Escolhi esse filme autobiográfico de Karim Aïnouz para inaugurar minha volta aos cinemas após quase dois anos e felizmente tive uma bela decisão. A obra fala por todos aqueles que, por infortúnio ou dura deliberação consciente, foram privados do conhecimento de suas próprias raízes. Aos mais de 6 milhões de Brasileiros que, assim como eu, nunca foram registrados com o nome paterno, esse filme é um abraço dos mais apertados para mostrar que a vida é mais do que uma lacuna na nossa história, afinal, nem sempre esse espaço está vazio. Foi preciso ir longe, até as montanhas da Argélia, para que pudéssemos compreender por meio de pores do sol regados de sangue que a história de quem vem depois nada tem a ver com a dos que vieram antes. Entre ontem e hoje existe o irreconhecível do novo; a esperança que configura e molda o que é novo.
depois de "le rayon vert", esse é um dos melhores do Rohmer, só perde por conta do personagem principal ser entediante, mas até ai tudo bem, já que a galeria de personagens masculinos dos filmes dele é formada por homens tediosos. As mulheres e as garotas são os holofotes, elas que movimentam a trama, as figuras masculinas são meros pretextos. Aliás, o roteiro desse filme poderia - na verdade deveria - ganhar um livro. Pra quem gosta de divagar sobre o que é amar e estar com alguém, são diálogos maravilhosos.
Os últimos 20 minutos do filme possuem uma delicadeza sensitiva que não encontrei em nenhum outro diretor. Essa mesma sensibilidade do corpo está presente em todos os filmes da série, mas este foi o que melhor aproveitou da sensibilidade tátil do corpo de tal forma que nós, do outro lado da tela, conseguimos sentir quase que fisicamente o toque.
Além disso, recomendo assistir num clima frio e chuvoso. Vai dar outra experiência.
Os finais dos filmes do Antonioni são os mais bem trabalhados do cinema. Os últimos dez minutos são arrebatadores. Aliás, para a carta do Giovanni cabe uma adaptação dos versos de Pessoa: o poeta é mesmo um fingidor que chega a fingir que é amor aquilo que deveras sente.
Se a gente tomar como rumo os personagens da primeira história, podemos traçar comparativos com o destino dos outros dois. A discussão sobre prazos e sobre conhecer outra pessoa parecem ao longo da dinâmica do 633 com a Faye. Wong Kar Wai deixou tudo bem amarradinho.
Apesar de bonito, o filme apresenta problemas já conhecidos quanto à representação dos papéis desempenhados pelas mulheres nos filmes do almodóvar cujos homens demonstram certo desequilíbrio mental e/ou emocional. Existe favoritismo de perspectiva, já que os cortes de anos deixam as coisas subentendidas, focando-se apenas no que o é importante para o personagem Victor. Há, também, uma pincelada de contexto histórico da Espanha Franquista, mas pouco explorado pela narrativa. Contudo, existem reflexões importantes feitas acerca do tempo que se perdeu e que jamais poderá ser recuperado.
"ninguém é dono da sua juventude, nem das mulheres que ama."
Mais um filme concentrado no pênis, só que de maneira esdrúxula. A proposta parece interessante, já que temos 3 elementos que conversam entre si numa metalinguagem esquizofrênica, mas, insisto, é mais um filme concentrado no órgão masculino. Faço igual o comentário abaixo: dispensável.
"no luto, é o mundo que se torna pobre e vazio; na melancolia, é o próprio ego". Sorte (?) minha ter começado a ler "luto e melancolia" do Freud no mesmo dia em que resolvi assistir ao filme. É um exemplo prático de como a melancolia se manifesta em alguém. O filme é bem introspetivo e os diálogos são muito bonitos, bem poéticos, construções marcantes. Pra quem gosta de monólogos existencialistas, pra quem questiona a si e a própria existencia, é um prato cheio.
"você faz apologia à sombra porque o sol te queima os olhos."
filme dolorido de assistir se você é mulher. A narrativa, que toma forma realista de narrar a vida da protagonista, nada mais é do que as múltiplas jornadas de uma mulher casada. O tom simples escolhido pela diretora deixa o filme interessante porque faz com que a gente se sinta dentro de Isabel, vendo tudo pela ótica do narrador personagem. Vale a pena utilizá-lo para suscitar debates acerca do trabalho doméstico feminino e do poder de escolha das mulheres perante os próprios corpos. Além disso, existem muitas simbologias que permeiam os dias de Isabel, chego arriscar a dizer que são cenas nítidas de neurose e impulsos reprimidos. Interessante e bem construído.
