O Lars andou assistindo Tarr até cansar. Vá lá, pelo menos agora ele conseguiu organizar esteticamente as ideias -- não é mais a confusão formal de Antichrist. Porém, ó: esperava bem mais do que esse roteiro bem comportado, com oposições claras e fluxo narrativo banal. O lance mais interessante é ele partir de um ponto já muito gasto pra entrar em discussões mais refinadas (se bem que o Pasolini fez isso umas décadas atrás, hehe).
Mas é bonitinho. O Lars sabe dirigir, mas me parece sempre que a ousadia dele nunca é arriscada demais (vide Dogma 95).
Entendo o afã do Resnais de quebrar a narrativa padrão do cinema, mas não rola. O perigo de experimentar é sempre saber o limite. Tem uma porrada de filmes que conseguiram ir além do padrão (Psycho, À bout de souffle, Persona, Citzen Kane) e estabelecer novas formas de criação sem precisar de um radicalismo tão forte. Chatice é antirrevolucionária.
O Lumet, junto com o Cassavetes, foi o cara que foi mais fundo na compreensão da sociedade estadunidense dos anos 70. Ele consegue fazer o Scorsese e o Coppola parecerem superficiais na abordagem. Network especialmente mostra a confusão estranha na qual as instituições de prestígio (como a mídia) se meteram no início dos era neoliberal.
Alguém aqui já se ligou na semelhança do plano ideológico do There Will Be Blood com o do Breaking Bad? As duas obras retratam, de formas próximas, a falha do self-made man estadunidense e o problema geral da ganância como força pra acumulação de capital (que acaba quebrando conceitos éticos e morais). Me parece que o PTA retoma isso no The Master e que outros cineastas entraram no baile, como os Coen e, depois do último filme, o Scorsese. Rola uma ligação dessas obras dentro do mesmo contexto social de crise econômica aguda.
A tensão entre as formas narrativas da literatura e cinema nunca foi tão evidenciada quanto em Sátántangó. O Tarr resolveu adaptar o romance do Krasznahorkai página por página, sem cortar nada. Conseguiu uma estética idêntica (o que por si só já é assombroso), apesar de também conseguir realizar a transposição da narrativa. É um filme feito de imagens, não de palavras (um erro que muita gente foda já acabou por cometer -- Godard, Bergman, Tarkovsky...), como deveria ser.
Violência da forma-conteúdo e o escambau. Mané Cinema Novo: Mojica foi a única vanguarda e o único cineasta que compreendeu o Brasil "profundo". Se tivéssemos acá uma visão séria sobre nossa arte, ele ia pintar da mesma forma que o Fuller pinta nos USA.
A cena da perseguição pelos prédios e telhados é uma das melhores do Kubrick, mas o resto deixa um bocado a desejar. Ele, porém, concerta todos os erros deste filme no The Killing, que é, pra mim, junto com Paths of Glory, o melhor da primeira fase.
É uma espécie de fechamento pessoal do século XX. Um cineasta trancado em uma sala de edição com inúmeros rolos de filme na última noite de 1999. Todas gravações que ele tem são caseiras, a montagem ao acaso. Vá lá, é um filme essencialmente sobre memória, geografia e fluxo. As comparações com Proust não são descabidas.
Ninfomaníaca: Volume 1
3.7 2,7K Assista AgoraO Lars andou assistindo Tarr até cansar. Vá lá, pelo menos agora ele conseguiu organizar esteticamente as ideias -- não é mais a confusão formal de Antichrist. Porém, ó: esperava bem mais do que esse roteiro bem comportado, com oposições claras e fluxo narrativo banal. O lance mais interessante é ele partir de um ponto já muito gasto pra entrar em discussões mais refinadas (se bem que o Pasolini fez isso umas décadas atrás, hehe).
Mas é bonitinho. O Lars sabe dirigir, mas me parece sempre que a ousadia dele nunca é arriscada demais (vide Dogma 95).
O Ano Passado em Marienbad
4.2 156 Assista AgoraEntendo o afã do Resnais de quebrar a narrativa padrão do cinema, mas não rola. O perigo de experimentar é sempre saber o limite. Tem uma porrada de filmes que conseguiram ir além do padrão (Psycho, À bout de souffle, Persona, Citzen Kane) e estabelecer novas formas de criação sem precisar de um radicalismo tão forte. Chatice é antirrevolucionária.
Rede de Intrigas
4.2 359 Assista AgoraO Lumet, junto com o Cassavetes, foi o cara que foi mais fundo na compreensão da sociedade estadunidense dos anos 70. Ele consegue fazer o Scorsese e o Coppola parecerem superficiais na abordagem. Network especialmente mostra a confusão estranha na qual as instituições de prestígio (como a mídia) se meteram no início dos era neoliberal.
Sangue Negro
4.3 1,2K Assista AgoraAlguém aqui já se ligou na semelhança do plano ideológico do There Will Be Blood com o do Breaking Bad? As duas obras retratam, de formas próximas, a falha do self-made man estadunidense e o problema geral da ganância como força pra acumulação de capital (que acaba quebrando conceitos éticos e morais). Me parece que o PTA retoma isso no The Master e que outros cineastas entraram no baile, como os Coen e, depois do último filme, o Scorsese. Rola uma ligação dessas obras dentro do mesmo contexto social de crise econômica aguda.
O Tango de Satã
4.3 139A tensão entre as formas narrativas da literatura e cinema nunca foi tão evidenciada quanto em Sátántangó. O Tarr resolveu adaptar o romance do Krasznahorkai página por página, sem cortar nada. Conseguiu uma estética idêntica (o que por si só já é assombroso), apesar de também conseguir realizar a transposição da narrativa. É um filme feito de imagens, não de palavras (um erro que muita gente foda já acabou por cometer -- Godard, Bergman, Tarkovsky...), como deveria ser.
Porra, é foda.
À Meia-Noite Levarei Sua Alma
3.9 286 Assista AgoraViolência da forma-conteúdo e o escambau. Mané Cinema Novo: Mojica foi a única vanguarda e o único cineasta que compreendeu o Brasil "profundo". Se tivéssemos acá uma visão séria sobre nossa arte, ele ia pintar da mesma forma que o Fuller pinta nos USA.
A Morte Passou por Perto
3.3 142A cena da perseguição pelos prédios e telhados é uma das melhores do Kubrick, mas o resto deixa um bocado a desejar. Ele, porém, concerta todos os erros deste filme no The Killing, que é, pra mim, junto com Paths of Glory, o melhor da primeira fase.
Ao Caminhar Entrevi Lampejos de Beleza
4.6 32É uma espécie de fechamento pessoal do século XX. Um cineasta trancado em uma sala de edição com inúmeros rolos de filme na última noite de 1999. Todas gravações que ele tem são caseiras, a montagem ao acaso. Vá lá, é um filme essencialmente sobre memória, geografia e fluxo. As comparações com Proust não são descabidas.