"Iwájú" traz uma África do jeito que você nunca viu!
Muito divertida e gostosa de assistir essa série original do Disney+ que contou com a participação de artistas nigerianos em sua concepção, das vozes à direção. Ela se encaixa no que se chama de "afrofuturismo", isto é, histórias que trazem um futuro de ficção-científica com protagonistas negros sem perder de vista suas raízes culturais.
E tudo isso com o selo Disney, que fica ainda mais evidente em uma referência ao O Rei Leão - "eu rio na cara do perigo", diz Tola em determinado momento.
A verdade é que as pessoas não estão acostumadas a ver o continente africano em enredos assim e "Iwájú" vem para ajudar a suprir, pelo menos um pouco, dessa carência. Claro que ainda falta muito e precisamos de mais filmes de animação, ficção-científica, comédia, romance, suspense, terror, ação protagonizados e produzidos por africanos.
Como os episódios são curtinhos, "Iwájú" é bem rápida de ser assistida: vi tudo em uma tacada só.
Depois de assistir, aproveite e veja o documentário (também disponível no Disney+) em que os responsáveis pela série animada mostram como surgiu o projeto, compartilham curiosidades e revelam toda a preocupação que tiveram em conceber uma história legitimamente nigeriana que foge dos clichês e concepções erradas sobre o continente africano.
E sabia que o Disney+ tem mais uma série afrofuturista? Chama Kizazi Moto e cada episódio traz um enredo diferente.
Gostei bastante de conhecer a história de Nzinga, a rainha que enfrentou os colonizadores portugueses no século 17, em território atualmente pertencente à Angola.
Ficou muito boa a mescla entre depoimentos de especialistas e atuações. Destaque para Adesuwa Oni, que interpreta brilhantemente a protagonista. A produção caprichou na parte de figurinos e cenários que recriam esse período histórico.
Vi o vídeo de um historiador comentando o filme e apontando algumas incorreções. Uma delas é quando Nzinga diz não ter escravos em seu reino, sendo que a realidade era o contrário, havia, sim, pessoas escravizadas. Claro que nada que chegasse perto da quantidade e da crueldade feita pelos portugueses.
Senti falta de atores e especialistas angolanos nessa produção (a atriz que faz a Nzinga é nigeriana, por exemplo). Será que um país de quase 34 milhões de pessoas não tinha atores para esses papéis? Como filhos da mesma terra que deu a luz a Nzinga, os angolanos mereciam ter tido espaço nessa série documental da Netflix.
Série brasileira que chegou à Netflix com ares de superprodução. Muita ação, tiroteio, atores gringos no elenco, história que alterna entre o Brasil e o Paraguai.
Aliás, gostei do fato de grande parte da ação se desenrolar em Foz do Iguaçu e arredores e de ver menções a várias cidades que eu conheço (sou do Paraná). Geralmente, produções policiais assim se passam em SP ou no RJ e a série conseguiu sair desse "mundinho".
O episódio final é eletrizante e muito bem executado, aliás.
Mas, ao mesmo tempo, também vejo defeitos. Tem alguns clichezões (o policial abalado pela morte do parceiro) e "gordurinha" no roteiro (situações e subtramas desinteressantes que poderiam ser facilmente cortadas).
O próprio Moreira, por exemplo, é totalmente descartável e desinteressante. Não faria falta se não existisse e a série ainda ganharia mais dinamismo.
Curiosidade: Aly Muritiba, diretor da aclamada série Cangaço Novo, é um dos roteiristas de DNA do Crime (dá para ver alguns pontos em comum entre as duas produções).
Brincadeiras à parte, essa poderia ser perfeitamente uma frase de divulgação da série - digo isso porque "Cangaço Novo" tem tudo para conquistar quem gostou de "Bacurau".
A série da Amazon é uma grata surpresa: tem diálogos muito bem escritos, atores muito talentosos, ação eletrizante, tensão na medida certa.
Os personagens são cheios de personalidade, com destaque para a fodona Dinorah. Legal ver também como o Ubaldo vai de um cara que só queria receber a herança para o líder dos cangaceiros, sucedendo o pai biológico.
Muito inteligente a forma como a série aborda a politico e expõe problemas como o coronelismo, a oligarquia (a mesma família no poder há anos) e o aparelhamento do Estado.
Há uma cena aqui que não poderia deixar de comentar.