Queria ter lido a obra de Pascal para entender um pouco mais a linha de raciocínio das falas e realmente fazer parte das discussões dos personagens. Aliás, se você já passou uma noite assim com quem quer que seja, não sairá ileso do filme. Mais uma obra interessante para se pensar relações interpessoais pelo viés da moral cirstã e não-cristã. Ademais, a filmografia desse homem é maravilhosa. Não deixem de assistir os outros filmes.
Nós precisamos insistentemente aproveitar a vida. Quando o dia está ensolarado, sentimos a obrigação de sair de casa para queimar nossa pele com os raios, por mais que nosso corpo não queira sentir calor; por mais que a ideia de torrar o escalpo seja incômoda, ainda existe sol hoje e amanhã poderá chover. Mas essa necessidade muitas vezes vira uma obrigação mentirosa e que reflete mais a vontade dos outros do que nosso próprio arbítrio e ser transparente significa, muitas vezes, mostrar as peças das quais os outros precisam. Enxerguei em Delphine essa obrigação de mostrar, e de sentir, o que, na verdade, não fazia parte dos seus planos, mas, para os outros, era imprescindível fazer com os dias de férias. Isso acontece com frequência com mulheres "sozinhas", agora cobertas com panos das ditas liberdades individuais. Quando não temos nosso totem masculino, ficamos constantemente à deriva, mascarando pensamentos e vontades porque não fomos criadas para ouvir o que sentimos e é intrincado decidir exatamente o que queremos. Somos criadas para não decidir e remar contra essa maré é árduo, faz chorar. Todos os filmes do Rohmer que assisti me trouxeram reflexões para a vida, mas este em especial diz muito mais do que eu esperava ouvir. E para quem quiser comentário técnico, a trilha sonora escolhida é muito interessante, bem como os elementos cenográficos para caracterizar a construção da personagem e as paisagens nas quais ela foi introduzida.
Escadaria de Odessa adaptada à realidade sincrética brasileira. Personagens com falas marcantes e roteiro que escolheu refletir a política e a religiosidade da sociedade brasileira, as quais, segundo o próprio filme, estão cada vez mais indissociáveis. Imperdível!
Muito interessante a atmosfera caótica da qual somos obrigados a fazer parte durante essas 2h de filme. O fluxo de falas, as cores saturadas, a inquietude das ações do Howard e os demais elementos parecem refletir a própria consciência do personagem. A atuação do Sandler tem um quê de Click; esse "homem egocêntrico que recisa aprender a partir das próprias escolhas" parece acompanhá-lo durante toda a narrativa. Achei que a parte da Etiópia seria mais explorada, aliás foi a cena que me fez entrar no filme com a expectativa alta. O final supre as necessidades.
A princípio estava considerando o filme arrastado, com personagens muito caricatos, mas depois dos primeiros 40minutos consegui me perder na trama. Quando um filme te faz refletir sobre a vida além das telas e se te traz indagações acerca do humano, pode ser considerada boa obra de arte. Soco no estômago.
Vim aqui nos comentários para encontrar alguma explicação - por ingenuidade, psicanalítica - sobre a virada que aconteceu na personagem feminina, mas só me deparei com um show de imbecilidade.
Uma mulher foi mantida em cárcere privado e eles sequer tiveram tempo de se conhecer, apesar desta ter sido a justificativa pro acontecimento. Isso foi claramente um deslocamento psicológico que acontece com frequência em relações abusivas. Não é fofo, parem de ser imbecis!
Vale ressaltar que a galeria do Almodóvar de personagens com disturbios obsessivos é realmente interessante e, ao mesmo tempo, assustadora, por mais que fique difícil de sentir o pavor (claro, com todas essas cores vibrantes fica difícil sentir medo...)
esse filme me mostrou que as relações triangulares do Rohmer podem ser insossas. Senti falta da sensualidade presente nos outros filmes... e, ah, espero não estar fazendo o papel de Bertrand por aí.
