Top já está no título. É top mesmo. Não pela nostalgia dos órfãos do original — inclusive, a presença do Val Kilmer é bastante exígua —, mas pela releitura de uma história que, dado o tempo entre um e outro filme, parecia não ter mais o que contar.
Gosto do jeitão poveiro do filme. Explode, plot, beijo, ação, tiro, explode, caiu, cá-bum! Até o Deus ex machina a gente ignora. O filme é bão mesmo, com atuações legais, roteiro fechando conflitos legais e uma trilhazona porreta — que se não resgatou o premiado Giorgio Moroder do original, trouxe agora a incontestável dupla Zimmer + Gaga. Só veja.
Voltei pra assistir esse filme depois de já tê-lo visto há uns dois anos. Continua um filmão. Trilha, fotografia, tudo. Finalmente, a equipe criativa da Toho preferiu investir numa trama menos do mesmo. As arapucas da burocracia japonesa são o foco — e o bichão radioativo, o terrível background dela.
Gosto de como resgataram a crítica do Godzilla original de 1954 nesse. Gosto de como o filme tece os nervos aflorados sob a burocracia decidindo lentamente quem vive e quem morre. Gosto que o próprio Godzilla, aqui, não é mais um bichão posudo, mas um personagem doente, triste, que sente (e transmite) a dor da existência. Tudo funciona (às vezes, só o CGI que é de se duvidar).
Aviso: o roteiro, decolonialíssimo, vai causar óbvios estranhamentos nos amantes da brega Hollywood... Esse é um filme que só a mente criativa japonesa poderia conceber.
A primeira vez que vi, achei bem mais interessante que essa segunda vez. Ainda assim, de longe, é o melhor filme de tubarão gigante que já vi. Ou o menos pior... Os efeitos do bichão são bonitos, pra nego nenhum botar em dúvida. A história funciona, e o primeiro plot realmente cata a gente de surpresa. Há personagens estereotipados a ponto de chatos, como o inconveniente DJ, o negão espalhafatoso que, em filmes americanos de protagonismo branco, funciona mais ou menos como o cara gay escandaloso, ou a mulher bonita, histérica e medrosa... Fora outros estereótipos preguiçosos que francamente. Sono. Mas as cenas, a ação, a claustrofobia e a lei do retorno valem a pena pra quem busca se entreter com filme de bicho qualquer coisa que pareça algo um pouquinho mais que qualquer coisa.
Divertido, distrai quem quer ser distraído com coisa boba. Tom Holland na pele do guri bobalhão que ele repete sempre com excelência... Nada impressionante, e que bom. Não queria mesmo ser impressionado.
O filme já se abre lembrando a gente que tudo ali é baseado em fatos. Toda a encenação, uma compressão e comercialização da verdade. Não sei se por isso — possivelmente não, mas também não saberia bem o porquê —, não consegui largar a história. Assisti de um gole só hipnotizado pela seriedade da fotografia. Aliás, foi ali que conheci de quebra o excelente fotojornalista que encabeçou a trama, Eugene Smith, no caso, interpretado pelo Johnny Depp. Pra minha bagagem referencial acadêmica, esse tipo de transa é ótima. É um fato curioso da minha relação com o cinema, essa troca e gratas surpresas, porque com o Marquês de Sade, um escritor francês geni(t)al se você nunca ouviu falar, aconteceu da mesma forma: só fui saber a fundo quem era o difamado marquês e cair no furdunço dos seus contos depois de ter visto aquele filme ótimo com o Jeoffrey Rush, Joaquin Phoenix e Kate Winslet que agora não recordo o título, mas que era livremente inspirado nos seus últimos dias.
Retornando a Minamata, depois de uma introdução pouco interessante — o Eugene retratado nesse entrevero tinha uma despretenção de vida, uma inclinação pra cachaça e garotas que me fez pensar por um momento que ele fosse inspirado naquele personagem chatíssimo do Bukowski —, o filme afinal se decide e se arrasta positivamente mais pelo cenário, que é o que interessa, que pela vaga mente do protagonista. O spoiler é que, com o tempo, ele se torna um pouco mais interessante.
Esbarrando naquele tesão hollywoodiano de que se o mundo precisa de um herói, esse herói vai ser americano, branco e preferencialmente homem, lá se vai o jornalista ianque pro Japão meter o bedelho na tramóia de um poderoso executivo local que vem experimentando enricar enquanto mata o povo ao seu entorno. O caso, já falei, é real e o ianque americano não só foi meter o bedelho no assunto nos anos 70, como o 'resolveu'. Ah, o poder da imprensa naqueles tempos... Peituda, debochada, pura audácia. Até merecia o título de 4° poder. Hoje, ou ela termina muda com o bolso cheio de dinheiro, ou muda com a boca cheia de formiga. Que seja. O filme é permeado de ótimas atuações, excelente maquiagem e termina com a impressionante encenação da fotografia mais famosa do cinebiografado: "Tomoko in her bath".
