Um filme que escolhe criticar a fama instantânea e viral - diga-se momentânea - retomando um culto à arte técnica do teatro, Broadway: nascente do cinema blockbuster de alto rendimento e vazio. E, por favor, uma crítica velada ao Twitter, um dos principais palcos desse efeito; ou o Homem-Pássaro não seria azul.
Vejo comentários de decepção, que muitos deles concordo, mas o filme de todo não perde por um só e sutil ponto, que frisarei ao final. Alguns que tenho visto reclamam a reputação que a série Planeta dos macacos possui. Onde me lembro ela nunca tivera origem em profundos pensamentos de alguma filosofia política e social profunda, em verdade apoderou-se do raso senso comum dessas e procedeu junto aos clichês do cinema em sua faze de ouro. Nada, portanto, diferente do que foi feito neste filme, que, de fato, brilhantismo algum só conseguiu em um único ponto expor com mais clareza que as versões antigas porque o cinema hoje é mais acostumado por nós do que em outros tempos. Com razão já deveria estar no museu a morte do vilão por queda no abismo por triunfo e reviravolta do protagonista herói. Outro ponto levantado foi o antropocentrismo: meus caros que levantaram essa lapidar da renascença, os macacos são animações de um filme feita por e para homens... se o filme fosse absolutamente simiocêntrico só o roteiro seria assim: cjakcshd çljak xhc jaewc ójgv6y7 7yeq214yo h53o2 y0 1ry0 818 yucye 829y3y 7 gt u 8tw. O que quero dizer é que o homem tende a se expressar partindo de si... Mas o tal ponto! O ponto que vejo destaque interessante é que a traição não é símia para favorecer a humanidade, muito menos humana para embrutecê-la, o revanchismo, o ódio, a impiedade, a ambição, a tirania, a guerra, a escravidão, etc. são condições não entre espécies, muito menos raças, mas do que chamamos de inteligência. Esse é o ponto que esta nova série vem golpeando como César golpeou o ferimento de Koba. Se não doeu em alguns, é porque ainda não é uma fraqueza - e isso não foi um elogio.
Existem palavras que só devem ser usadas com cuidado para inflacionarmos o seu valor. Gasto agora a minha palavra mais preciosa, para descrever este filme: Tosco!
"Ansioso para agradar. Há dez anos [não] tive a sorte de jantar na revelação do chefe Casper, o bistrô Miami Marrow. A audácia desse novo e corajoso representante da culinária lembrou-me porque escrevo..." a julgar este filme: prato delicioso que como todo prato delicioso, entristece ao acabar.
Filme que nos lembra como olhando de um só modo se aliena e como é preciso se deixar levar por um novo olhar. Tapa-se um olho, herói; tapa-se outro, vilão.
Sua fotografia de pose e estética cartunesca, que emancipa um roteiro de tênue fantasia , dá ao cinema a rubrica de Wes Anderson, ainda em um momento em que o cinema sofre apelações de diretores (Lars von Trier) que ansiosamente buscam criar sua assinatura. O "The Grand Budapest Hotel" parece o maior de seus trabalhos.
Uma leitura suficiente ao que, penso, Stan Lee imaginou ao construir o Amazing Spider-Man: super-herói justiceiro, e por ser justiceiro, humano, ou melhor, por ser parte Homem e parte Aranha, humanamente herói; adolescente, sobretudo um brincalhão convicto de que está sobre o controle de sua vida e de suas ações, caminhando acima de sua própria confiança; com uma linda namorada que o ama, amando-a também, frustra-se em conflitos e é permitidamente vulnerável a sofrer as venturas da boa ou da má sorte - ele fica gripado. As consequências do poder do herói são as consequências do poder da vida cotidiana, porém apenas - não sendo tão apenas assim - tonificados com super-poderes científicos e espetaculares. A vingança, temática que acerca os filmes do aranha, vale notar, não se prende apenas ao Peter, mas, como verão, aos seus antagonistas; daí, julgo, se destaca mais uma vez a humanidade. Pois, sobre um sentimento tão passional descansa nossa naturalidade primitiva, e sem esta tensão, sem essa naturalidade tão comum, imagino, não poderia ser notada, por contraste, a delicadeza humana do trato fino do herói com a população que sempre o rodeia, em especial, o garotinho fã do aranha. A cena em que o herói safa o garotinho do bullying e, a pé, o leva em segurança até onde o garotinho estava originalmente indo é uma cena que desconstrói a mítica imagem de heróis como o Super-homem, que salva a vítima e já segue o seu caminho - quase como a tratá-la como um produto de seu trabalho -, para reconstruir um heroísmo possível e cotidiano. O próprio Peter acredita nisso, ou seja, na imagem de esperança do Homem-Aranha. De fato, ela existe nesse filme, ao mesmo tempo que prova que devemos nos agarrar nessa esperança porque nossas ações são diariamente suscetíveis ao acaso da sorte boa ou má, e que portanto são sensíveis, não obstante nossos esforços, a serem aparentemente agarradas pela teia da sorte, mas insuficientemente agarradas, e no limiar sofrermos o impacto da queda, como Gwen Stacy. Um filme espetacular.