Em um comício de campanha, Gastão tira uma arma e aponta para o céu, falando que agora é guerra. Em um país onde um ex-presidente (que, assim como Gastão, também sofreu um atentado) tinha o sinal da arminha como marca registrada, dá pra ter a certeza de que essa cena não foi por acaso.
Muito orgulho do audiovisual nacional. Que venha a temporada 2!
Série japonesa da Netflix que se passa no mundo do sumô - que, apesar de muita gente achar engraçado pela roupa e pelo peso dos lutadores, é um esporte milenar e levado muito a sério no Japão.
"Santuário do Sumô" diverte e tem cenas de luta muito boas, minuciosamente coreografadas e que parecem até mesmo reais.
O momento mais divertido, pra mim, foi quando Enno jogou o lutador em cima do cara que tentou armar pra cima dele no torneio. Aquilo foi arte em sua expressão máxima!
Por outro lado, não dá pra deixar de falar que a série também tem muitos problemas. O mais gritante aqui é o excesso de personagens e tramas paralelas que, ao fim, acabam não agregando muita coisa ao conjunto da obra.
Exemplo: o drama da jornalista que se sente frustrada por ter sido afastada da cobertura de política; o campeão de sumô que enfrenta conflitos consigo mesmo e com o pai; as toscas aventuras sexuais da mãe de Enno - uma pessoa insuportável e estereotipada, assim como a namoradinha do protagonista, mostrando uma dificuldade dos roteiristas em escrever boas personagens mulheres (sim, em termos de representatividade feminina, a série escorrega feio).
Tem mais uma coisa que eu não sei se defino exatamente como um defeito: a série joga vários conceitos e termos técnicos de sumô sem explicar, pressupondo que o espectador já o sabe. Digo que não sei se é um defeito porque isso acontece bastante em outros filmes e séries (principalmente os que se passam no mercado financeiro, como o clássico Wall Street, com Michael Douglas, que vi poucos dias antes da série).
Vi muita gente criticando o final da série, mas ele foi adequado, na minha opinião. É comum ter um "gancho" para uma próxima temporada.
Falando nisso, que venha a segunda temporada de Santuário do Sumô!
Uma pena a série ter 0 comentários aqui, porque ela é realmente muito boa. Óscar Jaenada manta muito bem no papel principal: Ramiro del Solar é um personagem foda. Ao mesmo tempo em que vemos que não presta, é de se admirar a sua inteligência e como ele não tem medo de desafiar gente poderosa, incluindo o próprio dono da emissora em que trabalha.
Interessante também como o sistema judicial é corrupto e ineficiente. Só ver o caso do promotor Platas que está mais interessado em sua própria imagem do que em resolver o crime.
De vez em quando, vale a pena sair de Hollywood e ver o que os outros países estão produzindo em matéria de filmes e séries.
Eu, particularmente, acho a figura de Silvio Santos desprezível, mas a segunda temporada de O Rei da TV é muito boa.
Destaque para José Rubens Chachá, que interpreta o famoso apresentador e empresário. É legal ver também como a série retrata figuras conhecidas como Lula, Collor, Sarney, Gugu e o Faustão (nesse último caso, um detalhe: o ator que interpreta o Faustão recusou enchimento e engordou vinte quilos para o papel).
Claro que tem muita coisa ali que é ficcionalizada (ou que aconteceram na vida real, mas em datas diferentes), mas é um retrato interessante da TV e da política brasileira.
O desenvolvimento da série é espetacular, jogando o espectador em uma trama intrigante, cheia de camadas e que vai além do mero sequestro, esbarrando em uma complexa
O problema mesmo está nos dois últimos episódios. A impressão é que os roteiristas não sabiam o que fazer com toda a narrativa que construíram e decidiram jogar a explicação dos autores do sequestro de qualquer jeito. Tipo "ah, aqui a gente deixa um episódio inteiro para mostrar, do nada, os acontecimentos pelo ponto de vista dos sequestradores".
Tosco também o desfecho dado ao personagem Santiago, marido da sequestradora. Sério mesmo que a melhor ideia que eles tiveram foi fazê-lo morrer atropelado em frente à delegacia? Não seria mais inteligente fazer com que ele entrasse em conflito com a própria esposa (querendo desistir de tudo e revelar a verdade à polícia) e ela o matasse durante uma briga?
