Um dos grandes problemas de Baby Driver é como o filme não vai um pouco mais a fundo na piração de mixar a música, a edição e as sequências de ação, que é o que de fato há de melhor neste filme de Edgar Wright. A direção de Wright é incrível, suas cenas de ações são energéticas e extremamente bem editadas com a música, aliado a isto, Wright cria planos sequências tornando uma simples caminhada divertida e giros de câmera pra criar toda uma atmosfera romântica em torno do casal principal que são ótimas. Contudo, não é o bastante pra se dizer que é uma originalidade absurdamente criativa e que se permita fechar os olhos para o clichê textual e alguns outros problemas.
A trama de Wright é óbvia demais, é uma sequência de assaltos a bancos aonde um protagonista se vê preso nessa vida criminal e refém nas mãos de um chefe do crime, dali a pouco o protagonista acha em uma parceira romântica um refúgio. Tudo incansavelmente explorado no cinema. Há um forte mal desenvolvimento de personagem em relação ao Doc interpretado pelo Kevin Spacey, aonde o personagem muda sua postura no terceiro ato por um motivo muito pouco convincente. Outro problema é a maneira que o Wright posiciona seus personagens em algumas cenas de ação no terceiro ato, que acaba sendo questionável, aqui ninguém se esconde atrás de um carro se não é figurante.
Em relação as atuações, o Kevin Spacey faz um vilão unilateral demais, mas que funciona; a Lily James também não faz nada que valhe um destaque, mas trabalha bem dentro do arquétipo da mocinha inocente que serve como refúgio; o John Hamm faz igualmente um bom trabalho interpretando um vilão com uma veia mais charmosa; e o Ansel Elgort faz um bom tímido e bondoso protagonista. Quem vale a o destaque é o Jamie Foxx, os traços de psicose e humor que ele confere ao seu personagem são ótimos.
Faltou entrar mais no frenesi de misturar a edição e a música, e claro, de escrever um texto menos preguiçoso.
Os empecilhos que fazem com que "Kong: A Ilha da Caveira" de Jordan Vogt-Roberts não seja interessante é, principalmente, seu texto mal escrito. Com uma estória bem simples, com argumento de John Gatins, e roteiro de Dan Gilroy, Max Borenstein e Derek Connolly, o grande male do filme é como metade da expedição que vai pra Ilha da Caveira são personagens completamente irrelevantes pra trama, principalmente os protagonistas James Conrad e Mason Weaver, não só irrelevantes, mas tomando decisões completamente questionáveis e forçadas no terceiro ato do filme. O que funciona no texto é o arco do Tenente-Coronel Preston Packard e seus soldados, que amargurado por prévias derrotas na guerra, vê em Kong a chance de provar a si mesmo como um militar.
O tom estabelecido no filme também é caricato demais, Vogt-Roberts prefere botar uma mão pesada em uma comédia completamente forçada, e se esquece de colocar a comoção e o sentimento, vide como os personagens concebem a existência de Kong - até então uma criatura desconhecida, - como algo completamente normal em questão de segundos.
Entretanto, a parte técnica do diretor impressiona. Aqui as cenas de ação e lutas do Kong são um espetáculo visual, com Vogt-Roberts manipulando a câmera e criando uma dinâmica absurda com variados movimentos e planos. O visual ainda enriquece com efeitos especiais belíssimos e uma fotografia maravilhosa de Larry Gong, usando uma extensa paleta de cores e uma saturação gritante que transita entre homenagear os filmes de guerra e trazer o fantástico para a experiência.
No que tange as atuação, é tudo extremamente limitado. Tom Hiddleston e Brie Larson estão dissimulados demais, são as grandes decepções; Já Samuel L. Jackson está unilateral demais, mas funciona dentro da proposta do personagem; John C. Reilly está bem como um cômico veterano; e John Goodman também cumpre um bom papel como um obcecado oficial de expedições. Tudo bem dentro da caixa.
Em um balanço geral, é um filme visualmente incrível, mas enfraquecido por um roteiro desleixado e mal desenvolvimento de personagens.
Com a proposta de ser um filme de ação simples e despretensioso, "De Volta Ao Jogo" de Chad Stahelski e David Leitch é um filme que carece de substância textual para que o torne minimamente interessante.
Há de se dizer que o visual e a direção são ótimos. As sequências de ação de Stahelski e Leitch são bem coreografadas, John Wick assassinando os capangas um por um sob os cortes e ligeiros movimentos da câmera é um visual expressivo. A fotografia de Jonathan Sela possui tons azuis escuros e uma paleta neon que invocam a frieza do personagem e o mundo criminoso que o permeia.
O Keanu Reeves está completamente engessado, mas não é um problema, uma vez que é um personagem frio e que dispensa um trabalho provido de dramatização, é uma atuação cabível. O Michael Nyqvist está fazendo um bom papel, trazendo uma figura que possui influência e ao mesmo tempo inseguranças. Já o Williem Dafoe está bem limitado e esquecível devido ao roteiro.
E o que não funciona aqui é o roteiro. O único conceito do texto de Derek Kolstad que carrega alguma autenticidade é o hotel que abriga criminosos, aqui existe uma interessante tirada cômica ao se institucionalizar o crime e aplicar regras aos criminosos. Mas, infelizmente, o conceito não sustenta a pobrice da trama em todos os seus outros aspectos, com uma estória clichê sobre um assassino que procura vingança contra uma máfia russa.
Um bom visual para um filme vazio e necessitado de autenticidade.
A fim de narrar a última jornada de Wolverine, "Logan" de James Mangold finalmente faz jus a toda grandeza do personagem. Com o argumento assinado pelo próprio Mangold, e na companhia de Scott Frank e Michael Green no roteiro, aqui há uma ótima estória de road movie com um peso melancólico, íntimo e feroz. Elementos como os experimentos, passados traumáticos, mutantes quase extintos, paternidade e futuro distópico, formam uma potente estória para a última jornada do personagem.
Mangold traz belos planos e travellings que dão um significado inspirador pra dor dos personagens. Outro aspecto incrível da direção são suas cenas de ação com poucos cortes, criando sequências viscerais, orgânicas e significativas pra ferocidade de Logan e X-23. Ainda no aspecto visual, as cores quentes da fotografia invoca peso em um misto de road movie e faroeste moderno
As atuações estão estonteantes. Hugh Jackman faz o melhor papel na pele do personagem, a depressão de seu olhar e suas expressões corporais, faz da atuação um trabalho dolorosamente magnífico. Com Patrick Stewart ocorre o mesmo, também em sua melhor atuação do personagem, os devaneios de sua enfermidade são personificados de maneira assustadoramente real por olhares perdidos e voz embargada. Outros que se destacam com ótimas atuações é a Dafne Keen, em uma atuação quase inteiramente silenciosa, a atriz traz a introspectividade e a fúria sob a luz dos traumas da personagem; e Boyd Holbrook, trazendo um tom de ameaça em suas posturas debochadas.
"Logan" é ao mesmo tempo brutal e de um grande peso emocional, desmantela as convenções de super-heróis e desemboca em uma grande estória dentro do gênero.
Em "X-Men 2", Bryan Singer traz uma ótima história de superheróis que redime a franquia do texto mal apurado do primeiro filme. Singer, junto de seu time de roteiristas, exploram a luta pela sobrevivência dos mutantes de uma maneira muito bem narrada e amarrada. Todas as camadas do filme funcionam, conversam entre si e desembocam em algo maior no final, seja o passado de Wolverine, o contínuo choque de ideias entre Professor Xavier e Magneto, e as investidas diabólicas de Stryker.