Um filme de um figurino de muito bom gosto, com cenário e maquiagem de igual gosto, ainda mais com delicada movimentação de câmera... Asa com um olhar triste como ao do Autômato, olhar que exibe o passado. Um filme muito bom, bom mesmo. Mas, vamos lá, e como já dizia Verônica Rezani, qual é a invenção de Hugo Cabret?
Breve, porém o mais sincero possível, digo que um filme com fotografias notáveis, mas que um enredo liberal à la juventude pós-guerra em transição de um espírito ainda, naquele tempo, injustificado... Um momento histórico de muita verve, reconheço; entretanto, tirasse o pastiche de jovens escritores boêmios, quais que ao fim calharia em nada de criativo ao escrever o que não fosse o somente recontar de suas memórias; estas que de alguma forma acaba invalidando propriamente a buscada da inspiração que abriu o filme, portanto demonstrando que o realismo das experiências são mais tonantes à prosa. O filme teria - ao meu ver - mais a impressão On The Road, como a própria filosofia On The Road prevê a experimentação, se não fosse o filme guinado pela tentativa de escrita d'um livro (ou aquela busca por inspiração) que ao fim dá termo ao spoiler de aventuras narrado em um livreto de experiências - alheias, por sinal -, das quais cuja atitude aventureira se desfaz ao fim do efeito surpresa que o leitor tem ao vivificar os acontecimentos do livro e não experimentar os seus. A conclusão, assim, da personagem em escrever um livro de memórias ofende a liberdade, que é o princípio do próprio livro, já que desdeixa o leitor ao torná-lo cativo, retido, ao livro, logo, com as solas fora das estradas.
Ah! mas não daria para ler enquanto em viagem?, talvez me dissesse. Responderia se se poria a perder nas páginas de algum livro aquele maldito folego que encontra na gravura do mundo as letras que nos faz perder a alma?
Se há um modo de satirizar algo, tão bem quanto o filme fez a respeito dos selvagens de Wall Street, só uma bocagiana para tal. A mim, de bom agrado e gosto foram as câmeras, o cenário e a trilha sonora - inequivocamente impar essa trilha. E meu sincero respeito, como sempre o tenho, a DiCaprio pela exemplar atuação - ressalto o estudo corporal que deve lhe ter custado uma fortuna de trabalho para poder atuar aquela performance do que o Jordan Belfort chamou de "paralisia cerebral", enquanto estava amortecidamente drogado. E estrelas? Daria uma lua cheia para The Wolf of Wall Street.
Alguns sairão do cinema com vontade de transar, outros, moderados, não; ainda outros... ainda outros sairão com vontade de pescar. Lars Von Trier passa a mostrar a já empoeirada e engajada estética contemporânea, vinda diretamente de antiquários, com grande afã de acomodar eloquência erudita com trivialidades, em um movimento que pretende causar tensão e choque na platéia em meio a alguma gravitação filosófica. Quase um moralismo, pela atenção ao exagero, o filme se esqueceu que a revolução sexual, prostituindo-se nas mídias atuais, evoluiu a inutilizar a nudez e o sexo explícito como instrumento de entrechoque da arte contra a circunspecção social.
Crítica eloquente com desnecessidades de termos sintéticos e modelares falsamente graves a darem algum ar austero? Assim também é o filme.