Me incomodou pra caramba também o fato de que se passam anos e anos e a produção não se preocupou em envelhecer os personagens. Todos estão exatamente os mesmos! Nem uma maquiagem passaram neles - a única que envelheceu nesses 9 anos foi a Amaya mesmo, porque o policial lá continua igualzinho, até a barba não sofreu uma única alteração.
Legal ver uma produção brasileira de ficção-científica. Estão surgindo muitas coisas legais no streaming (Cidade Invisível, Manhãs de Setembro, Bom Dia, Verônica) e acho que o Brasil precisa investir cada vez mais em produções assim.
Claro que, em comparação com essas séries citadas acima, Mila no Multiverso traz um roteiro mais fraco e despretensioso. No entanto, o resultado, de qualquer forma, é positivo, tendo em vista que o público-alvo são adolescentes.
Tem personagens carismáticos, um tema que está em alta no cinema (multiverso), efeitos especiais bacanas, uma direção de arte caprichada, uma atriz conhecida do grande público (Malu Mader) e, como cereja do bolo, acerta na questão da diversidade (a protagonista é uma garota negra, tem romance gay, a melhor amiga da personagem principal é asiática, enfim).
Parece que faltou um pouco de divulgação para que a série fosse mais vista e comentada. Tomara que a Disney faça uma segunda temporada e melhore esse ponto.
Assisti a todos os 8 episódios e é legal de ver. A fotografia, direção de arte, trilha e figurinos são muito bons. O que peca são os inúmeros flashbacks que acabam prejudicando o ritmo da história e tornando um pouco cansativo.
Mas, no final das contas, é bacana sair um pouco do padrão hollywoodiano e ver produções de outros países
E não é que a tal da Anu de santa não tinha nada? Interessante notar que praticamente todas as mulheres do filme sabem "jogar o jogo" e deixar os homens no chinelo, incluindo aí a atriz, sua filha, a mãe controladora e a policial. Nada de mulheres frágeis, indefesas e ingênuas por aqui.
Série muito gostosa de assistir, cheia de sensibilidade, amor e dor. A Liniker arrasa muito como a protagonista Cassandra - e não posso deixar de escrever que fico muito feliz em ver personagens trans negras em projetos como esses, ainda mais interpretadas por uma atriz que também é trans. Vitória da diversidade!
Você encontra ali também o retrato de um Brasil em crise, onde o desemprego e a pobreza estão escancarados na Cassandra (que trabalha como entregadora de aplicativo para pagar as contas, sempre no aperto) e Leide (que dorme em um carro na rua com o filho e precisa roubar para sobreviver).
Curiosidade: a série se passa em São Paulo, mas foi gravada em Montevidéu, Uruguai, por causa da pandemia.
Mistura de Jogos Mortais, Jogos Vorazes e Bacurau que funciona muito bem. Prende a atenção, faz a gente se envolver com os personagens, nos faz passar raiva, aflição e imaginar o que faríamos no lugar dos jogadores.
É também uma grande crítica ao capitalismo. Muitas pessoas tendem a ver a Coreia do Sul como o país perfeito, de pleno bem-estar, uma nação ultratecnológica onde todos vivem bem. Round 6 tá aí pra mostrar que não é exatamente assim: o que não faltam são pessoas infelizes, exploradas por um sistema desigual e desesperadas para chegar ao topo da pirâmide social - não com a intenção de ajudar os outros a romper esse ciclo vicioso, mas para ocupar o mesmo lugar dos opressores e, assim, oprimir os seus iguais. E nisso Round 6 tem muito a dialogar com Parasita, que traça um retrato muito parecido da sociedade sul-coreana.
Mas também tem crítica ao sistema socialista, representado aqui por uma desertora da Coreia do Norte em busca de uma vida melhor longe da sua terra.
A única coisa que achei o filme um pouco falho foi na história do detetive. Achei legal ter ele pra gente conhecer um pouco dos bastidores dos jogos, mas meio que a jornada acabou de maneira abrupta. Tipo, fez tanta coisa pra terminar executado ali. Só se na segunda temporada inventarem que ele sobreviveu ao tiro e à queda do penhasco (não duvido que façam isso kkkk)
Não é exagero nenhum dizer que a Netflix está na vanguarda do entretenimento. O catálogo é cheio de bomba? É, sim. Mas, frequentemente, os caras surpreendem com filmes e séries como "Clickbait"
Trama cheia de mistério, reviravoltas, diferentes perspectivas, reflexões sobre família, sensacionalismo midiático, vida privada e a nossa relação com a tecnologia. Um pacote completo que prende do começo ao fim, garantindo 8 episódios que nunca são lentos ou chatos. Aposto que muita gente está vendo a minissérie de uma vez só ou, como eu, dividindo em apenas 2 dias.
