall), e sua esposa, Jacqueline Kennedy (Jodi Balfour).
Entretanto, o ponto principal da segunda temporada de The Crown é o relacionamento entre Elizabeth II e seu marido, o Duque de Edinburgh, Príncipe Philip (mais uma vez, interpretado por Matt Smith). Nos primeiros episódios da temporada, ambos estão separados, uma vez que Philip embarca numa viagem de volta ao mundo a bordo do iate real, causando rumores de uma possível separação entre os dois. A série indica um trato feito entre rainha e príncipe, de permanecerem juntos até o fim, e a isso faz referência a cada percalço que os dois passam.
The Crown invade ainda mais a privacidade do Palácio de Buckingham ao nos mostrar o desenrolar do relacionamento entre a Princesa Margaret (mais uma vez, interpretada por Vanessa Kirby) e o fotógrafo Antony Armstrong-Jones (Matthew Goode), que terminou em um casamento; e também ao acompanhar o Príncipe Charles (Billy Jenkins) em seu processo de crescimento, quando foi apontado como um menino extremamente tímido e sensível e que era encarado de forma bastante dura pelo pai.
A segunda temporada de The Crown termina de uma maneira perfeita, quando toda a Família Real Britânica está reunida para um retrato de família. Naquela harmonia, não percebemos todas as fissuras, dissabores e ressentimentos que unem aquelas pessoas e que ficam tão perceptíveis quando acompanhamos esses episódios. Entretanto, ao mesmo tempo, fica a sensação desta mesma cena ser um grande tributo a esse elenco maravilhoso das duas primeiras temporadas da série, que, na terceira temporada, deixarão seus papeis e serão substituídos por outros atores. Sem dúvida, sentiremos a falta deles!
Downton Abbey (1ª Temporada)
4.6 371 Assista AgoraA primeira temporada de "Downton Abbey" parece saída de um livro de Jane Austen: uma família com posses consideráveis, cujo pai só teve filhas mulheres e que, para manter seus bens dentro da própria família, tem que casar a mais velha com alguém que também seja da própria família, assim tudo fica em casa. Mas, "Downton Abbey" tem algo que não nos é apresentado nos livros de Jane Austen: o retrato da vida dos criados, dos mordomos, das ajudantes, das cozinheiras e das governantas. A maneira como eles veem seus patrões, as suas próprias ambições e desejos é o que faz de "Downton Abbey", também, uma série diferenciada.
The Crown (1ª Temporada)
4.5 389 Assista AgoraBaseado na peça teatral The Audience, que foi escrita por Peter Morgan, a série The Crown, produzida pelo canal de streaming Netflix, tem o objetivo de fazer um grande balanço a respeito do reinado de Elizabeth II (na série, interpretada por Claire Foy), que ascendeu ao trono inglês no dia 06 de fevereiro de 1952, aos 25 anos, após a morte de seu pai, o rei George VI (na série, interpretado por Jared Harris).
A primeira temporada do seriado enfoca os três primeiros anos do seu reinado, de 1952 a 1955, quando ela teve como Primeiros-Ministros o lendário Winston Churchill (na série, interpretado por John Lithgow) e Anthony Eden (na série, interpretado por Jeremy Northan). Período este que foi de adaptação e de aprendizado para Elizabeth II, na medida em que ela foi aprendendo a ser Rainha no exercício do seu poder.
O que chama a atenção na primeira temporada de The Crown é justamente o fato da série, não só nos apresentar os bastidores do poder, como também humanizar personalidades políticas que são conhecidíssimas, mas que, aqui, são apresentadas em todas as suas vulnerabilidades – por exemplo, a abordagem da vida familiar de Elizabeth II e seus parentes mais próximos e a ênfase nas questões de saúde vividas por Winston Churchill, neste período.
É certo dizer que o roteirista Peter Morgan tem um certo fascínio pela Coroa britânica, em especial pela figura de sua representante maior, a Rainha Elizabeth II. Não é a primeira vez que ele trabalha com esta personagem – tendo em vista o fato de ele tê-la abordado na já citada peça The Audience, como também no filme A Rainha, dirigido por Stephen Frears, e que relata o delicado momento da morte da Princesa Diana Spencer, em agosto de 1997.
Talvez, seu maior triunfo como roteirista, ao fazer a crônica da vida da Família Real Britânica, é fazer com que percamos o senso comum em relação à monarquia, à vida de princesa e de rainha. Elizabeth Spencer, assim como seu pai, o Príncipe Albert, não pediu para ser Rainha/Rei e, muito menos, quis ver a sua vida particular ser relegada à vontade dos outros ou àquilo que as leis que regem a Família Real Britânica ditam que é o mais adequado a ser feito. Entretanto, o que chama a atenção na figura da Rainha Elizabeth II, que está no centro dos acontecimentos mais importantes do mundo pelos últimos 64 anos (reinado mais longo da história da monarquia britânica) é a sua resiliência, força e, principalmente, os sensos de responsabilidade e de cumprimento do dever. Todo nosso respeito e admiração a ela!