Gosto de alguns filmes de Bird. Os Incríveis que lhes digo! Porém, não nesse mas em Missão impossível - Protocolo Fantasma foi onde houve um surpreendente demonstrismo de traquinagens de espiões - o que é a única coisa mais esperada por quem escolhe assistir filmes de espiões. Para quem gosta de O Professor Bugiganga, este filme vai-lhe agradar. Porém, para quem gosta de avanços e originalidade, não, não é este o filme. Tema de praxe, a guerra nuclear já é um assunto congelado na Guerra Fria e nos roteiros de ação de filmes de espiões. Mas fosse só isso já era o suficiente, contudo, Ethan (Tom Cruise), nesta última operação, é alvo d'uma velha tópica da saga, a morte fajuta de uma personagem. Como o primeiro filme, entretanto um pouco diferente, a esposa do espião "morre" - o que sabemos por só boato -, e ao fim é revelada viva. Há as velhas máscaras de disfarce e as inesquecíveis cenas de suspensão por cordas, agora levadas à ultima consequência. E, sim!, muita ação em efeitos especiais! Em suma, um filme nada além do que é esperado pela receita da saga, mesmo que avançado em recursos, um filme de ação. E só.
Mas antes de finalizar o leigo comentário, reconheço o brilhantismo sobre a cena do corredor do Kremlin... invisibilidade como nunca vi em nenhum outro filme. Fica um sorriso meu a esta cena! E o fim!
Por tantos outros e em tempos sem fronteiras, que não restritos ao passado somente, amou-se muito e nem se soube tão pouco descrever o sentimento esplêndido; não houve quem o fizesse hoje, e ainda não houve quem o fizesse hoje. Neste filme de Michael Haneke, quem nada conheço, e que só vi este dos seus por agora, amor, sublime sempre, ainda por ninguém descrito, captado, por algum método artístico, foi. Não, definitivamente, não neste filme, que minha vã honestidade e ausente perícia técnica cinematográfica pode julgar ruim; e mostro, sucintamente, o porquê:
Ao que julgo sempre em um filme, a começo, é o roteiro: arte mestra para se pretender contar algo entre história e melodia acústica ou visual. O roteiro é escrito, pois. E com este a coerência é tudo e a exímia pena também - a menos que não se queira a coerência e arte de ruptura seja a solução. Porém, neste filme, como vi, quis-se fazer arte, uma arte realista e tocantemente cotidiana, rústica, para o amor comum e sutilmente desapercebido aos poucos apegados aos detalhes acres da vida, e decadente, duma decadência que espera a todos o paciente tempo, o qual colhe as já nutridas sementes que plantou. Escreveu-se, então, de já de início, a cena da polícia francesa descobrindo o corpo de Anne (Emmanuelle Riva) - o que creio ser um despautério, pois depois do fim não se vê sentido para aquilo -, depois se escreveu cenas e diálogos estreitados às margens do cotidiano d'um casal de muitas bodas; fatos como contas, momentos íntimos e particularidades triviais. E por fim, escreve-se a esquizofrenia, ou fantasmagoria qualquer, a qual não entendo o modo artístico que se pretendeu, seja psicologismo traumático, seja repentina deixa inexplicada das muito vistas na cinematografia cult, onde o nonsense é venerável - trágico modo moderno que me faz lembrar da fábula "A Roupa do Rei". Seja como foi, o roteiro é de um péssimo agrado. Se o tema era amor, sim, reconheço que diferente do amor Cristão, o de sacrifício, o amor de Amour magnificamente é o amor de cuidar, velar ou proteger, sendo que, ao sofrimento de sua mulher, precipitou-a Georges (Jean-Louis Trintignant). Este sublime sentimento, pois, neste filme, continuou sublime e inatingível às artes humanas, dado que o roteiro não explorou o avanço do definho de Anne e do desespero de seu fiel marido. A condição humana, o temperamento de aflição perante a morte e o sofrimento de seu par, bem como o seu, também foram deixados. Tudo, no filme, passou-se rapidamente, como o ligeiro tempo que nos traga... não deveria ter sido assim; os momentos da morte são lentos e os sentimentos desapercebem as horas. Assim, o que só vi neste filme foi um assassinado trivial: não planejado, não sentido e cometido tão insolitamente quanto fazer a barba em um dia de pouco sol.