Não dá pra deixar passar batido aqui o fato de termos personagens negros e mulheres fortes, decididas, inteligentes e com profundidade. Acrescente aí também um policial muçulmano, uma adolescente asiática, um jornalista gay e, pronto, a série capricha na representatividade.
De parte do elenco, gostei muito da atuação da Zoe Kazan. Para mim, a personagem mais humana e interessante de toda a história.
Ao final, fiquei com um gosto amargo de que tudo que aconteceu
com o Nick poderia acontecer com nós também. É ingenuidade pensar que existe privacidade no mundo tecnológico. Nossos dados estão aí, sendo compartilhados a bel-prazer na internet. E aposto que alguma vez você já utilizou o computador do trabalho para cuidar de assuntos pessoais. Quem garante que não tem ninguém vendo tudo que você faz nesse exato momento ou usando sua identidade?
Design de produção, fotografia e visual incríveis. O roteiro e as atuações nem tanto...
Protagonista é bem chatinha, história tem umas coisas bem forçadas e perde a grande oportunidade de levantar um debate mais profundo sobre a questão da vigilância extrema. É impossível a comparação com Black Mirror (até porque tudo que tiver tecnologia, futuro e distopia vai ser comparado à série de Charlie Brooker, né?).
Gostei muito dos cenários - especialmente o apartamento da Nina, que tem um filtro de barro, bem a cara do Brasil kkkk. Mesmo morando em São Paulo há quase um ano, não consegui reconhecer quase nada da cidade na série (talvez pela ambientação futurista).
Ponto positivo para a representatividade: temos atores negros na série interpretando personagens em posição de poder. O supervisor de segurança do sistema da corporação, o trainee mais inteligente de todos e a chefe da Nina. Algo que não se vê muito nas produções nacionais, assim como nas estrangeiras.
É muito legal ver o Brasil explorando mais o gênero de ficção-científica no audiovisual. Mas acho que pela repercussão quase nula da série, dificilmente vão fazer uma segunda temporada.
Vale a pena assistir para ver como os poderosos conseguem cometer seus crimes e se safar por anos. Jeffrey Epstein não era "só" um rico obcecado por garotas de 14, 16 anos.
Era um rico obcecado por garotas de 14, 16 anos com contatos e influência na polícia, no Judiciário, na política, na imprensa, no mundo dos negócios. Em seu círculo social, Epstein tinha Donald Trump, Bill Clinton, Príncipe Andrew, Harvey Weinstein e Kevin Spacey. E ele sabia escolher muito bem as vítimas: meninas, em sua maioria, de baixa condição social, com histórico de traumas, abusos, abandono e sem perspectiva de um futuro promissor.
O documentário é bom. Não é nada "vá correndo ver o quanto antes", mas uma história que deve, sim, ser conhecida. O foco está nos depoimentos das vítimas e das pessoas envolvidas na investigação. Incomoda um pouco a ponta solta deixada no final: o que aconteceu com a namorada de Epstein? Uma bandida que também merecia ir pra cadeia. Li uma matéria na BBC falando que teria vindo se esconder no Brasil por um tempo.
Minissérie bem didática e objetiva. Acerta ao misturar o depoimento dos entrevistados com animações que trazem toda a atmosfera da época retratada. Ao final, fica aquele gostinho de "quero mais", até porque guerras e conflitos não faltam na História do Brasil. Inconfidência Mineira, Guerra de Canudos, Cangaço, Guerra do Contestado, Revolução de 32, Revolução Farroupilha, Revolta dos Malês e a ditadura militar dariam ótimos episódios.
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Iwájú
3.4 4"Iwájú" traz uma África do jeito que você nunca viu!
Muito divertida e gostosa de assistir essa série original do Disney+ que contou com a participação de artistas nigerianos em sua concepção, das vozes à direção. Ela se encaixa no que se chama de "afrofuturismo", isto é, histórias que trazem um futuro de ficção-científica com protagonistas negros sem perder de vista suas raízes culturais.
E tudo isso com o selo Disney, que fica ainda mais evidente em uma referência ao O Rei Leão - "eu rio na cara do perigo", diz Tola em determinado momento.