As cenas de ação são um espetáculo visual, o trabalho dispara em relação ao seu antecessor, a maneira como Singer manipula a câmera para aproveitar o máximo das habilidades dos personagens é incrível.
As atuações também estão bem melhores. Os destaque são Hugh Jackman que consegue trazer a ferocidade de Wolverine; Alan Cumming que dá toda a tonalidade religiosa e tímida de Noturno; Patrick Stewart e Ian McKellen, um como um sábio mentor e o outro como uma figura ameaçadora e irônica. O resto do elenco se sai muito bem.
Outro aspecto que continua ótimo como era em seu antecessor é a fotografia de Newton Thomas Sigel.
É um filme que faz jus ao tema central da franquia e acaba por ser um grande e legítimo filme de super-herói.
Com um bom argumento sobre os conflitos entre mutantes e não-mutantes, e a briga ideológica entre os mutantes em si, o "X-Men" de Bryan Singer é um filme que sofre pelo texto mal escrito . A começar que existe uma quantidade muito grande de personagens em tela com pouco desenvolvimento, todos são jogados sem o mínimo de preocupação em narrar as particularidades pessoais de cada um. Como se não bastasse, existem buracos no roteiro, Singer e o roteirista David Hayter não parecem se preocuparem tanto em explicar as coisas, é o que ocorre com as infiltrações de Mística e a máquina radioativa milagrosa de Magneto.
A própria direção de Singer é irregular, apesar de bons movimentos de câmera e algumas imersivas cenas de ação, há outras que desrespeitam a física.
As atuações são aceitáveis na medida que o roteiro não da muito espaço. O Hugh Jackman faz um bom e convincente papel como alguém que se sente um tanto isolado e desconfiado, mas ao mesmo tempo é uma personificação que fica devendo para a grandeza do personagem na cultura pop; o Patrick Stewart funciona como um mentor que possui sabedoria sobre a causa dos mutantes; a Anna Paquin está bem e entrega uma certa desolação e confusão sobre si; a Famke Janssen e o James Marsden estão completamente esquecíveis; a Halle Berry, apesar de pouco tempo em tela, está terrivelmente canastrona. O único que realmente se destaca em uma ótima atuação é o Ian McKellen, existe um tom ameaçador, irônico e até charmoso em sua trabalho.
Um trabalho muito bom que é realizado no filme é a fotografia de Newton Thomas Sigel, na utilização de cores que mudam conforme o ambiente e a utilização das sombras para momentos de ameça.
"X-Men" está longe de ser ruim, mas é uma lástima que os problemas de escrita o faça esquecível.
Dirigido e escrito por Jordan Peele, "Corra!" é um horror com uma ótima crítica social ao racismo da classe média branca estadunidense, e está direcionado principalmente para a sua parcela liberal, votante de Obama e admiradora de jogadores negros. Na construção deste racismo que se mostra de forma velada, o ambiente vai se tornando em uma atmosfera sinistra, e Peele coloca seu protagonista em um terreno completamente hostil. O diretor vai criando o horror, o drama, e até inserindo doses de humor para dar corpo a esta atmosfera, e tudo fica perfeitamente balanceado. A direção de Peele é intrínseca e magnífica no estabelecimento da tonalidade do filme, o diretor usa alguns fantásticos travellings, viradas de eixo, câmera na mão e primeiríssimo-planos, criando uma direção que estabelece o mistério e deixa o telespectador íntimo dos personagens. A fotografia assinada por Toby Oliver também é impecável, usando cores quentes e belos contra-luzes pra contrastar com um ambiente desconfortável, e fortes tons azulados para atribuir um tom mais fantástico. Daniel Kaluuya está estonteante, o ator consegue transmitir todo o desconforto e desconfiança que o personagem tem por este ambiente, e o seu trabalho com as expressões faciais é inacreditável. Isso vale para a Allison Williams, maravilhosa neste mesmo aspecto. "Corra!" é uma bela crítica que transforma o horror real que é o racismo em um horror genuíno de cinema.
Tematicamente, "Lolita" era um filme controverso em seu tempo e ainda soa severo nos dias de hoje. Com o roteiro escrito por Vladimir Nabokov, e baseado no romance escrito pelo mesmo, Kubrick adentra um terreno espinhoso de uma relação amorosa inusual. Kubrick consegue transmitir as manipulações, desejos e angústias de um homem a beira dos quarenta anos que possui uma fixação por uma garota de catorze anos de idade, e durante a narrativa consegue muito bem desvendar os anseios dos personagens gradativamente. Todas as atuações resultam em trabalhos incríveis. James Mason entrega a obcecação e fragilidade que seu personagem possui; Sue Lyon tem todo o misto de inocência e libidinosidade que o contexto de sua personagem pede; Shelley Winters tem a carência e é completamente temperamental; e por fim, o Peter Sellers esta não menos do que extraordinário, cada vez que aparece ele domina a mise-en-scène, ora de maneira jocosa, ora misteriosa, ora com elegância. O único elemento que despotencializa o filme é o humor que Kubrick instaura em sua narrativa, que funciona apenas em determinados momentos. Funciona ao imiscuir a personalidade estranha e jocosa de Clare Quilty, usando o humor como algo desconcertante e provocativo para Humbert. Por outro lado, Kubrick tenta inserir humor nas cenas em que Humbert está flertando ou prestes a cometer abusos, o que acaba sendo excessivamente constrangedor e fora de tom. "Lolita" tem derrapadas no tratamento do tema, mas é sólido ao entregar um estudo sobre uma obsessão envolvendo pedofilia.
Em "Spartacus", Kubrick traz pra mesa um épico sobre a luta pela liberdade que os escravos precisam enfrentar contra Roma. Kubrick juntamente do roteiro escrito por Dalton Trumbo, baseado no romance de Howard Fast, trazem três aspectos que juntos compõe a grandeza do filme: A trágica situação dos escravos serem forçados a se enfrentarem para o entretenimento dos imperialistas; a transição política e os conflitos internos de Roma que vem a refletir o pensamento imoral dos imperialistas; e a rebelião e convicção dos escravos sob um forte líder como Spartacus. Todos estes elementos formam uma forte estória que pondera o domínio do homem sobre o homem. Spartacus é um personagem que ganha mais de uma camada com a ótima atuação do Kirk Douglas, sentimos como Douglas transmite raiva através de seu olhar, mas também a gentileza e a compaixão quando perto de outros escravos e de seu par romântico. Laurence Olivier e Charles Laughton são outros que entregam ótimas atuações. Olivier tem sutileza e crueldade, enquanto que Laughton, sarcasmo e consciência. O filme potencializa sua qualidade com seu visual absurdamente maravilhoso. Kubrick domina com precisão a escala do filme, com enquadramentos que embelezam os cenários rurais e romanos, e sequências de batalhas que imergem o telespectador nesta escala. O trabalho de fotografia é impecavelmente lindo, Russell Metty suscita sombras, cores quentes, diferentes cores misturadas, opacidade em certos momentos, e brilho em outros. O resultado de "Spartacus" é luxuoso, emocionante e uma linda mensagem moral.