Shane Black, neste seu longa "Iron Man 3", (2013), mereceria que delicadamente fosse cortada as arestas d'uma estrela de avalização e a reduzisse a um mero circulo sem brilhantismo algum que não fosse o espirituoso propósito de também causar ironia ao relembrar a geometria do Reator Ark, acaso eu - crivo por mim - não tivesse dado meia estrela, inutilizando, assim, qualquer pilhéria notadamente simbólica. Mas, foi como foi e o pouco aclamado roteirista do Máquina Mortífera obsoletou, tirante o Robocop (que não dirigiu, e que aprecio muito), a "mortífera" armadura - "privatizadora da Paz Mundial" - responsável pela vitória dos Vingadores, em sua primeira reunião. Por suas mãos, a complexa e quase divinamente construída armadura de Tony Stark (Robert Downey Jr.), de ligas metálicas sofisticadas e movida por um elemento energético sintético (feito pelo próprio gênio em sua casa) - Vide Iron Man 2 -, agora é descartável, quebradiça e efêmera, uma vez que nas lutas finais Tony Stark trocou mais de armadura que os desfilantes da Unidos da Tijuca trocaram de roupas, (2010); e destruída banalmente: neste roteiro, a infrutífera tentativa d'um psicologismo no personagem Tony Stark, a qual muito entusiasmou fãs e leigos, que buscavam algo antes visto em Batman - O Cavaleiro das Trevas, fortalece, não a armadura, a tosca atualização do Homem de Ferro. Isto porque, como de início se apresenta o roteiro, Tony Stark passa por transtornos traumáticos pós-batalha Vingadora, por assim dizer, e acaba descontando, à lá gênio maluco, sua neurose em, pelo visto, vulgares aprimoramentos e produção em série de seu traje, que autônomo e em partes, monta-se no corpo do Vingador como a um genérico de Transformers com Power Rangers. E não bastasse a vã genialidade e esforços, os adversários "malignos" do protagonista eram aberrações cintífico-biológicas inexplicadas que surgiram da pesquisa surreal da personagem Maya Hansen (Rebecca Hall), onde se pensa em regeneração biomolecular instantânea - feito o Lagarto do Homem-Aranha, mas com brilho e propenso a explosões, pois a pesquisa é instável. Esses seres ganham força e possibilidade de regeneração, o que parece ser suficiente para quase aniquilar todas as armaduras do Homem de Ferro, cujo qual, antes, manteve-se muito bem no combate contra deuses. E tirante isto, nem seus poderes seriam precisos para afetar brutalmente o Quixote de Ferro, visto que, com um helicóptero militar, destruíram o Q.G de Tony Stark, quem não ofereceu resistência alguma, mesmo estando preparado, já que tinha ameaçado o terrorista fajuto Mandarin. O que é tosco não cessa: a receita de praxe que sempre acompanhou os roteiros de O Homem de Ferro se manteve, isto é, as três essenciais divisões do enredo se mantiveram, sendo o começo por prosperidade e calma, onde vilão e herói se organizam e se apresentam; o meio, conflituoso, o qual os estúdios resolvem mostrar seus investimentos de computação, e onde a trama gera um revés ao protagonista; e, por fim, sequestro da mocinha e superação dos impasses, com final feliz e um bom e dramático... "Continua" - em forma de cena. Se o filme foi um estouro de bilheteria? Foi, não nego! Foi um estouro que jogou estilhaços em meio peito enquanto Tony Stark retirava os seus. Pena que não tenho um Reator Ark...
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Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
3.8 3,4K Assista AgoraSempre pretendi ser Calimaquiano alguma vez:
Um filme que escolhe criticar a fama instantânea e viral - diga-se momentânea - retomando um culto à arte técnica do teatro, Broadway: nascente do cinema blockbuster de alto rendimento e vazio. E, por favor, uma crítica velada ao Twitter, um dos principais palcos desse efeito; ou o Homem-Pássaro não seria azul.
Boa transição de câmeras.
O Predestinado
4.0 1,6K Assista AgoraEis um substituto de Édipo Tirano. O paradoxo, por fim, encontrou seu altar.
