Assisti esse filme em família e as opiniões foram controversas.
É notável o modo como qualquer ideologia dissonante do modelo primado sobre o status quo, enraizado no senso comum e que vá de encontro e conteste seus paradigmas é tão precocemente deslegitimada e rejeitada ferozmente.
Genial a introdução de Lolita no desenvolver do roteiro, como modo de engatilhar uma referência esperta de realidade distante, porém análoga á própria história de Capitão Fantástico: o modo como vemos o filme com simpatia e complacência, já que ele é narrado sob a perspectiva de Ben, muito embora, os excessos de convicção aos quais os seus filhos eram submetidos, fosse uma forma de abuso, pois forçar a tradução de uma ideologia à realidade prática, privando-os do mundo social (que para além de qualquer crítica é o pilar que fundamenta uma sociedade) e de certo modo, privando-os das percepções desse mundo e da própria inteligencia emocional que se desenvolve na interação social, ainda que numa sociedade patética, configura sim uma arbitrariedade.
De todo modo, foi doloroso ver a falência de uma convicção, principalmente quando essa convicção abrange e rege tantos aspectos da vida de outrem... É assistir um fundamento ceder, apesar de toda sua boa intenção. Como disse antes, ideologias dissonantes, ao menos por hora, tornam-se frágeis em sua tradução à realidade, ainda mais quando postas de forma brusca ante às concepções do sistema social em vigor... O que se prova triste já que afasta grande parte de qualquer possibilidade de diversidade de outros modos de vida, que são ainda mais legítimos por sua essência.
Roteiro lindo e espirituoso, te transporta pro filme e você sente o amor e os receios dos excêntricos Cash e, por vezes, se pega esbaforida como se tivesse acabado de correr as florestas do Pacífico e desossar um cervo, ou, ainda, cantarolando Sweet Child O'Mine, quase que involuntariamente. Maravilhoso em tantos níveis! A trilha sonora tão extraordinária quanto o próprio filme. Lindo, legítimo e um verdadeiro aprendizado, como disse o meu pai, rs. Grata por ter visto em família!
cara, adoro besteirol adolescente (na maioria das vezes, por motivos de: vegetar, passar o tempo, sessão da tarde n tá boa hj e etc) mas Palo Alto é um s a c o, não consegui mais que meia hora de filme
Sou fã da direção do Linklater, da realidade que ele impõe em cada um de seus filmes, das belas peripécias do cotidiano colocadas em tons de arte tão sutis... exatamente como acontece da vida real, sem chorumela. É como se a vida parasse por uns 2h48m para ser admirada e refletida, crua.
Filme dividido entre momentos bons, uns fantásticos (Ênfase ao desabafo da mãe com o desespero da iminência do fim dos protocolos pré-moldados à nossa vida... "and what's next? my fckn' funeral!") e outros, (me desculpem os eufóricos) dispensáveis.
E p*ta que pariu, esse Ethan Hawke é totalmente inacessível à artificialidade das câmeras, do mise-en-scène do roteiro! Dá a impressão de que não atua... Vive o filme! Tanto que não consigo dissociar a figura dele enquanto personagem do ator em si, e é como se essa impressão fosse alimentada de um filme para o outro, de forma tão coesa, que ele se constrói de forma fixa ao telespectador... O tipo de homem que se passa a vida idealizando!
De toda forma, uma baita experiência cinematográfica! Tão superior às referências que é quase que inalcançável às críticas.
*Só mais uma coisa: Arcade Fire, mais uma vez, arrasando nas trilhas sonoras.
A prova de que não passamos de matéria orgânica, um mero acúmulo de experiências que se desgasta e degenera... E existe mal mais cruel que o Alzheimer?
A “mecanização do sentimento” (vide as cartas pessoais escritas por terceiros) e o “sentimento da mecanização” (vide a emoção provida da máquina, a substância da tecnologia): O primeiro, uma tendência crescente ao pragmatismo desenfreado e o segundo, uma hipótese totalmente ficcional. (acho lógico o ceticismo quanto à possibilidade do homem em prover características exclusivas da existência humana, por tecnologia, a uma máquina) mas a metáfora é fantástica, é tangível... Cria incontáveis paralelos com a realidade.
Quantos momentos maravilhosos neste filme! Quanto sentimento! Minha vontade seria de dissecar cada uma destas passagens, mas, na tentativa, acabaria que por divagar demais ao tentar transpor tais sensações em palavras e por fim, teria confeccionado um escrito que só teria sentido pra mim mesma. Portanto, privo todas as impressões aos limites da minha própria pele, e generalizo-as todas em: Cenas e diálogos de encher e transbordar os olhos.