Não há como negar que, em "A Princesa e o Plebeu", William Wyler incorpora uma agradável leveza e simpatia em cima do roteiro de Dalton Trumbo e John Dighton. Wyler e os roteiristas caminham em uma história de amor impossível entre uma princesa e um plebeu de apartamento, e um cômico jogo de fingimento entre os personagens na qual encanta com muita facilidade devido as atuações de Gregory Peck e da Audrey Hepburn. Peck faz um ótimo trabalho entregando um personagem que não se limita ao clássico cavalheiro, mas que oscila entre o insensível e o amável. E Hepburn está maravilhosa e dominando em tela, existe em seus gestos a inocência, a comicidade, a elegância e a bondade. Outro ponto positivo são os planos lindíssimos de Wyler sobre as locações romanas. O problema que afeta a narrativa do filme é a sua falta de verossimilhança quando ele precisa lidar com a personagem de Hepburn se disfarçando durante toda a trama, aonde Wyler e os roteiristas ignoram que uma princesa mundialmente conhecida seria facilmente reconhecida nas ruas. Os poucos mecanismos utilizados são muito pouco críveis e quebrados em momentos convenientes. Daí, então, que "A Princesa e o Plebeu" apesar de gracioso em certos aspectos, tem uma narrativa muito indulgente e inconsistente.
A maneira como Shyamalan se utiliza de maneira exagerada o conceito de TDI para construir sua mitologia é uma grande sacada. Com seu texto, Shyamalan vai passeando pela descoberta do potencial do TDI, e nisto, mescla com a mitologia e passados misteriosos. Tudo de maneira bem amarrada. A ambientação de Shyamalan é certeira, o tom de claustrofobia e o mistério ficam muito bem ambientados, principalmente com seu trabalho de câmera que fica constantemente passando por câmeras subjetivas e close-ups. As atuações também são um grande motor no filme, o conceito de TDI ganha um ótimo level com James McCvoy, que dá gestos e vozes particulares para cada uma das facetas de seu personagem. Anya Taylor-Joy é outra que faz um grande trabalho dando o desespero e o auto-controle que o roteiro pede. É um horror sincero, autêntico e cheio de substância.
De primeira vista, La La Land pode parecer apenas mais um musical, mas o texto de Damien Chazelle possui camadas suficientes pra dizer o contrário. É um filme que procura descontruir a vida tão simples e bela que Hollywood pinta e transborda, éum filme até crítico, demonstra que as dificuldades a serem enfrentadas são muito maiores do que aparenta e o sentimento de impotência perante essas situações se faz presente, desde a frustrações até conciliar um romance entre duas pessoas que almejam sonhos diferentes. Esse sentimento esta carregado nas atuações. Ryan Goslyn faz um bom papel como um músico tradicionalista e de alivio cômico, e a Emma Stone domina em tela, passando toda a fragilidade, emoçao e decepções que o filme propõe. A química entre ambos é simplesmente energética e sincera. A parte técnica é um vislumbre fantástico, os movimentos de câmera de Damien Chazelle consiste em vários truques que engrandece as cenas, assim como seus plano-sequências extraordinários. As densas cores azuis e quentes que se encontram no filme conferem todo o ar retrô otimista dos musicais mais antigos, assim como as belas melodias da trilha sonora de Justin Hurwitz. É um filme belo, emocionante, nostálgico e profundo.
É inegável o impacto que a narrativa inovadora de D.W. Griffth significou pro cinema, os cortes e os enquadramentos é de um visual assustadoramente incrível e inspirador pra época , assim como a fotografia de G. W. Bitzer, que usa constantemente as cores pra anunciar a atmosfera das cenas. Porém, é um reconhecimento que de maneira alguma pode aliviar o conceito desastroso que a obra representa. A obra em si é uma adaptação de um livro racista, e tudo que Griffth coloca em tela é uma catástrofe imoral, aonde os negros são representados em sua maioria como bêbados, arruaceiros, estupradores e desleixados. Griffth manipula constantemente pra fazer com que os ideias abolicionistas dos nortenhos é coisa de maluco, enquanto os sulistas são a representação das famílias ponderadas, e sugere que é necessário que haja uma união do norte e do sul para que se mantenha a supremacia branca. A deturpação da história é alarmante, no filme de Griffth, Ku Klux Klan são heróis da nação. Não há técnicas inovadoras no mundo com que faça que esta seja uma obra tragável, pois é um dos filmes mais repugnantes da história do cinema.
O que Kubrick entrega é um noir sem uma grande genialidade, é uma estória simples, mas efetiva e genuína dentro de sua proposta. Constrói seu noir sobre estes personagens solitários que acabam se encontrando pelo acaso, e encontra dentro desta proposta uma rede de obsessão e fuga. O que impressiona no filme são algumas técnicas de Kubrick, algumas planos engenhosos colocando mais de uma coisa acontecendo na tela, planos abertos filmados de cima e sequências de lutas. São todos aspectos incríveis da câmera de Kubrick. A fotografia assinada pelo mesmo também enriquece o visual, com tons mais claros em certos momentos, e com belos contrastes que acertam o tom noir do filme. As atuações de forma geral funcionam, com um destaque somente pra boa atuação do Frank Silvera como o motor de obsessão do filme. É um Kubrick menor, mas que ainda rende.
O filme é uma análise sobre o estilo de vida alheio á sociedade capitalista e consumista, porém, o texto de Matt Ross procura fazer ponderações sobre os pontos positivos e negativos de você viver essa vida de forma muita extrema. É um texto cuidadoso, que pincela como os personagens sabem lidar com a intelectualidade, ao mesmo tempo que não conseguem se relacionar com pessoas comuns. Ross é feliz ao construir estes contrastes dos estilos de vida ao colocar a família do protagonista junto a outros familiares que vivem a vida conforme o sistema. E claro, dentro desta análise, temos uma relação linda de paternidade. Viggo Mortensen está excelente, seu papel como um líder forte e idealista impressiona, as atuações de todas as crianças do elenco estão ótimas com seus carismáticos e particulares personagens. A fotografia de Stéphane Fontaine é um deleite, com alto brilho e contraluzes que ficam lindíssimos nos enquadramentos de Ross. É um filme lindo, que trazem elementos frescos pra esses filmes de estilo de vida alternativo.
O filme em termos de estrutura é um clássico coming-of-age, e se preocupa com questões como crise de identidade, solidão e até mesmo um pouco de narcisismo. No que tange a desenvolver os laços, a Kelly Fremon Craig arquiteta uma narrativa um tanto quadrada, sem tantos elementos autênticos, e isso é perceptível desde a relação da protagonista com o nerd sendo exposto de escanteio, o irmão babaca e o garoto dos sonhos. Com tudo, há a sua pequena dose de autenticidade, a maneira como sua crise é de fato despertada pela perda de sua amiga para o seu irmão. E claro, a relação excêntrica em que se desenvolve com o professor de sua escola. São bons elementos. A atuação da Hailee Steinfeld está ótima, é um deleite vê-la se entregar a estas crises emocionais e a sua insegurança. A direção da Craig é um pouco mais televisa, o que se enquadra com o tema do filme. É um coming-of-age interessante, com bons momentos de humor.
Jeff Nichols traz um filme lindo e tocante de uma batalha judicial que representa uma busca pela libertação da época de um EUA segregacionista. A narrativa de Nichols é intrínseca, com um texto que aborda as consequências violentas ao tirar dessa liberdade dos indivíduos, seu lar e sua familia. Passeia e pondera os valores morais de discursos fundamentalistas. É um filme silencioso e com um tom profundamente melancólico, principalmente carregado nas atuações maravilhosas. Joel Edgerton faz um personagem retraído e temeroso, enquanto a Ruth Negga faz uma personagem que através do olhar passa uma tristeza enorme. A atuação da Terri Abney como um familiar que sente o peso desse drama também é ótimo. Esse mesmo tom melancólico está nos planos fechados de Nichols, sempre preocupado em nos colocar próximo daqueles personagens. Paralelamente, a trama judicial é muito bem resolvida e a fotografia de Adam Stone é boa em retratar o clima de Virginia. É um lindo filme que vem a retratar mais um período negativo sobre como o Estado violou gravemente o direito das pessoas negras.