Planeta dos Macacos: O Confronto
3.9 1,8K Assista AgoraVejo comentários de decepção, que muitos deles concordo, mas o filme de todo não perde por um só e sutil ponto, que frisarei ao final. Alguns que tenho visto reclamam a reputação que a série Planeta dos macacos possui. Onde me lembro ela nunca tivera origem em profundos pensamentos de alguma filosofia política e social profunda, em verdade apoderou-se do raso senso comum dessas e procedeu junto aos clichês do cinema em sua faze de ouro. Nada, portanto, diferente do que foi feito neste filme, que, de fato, brilhantismo algum só conseguiu em um único ponto expor com mais clareza que as versões antigas porque o cinema hoje é mais acostumado por nós do que em outros tempos. Com razão já deveria estar no museu a morte do vilão por queda no abismo por triunfo e reviravolta do protagonista herói. Outro ponto levantado foi o antropocentrismo: meus caros que levantaram essa lapidar da renascença, os macacos são animações de um filme feita por e para homens... se o filme fosse absolutamente simiocêntrico só o roteiro seria assim: cjakcshd çljak xhc jaewc ójgv6y7 7yeq214yo h53o2 y0 1ry0 818 yucye 829y3y 7 gt u 8tw. O que quero dizer é que o homem tende a se expressar partindo de si... Mas o tal ponto! O ponto que vejo destaque interessante é que a traição não é símia para favorecer a humanidade, muito menos humana para embrutecê-la, o revanchismo, o ódio, a impiedade, a ambição, a tirania, a guerra, a escravidão, etc. são condições não entre espécies, muito menos raças, mas do que chamamos de inteligência. Esse é o ponto que esta nova série vem golpeando como César golpeou o ferimento de Koba. Se não doeu em alguns, é porque ainda não é uma fraqueza - e isso não foi um elogio.
No Olho do Tornado
3.0 631 Assista AgoraExistem palavras que só devem ser usadas com cuidado para inflacionarmos o seu valor. Gasto agora a minha palavra mais preciosa, para descrever este filme: Tosco!
Chef
3.7 784 Assista Agora"Ansioso para agradar. Há dez anos [não] tive a sorte de jantar na revelação do chefe Casper, o bistrô Miami Marrow. A audácia desse novo e corajoso representante da culinária lembrou-me porque escrevo..." a julgar este filme: prato delicioso que como todo prato delicioso, entristece ao acabar.
Malévola
3.7 3,8K Assista AgoraFilme que nos lembra como olhando de um só modo se aliena e como é preciso se deixar levar por um novo olhar. Tapa-se um olho, herói; tapa-se outro, vilão.
O Grande Hotel Budapeste
4.2 3,0KSua fotografia de pose e estética cartunesca, que emancipa um roteiro de tênue fantasia , dá ao cinema a rubrica de Wes Anderson, ainda em um momento em que o cinema sofre apelações de diretores (Lars von Trier) que ansiosamente buscam criar sua assinatura. O "The Grand Budapest Hotel" parece o maior de seus trabalhos.
O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro
3.5 2,6K Assista AgoraUma leitura suficiente ao que, penso, Stan Lee imaginou ao construir o Amazing Spider-Man: super-herói justiceiro, e por ser justiceiro, humano, ou melhor, por ser parte Homem e parte Aranha, humanamente herói; adolescente, sobretudo um brincalhão convicto de que está sobre o controle de sua vida e de suas ações, caminhando acima de sua própria confiança; com uma linda namorada que o ama, amando-a também, frustra-se em conflitos e é permitidamente vulnerável a sofrer as venturas da boa ou da má sorte - ele fica gripado. As consequências do poder do herói são as consequências do poder da vida cotidiana, porém apenas - não sendo tão apenas assim - tonificados com super-poderes científicos e espetaculares. A vingança, temática que acerca os filmes do aranha, vale notar, não se prende apenas ao Peter, mas, como verão, aos seus antagonistas; daí, julgo, se destaca mais uma vez a humanidade. Pois, sobre um sentimento tão passional descansa nossa naturalidade primitiva, e sem esta tensão, sem essa naturalidade tão comum, imagino, não poderia ser notada, por contraste, a delicadeza humana do trato fino do herói com a população que sempre o rodeia, em especial, o garotinho fã do aranha. A cena em que o herói safa o garotinho do bullying e, a pé, o leva em segurança até onde o garotinho estava originalmente indo é uma cena que desconstrói a mítica imagem de heróis como o Super-homem, que salva a vítima e já segue o seu caminho - quase como a tratá-la como um produto de seu trabalho -, para reconstruir um heroísmo possível e cotidiano. O próprio Peter acredita nisso, ou seja, na imagem de esperança do Homem-Aranha. De fato, ela existe nesse filme, ao mesmo tempo que prova que devemos nos agarrar nessa esperança porque nossas ações são diariamente suscetíveis ao acaso da sorte boa ou má, e que portanto são sensíveis, não obstante nossos esforços, a serem aparentemente agarradas pela teia da sorte, mas insuficientemente agarradas, e no limiar sofrermos o impacto da queda, como Gwen Stacy. Um filme espetacular.