American Crime Story: O Povo Contra O.J. Simpson (1ª Temporada)
4.5 582 Assista AgoraConsiderado por muitos como o “Julgamento do Século”, aquele que envolveu o ex-jogador de futebol americano Orenthal James “O.J.” Simpson (Cuba Gooding Jr.) pela acusação de assassinato da ex-mulher Nicole Brown e do amigo desta, Ronald Goldman, foi um verdadeiro circo nos Estados Unidos. Um circo jurídico, um circo midiático, com muitas jogadas sujas de bastidores e com um resultado altamente surpreendente: a inocência do acusado, apesar das evidências incontestáveis que existiam contra ele. O julgamento de O.J. Simpson durou 372 dias, ouviu cerca de 133 testemunhas e teve uma audiência de mais de 20 milhões de pessoas – batendo o recorde da chegada do homem à Lua e do funeral do presidente John Fitzgerald Kennedy.
A série American Crime Story: O Povo Contra O.J. Simpson, criada por Scott Alexander e Larry Karaszewski, conta justamente tudo o que aconteceu neste julgamento. Baseado no livro escrito por Jeffrey Toobin, o roteiro relata esta história por meio da perspectiva dos envolvidos neste processo: a promotoria, o acusado, os advogados de defesa, o juiz, o júri, os familiares das vítimas.
Com 10 episódios dirigidos por Ryan Murphy, John Singleton e Anthony Hemingway, American Crime Story: O Povo Contra O.J. Simpson tem uma fluência tão boa na sua história que o ritmo é viciante. Aqui, temos personagens extremamente interessantes, como o advogado Johnnie Cochran (Courtney B. Vance), a promotora Marcia Clark (Sarah Paulson), o detetive Mark Fuhrman (Steven Pasquale), o advogado Robert Shapiro (John Travolta) e o promotor Christopher Darden (Sterling K. Brown).
O que a série nos mostra é que o trabalho da promotoria, apesar das provas irrefutáveis, foi bastante irregular –
erros primários foram cometidos, como permitir que O.J. Simpson provasse a luva encontrada no local do crime e a decisão por autorizar o depoimento do detetive Mark Furhman, que tinha um histórico de utilização de termos pejorativos para com os negros, o que poderia abalar a sua credibilidade como testemunha
que conseguiu reverter o destino do seu cliente ao utilizar uma linha de defesa que mostrava que esse era o caso de uma polícia arbitrária (a de Los Angeles) e o seu tratamento abusivo para com a comunidade negra local.
Sucesso de crítica e de público nos Estados Unidos, obtendo 9 Primetime Emmy Awards (o prêmio mais importante da indústria televisiva do país), os criadores de American Crime Story já preparam a próxima temporada do programa, que deve abordar o assassinato do famoso estilista italiano Gianni Versace, que será interpretado por Edgar Ramirez. Sua irmã, Donatella, deve ser interpretada por Penélope Cruz. A previsão de estreia dessa nova temporada é 2018.
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Gilmore Girls: Um Ano para Recordar
4.2 419 Assista AgoraGilmore Girls: Um Ano para Recordar mantém a essência principal da série, que foi sempre a cumplicidade entre mãe e filha, mesmo diante dos maiores obstáculos; mas peca pela maneira como desenvolve a sua história principal – especialmente na forma como relega os seus coadjuvantes a um papel raso, sem um maior desenrolar de histórias paralelas (a mais rica acaba sendo a mudança pela qual Emily passa após a morte de Richard). Ou seja, o revival funciona mais como uma maneira de matarmos as saudades de personagens que são tão queridos, ficando a sensação de que, talvez, seria melhor se a história tivesse terminado da maneira como vimos no series finale, em 2007. Foi, definitivamente, muito mais poético do que o cliffhanger que encontramos no último episódio deste revival.
Tim Maia: Vale o Que Vier
3.2 35As maiores críticas advindas ao trabalho desenvolvido por Luís Felipe Sá em “Tim Maia: Vale o que Vier” advém justamente daquilo que deveria ter sido o ponto mais original dessa minissérie: o fato de que ela expandia o que foi realizado por Mauro Lima no cinema, tendo como base a adequação à linguagem televisiva. Entretanto, muito incomodou a forma como o diretor trabalhou alguns dos pontos mais delicados da vida de Tim Maia, principalmente a relação dele com Roberto Carlos. Entretanto, esse é, de longe, um dos pontos menos negativos da minissérie. O problema maior de “Tim Maia: Vale o que Vier” é que a obra televisiva descaracterizou por completo o longa produzido diretamente para o cinema, ao ponto de nos fazer crer que estávamos assistindo a mais um episódio de “Por Toda a Minha Vida”, especial que a Globo promoveu, durante alguns anos, e que retratava um pouco da vida de personalidades importantes da música brasileira, aliando a parte ficcional à documental – como feito aqui por Luís Felipe Sá. E isso é muito pouco para alguém que foi tão intenso como Tim Maia. Sem dúvida alguma, a vida dele oferece material para algo muito mais profundo, forte e melhor que essa minissérie.