O filme é claramente um emaranhado de clichês do gênero de espionagem. Primeiro, os pontos positivos. O filme de Robert Zemeckis e o texto de Steven Knight até conseguem desenvolver uma boa relação entre os protagonistas, com uma atuação boa da Marion Cotillard como uma espiã cheia de nuances em enganar os alemães, e apesar de um Brad Pitt esquecível durante todo o filme, reagindo da mesma forma perante todos os acontecimentos. As cores quentes e frias da fotografia de Don Burgess também é efetivo em retratar o estado emocional dos personagens e nos colocar dentro do período em que o filme se passa, assim como a plasticidade da direção de Zemeckis com bons enquadramentos. A partir daí, o filme desemboca nos elementos óbvios. Toda a narrativa que caminha pela descoberta de um amor na relação entre os espiões, e futuramente, uma desconfiança sobre a personagem de Cotillard ser na verdade uma espiã alemã, e com isto forçar o personagem de Pitt a desvendar este mistério, é tudo um emaranhado de ideias recicladas do gênero. Daí então que o filme de Zemeckis é completamente desinteressante e preguiçosamente escrito por Knight.
É uma clássica jornada do herói, ao mesmo tempo que é revigorante como Ron Clements e John Musker adentram a cultura da polinésia para contar uma ótima estória cheia de elementos mitológicos, usando personagens cativantes e saindo novamente do terreno da clássica princesa para uma mais audaciosa. O trabalho de dublagem é encantador, a Auli'i Cravalho confere, como eu disse anteriormente, audaciosidade para Moana; Dwayne Johnson confere egocentrismo para o semi-deus Maui; por fim, Jemaine Clement traz um charme narcisista para o Tamatoa, o caranguejo-dos-coqueiros. As canções são divertidíssimas, sensíveis, e trazem bastante do ritmo e da música tradicional da polinésia misturado com o pop, tudo muito belo nas vozes dos dubladores originais. Possui um visual assustadoramente fantástico, as cores estão todas muito vivas na tela. Tudo possui um grande grau naturalista e verdadeiro, sejam os cabelos, as expressões faciais, o mar e as paisagens tropicais. É uma aventura que encontra na jornada, na mitologia e nos perigos enfrentados por Moana, sua autenticidade e sua diversão.
Um belo filme sobre a relação entre pais e filhos. Maren Ade esboça de maneira muita orgânica um pai que deseja profundamente a felicidade da filha, e neste texto, Ade também abre espaço pra questionar a vida como um todo, indaga se esta mesma vida está sendo vivida de maneira automática. Ade nos coloca dentro dessa relação com planos médios e fechados que valorizam muito os personagens, sempre com um tom cômico intervindo, o filme nunca perde sua dramaticidade e sua proposta. É dentro deste humor que o filme se preza a fazer chacota da vida superficial dos grandes empresários. As atuações de Peter Simonischek e da Sandra Hüller estão fantásticas. É um filme muito bonito, que acha no seu humor uma reflexão muito bem narrada. Nota: 8/10 (Ótimo)
Divido em 3 excelentes partes, o extraordinário do filme vem em fazer recortes da vida do personagem que remetem somente a descoberta de si mesmo, usando diálogos e silêncios de maneira impecável. Na belíssima direção de Barry Jenkins, o diretor faz cortes abruptos daquilo que não diz sobre a descoberta do protagonista, anunciando, assim, sua intenção de uma análise de personalidade. O modo como o Jenkins usa a câmera é excelente, usando-á muitas vezes na mão e fazendo movimentos inspiradíssimos. As atuações são formidáveis em suas cargas emocionais. Alex Hibbert, Ashton Sanders, Mahershala Ali e André Holland estão ótimos, enquanto Trevante Rhodes e Naomie Harris estão maravilhosos. A ótima fotografia de James Laxton transita em tons mais naturalistas e outros tons mais fortes que dão o ar poético do filme. Moonlight é lindíssimo, engenhoso, tocante e corajoso. Nota: 9/10 (Excelente)
A atmosfera e a maneira como o filme desvenda seu objeto de estudo o torna amedrontador. Robert Eggers se assume um crítico mordaz, e dentro de toda sua simbologia usa o filme para analisar a opressão religiosa com seus dogmas, o conceito de libertação e o pensamento fundamentalista enraizado na formação da América. E aqui é aonde desabrocha a maravilhosa genialidade de Eggers, tudo que é colocado em tela é uma metáfora brilhante que olha pra esta estrutura de pensamento tão agressiva. O tom do filme tem uma forte densidade, a sensação de podreira é constante na fotografia cinza, escura, quase morta de Jarin Blaschke sobre os enquadramentos poéticos de Eggers. Outro elemento que reforça o tom é a trilha sonora sinistra e retorcida de Mark Korven. As atuações são todas muito boas, com destaque á Anya Taylor-Joy. Robert Eggers entrega o puro cerne do horror. Nota: 10/10 (Excelentíssimo)
É um filme que aborda temas já bastante explorados no cinema, mas tem o seu toque especial no desenvolvimento de uma personalidade rabugenta, metódica e suicída. Tudo com um humor certeiro. A narratíva do filme é bem fluída, a relaçao que Hannes Holm constrói entre o protagonista - em uma atuação muito boa do Rolf Lassgård - e os personagens de apoio, são pontos que conferem a sua leve autenticidade. Assim como os seus flashbacks no desenvolver da relação com sua esposa. Possui alguns enquadramentos muito bonitos do Hannes Holm, assim como há uma fotografia de Göran Hallberg com tons mais frios que conferem o estado emocional do personagem e o tom cômico do filme. É uma sessão da tarde bem honesta. Nota: 7/10 (Bom)
É um filme frio e realista, até certa parte, aonde Kenneth Lonergan narra sobre machucar as pessoas e conviver com o arrependimento. Essa atmosfera é facilmente captada pela fotografia mais limpa de Jody Lee Lipes e a câmera estática, quase sem vida, do Lonergan. Kyle Chandler está muito bom, mas Casey Affleck e a Michelle Williams estão fabulosos, um quase morto de tanta amargura e a outra despedaçada emocionalmente Porém, o filme tem problemas. Um deles é como filme resolve como o personagem de Lucas Hedges lida com a perda. Sua indiferença (propositalmente) é inorgânica, ao contrário do personagem de Affleck, e isto afeta grande parte do desenvolvimento dos personagens. Aliado a isto, há cenas que não contribuem em nada com o elemento do argumento principal. O que sobra do filme de Lonergan é só boa intenção, se ele oferece momentos duros sobre a vida, ele oferece momentos irreais e irrelevantes por outro lado. Nota: 6/10 (Irregular)
Em Ritmo de Fuga
4.0 1,9K Assista AgoraUm dos grandes problemas de Baby Driver é como o filme não vai um pouco mais a fundo na piração de mixar a música, a edição e as sequências de ação, que é o que de fato há de melhor neste filme de Edgar Wright.
A direção de Wright é incrível, suas cenas de ações são energéticas e extremamente bem editadas com a música, aliado a isto, Wright cria planos sequências tornando uma simples caminhada divertida e giros de câmera pra criar toda uma atmosfera romântica em torno do casal principal que são ótimas.
Contudo, não é o bastante pra se dizer que é uma originalidade absurdamente criativa e que se permita fechar os olhos para o clichê textual e alguns outros problemas.