Rohmer sabe como tratar a temática do desejo em seus filmes como nenhum outro cineasta. Impressionante como a sensibilidade do toque no corpo humano é sempre muito bem trabalhada pelos planos escolhidos e pelas cores presentes nas cenas mais sensuais. Além disso, é um filme que rende debates e questionamentos sobre a monogamia como modelo de relação amorosa convencional.
até eu me senti atraída pela Haydee. Apesar das poucas falas, a construção da personagem ficou bem interessante. Aliás, essa atmosfera do subentendido é uma das preciosidades do cinema francês dos anos 60...
Fui pesquisar a simbologia do coelho ao término do filme. Casou bastante com a construção da personagem Abigail, mas devo confessar que não fui de todo convencida pelo papel; a Emma não conseguiu dar esse lado da ardilosa que, talvez, a personagem precisasse para subir. Mas não nos fixemos em personagens pois isto já está sendo feito por outros comentários. O filme me trouxe uma abertura para a temática do favor, tão explorada por alguns escritores em se tratando das relações de poder. A cena final é cruel porque deixa latente o lugar de quem precisa da concessão de alguém - migalhas - para vigorar. É assustador perceber que isso faz parte até mesmo da nossa forma de expressar sentimentos pelo outro. Vale a pena ver por essa ótica de classes e do jogo de poder.
Fiquei com a impressão de estar vendo um nouvelle vague argentino. Minha identificação com a personagem foi inevitável, pois, como um dos comentários mais pra baixo destacou, o diretor realmente captou a vida de uma mulher independente. É um filme delicado, as vezes confuso, mas muito interessante de ser analisado dentro das suas dualidades. Pros simpáticos à psicanálise, é um prato cheio!
Uma aula de efeitos de luzes para o cinema. Sinto que este filme saiu da tradição do noé de juntar sexo com drogas e um quê de melancolia. Aqui, é alucinação pura! Verdadeiro caos! Deixei de ir numa mostra com esse filme chamada "cinema e psicanálise" e me bateu um arrependimento estrondoso porque sinto que preciso de teoria pra entender as últimas cenas. Difícil de digerir. Não sei nem se devo dar alguma nota...
contrariando alguns comentários, não creio que esse filme tenha plot twist tão forte e vejo que é justamente essa característica que demonstra o estilo do Almodóvar, mas, é claro, o final nos deixa com uma dúvida pairando sobre a cabeça como em qualquer outro filme do diretor.
Mais uma vez preciso destacar como as cores são significativas. A trilha sonora também foi escolhida cuidadosamente. Só que minhas palmas vão para o protagonismo feminino do filme. São quase 2h sendo interpretadas por mulheres e somente mulheres, cada qual com a sua personagem. Agora, em tempos modernos, devemos parabenizar a produção do roteiro por ter escolhido trabalhar um filme tão bonito e complexo com atrizes femininas. Muito bom!
Não pude deixar de me lembrar de um conto do Mário de Andrade chamado "Frederico Paciência" cujos personagens são muito semelhantes a Salvador e, coincidentemente (?), Federico. O clima de nostalgia descontraída inundada de tons de laranja, vermelho e inumeráveis cores saturadas dão aos olhos o prazer imenso de assistir um bom filme. Conselho: assistam no cinema!
Cenas memoráveis como a do pequeno salvador lendo na caverna e do vermelho intenso de Alberto encenando "o Vício" com certeza serão referências para outras produções cinematográficas.
se o livro tiver a mesma atmosfera do filme, creio que Chico Buarque tenha errado na dose do lirismo motivado quando resolveu escrevê-lo. O filme é uma poética forçada de um autor um tanto quanto medíocre.
Marinheiro das Montanhas
4.1 15 Assista Agora45° Mostra internacional de Cinema de São Paulo
Escolhi esse filme autobiográfico de Karim Aïnouz para inaugurar minha volta aos cinemas após quase dois anos e felizmente tive uma bela decisão. A obra fala por todos aqueles que, por infortúnio ou dura deliberação consciente, foram privados do conhecimento de suas próprias raízes. Aos mais de 6 milhões de Brasileiros que, assim como eu, nunca foram registrados com o nome paterno, esse filme é um abraço dos mais apertados para mostrar que a vida é mais do que uma lacuna na nossa história, afinal, nem sempre esse espaço está vazio. Foi preciso ir longe, até as montanhas da Argélia, para que pudéssemos compreender por meio de pores do sol regados de sangue que a história de quem vem depois nada tem a ver com a dos que vieram antes. Entre ontem e hoje existe o irreconhecível do novo; a esperança que configura e molda o que é novo.