Digo que esse filme não faz firula pra arrancar a sensibilidade da gente. Ainda não conheço a fundo a história real que o inspirou, mas a sucessão das situações a encenam muito bem, aposto.
Cry Macho, último filme — por hora — do mítico Clint Eastwood dos filmes do Leone com trilha do Morricone ressurge, em 2022, tão empoeirado e sensacional quanto os dos mestres italianos lá em 1964. Aqui, o bang-bang lento do noventão engelhado assume um papel menos aventuresco e mais sisudo, psicológico. Diria até que romântico. Sem interesse em perseguir o bandido da sela do alazão empunhando o Colt 45, Clint assume o volante e toma a estrada solitária em busca de um garoto mexicano (péssimo ator, aliás...) além da fronteira. É a sua caridade odiosa neste filme. É claro que a viagem se estende, o que dá assunto aos deliciosos e belíssimos takes do longa. Coisa quase que artesanal.
Gosto da forma madura e ponderada com que Clint representa, desde Million Dollar Baby (2005), a si mesmo nas telonas, ou a sua versão vovô sensato, pra variar. Gosto mesmo. Chega até a me enganar. Vejo, aliás, uma ligação em tom e assunto deste com o excelente Gran Torino (2008), e o ótimo A Mula (2018). Parecem, e na minha cabeça ganha força por fazer sentido, uma trilogia despretensiosa do trilogismo. Não chega a ser por acaso, mas despretensiosa de ser. A solidão do protagonista, o envelhecimento e a transmissão de si para os outros são repetentes nos três. Cada um, claro, de modo particular de forma que, apesar de uni-los agora numa trilogia suspeita, não posso confundi-los de maneira alguma. Cada Clint, único.
Gostei mesmo. Sorte de quem pulou o textão e veio logo pro final saber logo a que vim.
Tomara que, com o fechar de portas do estúdio, este seja mesmo o último filme. É divertidinho, mas só. Mirabolante ao nível de só a gurizada mesmo curtir sem torcer o nariz. O protagonismo que sempre foi do Manny foi passado pro Buck Doninha assim, de graça. Pelo menos mais cinco personagens entraram em cena, como se os taaaantos outros já não fossem suficientes. Ficou aquele punhado de boneco reunido sem ter o que fazer. Diego, desperdiçado. Ellie, seguindo o protocolo de matrona amorosa. Pelo menos desistiram da ladainha adolescente do filme anterior (ninguém sentiu falta do ouriço também), mas meteram neste o dramalhão dos pais que não querem deixar a filhinha crescer. Bah. De quebra, gostei da dublagem do Whindersson, apesar de toda a bobageira que já disseram dela. O sotaque inconfundível deu uma característica realmente única ao personagem em questão. E o final? Mais piegas impossível. Ainda bem que acabou, rest in peace, amém.
Esse quarto filme já começa mal com o pretexto do cataclismo que separa a família e joga o trio original do primeiro filme no mesmo barco à deriva (digo, iceberg à deriva...). Podiam ter inventado coisa mais criativa. Mas ok. Acho que depois de três filmes, criatividade não é mais uma prioridade. Outra percepção negativa: a Ellie-gambá maluquinha do segundo longa, desde o terceiro veio perdendo aquela personalidade divertida e virando a matrona anexa do Manny, cuja única função agora parece ser a de mãe amorosa e ponto de esteio da família. Uma Marge Simpson, só que de 9 toneladas. E se quer uma terceira observação desanimadora é a pretensiosa "adolescentizada" que dão ao filme, que era uma tendência da época. Não bastasse uma Amora genérica ao máximo, tentaram reconstruir num filme infantil aquela pegada cool colegial, com colegas descolados e dramas juvenis tão interessantes quanto propaganda de margarina. De quebra, deram um affair pro Diego que, há três filmes, estava na seca, coitado. O tema da pirataria foi o de menos nesse filme. Enfim, o mais bobinho dos quatro até agora.