A trama de Wright é óbvia demais, é uma sequência de assaltos a bancos aonde um protagonista se vê preso nessa vida criminal e refém nas mãos de um chefe do crime, dali a pouco o protagonista acha em uma parceira romântica um refúgio. Tudo incansavelmente explorado no cinema.
Há um forte mal desenvolvimento de personagem em relação ao Doc interpretado pelo Kevin Spacey, aonde o personagem muda sua postura no terceiro ato por um motivo muito pouco convincente.
Outro problema é a maneira que o Wright posiciona seus personagens em algumas cenas de ação no terceiro ato, que acaba sendo questionável, aqui ninguém se esconde atrás de um carro se não é figurante.
Em relação as atuações, o Kevin Spacey faz um vilão unilateral demais, mas que funciona; a Lily James também não faz nada que valhe um destaque, mas trabalha bem dentro do arquétipo da mocinha inocente que serve como refúgio; o John Hamm faz igualmente um bom trabalho interpretando um vilão com uma veia mais charmosa; e o Ansel Elgort faz um bom tímido e bondoso protagonista. Quem vale a o destaque é o Jamie Foxx, os traços de psicose e humor que ele confere ao seu personagem são ótimos.
Faltou entrar mais no frenesi de misturar a edição e a música, e claro, de escrever um texto menos preguiçoso.
Kong: A Ilha da Caveira
3.3 1,2K Assista AgoraOs empecilhos que fazem com que "Kong: A Ilha da Caveira" de Jordan Vogt-Roberts não seja interessante é, principalmente, seu texto mal escrito.
Com uma estória bem simples, com argumento de John Gatins, e roteiro de Dan Gilroy, Max Borenstein e Derek Connolly, o grande male do filme é como metade da expedição que vai pra Ilha da Caveira são personagens completamente irrelevantes pra trama, principalmente os protagonistas James Conrad e Mason Weaver, não só irrelevantes, mas tomando decisões completamente questionáveis e forçadas no terceiro ato do filme. O que funciona no texto é o arco do Tenente-Coronel Preston Packard e seus soldados, que amargurado por prévias derrotas na guerra, vê em Kong a chance de provar a si mesmo como um militar.
O tom estabelecido no filme também é caricato demais, Vogt-Roberts prefere botar uma mão pesada em uma comédia completamente forçada, e se esquece de colocar a comoção e o sentimento, vide como os personagens concebem a existência de Kong - até então uma criatura desconhecida, - como algo completamente normal em questão de segundos.
Entretanto, a parte técnica do diretor impressiona. Aqui as cenas de ação e lutas do Kong são um espetáculo visual, com Vogt-Roberts manipulando a câmera e criando uma dinâmica absurda com variados movimentos e planos. O visual ainda enriquece com efeitos especiais belíssimos e uma fotografia maravilhosa de Larry Gong, usando uma extensa paleta de cores e uma saturação gritante que transita entre homenagear os filmes de guerra e trazer o fantástico para a experiência.
No que tange as atuação, é tudo extremamente limitado. Tom Hiddleston e Brie Larson estão dissimulados demais, são as grandes decepções; Já Samuel L. Jackson está unilateral demais, mas funciona dentro da proposta do personagem; John C. Reilly está bem como um cômico veterano; e John Goodman também cumpre um bom papel como um obcecado oficial de expedições. Tudo bem dentro da caixa.
Em um balanço geral, é um filme visualmente incrível, mas enfraquecido por um roteiro desleixado e mal desenvolvimento de personagens.
John Wick: De Volta ao Jogo
3.8 1,8K Assista AgoraCom a proposta de ser um filme de ação simples e despretensioso, "De Volta Ao Jogo" de Chad Stahelski e David Leitch é um filme que carece de substância textual para que o torne minimamente interessante.
Há de se dizer que o visual e a direção são ótimos. As sequências de ação de Stahelski e Leitch são bem coreografadas, John Wick assassinando os capangas um por um sob os cortes e ligeiros movimentos da câmera é um visual expressivo. A fotografia de Jonathan Sela possui tons azuis escuros e uma paleta neon que invocam a frieza do personagem e o mundo criminoso que o permeia.
O Keanu Reeves está completamente engessado, mas não é um problema, uma vez que é um personagem frio e que dispensa um trabalho provido de dramatização, é uma atuação cabível. O Michael Nyqvist está fazendo um bom papel, trazendo uma figura que possui influência e ao mesmo tempo inseguranças. Já o Williem Dafoe está bem limitado e esquecível devido ao roteiro.
E o que não funciona aqui é o roteiro. O único conceito do texto de Derek Kolstad que carrega alguma autenticidade é o hotel que abriga criminosos, aqui existe uma interessante tirada cômica ao se institucionalizar o crime e aplicar regras aos criminosos. Mas, infelizmente, o conceito não sustenta a pobrice da trama em todos os seus outros aspectos, com uma estória clichê sobre um assassino que procura vingança contra uma máfia russa.
Um bom visual para um filme vazio e necessitado de autenticidade.
Logan
4.3 2,6K Assista AgoraA fim de narrar a última jornada de Wolverine, "Logan" de James Mangold finalmente faz jus a toda grandeza do personagem. Com o argumento assinado pelo próprio Mangold, e na companhia de Scott Frank e Michael Green no roteiro, aqui há uma ótima estória de road movie com um peso melancólico, íntimo e feroz. Elementos como os experimentos, passados traumáticos, mutantes quase extintos, paternidade e futuro distópico, formam uma potente estória para a última jornada do personagem.
Mangold traz belos planos e travellings que dão um significado inspirador pra dor dos personagens. Outro aspecto incrível da direção são suas cenas de ação com poucos cortes, criando sequências viscerais, orgânicas e significativas pra ferocidade de Logan e X-23. Ainda no aspecto visual, as cores quentes da fotografia invoca peso em um misto de road movie e faroeste moderno
As atuações estão estonteantes. Hugh Jackman faz o melhor papel na pele do personagem, a depressão de seu olhar e suas expressões corporais, faz da atuação um trabalho dolorosamente magnífico. Com Patrick Stewart ocorre o mesmo, também em sua melhor atuação do personagem, os devaneios de sua enfermidade são personificados de maneira assustadoramente real por olhares perdidos e voz embargada. Outros que se destacam com ótimas atuações é a Dafne Keen, em uma atuação quase inteiramente silenciosa, a atriz traz a introspectividade e a fúria sob a luz dos traumas da personagem; e Boyd Holbrook, trazendo um tom de ameaça em suas posturas debochadas.
"Logan" é ao mesmo tempo brutal e de um grande peso emocional, desmantela as convenções de super-heróis e desemboca em uma grande estória dentro do gênero.
X-Men 2
3.5 783 Assista AgoraEm "X-Men 2", Bryan Singer traz uma ótima história de superheróis que redime a franquia do texto mal apurado do primeiro filme. Singer, junto de seu time de roteiristas, exploram a luta pela sobrevivência dos mutantes de uma maneira muito bem narrada e amarrada. Todas as camadas do filme funcionam, conversam entre si e desembocam em algo maior no final, seja o passado de Wolverine, o contínuo choque de ideias entre Professor Xavier e Magneto, e as investidas diabólicas de Stryker.
As cenas de ação são um espetáculo visual, o trabalho dispara em relação ao seu antecessor, a maneira como Singer manipula a câmera para aproveitar o máximo das habilidades dos personagens é incrível.
As atuações também estão bem melhores. Os destaque são Hugh Jackman que consegue trazer a ferocidade de Wolverine; Alan Cumming que dá toda a tonalidade religiosa e tímida de Noturno; Patrick Stewart e Ian McKellen, um como um sábio mentor e o outro como uma figura ameaçadora e irônica. O resto do elenco se sai muito bem.