Teorema
4.0 198Síntese do desejo para a teoria lacaniana. Se você não leu nada sobre isso, provavelmente ficará entediado(a).
O Joelho de Claire
3.9 77 Assista Agoradepois de "le rayon vert", esse é um dos melhores do Rohmer, só perde por conta do personagem principal ser entediante, mas até ai tudo bem, já que a galeria de personagens masculinos dos filmes dele é formada por homens tediosos. As mulheres e as garotas são os holofotes, elas que movimentam a trama, as figuras masculinas são meros pretextos. Aliás, o roteiro desse filme poderia - na verdade deveria - ganhar um livro. Pra quem gosta de divagar sobre o que é amar e estar com alguém, são diálogos maravilhosos.
Os últimos 20 minutos do filme possuem uma delicadeza sensitiva que não encontrei em nenhum outro diretor. Essa mesma sensibilidade do corpo está presente em todos os filmes da série, mas este foi o que melhor aproveitou da sensibilidade tátil do corpo de tal forma que nós, do outro lado da tela, conseguimos sentir quase que fisicamente o toque.
Além disso, recomendo assistir num clima frio e chuvoso. Vai dar outra experiência.
A Noite
4.2 103Os finais dos filmes do Antonioni são os mais bem trabalhados do cinema. Os últimos dez minutos são arrebatadores. Aliás, para a carta do Giovanni cabe uma adaptação dos versos de Pessoa: o poeta é mesmo um fingidor que chega a fingir que é amor aquilo que deveras sente.
Amores Expressos
4.2 355 Assista AgoraSe a gente tomar como rumo os personagens da primeira história, podemos traçar comparativos com o destino dos outros dois. A discussão sobre prazos e sobre conhecer outra pessoa parecem ao longo da dinâmica do 633 com a Faye. Wong Kar Wai deixou tudo bem amarradinho.
Carne Trêmula
4.0 582Apesar de bonito, o filme apresenta problemas já conhecidos quanto à representação dos papéis desempenhados pelas mulheres nos filmes do almodóvar cujos homens demonstram certo desequilíbrio mental e/ou emocional. Existe favoritismo de perspectiva, já que os cortes de anos deixam as coisas subentendidas, focando-se apenas no que o é importante para o personagem Victor. Há, também, uma pincelada de contexto histórico da Espanha Franquista, mas pouco explorado pela narrativa. Contudo, existem reflexões importantes feitas acerca do tempo que se perdeu e que jamais poderá ser recuperado.
"ninguém é dono da sua juventude, nem das mulheres que ama."
We Fuck Alone
2.7 90Mais um filme concentrado no pênis, só que de maneira esdrúxula. A proposta parece interessante, já que temos 3 elementos que conversam entre si numa metalinguagem esquizofrênica, mas, insisto, é mais um filme concentrado no órgão masculino. Faço igual o comentário abaixo: dispensável.
Trinta Anos Esta Noite
4.3 142"no luto, é o mundo que se torna pobre e vazio; na melancolia, é o próprio ego". Sorte (?) minha ter começado a ler "luto e melancolia" do Freud no mesmo dia em que resolvi assistir ao filme. É um exemplo prático de como a melancolia se manifesta em alguém. O filme é bem introspetivo e os diálogos são muito bonitos, bem poéticos, construções marcantes. Pra quem gosta de monólogos existencialistas, pra quem questiona a si e a própria existencia, é um prato cheio.
"você faz apologia à sombra porque o sol te queima os olhos."
O Despertar das Formigas
3.6 6 Assista Agorafilme dolorido de assistir se você é mulher. A narrativa, que toma forma realista de narrar a vida da protagonista, nada mais é do que as múltiplas jornadas de uma mulher casada. O tom simples escolhido pela diretora deixa o filme interessante porque faz com que a gente se sinta dentro de Isabel, vendo tudo pela ótica do narrador personagem. Vale a pena utilizá-lo para suscitar debates acerca do trabalho doméstico feminino e do poder de escolha das mulheres perante os próprios corpos. Além disso, existem muitas simbologias que permeiam os dias de Isabel, chego arriscar a dizer que são cenas nítidas de neurose e impulsos reprimidos. Interessante e bem construído.