[spoiler][/spoiler]
A Invenção de Hugo Cabret
4.0 3,6K Assista AgoraUm filme de um figurino de muito bom gosto, com cenário e maquiagem de igual gosto, ainda mais com delicada movimentação de câmera... Asa com um olhar triste como ao do Autômato, olhar que exibe o passado. Um filme muito bom, bom mesmo. Mas, vamos lá, e como já dizia Verônica Rezani, qual é a invenção de Hugo Cabret?
Detona Ralph
3.9 2,6K Assista AgoraUm filme doce... sim, principalmente pela Venellope.
Tomboy
4.2 1,6K Assista AgoraImpressiona a naturalidade da interpretação de todos os atores, especialmente a de Zoé.
Na Estrada
3.3 1,9KBreve, porém o mais sincero possível, digo que um filme com fotografias notáveis, mas que um enredo liberal à la juventude pós-guerra em transição de um espírito ainda, naquele tempo, injustificado... Um momento histórico de muita verve, reconheço; entretanto, tirasse o pastiche de jovens escritores boêmios, quais que ao fim calharia em nada de criativo ao escrever o que não fosse o somente recontar de suas memórias; estas que de alguma forma acaba invalidando propriamente a buscada da inspiração que abriu o filme, portanto demonstrando que o realismo das experiências são mais tonantes à prosa. O filme teria - ao meu ver - mais a impressão On The Road, como a própria filosofia On The Road prevê a experimentação, se não fosse o filme guinado pela tentativa de escrita d'um livro (ou aquela busca por inspiração) que ao fim dá termo ao spoiler de aventuras narrado em um livreto de experiências - alheias, por sinal -, das quais cuja atitude aventureira se desfaz ao fim do efeito surpresa que o leitor tem ao vivificar os acontecimentos do livro e não experimentar os seus. A conclusão, assim, da personagem em escrever um livro de memórias ofende a liberdade, que é o princípio do próprio livro, já que desdeixa o leitor ao torná-lo cativo, retido, ao livro, logo, com as solas fora das estradas.
Ah! mas não daria para ler enquanto em viagem?, talvez me dissesse. Responderia se se poria a perder nas páginas de algum livro aquele maldito folego que encontra na gravura do mundo as letras que nos faz perder a alma?
O Lobo de Wall Street
4.1 3,4K Assista AgoraSe há um modo de satirizar algo, tão bem quanto o filme fez a respeito dos selvagens de Wall Street, só uma bocagiana para tal. A mim, de bom agrado e gosto foram as câmeras, o cenário e a trilha sonora - inequivocamente impar essa trilha. E meu sincero respeito, como sempre o tenho, a DiCaprio pela exemplar atuação - ressalto o estudo corporal que deve lhe ter custado uma fortuna de trabalho para poder atuar aquela performance do que o Jordan Belfort chamou de "paralisia cerebral", enquanto estava amortecidamente drogado. E estrelas? Daria uma lua cheia para The Wolf of Wall Street.
[spoiler][/spoiler]
Ninfomaníaca: Volume 1
3.7 2,7K Assista AgoraAlguns sairão do cinema com vontade de transar, outros, moderados, não; ainda outros... ainda outros sairão com vontade de pescar. Lars Von Trier passa a mostrar a já empoeirada e engajada estética contemporânea, vinda diretamente de antiquários, com grande afã de acomodar eloquência erudita com trivialidades, em um movimento que pretende causar tensão e choque na platéia em meio a alguma gravitação filosófica. Quase um moralismo, pela atenção ao exagero, o filme se esqueceu que a revolução sexual, prostituindo-se nas mídias atuais, evoluiu a inutilizar a nudez e o sexo explícito como instrumento de entrechoque da arte contra a circunspecção social.