O Canto da Sereia
4.0 309O ponto mais positivo de “O Canto da Sereia” acaba sendo a sua parte técnica, notadamente a fotografia do experiente Walter Carvalho, e a atuação expressiva de todo o elenco, com destaque para Isis Valverde, Camila Morgado, Marcélia Cartaxo (em curtíssima participação) e o camaleônico João Miguel, o melhor ator brasileiro em atividade, atualmente. Um outro elemento que chama bastante a atenção nesta minissérie é o retrato contundente que ela faz dos bastidores, muitas vezes sujos, da “criação” de um ídolo musical como Sereia.
Sessão de Terapia (1ª Temporada)
4.2 141O grande pecado dessa adaptação de "In Treatment" é copiar todas as histórias sem fazer qualquer tipo de adaptação livre para diferenciar o que assistimos, em "In Treatment", para o que vemos em "Sessão de Terapia". Acredito que, por causa disso, o programa funcionará melhor para quem não assistiu à adaptação norte-americana. No mais, acho que o terapeuta interpretado por ZéCarlos Machado é muito frio, diferente do interpretado por Gabriel Byrne, que tinha muita compaixão pelos seus pacientes. Além disso, é impossível olhar pra personagens como Nina e Dora e não se lembrar de Sophie e Gina. Sinto muito, não consigo entrar nessas histórias... Uma pena! Também estou achando tudo muito fraco...
Dercy de Verdade
4.0 157Na confluência de fatores para a produção de “Dercy de Verdade” vê-se que tudo conspirou a favor da minissérie. Quem melhor para adaptar o seu próprio livro do que Maria Adelaide Amaral? A escritora soube condensar uma existência de 101 anos da forma correta. O diretor Jorge Fernando tem o senso de humor e a competência necessárias para compreender uma personagem tão peculiar quanto Dercy Gonçalves, além disso, demonstra aqui uma sensibilidade irretocável na escolha dos colaboradores, notadamente o diretor de arte e o diretor de fotografia, que fizeram um trabalho excelente. Em relação aos atores, a escolha de Heloisa Périssé e Fafy Siqueira (não existe nenhuma atriz melhor que ela para interpretar Dercy em sua fase madura) – elas alternam as cenas com imagens de arquivo da própria Dercy Gonçalves, o que foi uma solução narrativa bem diferente – foi muito acertada, tendo em vista que as duas possuem um timing cômico excelente e, notadamente, se esforçaram bastante para dar vida a uma das personalidades mais importantes do show business brasileiro (o que faz, até mesmo, a gente perdoar o exagero da caracterização delas em certos momentos da minissérie). Enfim, “Dercy de Verdade” é mais um acerto da Globo dentro do gênero das minisséries, as quais já viraram uma tradição de início de ano na emissora carioca.
Afinal, o que querem as Mulheres?
4.0 200Excelente parte técnica. Uma história que é apresentada de uma forma um pouco confusa, mas cujo cerne é o amor e a necessidade que o ser humano tem de responder a algumas questões básicas existenciais. Uma ótima atuação de Michel Melamed. Parabéns a Rede Globo por abrir espaço ao experimentalismo de Luiz Fernando Carvalho. Isso é muito importante!
Carlos, o Chacal
4.2 50 Assista AgoraMinissérie dividida em três capítulos, “Carlos”, do diretor Olivier Assayas, conta a história de Ilich Ramírez Sánchez, o popular “Carlos, o Chacal”, terrorista e assassino que atuou nas décadas de 70 e 80, especialmente no continente europeu, local onde trabalhou em prol das causas comunistas, árabes e islâmicas. O elemento mais importante do programa acaba sendo a atuação do venezuelano Édgar Ramírez. O ator está presente em todas as cenas da minissérie e a sua entrega emocional ao personagem foi tão grande que Ramírez se sujeitou a uma transformação física notável para ficar ainda mais parecido com Carlos. Chama a atenção também na minissérie indicada a 2 Primetime Emmy Awards 2011 a impecável reconstituição de época e a trilha sonora maravilhosa. Com certeza, um programa que cumpre o seu papel de apresentar a história do destino de um homem, ao mesmo tempo em que faz a análise de um momento histórico cujas ressonâncias ainda podem ser encontradas nos dias de hoje, tendo em vista a própria indefinição da situação palestina e das ações cada vez mais constantes de terror ao redor do mundo.