Minha Noite com Ela
4.0 42 Assista AgoraQueria ter lido a obra de Pascal para entender um pouco mais a linha de raciocínio das falas e realmente fazer parte das discussões dos personagens. Aliás, se você já passou uma noite assim com quem quer que seja, não sairá ileso do filme. Mais uma obra interessante para se pensar relações interpessoais pelo viés da moral cirstã e não-cristã.
Ademais, a filmografia desse homem é maravilhosa. Não deixem de assistir os outros filmes.
O Raio Verde
4.1 87Nós precisamos insistentemente aproveitar a vida. Quando o dia está ensolarado, sentimos a obrigação de sair de casa para queimar nossa pele com os raios, por mais que nosso corpo não queira sentir calor; por mais que a ideia de torrar o escalpo seja incômoda, ainda existe sol hoje e amanhã poderá chover. Mas essa necessidade muitas vezes vira uma obrigação mentirosa e que reflete mais a vontade dos outros do que nosso próprio arbítrio e ser transparente significa, muitas vezes, mostrar as peças das quais os outros precisam. Enxerguei em Delphine essa obrigação de mostrar, e de sentir, o que, na verdade, não fazia parte dos seus planos, mas, para os outros, era imprescindível fazer com os dias de férias.
Isso acontece com frequência com mulheres "sozinhas", agora cobertas com panos das ditas liberdades individuais. Quando não temos nosso totem masculino, ficamos constantemente à deriva, mascarando pensamentos e vontades porque não fomos criadas para ouvir o que sentimos e é intrincado decidir exatamente o que queremos. Somos criadas para não decidir e remar contra essa maré é árduo, faz chorar.
Todos os filmes do Rohmer que assisti me trouxeram reflexões para a vida, mas este em especial diz muito mais do que eu esperava ouvir.
E para quem quiser comentário técnico, a trilha sonora escolhida é muito interessante, bem como os elementos cenográficos para caracterizar a construção da personagem e as paisagens nas quais ela foi introduzida.
Queria muito entender isso das cartas de baralho...
O Pagador de Promessas
4.3 363 Assista AgoraEscadaria de Odessa adaptada à realidade sincrética brasileira. Personagens com falas marcantes e roteiro que escolheu refletir a política e a religiosidade da sociedade brasileira, as quais, segundo o próprio filme, estão cada vez mais indissociáveis. Imperdível!
Joias Brutas
3.7 1,1K Assista AgoraMuito interessante a atmosfera caótica da qual somos obrigados a fazer parte durante essas 2h de filme. O fluxo de falas, as cores saturadas, a inquietude das ações do Howard e os demais elementos parecem refletir a própria consciência do personagem. A atuação do Sandler tem um quê de Click; esse "homem egocêntrico que recisa aprender a partir das próprias escolhas" parece acompanhá-lo durante toda a narrativa.
Achei que a parte da Etiópia seria mais explorada, aliás foi a cena que me fez entrar no filme com a expectativa alta. O final supre as necessidades.
Vale a pena ser assistido.
A Vida Invisível
4.3 642A princípio estava considerando o filme arrastado, com personagens muito caricatos, mas depois dos primeiros 40minutos consegui me perder na trama. Quando um filme te faz refletir sobre a vida além das telas e se te traz indagações acerca do humano, pode ser considerada boa obra de arte. Soco no estômago.
Ata-me!
3.7 550Galera, fofo?!
Vim aqui nos comentários para encontrar alguma explicação - por ingenuidade, psicanalítica - sobre a virada que aconteceu na personagem feminina, mas só me deparei com um show de imbecilidade.
Uma mulher foi mantida em cárcere privado e eles sequer tiveram tempo de se conhecer, apesar desta ter sido a justificativa pro acontecimento. Isso foi claramente um deslocamento psicológico que acontece com frequência em relações abusivas. Não é fofo, parem de ser imbecis!
Vale ressaltar que a galeria do Almodóvar de personagens com disturbios obsessivos é realmente interessante e, ao mesmo tempo, assustadora, por mais que fique difícil de sentir o pavor (claro, com todas essas cores vibrantes fica difícil sentir medo...)