Crítica eloquente com desnecessidades de termos sintéticos e modelares falsamente graves a darem algum ar austero? Assim também é o filme.
A Origem dos Guardiões
4.0 1,5K Assista AgoraUm Papai-Noel com tatoo em forma de listas de crianças más e boazinhas foi, para mim, a melhor versão do Noel.
Missão: Impossível - Protocolo Fantasma
3.7 1,7K Assista AgoraGosto de alguns filmes de Bird. Os Incríveis que lhes digo! Porém, não nesse mas em Missão impossível - Protocolo Fantasma foi onde houve um surpreendente demonstrismo de traquinagens de espiões - o que é a única coisa mais esperada por quem escolhe assistir filmes de espiões. Para quem gosta de O Professor Bugiganga, este filme vai-lhe agradar. Porém, para quem gosta de avanços e originalidade, não, não é este o filme. Tema de praxe, a guerra nuclear já é um assunto congelado na Guerra Fria e nos roteiros de ação de filmes de espiões. Mas fosse só isso já era o suficiente, contudo, Ethan (Tom Cruise), nesta última operação, é alvo d'uma velha tópica da saga, a morte fajuta de uma personagem. Como o primeiro filme, entretanto um pouco diferente, a esposa do espião "morre" - o que sabemos por só boato -, e ao fim é revelada viva. Há as velhas máscaras de disfarce e as inesquecíveis cenas de suspensão por cordas, agora levadas à ultima consequência. E, sim!, muita ação em efeitos especiais! Em suma, um filme nada além do que é esperado pela receita da saga, mesmo que avançado em recursos, um filme de ação. E só.
Mas antes de finalizar o leigo comentário, reconheço o brilhantismo sobre a cena do corredor do Kremlin... invisibilidade como nunca vi em nenhum outro filme. Fica um sorriso meu a esta cena! E o fim!
Amor
4.2 2,2K Assista AgoraPor tantos outros e em tempos sem fronteiras, que não restritos ao passado somente, amou-se muito e nem se soube tão pouco descrever o sentimento esplêndido; não houve quem o fizesse hoje, e ainda não houve quem o fizesse hoje. Neste filme de Michael Haneke, quem nada conheço, e que só vi este dos seus por agora, amor, sublime sempre, ainda por ninguém descrito, captado, por algum método artístico, foi. Não, definitivamente, não neste filme, que minha vã honestidade e ausente perícia técnica cinematográfica pode julgar ruim; e mostro, sucintamente, o porquê:
Ao que julgo sempre em um filme, a começo, é o roteiro: arte mestra para se pretender contar algo entre história e melodia acústica ou visual. O roteiro é escrito, pois. E com este a coerência é tudo e a exímia pena também - a menos que não se queira a coerência e arte de ruptura seja a solução. Porém, neste filme, como vi, quis-se fazer arte, uma arte realista e tocantemente cotidiana, rústica, para o amor comum e sutilmente desapercebido aos poucos apegados aos detalhes acres da vida, e decadente, duma decadência que espera a todos o paciente tempo, o qual colhe as já nutridas sementes que plantou. Escreveu-se, então, de já de início, a cena da polícia francesa descobrindo o corpo de Anne (Emmanuelle Riva) - o que creio ser um despautério, pois depois do fim não se vê sentido para aquilo -, depois se escreveu cenas e diálogos estreitados às margens do cotidiano d'um casal de muitas bodas; fatos como contas, momentos íntimos e particularidades triviais. E por fim, escreve-se a esquizofrenia, ou fantasmagoria qualquer, a qual não entendo o modo artístico que se pretendeu, seja psicologismo traumático, seja repentina deixa inexplicada das muito vistas na cinematografia cult, onde o nonsense é venerável - trágico modo moderno que me faz lembrar da fábula "A Roupa do Rei". Seja como foi, o roteiro é de um péssimo agrado. Se o tema era amor, sim, reconheço que diferente do amor Cristão, o de sacrifício, o amor de Amour magnificamente é o amor de cuidar, velar ou proteger, sendo que, ao sofrimento de sua mulher, precipitou-a Georges (Jean-Louis Trintignant). Este sublime sentimento, pois, neste filme, continuou sublime e inatingível às artes humanas, dado que o roteiro não explorou o avanço do definho de Anne e do desespero de seu fiel marido. A condição humana, o temperamento de aflição perante a morte e o sofrimento de seu par, bem como o seu, também foram deixados. Tudo, no filme, passou-se rapidamente, como o ligeiro tempo que nos traga... não deveria ter sido assim; os momentos da morte são lentos e os sentimentos desapercebem as horas. Assim, o que só vi neste filme foi um assassinado trivial: não planejado, não sentido e cometido tão insolitamente quanto fazer a barba em um dia de pouco sol.