Outro aspecto que continua ótimo como era em seu antecessor é a fotografia de Newton Thomas Sigel.
É um filme que faz jus ao tema central da franquia e acaba por ser um grande e legítimo filme de super-herói.
X-Men: O Filme
3.5 903 Assista AgoraCom um bom argumento sobre os conflitos entre mutantes e não-mutantes, e a briga ideológica entre os mutantes em si, o "X-Men" de Bryan Singer é um filme que sofre pelo texto mal escrito . A começar que existe uma quantidade muito grande de personagens em tela com pouco desenvolvimento, todos são jogados sem o mínimo de preocupação em narrar as particularidades pessoais de cada um. Como se não bastasse, existem buracos no roteiro, Singer e o roteirista David Hayter não parecem se preocuparem tanto em explicar as coisas, é o que ocorre com as infiltrações de Mística e a máquina radioativa milagrosa de Magneto.
A própria direção de Singer é irregular, apesar de bons movimentos de câmera e algumas imersivas cenas de ação, há outras que desrespeitam a física.
As atuações são aceitáveis na medida que o roteiro não da muito espaço. O Hugh Jackman faz um bom e convincente papel como alguém que se sente um tanto isolado e desconfiado, mas ao mesmo tempo é uma personificação que fica devendo para a grandeza do personagem na cultura pop; o Patrick Stewart funciona como um mentor que possui sabedoria sobre a causa dos mutantes; a Anna Paquin está bem e entrega uma certa desolação e confusão sobre si; a Famke Janssen e o James Marsden estão completamente esquecíveis; a Halle Berry, apesar de pouco tempo em tela, está terrivelmente canastrona. O único que realmente se destaca em uma ótima atuação é o Ian McKellen, existe um tom ameaçador, irônico e até charmoso em sua trabalho.
Um trabalho muito bom que é realizado no filme é a fotografia de Newton Thomas Sigel, na utilização de cores que mudam conforme o ambiente e a utilização das sombras para momentos de ameça.
"X-Men" está longe de ser ruim, mas é uma lástima que os problemas de escrita o faça esquecível.
Corra!
4.2 3,6K Assista AgoraDirigido e escrito por Jordan Peele, "Corra!" é um horror com uma ótima crítica social ao racismo da classe média branca estadunidense, e está direcionado principalmente para a sua parcela liberal, votante de Obama e admiradora de jogadores negros. Na construção deste racismo que se mostra de forma velada, o ambiente vai se tornando em uma atmosfera sinistra, e Peele coloca seu protagonista em um terreno completamente hostil. O diretor vai criando o horror, o drama, e até inserindo doses de humor para dar corpo a esta atmosfera, e tudo fica perfeitamente balanceado.
A direção de Peele é intrínseca e magnífica no estabelecimento da tonalidade do filme, o diretor usa alguns fantásticos travellings, viradas de eixo, câmera na mão e primeiríssimo-planos, criando uma direção que estabelece o mistério e deixa o telespectador íntimo dos personagens.
A fotografia assinada por Toby Oliver também é impecável, usando cores quentes e belos contra-luzes pra contrastar com um ambiente desconfortável, e fortes tons azulados para atribuir um tom mais fantástico.
Daniel Kaluuya está estonteante, o ator consegue transmitir todo o desconforto e desconfiança que o personagem tem por este ambiente, e o seu trabalho com as expressões faciais é inacreditável. Isso vale para a Allison Williams, maravilhosa neste mesmo aspecto.
"Corra!" é uma bela crítica que transforma o horror real que é o racismo em um horror genuíno de cinema.
Lolita
3.7 632 Assista AgoraTematicamente, "Lolita" era um filme controverso em seu tempo e ainda soa severo nos dias de hoje. Com o roteiro escrito por Vladimir Nabokov, e baseado no romance escrito pelo mesmo, Kubrick adentra um terreno espinhoso de uma relação amorosa inusual. Kubrick consegue transmitir as manipulações, desejos e angústias de um homem a beira dos quarenta anos que possui uma fixação por uma garota de catorze anos de idade, e durante a narrativa consegue muito bem desvendar os anseios dos personagens gradativamente.
Todas as atuações resultam em trabalhos incríveis. James Mason entrega a obcecação e fragilidade que seu personagem possui; Sue Lyon tem todo o misto de inocência e libidinosidade que o contexto de sua personagem pede; Shelley Winters tem a carência e é completamente temperamental; e por fim, o Peter Sellers esta não menos do que extraordinário, cada vez que aparece ele domina a mise-en-scène, ora de maneira jocosa, ora misteriosa, ora com elegância.
O único elemento que despotencializa o filme é o humor que Kubrick instaura em sua narrativa, que funciona apenas em determinados momentos. Funciona ao imiscuir a personalidade estranha e jocosa de Clare Quilty, usando o humor como algo desconcertante e provocativo para Humbert. Por outro lado, Kubrick tenta inserir humor nas cenas em que Humbert está flertando ou prestes a cometer abusos, o que acaba sendo excessivamente constrangedor e fora de tom.
"Lolita" tem derrapadas no tratamento do tema, mas é sólido ao entregar um estudo sobre uma obsessão envolvendo pedofilia.
Spartacus
4.0 344 Assista AgoraEm "Spartacus", Kubrick traz pra mesa um épico sobre a luta pela liberdade que os escravos precisam enfrentar contra Roma. Kubrick juntamente do roteiro escrito por Dalton Trumbo, baseado no romance de Howard Fast, trazem três aspectos que juntos compõe a grandeza do filme: A trágica situação dos escravos serem forçados a se enfrentarem para o entretenimento dos imperialistas; a transição política e os conflitos internos de Roma que vem a refletir o pensamento imoral dos imperialistas; e a rebelião e convicção dos escravos sob um forte líder como Spartacus. Todos estes elementos formam uma forte estória que pondera o domínio do homem sobre o homem.
Spartacus é um personagem que ganha mais de uma camada com a ótima atuação do Kirk Douglas, sentimos como Douglas transmite raiva através de seu olhar, mas também a gentileza e a compaixão quando perto de outros escravos e de seu par romântico. Laurence Olivier e Charles Laughton são outros que entregam ótimas atuações. Olivier tem sutileza e crueldade, enquanto que Laughton, sarcasmo e consciência.
O filme potencializa sua qualidade com seu visual absurdamente maravilhoso. Kubrick domina com precisão a escala do filme, com enquadramentos que embelezam os cenários rurais e romanos, e sequências de batalhas que imergem o telespectador nesta escala. O trabalho de fotografia é impecavelmente lindo, Russell Metty suscita sombras, cores quentes, diferentes cores misturadas, opacidade em certos momentos, e brilho em outros.
O resultado de "Spartacus" é luxuoso, emocionante e uma linda mensagem moral.
A Princesa e o Plebeu
4.3 417 Assista AgoraNão há como negar que, em "A Princesa e o Plebeu", William Wyler incorpora uma agradável leveza e simpatia em cima do roteiro de Dalton Trumbo e John Dighton. Wyler e os roteiristas caminham em uma história de amor impossível entre uma princesa e um plebeu de apartamento, e um cômico jogo de fingimento entre os personagens na qual encanta com muita facilidade devido as atuações de Gregory Peck e da Audrey Hepburn.
Peck faz um ótimo trabalho entregando um personagem que não se limita ao clássico cavalheiro, mas que oscila entre o insensível e o amável. E Hepburn está maravilhosa e dominando em tela, existe em seus gestos a inocência, a comicidade, a elegância e a bondade.