A verdade é que as pessoas não estão acostumadas a ver o continente africano em enredos assim e "Iwájú" vem para ajudar a suprir, pelo menos um pouco, dessa carência. Claro que ainda falta muito e precisamos de mais filmes de animação, ficção-científica, comédia, romance, suspense, terror, ação protagonizados e produzidos por africanos.
Como os episódios são curtinhos, "Iwájú" é bem rápida de ser assistida: vi tudo em uma tacada só.
Depois de assistir, aproveite e veja o documentário (também disponível no Disney+) em que os responsáveis pela série animada mostram como surgiu o projeto, compartilham curiosidades e revelam toda a preocupação que tiveram em conceber uma história legitimamente nigeriana que foge dos clichês e concepções erradas sobre o continente africano.
E sabia que o Disney+ tem mais uma série afrofuturista? Chama Kizazi Moto e cada episódio traz um enredo diferente.
Rainhas Africanas: Nzinga (1ª Temporada)
4.2 6 Assista AgoraGostei bastante de conhecer a história de Nzinga, a rainha que enfrentou os colonizadores portugueses no século 17, em território atualmente pertencente à Angola.
Ficou muito boa a mescla entre depoimentos de especialistas e atuações. Destaque para Adesuwa Oni, que interpreta brilhantemente a protagonista. A produção caprichou na parte de figurinos e cenários que recriam esse período histórico.
Vi o vídeo de um historiador comentando o filme e apontando algumas incorreções. Uma delas é quando Nzinga diz não ter escravos em seu reino, sendo que a realidade era o contrário, havia, sim, pessoas escravizadas. Claro que nada que chegasse perto da quantidade e da crueldade feita pelos portugueses.
Senti falta de atores e especialistas angolanos nessa produção (a atriz que faz a Nzinga é nigeriana, por exemplo). Será que um país de quase 34 milhões de pessoas não tinha atores para esses papéis? Como filhos da mesma terra que deu a luz a Nzinga, os angolanos mereciam ter tido espaço nessa série documental da Netflix.
DNA do Crime (1ª Temporada)
4.1 56 Assista AgoraSérie brasileira que chegou à Netflix com ares de superprodução. Muita ação, tiroteio, atores gringos no elenco, história que alterna entre o Brasil e o Paraguai.
Aliás, gostei do fato de grande parte da ação se desenrolar em Foz do Iguaçu e arredores e de ver menções a várias cidades que eu conheço (sou do Paraná). Geralmente, produções policiais assim se passam em SP ou no RJ e a série conseguiu sair desse "mundinho".
O episódio final é eletrizante e muito bem executado, aliás.
Mas, ao mesmo tempo, também vejo defeitos. Tem alguns clichezões (o policial abalado pela morte do parceiro) e "gordurinha" no roteiro (situações e subtramas desinteressantes que poderiam ser facilmente cortadas).
O próprio Moreira, por exemplo, é totalmente descartável e desinteressante. Não faria falta se não existisse e a série ainda ganharia mais dinamismo.
Curiosidade: Aly Muritiba, diretor da aclamada série Cangaço Novo, é um dos roteiristas de DNA do Crime (dá para ver alguns pontos em comum entre as duas produções).
Cangaço Novo (1ª Temporada)
4.4 207 Assista Agora"Cratará. Se for, vá na paz"
Brincadeiras à parte, essa poderia ser perfeitamente uma frase de divulgação da série - digo isso porque "Cangaço Novo" tem tudo para conquistar quem gostou de "Bacurau".
A série da Amazon é uma grata surpresa: tem diálogos muito bem escritos, atores muito talentosos, ação eletrizante, tensão na medida certa.
Os personagens são cheios de personalidade, com destaque para a fodona Dinorah. Legal ver também como o Ubaldo vai de um cara que só queria receber a herança para o líder dos cangaceiros, sucedendo o pai biológico.
Muito inteligente a forma como a série aborda a politico e expõe problemas como o coronelismo, a oligarquia (a mesma família no poder há anos) e o aparelhamento do Estado.
Há uma cena aqui que não poderia deixar de comentar.
Em um comício de campanha, Gastão tira uma arma e aponta para o céu, falando que agora é guerra. Em um país onde um ex-presidente (que, assim como Gastão, também sofreu um atentado) tinha o sinal da arminha como marca registrada, dá pra ter a certeza de que essa cena não foi por acaso.