(um adendo: The Moon Song é simplesmente um show à parte e não poderia deixar de dar ênfase especial às fotografias musicais... Simplesmente GENIAL)
É brilhante! Temas e ideias complexas expostas de maneira tão acessível, tão leve! Determinismo, Freud, capitalismo (reinficação e hipostasiação), transvaloração dos valores e tantas outras referencias... Um filme tão simplório, tão fácil e com tantas facetas que é quase que paradoxal. As relações Superego x Ego, Ser x Estar... O sistema silencioso (e cruel) que nos rege, as metáforas MAGNIFICAS (visse a poltrona, o elevador, a ponte...), o sincretismo religioso, a dialética muito bem posta, os estereótipos “cara disso, cara daquilo”... Nada menos que genial. Belíssima coesão entre a passagem de uma cena à outra. A fotografia é rica e dá aquela vontade de voltar e voltar, pausar e observar a genialidade por trás de cada uma delas; nada está ali por acidente, tudo tem um contexto a ser dito e exposto. Fora a referência prévia e anunciante de Cidade de Deus "Meu nome não é Zé!"... Elenco divino! Eu, particularmente, não imagino ninguém menos que Meirelles na direção de um filme ímpar como este, ninguém que o fizesse com tamanha maestria. O filme te presenteia com as mais diversas reflexões, restaura aquela sensação de que cada um de nós é, de fato, um universo.
De longe, um dos meus filmes brasileiros prediletos.
O modo como Lars transmite suas emoções para um ser inanimado, como um forma de lidar com as mesmas e portanto, talvez, amenizá-las, é genial. Ele acaba que por usar Bianca como um eufemismo para si mesmo - conferindo-lhe uma realidade irrevogável, hipostasiando-a no seu sentido mais pleno e, o mais importante, tornando-a sua própria catarse. Eufemismo posto no sentido de tornar seus conflitos psicológicos e emocionais mais palpáveis, mais suportáveis e mais digeríveis para si mesmo e para os outros... Um modo de encará-los de frente, em terceira pessoa, n'um outro... Isso foi, indiretamente, uma maneira de conhecer-se e entender-se. É maravilhosa a comoção de todos os envolvidos, o modo como doaram-se à situação, concedendo ainda mais substancia à boneca... Saíram de suas zonas de conforto, deixaram a conveniência do ortodoxo e fizeram-se condescendentes, em busca de dar a um membro recluso da sua comunidade, uma chance de gozar plenamente da sua satisfação pessoal - que, por fim, acaba que se pluralizar - tornando-se, também, satisfatório aos demais ter a companhia de Bianca, acolhendo-a como parte de sua comunhão.
Um plot delicado e comedido, enaltecido em diálogos comoventes e reflexivos... Com certeza é um filme para se lembrar a longa data. Indico sem pensar duas vezes.
O filtro onírico e nostálgico da fotografia, logo no incio do filme, é antológico. Que filme maravilhoso! De alguma forma, lembrou-me de Blue Valentine... Um sinônimo distante, talvez.
Impecável. Os cenários minimalistas são de uma expressividade de outro mundo! Uma fotografia de lhe encher e transbordar os olhos... As falas rompem os limites dos seus telespectadores e os viola e violenta de forma nada menos que torturante e deliciosa. É devorador...
Oh, Harriet... Tu és simplesmente um show á parte! A sinceridade ácida e desprovida de qualquer senso comum e "hipocrisia usual" por parte de David é cruel mas indispensável para a consistência do personagem e da trama. E seria crime deixar de citar a última cena, o diálogo entre David e Fredrik, que carrega consigo uma reflexão antológica e é de uma sensibilidade que lhe deixa sem fôlego, que chega a sufocar. A alma de Fredrik lhe é servida de bandeja; e pra mim este foi, sem dúvida, o ponto alto às unânimes 5 estrelas que ofereço a esta obra de arte.
Extremamente ansiosa para ver os demais da trilogia.