A Carreira de Suzanne
3.7 15 Assista Agoraesse filme me mostrou que as relações triangulares do Rohmer podem ser insossas. Senti falta da sensualidade presente nos outros filmes...
e, ah, espero não estar fazendo o papel de Bertrand por aí.
Amor à Tarde
4.1 41 Assista AgoraRohmer sabe como tratar a temática do desejo em seus filmes como nenhum outro cineasta. Impressionante como a sensibilidade do toque no corpo humano é sempre muito bem trabalhada pelos planos escolhidos e pelas cores presentes nas cenas mais sensuais. Além disso, é um filme que rende debates e questionamentos sobre a monogamia como modelo de relação amorosa convencional.
A Colecionadora
3.8 49 Assista Agoraaté eu me senti atraída pela Haydee. Apesar das poucas falas, a construção da personagem ficou bem interessante. Aliás, essa atmosfera do subentendido é uma das preciosidades do cinema francês dos anos 60...
A Favorita
3.9 1,2K Assista AgoraFui pesquisar a simbologia do coelho ao término do filme. Casou bastante com a construção da personagem Abigail, mas devo confessar que não fui de todo convencida pelo papel; a Emma não conseguiu dar esse lado da ardilosa que, talvez, a personagem precisasse para subir. Mas não nos fixemos em personagens pois isto já está sendo feito por outros comentários. O filme me trouxe uma abertura para a temática do favor, tão explorada por alguns escritores em se tratando das relações de poder. A cena final é cruel porque deixa latente o lugar de quem precisa da concessão de alguém - migalhas - para vigorar. É assustador perceber que isso faz parte até mesmo da nossa forma de expressar sentimentos pelo outro. Vale a pena ver por essa ótica de classes e do jogo de poder.
Silvia Prieto
3.6 15 Assista AgoraFiquei com a impressão de estar vendo um nouvelle vague argentino. Minha identificação com a personagem foi inevitável, pois, como um dos comentários mais pra baixo destacou, o diretor realmente captou a vida de uma mulher independente. É um filme delicado, as vezes confuso, mas muito interessante de ser analisado dentro das suas dualidades. Pros simpáticos à psicanálise, é um prato cheio!
Clímax
3.6 1,1K Assista AgoraUma aula de efeitos de luzes para o cinema.
Sinto que este filme saiu da tradição do noé de juntar sexo com drogas e um quê de melancolia. Aqui, é alucinação pura! Verdadeiro caos!
Deixei de ir numa mostra com esse filme chamada "cinema e psicanálise" e me bateu um arrependimento estrondoso porque sinto que preciso de teoria pra entender as últimas cenas.
Difícil de digerir. Não sei nem se devo dar alguma nota...
"Mourir est une experience extraordinaire"
por quê?
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4.1 1,1K Assista Agoracontrariando alguns comentários, não creio que esse filme tenha plot twist tão forte e vejo que é justamente essa característica que demonstra o estilo do Almodóvar, mas, é claro, o final nos deixa com uma dúvida pairando sobre a cabeça como em qualquer outro filme do diretor.
Mais uma vez preciso destacar como as cores são significativas. A trilha sonora também foi escolhida cuidadosamente. Só que minhas palmas vão para o protagonismo feminino do filme. São quase 2h sendo interpretadas por mulheres e somente mulheres, cada qual com a sua personagem.
Agora, em tempos modernos, devemos parabenizar a produção do roteiro por ter escolhido trabalhar um filme tão bonito e complexo com atrizes femininas. Muito bom!
Dor e Glória
4.2 619 Assista AgoraNão pude deixar de me lembrar de um conto do Mário de Andrade chamado "Frederico Paciência" cujos personagens são muito semelhantes a Salvador e, coincidentemente (?), Federico. O clima de nostalgia descontraída inundada de tons de laranja, vermelho e inumeráveis cores saturadas dão aos olhos o prazer imenso de assistir um bom filme.
Conselho: assistam no cinema!
Cenas memoráveis como a do pequeno salvador lendo na caverna e do vermelho intenso de Alberto encenando "o Vício" com certeza serão referências para outras produções cinematográficas.
Budapeste
3.1 224se o livro tiver a mesma atmosfera do filme, creio que Chico Buarque tenha errado na dose do lirismo motivado quando resolveu escrevê-lo. O filme é uma poética forçada de um autor um tanto quanto medíocre.