Muito orgulho do audiovisual nacional. Que venha a temporada 2!
Santuário do Sumô
4.0 13Série japonesa da Netflix que se passa no mundo do sumô - que, apesar de muita gente achar engraçado pela roupa e pelo peso dos lutadores, é um esporte milenar e levado muito a sério no Japão.
"Santuário do Sumô" diverte e tem cenas de luta muito boas, minuciosamente coreografadas e que parecem até mesmo reais.
O momento mais divertido, pra mim, foi quando Enno jogou o lutador em cima do cara que tentou armar pra cima dele no torneio. Aquilo foi arte em sua expressão máxima!
Por outro lado, não dá pra deixar de falar que a série também tem muitos problemas. O mais gritante aqui é o excesso de personagens e tramas paralelas que, ao fim, acabam não agregando muita coisa ao conjunto da obra.
Exemplo: o drama da jornalista que se sente frustrada por ter sido afastada da cobertura de política; o campeão de sumô que enfrenta conflitos consigo mesmo e com o pai; as toscas aventuras sexuais da mãe de Enno - uma pessoa insuportável e estereotipada, assim como a namoradinha do protagonista, mostrando uma dificuldade dos roteiristas em escrever boas personagens mulheres (sim, em termos de representatividade feminina, a série escorrega feio).
Tem mais uma coisa que eu não sei se defino exatamente como um defeito: a série joga vários conceitos e termos técnicos de sumô sem explicar, pressupondo que o espectador já o sabe. Digo que não sei se é um defeito porque isso acontece bastante em outros filmes e séries (principalmente os que se passam no mercado financeiro, como o clássico Wall Street, com Michael Douglas, que vi poucos dias antes da série).
Vi muita gente criticando o final da série, mas ele foi adequado, na minha opinião. É comum ter um "gancho" para uma próxima temporada.
Falando nisso, que venha a segunda temporada de Santuário do Sumô!
Horário Nobre (1ª Temporada)
3.5 2Uma pena a série ter 0 comentários aqui, porque ela é realmente muito boa. Óscar Jaenada manta muito bem no papel principal: Ramiro del Solar é um personagem foda. Ao mesmo tempo em que vemos que não presta, é de se admirar a sua inteligência e como ele não tem medo de desafiar gente poderosa, incluindo o próprio dono da emissora em que trabalha.
Interessante também como o sistema judicial é corrupto e ineficiente. Só ver o caso do promotor Platas que está mais interessado em sua própria imagem do que em resolver o crime.
De vez em quando, vale a pena sair de Hollywood e ver o que os outros países estão produzindo em matéria de filmes e séries.
O Rei da TV (2ª Temporada)
3.6 34 Assista AgoraEu, particularmente, acho a figura de Silvio Santos desprezível, mas a segunda temporada de O Rei da TV é muito boa.
Destaque para José Rubens Chachá, que interpreta o famoso apresentador e empresário. É legal ver também como a série retrata figuras conhecidas como Lula, Collor, Sarney, Gugu e o Faustão (nesse último caso, um detalhe: o ator que interpreta o Faustão recusou enchimento e engordou vinte quilos para o papel).
Claro que tem muita coisa ali que é ficcionalizada (ou que aconteceram na vida real, mas em datas diferentes), mas é um retrato interessante da TV e da política brasileira.
A Garota na Fita (1ª Temporada)
3.4 39 Assista AgoraO desenvolvimento da série é espetacular, jogando o espectador em uma trama intrigante, cheia de camadas e que vai além do mero sequestro, esbarrando em uma complexa
rede de pedofilia no submundo da internet.
O problema mesmo está nos dois últimos episódios. A impressão é que os roteiristas não sabiam o que fazer com toda a narrativa que construíram e decidiram jogar a explicação dos autores do sequestro de qualquer jeito. Tipo "ah, aqui a gente deixa um episódio inteiro para mostrar, do nada, os acontecimentos pelo ponto de vista dos sequestradores".
Tosco também o desfecho dado ao personagem Santiago, marido da sequestradora. Sério mesmo que a melhor ideia que eles tiveram foi fazê-lo morrer atropelado em frente à delegacia? Não seria mais inteligente fazer com que ele entrasse em conflito com a própria esposa (querendo desistir de tudo e revelar a verdade à polícia) e ela o matasse durante uma briga?