Homem de Ferro 3
3.5 3,4K Assista AgoraShane Black, neste seu longa "Iron Man 3", (2013), mereceria que delicadamente fosse cortada as arestas d'uma estrela de avalização e a reduzisse a um mero circulo sem brilhantismo algum que não fosse o espirituoso propósito de também causar ironia ao relembrar a geometria do Reator Ark, acaso eu - crivo por mim - não tivesse dado meia estrela, inutilizando, assim, qualquer pilhéria notadamente simbólica. Mas, foi como foi e o pouco aclamado roteirista do Máquina Mortífera obsoletou, tirante o Robocop (que não dirigiu, e que aprecio muito), a "mortífera" armadura - "privatizadora da Paz Mundial" - responsável pela vitória dos Vingadores, em sua primeira reunião. Por suas mãos, a complexa e quase divinamente construída armadura de Tony Stark (Robert Downey Jr.), de ligas metálicas sofisticadas e movida por um elemento energético sintético (feito pelo próprio gênio em sua casa) - Vide Iron Man 2 -, agora é descartável, quebradiça e efêmera, uma vez que nas lutas finais Tony Stark trocou mais de armadura que os desfilantes da Unidos da Tijuca trocaram de roupas, (2010); e destruída banalmente: neste roteiro, a infrutífera tentativa d'um psicologismo no personagem Tony Stark, a qual muito entusiasmou fãs e leigos, que buscavam algo antes visto em Batman - O Cavaleiro das Trevas, fortalece, não a armadura, a tosca atualização do Homem de Ferro. Isto porque, como de início se apresenta o roteiro, Tony Stark passa por transtornos traumáticos pós-batalha Vingadora, por assim dizer, e acaba descontando, à lá gênio maluco, sua neurose em, pelo visto, vulgares aprimoramentos e produção em série de seu traje, que autônomo e em partes, monta-se no corpo do Vingador como a um genérico de Transformers com Power Rangers. E não bastasse a vã genialidade e esforços, os adversários "malignos" do protagonista eram aberrações cintífico-biológicas inexplicadas que surgiram da pesquisa surreal da personagem Maya Hansen (Rebecca Hall), onde se pensa em regeneração biomolecular instantânea - feito o Lagarto do Homem-Aranha, mas com brilho e propenso a explosões, pois a pesquisa é instável. Esses seres ganham força e possibilidade de regeneração, o que parece ser suficiente para quase aniquilar todas as armaduras do Homem de Ferro, cujo qual, antes, manteve-se muito bem no combate contra deuses. E tirante isto, nem seus poderes seriam precisos para afetar brutalmente o Quixote de Ferro, visto que, com um helicóptero militar, destruíram o Q.G de Tony Stark, quem não ofereceu resistência alguma, mesmo estando preparado, já que tinha ameaçado o terrorista fajuto Mandarin.
O que é tosco não cessa: a receita de praxe que sempre acompanhou os roteiros de O Homem de Ferro se manteve, isto é, as três essenciais divisões do enredo se mantiveram, sendo o começo por prosperidade e calma, onde vilão e herói se organizam e se apresentam; o meio, conflituoso, o qual os estúdios resolvem mostrar seus investimentos de computação, e onde a trama gera um revés ao protagonista; e, por fim, sequestro da mocinha e superação dos impasses, com final feliz e um bom e dramático... "Continua" - em forma de cena.
Se o filme foi um estouro de bilheteria? Foi, não nego! Foi um estouro que jogou estilhaços em meio peito enquanto Tony Stark retirava os seus. Pena que não tenho um Reator Ark...