Outro ponto positivo são os planos lindíssimos de Wyler sobre as locações romanas.
O problema que afeta a narrativa do filme é a sua falta de verossimilhança quando ele precisa lidar com a personagem de Hepburn se disfarçando durante toda a trama, aonde Wyler e os roteiristas ignoram que uma princesa mundialmente conhecida seria facilmente reconhecida nas ruas. Os poucos mecanismos utilizados são muito pouco críveis e quebrados em momentos convenientes.
Daí, então, que "A Princesa e o Plebeu" apesar de gracioso em certos aspectos, tem uma narrativa muito indulgente e inconsistente.
Fragmentado
3.9 2,9K Assista AgoraA maneira como Shyamalan se utiliza de maneira exagerada o conceito de TDI para construir sua mitologia é uma grande sacada. Com seu texto, Shyamalan vai passeando pela descoberta do potencial do TDI, e nisto, mescla com a mitologia e passados misteriosos. Tudo de maneira bem amarrada.
A ambientação de Shyamalan é certeira, o tom de claustrofobia e o mistério ficam muito bem ambientados, principalmente com seu trabalho de câmera que fica constantemente passando por câmeras subjetivas e close-ups.
As atuações também são um grande motor no filme, o conceito de TDI ganha um ótimo level com James McCvoy, que dá gestos e vozes particulares para cada uma das facetas de seu personagem. Anya Taylor-Joy é outra que faz um grande trabalho dando o desespero e o auto-controle que o roteiro pede.
É um horror sincero, autêntico e cheio de substância.
La La Land: Cantando Estações
4.1 3,6K Assista AgoraDe primeira vista, La La Land pode parecer apenas mais um musical, mas o texto de Damien Chazelle possui camadas suficientes pra dizer o contrário. É um filme que procura descontruir a vida tão simples e bela que Hollywood pinta e transborda, éum filme até crítico, demonstra que as dificuldades a serem enfrentadas são muito maiores do que aparenta e o sentimento de impotência perante essas situações se faz presente, desde a frustrações até conciliar um romance entre duas pessoas que almejam sonhos diferentes.
Esse sentimento esta carregado nas atuações. Ryan Goslyn faz um bom papel como um músico tradicionalista e de alivio cômico, e a Emma Stone domina em tela, passando toda a fragilidade, emoçao e decepções que o filme propõe. A química entre ambos é simplesmente energética e sincera.
A parte técnica é um vislumbre fantástico, os movimentos de câmera de Damien Chazelle consiste em vários truques que engrandece as cenas, assim como seus plano-sequências extraordinários. As densas cores azuis e quentes que se encontram no filme conferem todo o ar retrô otimista dos musicais mais antigos, assim como as belas melodias da trilha sonora de Justin Hurwitz.
É um filme belo, emocionante, nostálgico e profundo.
O Nascimento de uma Nação
3.0 230É inegável o impacto que a narrativa inovadora de D.W. Griffth significou pro cinema, os cortes e os enquadramentos é de um visual assustadoramente incrível e inspirador pra época , assim como a fotografia de G. W. Bitzer, que usa constantemente as cores pra anunciar a atmosfera das cenas. Porém, é um reconhecimento que de maneira alguma pode aliviar o conceito desastroso que a obra representa.
A obra em si é uma adaptação de um livro racista, e tudo que Griffth coloca em tela é uma catástrofe imoral, aonde os negros são representados em sua maioria como bêbados, arruaceiros, estupradores e desleixados. Griffth manipula constantemente pra fazer com que os ideias abolicionistas dos nortenhos é coisa de maluco, enquanto os sulistas são a representação das famílias ponderadas, e sugere que é necessário que haja uma união do norte e do sul para que se mantenha a supremacia branca. A deturpação da história é alarmante, no filme de Griffth, Ku Klux Klan são heróis da nação.
Não há técnicas inovadoras no mundo com que faça que esta seja uma obra tragável, pois é um dos filmes mais repugnantes da história do cinema.
A Morte Passou por Perto
3.3 142O que Kubrick entrega é um noir sem uma grande genialidade, é uma estória simples, mas efetiva e genuína dentro de sua proposta. Constrói seu noir sobre estes personagens solitários que acabam se encontrando pelo acaso, e encontra dentro desta proposta uma rede de obsessão e fuga.
O que impressiona no filme são algumas técnicas de Kubrick, algumas planos engenhosos colocando mais de uma coisa acontecendo na tela, planos abertos filmados de cima e sequências de lutas. São todos aspectos incríveis da câmera de Kubrick. A fotografia assinada pelo mesmo também enriquece o visual, com tons mais claros em certos momentos, e com belos contrastes que acertam o tom noir do filme.
As atuações de forma geral funcionam, com um destaque somente pra boa atuação do Frank Silvera como o motor de obsessão do filme.
É um Kubrick menor, mas que ainda rende.
Capitão Fantástico
4.4 2,7K Assista AgoraO filme é uma análise sobre o estilo de vida alheio á sociedade capitalista e consumista, porém, o texto de Matt Ross procura fazer ponderações sobre os pontos positivos e negativos de você viver essa vida de forma muita extrema. É um texto cuidadoso, que pincela como os personagens sabem lidar com a intelectualidade, ao mesmo tempo que não conseguem se relacionar com pessoas comuns. Ross é feliz ao construir estes contrastes dos estilos de vida ao colocar a família do protagonista junto a outros familiares que vivem a vida conforme o sistema. E claro, dentro desta análise, temos uma relação linda de paternidade.
Viggo Mortensen está excelente, seu papel como um líder forte e idealista impressiona, as atuações de todas as crianças do elenco estão ótimas com seus carismáticos e particulares personagens.
A fotografia de Stéphane Fontaine é um deleite, com alto brilho e contraluzes que ficam lindíssimos nos enquadramentos de Ross.
É um filme lindo, que trazem elementos frescos pra esses filmes de estilo de vida alternativo.
Quase 18
3.7 604 Assista AgoraO filme em termos de estrutura é um clássico coming-of-age, e se preocupa com questões como crise de identidade, solidão e até mesmo um pouco de narcisismo. No que tange a desenvolver os laços, a Kelly Fremon Craig arquiteta uma narrativa um tanto quadrada, sem tantos elementos autênticos, e isso é perceptível desde a relação da protagonista com o nerd sendo exposto de escanteio, o irmão babaca e o garoto dos sonhos. Com tudo, há a sua pequena dose de autenticidade, a maneira como sua crise é de fato despertada pela perda de sua amiga para o seu irmão. E claro, a relação excêntrica em que se desenvolve com o professor de sua escola. São bons elementos.
A atuação da Hailee Steinfeld está ótima, é um deleite vê-la se entregar a estas crises emocionais e a sua insegurança.
A direção da Craig é um pouco mais televisa, o que se enquadra com o tema do filme.
É um coming-of-age interessante, com bons momentos de humor.
Loving: Uma História de Amor
3.7 292 Assista AgoraJeff Nichols traz um filme lindo e tocante de uma batalha judicial que representa uma busca pela libertação da época de um EUA segregacionista. A narrativa de Nichols é intrínseca, com um texto que aborda as consequências violentas ao tirar dessa liberdade dos indivíduos, seu lar e sua familia. Passeia e pondera os valores morais de discursos fundamentalistas.
É um filme silencioso e com um tom profundamente melancólico, principalmente carregado nas atuações maravilhosas. Joel Edgerton faz um personagem retraído e temeroso, enquanto a Ruth Negga faz uma personagem que através do olhar passa uma tristeza enorme. A atuação da Terri Abney como um familiar que sente o peso desse drama também é ótimo.