Me incomodou pra caramba também o fato de que se passam anos e anos e a produção não se preocupou em envelhecer os personagens. Todos estão exatamente os mesmos! Nem uma maquiagem passaram neles - a única que envelheceu nesses 9 anos foi a Amaya mesmo, porque o policial lá continua igualzinho, até a barba não sofreu uma única alteração.
Mila No Multiverso (1ª Temporada)
2.4 6Legal ver uma produção brasileira de ficção-científica. Estão surgindo muitas coisas legais no streaming (Cidade Invisível, Manhãs de Setembro, Bom Dia, Verônica) e acho que o Brasil precisa investir cada vez mais em produções assim.
Claro que, em comparação com essas séries citadas acima, Mila no Multiverso traz um roteiro mais fraco e despretensioso. No entanto, o resultado, de qualquer forma, é positivo, tendo em vista que o público-alvo são adolescentes.
Tem personagens carismáticos, um tema que está em alta no cinema (multiverso), efeitos especiais bacanas, uma direção de arte caprichada, uma atriz conhecida do grande público (Malu Mader) e, como cereja do bolo, acerta na questão da diversidade (a protagonista é uma garota negra, tem romance gay, a melhor amiga da personagem principal é asiática, enfim).
Parece que faltou um pouco de divulgação para que a série fosse mais vista e comentada. Tomara que a Disney faça uma segunda temporada e melhore esse ponto.
O Jogo da Fama (1ª Temporada)
3.2 4 Assista AgoraAssisti a todos os 8 episódios e é legal de ver. A fotografia, direção de arte, trilha e figurinos são muito bons. O que peca são os inúmeros flashbacks que acabam prejudicando o ritmo da história e tornando um pouco cansativo.
Mas, no final das contas, é bacana sair um pouco do padrão hollywoodiano e ver produções de outros países
E não é que a tal da Anu de santa não tinha nada? Interessante notar que praticamente todas as mulheres do filme sabem "jogar o jogo" e deixar os homens no chinelo, incluindo aí a atriz, sua filha, a mãe controladora e a policial. Nada de mulheres frágeis, indefesas e ingênuas por aqui.
Manhãs de Setembro (1ª Temporada)
4.3 163Série muito gostosa de assistir, cheia de sensibilidade, amor e dor. A Liniker arrasa muito como a protagonista Cassandra - e não posso deixar de escrever que fico muito feliz em ver personagens trans negras em projetos como esses, ainda mais interpretadas por uma atriz que também é trans. Vitória da diversidade!
Você encontra ali também o retrato de um Brasil em crise, onde o desemprego e a pobreza estão escancarados na Cassandra (que trabalha como entregadora de aplicativo para pagar as contas, sempre no aperto) e Leide (que dorme em um carro na rua com o filho e precisa roubar para sobreviver).
Curiosidade: a série se passa em São Paulo, mas foi gravada em Montevidéu, Uruguai, por causa da pandemia.
Round 6 (1ª Temporada)
4.0 1,2K Assista AgoraMistura de Jogos Mortais, Jogos Vorazes e Bacurau que funciona muito bem. Prende a atenção, faz a gente se envolver com os personagens, nos faz passar raiva, aflição e imaginar o que faríamos no lugar dos jogadores.
É também uma grande crítica ao capitalismo. Muitas pessoas tendem a ver a Coreia do Sul como o país perfeito, de pleno bem-estar, uma nação ultratecnológica onde todos vivem bem. Round 6 tá aí pra mostrar que não é exatamente assim: o que não faltam são pessoas infelizes, exploradas por um sistema desigual e desesperadas para chegar ao topo da pirâmide social - não com a intenção de ajudar os outros a romper esse ciclo vicioso, mas para ocupar o mesmo lugar dos opressores e, assim, oprimir os seus iguais. E nisso Round 6 tem muito a dialogar com Parasita, que traça um retrato muito parecido da sociedade sul-coreana.
Mas também tem crítica ao sistema socialista, representado aqui por uma desertora da Coreia do Norte em busca de uma vida melhor longe da sua terra.