Uma trama maravilhosa, catastrófica e poética, mas que deixa aquele inevitável sentimento de que poderia, sim, ser melhor desenvolvida. Pareceu meio vago o modo como os sentidos desapareciam, e mais superficial ainda, a nomenclatura que recebiam... A estória em si, é complexa, e merecia ter sido levada a um patamar mais alto, ter sido melhor "dissecada". Atuação simplesmente fantástica da Eva Green, que foi o "fator determinante" para ter tido algum interesse em assisti-lo, já que a tradução do nome é triste e completamente desestimulante: "Sentidos do Amor", pelo amor de Deus...
No mais, é um filme que, de certo, lembrarei a longo prazo.
Entupido de metáforas memoráveis. Um filme visceral; explicita que a racionalidade é circunstancial e frágil, e acima de tudo, subjetiva. A tensão é palpável, o embate entre alter egos e as oscilações que transparecem cada vez mais o id inerente aos personagens, mostra com destreza a tênue linha entre a ideal e a conveniente faceta sensata e o descontrole instintivo da natureza humana - que num instante despiu os personagens de todo aquele arquétipo sofisticado construído acerca dos casais de inicio, desnudando- os de todo o bom “senso comum” dos discursos demagogos passivo-agressivos e das falsas condescendências levando os a flor da pele; transformando o cenário em um verdadeiro purgatório. Com um “quê” existencialista que logo de cara me engatilhou na memória os diálogos e a trama de “Quem tem Medo de Virginia Woolf”, a referencia é obvia. É genial o modo como o filme se desenvolve, chega a ser quase catártico. O Deus da Carnificina é um filme que teria tudo para ser monótono, mas que surpreende o telespectador com tamanho interesse que desperta, uma vez que, é fácil a distinção de interesses em comum. É de fácil associação com o cotidiano vivido. E sem dúvida nenhuma, seria um prato cheio para Freud.
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Capitão Fantástico
4.4 2,7K Assista AgoraAssisti esse filme em família e as opiniões foram controversas.
É notável o modo como qualquer ideologia dissonante do modelo primado sobre o status quo, enraizado no senso comum e que vá de encontro e conteste seus paradigmas é tão precocemente deslegitimada e rejeitada ferozmente.
Genial a introdução de Lolita no desenvolver do roteiro, como modo de engatilhar uma referência esperta de realidade distante, porém análoga á própria história de Capitão Fantástico: o modo como vemos o filme com simpatia e complacência, já que ele é narrado sob a perspectiva de Ben, muito embora, os excessos de convicção aos quais os seus filhos eram submetidos, fosse uma forma de abuso, pois forçar a tradução de uma ideologia à realidade prática, privando-os do mundo social (que para além de qualquer crítica é o pilar que fundamenta uma sociedade) e de certo modo, privando-os das percepções desse mundo e da própria inteligencia emocional que se desenvolve na interação social, ainda que numa sociedade patética, configura sim uma arbitrariedade.
De todo modo, foi doloroso ver a falência de uma convicção, principalmente quando essa convicção abrange e rege tantos aspectos da vida de outrem... É assistir um fundamento ceder, apesar de toda sua boa intenção. Como disse antes, ideologias dissonantes, ao menos por hora, tornam-se frágeis em sua tradução à realidade, ainda mais quando postas de forma brusca ante às concepções do sistema social em vigor... O que se prova triste já que afasta grande parte de qualquer possibilidade de diversidade de outros modos de vida, que são ainda mais legítimos por sua essência.
Roteiro lindo e espirituoso, te transporta pro filme e você sente o amor e os receios dos excêntricos Cash e, por vezes, se pega esbaforida como se tivesse acabado de correr as florestas do Pacífico e desossar um cervo, ou, ainda, cantarolando Sweet Child O'Mine, quase que involuntariamente. Maravilhoso em tantos níveis! A trilha sonora tão extraordinária quanto o próprio filme. Lindo, legítimo e um verdadeiro aprendizado, como disse o meu pai, rs. Grata por ter visto em família!
Blind
3.7 123A realidade deixa muito à imaginação. E a verdade se inventa ou se encontra?
O Universo No Olhar
4.2 1,3KI think you're crazy, maybe I will see you in the next life.
O melhor filme que vi nos últimos tempos. Sem palavras e com um sentimento de outro mundo, epifania magnífica:
"Aquilo que na vida tem sentido, mesmo sendo qualquer coisa de mínimo, prima sobre algo de grande, porém isento de sentido."
Palo Alto
3.2 429cara, adoro besteirol adolescente (na maioria das vezes, por motivos de: vegetar, passar o tempo, sessão da tarde n tá boa hj e etc) mas Palo Alto é um s a c o, não consegui mais que meia hora de filme
Whiplash: Em Busca da Perfeição
4.4 4,1K Assista AgoraMãos ensanguentadas, suor e paixão - não necessariamente nessa ordem e totalmente fora do previsível.