Esse mesmo tom melancólico está nos planos fechados de Nichols, sempre preocupado em nos colocar próximo daqueles personagens.
Paralelamente, a trama judicial é muito bem resolvida e a fotografia de Adam Stone é boa em retratar o clima de Virginia.
É um lindo filme que vem a retratar mais um período negativo sobre como o Estado violou gravemente o direito das pessoas negras.
Aliados
3.5 452 Assista AgoraO filme é claramente um emaranhado de clichês do gênero de espionagem.
Primeiro, os pontos positivos. O filme de Robert Zemeckis e o texto de Steven Knight até conseguem desenvolver uma boa relação entre os protagonistas, com uma atuação boa da Marion Cotillard como uma espiã cheia de nuances em enganar os alemães, e apesar de um Brad Pitt esquecível durante todo o filme, reagindo da mesma forma perante todos os acontecimentos.
As cores quentes e frias da fotografia de Don Burgess também é efetivo em retratar o estado emocional dos personagens e nos colocar dentro do período em que o filme se passa, assim como a plasticidade da direção de Zemeckis com bons enquadramentos.
A partir daí, o filme desemboca nos elementos óbvios. Toda a narrativa que caminha pela descoberta de um amor na relação entre os espiões, e futuramente, uma desconfiança sobre a personagem de Cotillard ser na verdade uma espiã alemã, e com isto forçar o personagem de Pitt a desvendar este mistério, é tudo um emaranhado de ideias recicladas do gênero.
Daí então que o filme de Zemeckis é completamente desinteressante e preguiçosamente escrito por Knight.
Moana: Um Mar de Aventuras
4.1 1,5KÉ uma clássica jornada do herói, ao mesmo tempo que é revigorante como Ron Clements e John Musker adentram a cultura da polinésia para contar uma ótima estória cheia de elementos mitológicos, usando personagens cativantes e saindo novamente do terreno da clássica princesa para uma mais audaciosa.
O trabalho de dublagem é encantador, a Auli'i Cravalho confere, como eu disse anteriormente, audaciosidade para Moana; Dwayne Johnson confere egocentrismo para o semi-deus Maui; por fim, Jemaine Clement traz um charme narcisista para o Tamatoa, o caranguejo-dos-coqueiros.
As canções são divertidíssimas, sensíveis, e trazem bastante do ritmo e da música tradicional da polinésia misturado com o pop, tudo muito belo nas vozes dos dubladores originais.
Possui um visual assustadoramente fantástico, as cores estão todas muito vivas na tela. Tudo possui um grande grau naturalista e verdadeiro, sejam os cabelos, as expressões faciais, o mar e as paisagens tropicais.
É uma aventura que encontra na jornada, na mitologia e nos perigos enfrentados por Moana, sua autenticidade e sua diversão.
As Faces de Toni Erdmann
3.8 257 Assista AgoraUm belo filme sobre a relação entre pais e filhos.
Maren Ade esboça de maneira muita orgânica um pai que deseja profundamente a felicidade da filha, e neste texto, Ade também abre espaço pra questionar a vida como um todo, indaga se esta mesma vida está sendo vivida de maneira automática.
Ade nos coloca dentro dessa relação com planos médios e fechados que valorizam muito os personagens, sempre com um tom cômico intervindo, o filme nunca perde sua dramaticidade e sua proposta. É dentro deste humor que o filme se preza a fazer chacota da vida superficial dos grandes empresários.
As atuações de Peter Simonischek e da Sandra Hüller estão fantásticas.
É um filme muito bonito, que acha no seu humor uma reflexão muito bem narrada.
Nota: 8/10 (Ótimo)
Moonlight: Sob a Luz do Luar
4.1 2,4K Assista AgoraDivido em 3 excelentes partes, o extraordinário do filme vem em fazer recortes da vida do personagem que remetem somente a descoberta de si mesmo, usando diálogos e silêncios de maneira impecável. Na belíssima direção de Barry Jenkins, o diretor faz cortes abruptos daquilo que não diz sobre a descoberta do protagonista, anunciando, assim, sua intenção de uma análise de personalidade.
O modo como o Jenkins usa a câmera é excelente, usando-á muitas vezes na mão e fazendo movimentos inspiradíssimos.
As atuações são formidáveis em suas cargas emocionais. Alex Hibbert, Ashton Sanders, Mahershala Ali e André Holland estão ótimos, enquanto Trevante Rhodes e Naomie Harris estão maravilhosos.
A ótima fotografia de James Laxton transita em tons mais naturalistas e outros tons mais fortes que dão o ar poético do filme.
Moonlight é lindíssimo, engenhoso, tocante e corajoso.
Nota: 9/10 (Excelente)
A Bruxa
3.6 3,4K Assista AgoraA atmosfera e a maneira como o filme desvenda seu objeto de estudo o torna amedrontador.
Robert Eggers se assume um crítico mordaz, e dentro de toda sua simbologia usa o filme para analisar a opressão religiosa com seus dogmas, o conceito de libertação e o pensamento fundamentalista enraizado na formação da América. E aqui é aonde desabrocha a maravilhosa genialidade de Eggers, tudo que é colocado em tela é uma metáfora brilhante que olha pra esta estrutura de pensamento tão agressiva.
O tom do filme tem uma forte densidade, a sensação de podreira é constante na fotografia cinza, escura, quase morta de Jarin Blaschke sobre os enquadramentos poéticos de Eggers. Outro elemento que reforça o tom é a trilha sonora sinistra e retorcida de Mark Korven.
As atuações são todas muito boas, com destaque á Anya Taylor-Joy.
Robert Eggers entrega o puro cerne do horror.
Nota: 10/10 (Excelentíssimo)
Um Homem Chamado Ove
4.2 382 Assista AgoraÉ um filme que aborda temas já bastante explorados no cinema, mas tem o seu toque especial no desenvolvimento de uma personalidade rabugenta, metódica e suicída. Tudo com um humor certeiro.
A narratíva do filme é bem fluída, a relaçao que Hannes Holm constrói entre o protagonista - em uma atuação muito boa do Rolf Lassgård - e os personagens de apoio, são pontos que conferem a sua leve autenticidade. Assim como os seus flashbacks no desenvolver da relação com sua esposa.
Possui alguns enquadramentos muito bonitos do Hannes Holm, assim como há uma fotografia de Göran Hallberg com tons mais frios que conferem o estado emocional do personagem e o tom cômico do filme.
É uma sessão da tarde bem honesta.
Nota: 7/10 (Bom)
Manchester à Beira-Mar
3.8 1,4K Assista AgoraÉ um filme frio e realista, até certa parte, aonde Kenneth Lonergan narra sobre machucar as pessoas e conviver com o arrependimento.
Essa atmosfera é facilmente captada pela fotografia mais limpa de Jody Lee Lipes e a câmera estática, quase sem vida, do Lonergan.
Kyle Chandler está muito bom, mas Casey Affleck e a Michelle Williams estão fabulosos, um quase morto de tanta amargura e a outra despedaçada emocionalmente
Porém, o filme tem problemas. Um deles é como filme resolve como o personagem de Lucas Hedges lida com a perda. Sua indiferença (propositalmente) é inorgânica, ao contrário do personagem de Affleck, e isto afeta grande parte do desenvolvimento dos personagens. Aliado a isto, há cenas que não contribuem em nada com o elemento do argumento principal.
O que sobra do filme de Lonergan é só boa intenção, se ele oferece momentos duros sobre a vida, ele oferece momentos irreais e irrelevantes por outro lado.
Nota: 6/10 (Irregular)