A única coisa que achei o filme um pouco falho foi na história do detetive. Achei legal ter ele pra gente conhecer um pouco dos bastidores dos jogos, mas meio que a jornada acabou de maneira abrupta. Tipo, fez tanta coisa pra terminar executado ali. Só se na segunda temporada inventarem que ele sobreviveu ao tiro e à queda do penhasco (não duvido que façam isso kkkk)
Clickbait (1ª Temporada)
3.6 202 Assista AgoraNão é exagero nenhum dizer que a Netflix está na vanguarda do entretenimento. O catálogo é cheio de bomba? É, sim. Mas, frequentemente, os caras surpreendem com filmes e séries como "Clickbait"
Trama cheia de mistério, reviravoltas, diferentes perspectivas, reflexões sobre família, sensacionalismo midiático, vida privada e a nossa relação com a tecnologia. Um pacote completo que prende do começo ao fim, garantindo 8 episódios que nunca são lentos ou chatos. Aposto que muita gente está vendo a minissérie de uma vez só ou, como eu, dividindo em apenas 2 dias.
Não dá pra deixar passar batido aqui o fato de termos personagens negros e mulheres fortes, decididas, inteligentes e com profundidade. Acrescente aí também um policial muçulmano, uma adolescente asiática, um jornalista gay e, pronto, a série capricha na representatividade.
De parte do elenco, gostei muito da atuação da Zoe Kazan. Para mim, a personagem mais humana e interessante de toda a história.
Ao final, fiquei com um gosto amargo de que tudo que aconteceu
com o Nick poderia acontecer com nós também. É ingenuidade pensar que existe privacidade no mundo tecnológico. Nossos dados estão aí, sendo compartilhados a bel-prazer na internet. E aposto que alguma vez você já utilizou o computador do trabalho para cuidar de assuntos pessoais. Quem garante que não tem ninguém vendo tudo que você faz nesse exato momento ou usando sua identidade?
Onisciente (1ª Temporada)
3.4 74 Assista AgoraDesign de produção, fotografia e visual incríveis. O roteiro e as atuações nem tanto...
Protagonista é bem chatinha, história tem umas coisas bem forçadas e perde a grande oportunidade de levantar um debate mais profundo sobre a questão da vigilância extrema. É impossível a comparação com Black Mirror (até porque tudo que tiver tecnologia, futuro e distopia vai ser comparado à série de Charlie Brooker, né?).
Gostei muito dos cenários - especialmente o apartamento da Nina, que tem um filtro de barro, bem a cara do Brasil kkkk. Mesmo morando em São Paulo há quase um ano, não consegui reconhecer quase nada da cidade na série (talvez pela ambientação futurista).
Ponto positivo para a representatividade: temos atores negros na série interpretando personagens em posição de poder. O supervisor de segurança do sistema da corporação, o trainee mais inteligente de todos e a chefe da Nina. Algo que não se vê muito nas produções nacionais, assim como nas estrangeiras.
É muito legal ver o Brasil explorando mais o gênero de ficção-científica no audiovisual. Mas acho que pela repercussão quase nula da série, dificilmente vão fazer uma segunda temporada.
Jeffrey Epstein: Poder e Perversão
3.8 129 Assista AgoraVale a pena assistir para ver como os poderosos conseguem cometer seus crimes e se safar por anos. Jeffrey Epstein não era "só" um rico obcecado por garotas de 14, 16 anos.
Era um rico obcecado por garotas de 14, 16 anos com contatos e influência na polícia, no Judiciário, na política, na imprensa, no mundo dos negócios. Em seu círculo social, Epstein tinha Donald Trump, Bill Clinton, Príncipe Andrew, Harvey Weinstein e Kevin Spacey. E ele sabia escolher muito bem as vítimas: meninas, em sua maioria, de baixa condição social, com histórico de traumas, abusos, abandono e sem perspectiva de um futuro promissor.
O documentário é bom. Não é nada "vá correndo ver o quanto antes", mas uma história que deve, sim, ser conhecida. O foco está nos depoimentos das vítimas e das pessoas envolvidas na investigação. Incomoda um pouco a ponta solta deixada no final: o que aconteceu com a namorada de Epstein? Uma bandida que também merecia ir pra cadeia.
Li uma matéria na BBC falando que teria vindo se esconder no Brasil por um tempo.
Guerras do Brasil.Doc
4.5 79Minissérie bem didática e objetiva. Acerta ao misturar o depoimento dos entrevistados com animações que trazem toda a atmosfera da época retratada. Ao final, fica aquele gostinho de "quero mais", até porque guerras e conflitos não faltam na História do Brasil. Inconfidência Mineira, Guerra de Canudos, Cangaço, Guerra do Contestado, Revolução de 32, Revolução Farroupilha, Revolta dos Malês e a ditadura militar dariam ótimos episódios.