Boyhood: Da Infância à Juventude
4.0 3,7K Assista AgoraSou fã da direção do Linklater, da realidade que ele impõe em cada um de seus filmes, das belas peripécias do cotidiano colocadas em tons de arte tão sutis... exatamente como acontece da vida real, sem chorumela. É como se a vida parasse por uns 2h48m para ser admirada e refletida, crua.
Filme dividido entre momentos bons, uns fantásticos (Ênfase ao desabafo da mãe com o desespero da iminência do fim dos protocolos pré-moldados à nossa vida... "and what's next? my fckn' funeral!") e outros, (me desculpem os eufóricos) dispensáveis.
E p*ta que pariu, esse Ethan Hawke é totalmente inacessível à artificialidade das câmeras, do mise-en-scène do roteiro! Dá a impressão de que não atua... Vive o filme! Tanto que não consigo dissociar a figura dele enquanto personagem do ator em si, e é como se essa impressão fosse alimentada de um filme para o outro, de forma tão coesa, que ele se constrói de forma fixa ao telespectador... O tipo de homem que se passa a vida idealizando!
De toda forma, uma baita experiência cinematográfica! Tão superior às referências que é quase que inalcançável às críticas.
*Só mais uma coisa: Arcade Fire, mais uma vez, arrasando nas trilhas sonoras.
Para Sempre Alice
4.1 2,3K Assista AgoraA prova de que não passamos de matéria orgânica, um mero acúmulo de experiências que se desgasta e degenera... E existe mal mais cruel que o Alzheimer?
Ninfomaníaca: Volume 1
3.7 2,7K Assista Agora"What if it's nasty?"
"Then you just think about the bag of chocolate sweeties."
Ela
4.2 5,8K Assista AgoraA “mecanização do sentimento” (vide as cartas pessoais escritas por terceiros) e o “sentimento da mecanização” (vide a emoção provida da máquina, a substância da tecnologia):
O primeiro, uma tendência crescente ao pragmatismo desenfreado e o segundo, uma hipótese totalmente ficcional. (acho lógico o ceticismo quanto à possibilidade do homem em prover características exclusivas da existência humana, por tecnologia, a uma máquina) mas a metáfora é fantástica, é tangível... Cria incontáveis paralelos com a realidade.
Quantos momentos maravilhosos neste filme! Quanto sentimento! Minha vontade seria de dissecar cada uma destas passagens, mas, na tentativa, acabaria que por divagar demais ao tentar transpor tais sensações em palavras e por fim, teria confeccionado um escrito que só teria sentido pra mim mesma. Portanto, privo todas as impressões aos limites da minha própria pele, e generalizo-as todas em: Cenas e diálogos de encher e transbordar os olhos.
(um adendo: The Moon Song é simplesmente um show à parte e não poderia deixar de dar ênfase especial às fotografias musicais... Simplesmente GENIAL)
Domésticas - O Filme
3.7 182É brilhante!
Temas e ideias complexas expostas de maneira tão acessível, tão leve! Determinismo, Freud, capitalismo (reinficação e hipostasiação), transvaloração dos valores e tantas outras referencias... Um filme tão simplório, tão fácil e com tantas facetas que é quase que paradoxal. As relações Superego x Ego, Ser x Estar... O sistema silencioso (e cruel) que nos rege, as metáforas MAGNIFICAS (visse a poltrona, o elevador, a ponte...), o sincretismo religioso, a dialética muito bem posta, os estereótipos “cara disso, cara daquilo”... Nada menos que genial. Belíssima coesão entre a passagem de uma cena à outra. A fotografia é rica e dá aquela vontade de voltar e voltar, pausar e observar a genialidade por trás de cada uma delas; nada está ali por acidente, tudo tem um contexto a ser dito e exposto. Fora a referência prévia e anunciante de Cidade de Deus "Meu nome não é Zé!"...
Elenco divino! Eu, particularmente, não imagino ninguém menos que Meirelles na direção de um filme ímpar como este, ninguém que o fizesse com tamanha maestria. O filme te presenteia com as mais diversas reflexões, restaura aquela sensação de que cada um de nós é, de fato, um universo.
De longe, um dos meus filmes brasileiros prediletos.
A Garota Ideal
3.8 1,2K Assista AgoraÉ de uma sensibilidade de outro mundo...
O modo como Lars transmite suas emoções para um ser inanimado, como um forma de lidar com as mesmas e portanto, talvez, amenizá-las, é genial. Ele acaba que por usar Bianca como um eufemismo para si mesmo - conferindo-lhe uma realidade irrevogável, hipostasiando-a no seu sentido mais pleno e, o mais importante, tornando-a sua própria catarse. Eufemismo posto no sentido de tornar seus conflitos psicológicos e emocionais mais palpáveis, mais suportáveis e mais digeríveis para si mesmo e para os outros... Um modo de encará-los de frente, em terceira pessoa, n'um outro... Isso foi, indiretamente, uma maneira de conhecer-se e entender-se.
É maravilhosa a comoção de todos os envolvidos, o modo como doaram-se à situação, concedendo ainda mais substancia à boneca... Saíram de suas zonas de conforto, deixaram a conveniência do ortodoxo e fizeram-se condescendentes, em busca de dar a um membro recluso da sua comunidade, uma chance de gozar plenamente da sua satisfação pessoal - que, por fim, acaba que se pluralizar - tornando-se, também, satisfatório aos demais ter a companhia de Bianca, acolhendo-a como parte de sua comunhão.
Alabama Monroe
4.3 1,4KO filtro onírico e nostálgico da fotografia, logo no incio do filme, é antológico. Que filme maravilhoso! De alguma forma, lembrou-me de Blue Valentine... Um sinônimo distante, talvez.
Através de um Espelho
4.3 249Impecável. Os cenários minimalistas são de uma expressividade de outro mundo! Uma fotografia de lhe encher e transbordar os olhos... As falas rompem os limites dos seus telespectadores e os viola e violenta de forma nada menos que torturante e deliciosa. É devorador...
Oh, Harriet... Tu és simplesmente um show á parte! A sinceridade ácida e desprovida de qualquer senso comum e "hipocrisia usual" por parte de David é cruel mas indispensável para a consistência do personagem e da trama. E seria crime deixar de citar a última cena, o diálogo entre David e Fredrik, que carrega consigo uma reflexão antológica e é de uma sensibilidade que lhe deixa sem fôlego, que chega a sufocar. A alma de Fredrik lhe é servida de bandeja; e pra mim este foi, sem dúvida, o ponto alto às unânimes 5 estrelas que ofereço a esta obra de arte.
Extremamente ansiosa para ver os demais da trilogia.
Sentidos do Amor
4.1 1,2KUma trama maravilhosa, catastrófica e poética, mas que deixa aquele inevitável sentimento de que poderia, sim, ser melhor desenvolvida. Pareceu meio vago o modo como os sentidos desapareciam, e mais superficial ainda, a nomenclatura que recebiam... A estória em si, é complexa, e merecia ter sido levada a um patamar mais alto, ter sido melhor "dissecada". Atuação simplesmente fantástica da Eva Green, que foi o "fator determinante" para ter tido algum interesse em assisti-lo, já que a tradução do nome é triste e completamente desestimulante: "Sentidos do Amor", pelo amor de Deus...
No mais, é um filme que, de certo, lembrarei a longo prazo.
Deus da Carnificina
3.8 1,4KEntupido de metáforas memoráveis. Um filme visceral; explicita que a racionalidade é circunstancial e frágil, e acima de tudo, subjetiva. A tensão é palpável, o embate entre alter egos e as oscilações que transparecem cada vez mais o id inerente aos personagens, mostra com destreza a tênue linha entre a ideal e a conveniente faceta sensata e o descontrole instintivo da natureza humana - que num instante despiu os personagens de todo aquele arquétipo sofisticado construído acerca dos casais de inicio, desnudando- os de todo o bom “senso comum” dos discursos demagogos passivo-agressivos e das falsas condescendências levando os a flor da pele; transformando o cenário em um verdadeiro purgatório. Com um “quê” existencialista que logo de cara me engatilhou na memória os diálogos e a trama de “Quem tem Medo de Virginia Woolf”, a referencia é obvia. É genial o modo como o filme se desenvolve, chega a ser quase catártico. O Deus da Carnificina é um filme que teria tudo para ser monótono, mas que surpreende o telespectador com tamanho interesse que desperta, uma vez que, é fácil a distinção de interesses em comum. É de fácil associação com o cotidiano vivido. E sem dúvida nenhuma, seria um prato cheio para Freud.