O mais interessante do meu ponto de vista, pois nesse filme o nosso então sexteto de amigos esbarra com dinossauros. O foco, que antes era em Manny, parece agora cair sobre o colo de Sid, a preguiça, embora o número de personagens aumente deixando essa percepção razoavelmente vaga: Buck, a doninha, dá as caras e três fofuchos bebês de t-rex adotados acidentalmente por Sid também entram em cena. O vilão, um dinossauro de nome propositalmente amigável (Rudy), não convence o bastante, porque ele é o vilão do Buck, não dos outros. Foi o mais sufocante dos filmes, mas a certa altura essa quantidade exagerada de personagens disputando tempo de tela começa a deixar o roteiro cada vez menos exigente. Ainda assim, gosto de como a cena do parto de Ellie acontece sem a velha metáfora das cegonhas, por exemplo. Outro ponto alto, pra mim, foi a repetente, mas pontual referência à literatura do Jules Verne (Viagem ao Centro da Terra) que, costurada ao mundo primitivo dos longas anteriores, até faz certo sentido se a gente fechar um olho e se fingir de besta. Filme infantil, afinal, né? Não dá pra exigir muita coisa desse tipo de fantasia. No todo, gostei, bem divertido.
Além do trio (quarteto, se não excluirmos o maravilhoso esquilo Scrat) convencional do primeiro filme, nesse segundo ganhamos mais três personagens: Ellie, Crash e Eddie. A dupla de gambás (os dois últimos nomes) tem um carisma especial, a propósito. Dividem papel com o inconveniente Sid na função de escape cômico do longa, embora sejam bem, bem menos irritantes que a preguiça. Depois de Manny finalmente encontrar Ellie, outra mamute, a dupla enfrenta o perigo do degelo que, já em 2006, ano de lançamento dessa sequência, dialogava com o nosso mesmo assunto recorrente: aquecimento global. Certo que os roteiristas fizeram de propósito. Ficou divertido, de toda forma. E como num filme desse tipo, no final, depois de todo o sufoco, tudo ficou bem.
Depois da despedida dos estúdios Blue Sky com aquele curtazinho maravilhoso do Scrat finalmente comendo a droga da noz, me deu uma puta vontade de rever a saga inteira. Dessa vez, na sequência correta. A Era do Gelo é muito divertido, em se tratando de um filme infantil sem muita pretensão de apoio histórico. Na verdade, olhando por esse lado, nada faria muito sentido (como no 3° filme quando o nosso grupo misto esbarra com nada menos que dinossauros...) se a cronologia fosse seguida à risca pelos roteiristas ou por nós, espectadores marmanjos. Mas do ponto de vista da fantasia, da brincadeira e da magia que essas transas provocam na cabecinha das crianças, eu adorei. A união se Sid, Manny e Diego pra salvarem o bebê humano foi um pontapé interessante. Cada um se delineia, com foco no mamute Manny, e, dado o mundo de vastas possibilidades que foi introduzido nesse primeiro filme, o fio solto para um segundo fica a postos. Era questão de tempo.
Filme sensacional em todos os sentidos. Revi hoje e foi um passeio. Um déja-vu. Protagonista extremamente interessante. Coadjuvantes tão quanto, com destaque para Feijão e Jake Cascavel. Não à toa os três raparam o Oscar de Melhor Animação das mãos dos concorrentes em 2012. Fico besta que a trilha sonora desse filme é tão boa quanto ele, reinvocando uma máxima morriconiana sobre trilhas de bang-bang mais famosas que os filmes (quem nunca ouviu os assobios do tema de abertura dos Três Homens em Conflito vive noutra galáxia, decididamente). Aliás, quem a assinou foi o mestre Hans Zimmer, e fez questão de homenagear justamente o Ennio Morricone e o Luiz Bacalov o filme inteiro. Uma delícia ouvir a ação elétrica da perseguição no deserto com morcegos embalada por aquela música e lembrar com saudades de Django e Meu Nome é Ninguém. E a obsessão dos criadores pelos spaghetti-western foi tanta que até Clint Eastwood (estilizado, claro), trajado tal qual nos filmes de Leoni, deu as caras como o Espírito do Oeste guiando o herói Rango a retomar sua jornada. Fotografia com brancos estourados, férvida, cegante. Quase suei junto. Genial. Perfeito. Filmaço demais, sem mais.
Dá pra se distrair em algumas prestações, mas falta no filme um certo nexo geral, e as necessidades dos personagens parecem ter sido a última preocupação dos roteiristas. Até hoje, ninguém viu.
Serra Pelada é um filme bom, de 2013, o que significa que eu demorei horrores pra vê-lo, uma pena. Mas antes tarde que nunca. E se tem uma coisa que me fascina na fotografia, que foi a primeira coisa que brilhou ante olhos fitos ainda sem saber exatamente o que esperar, é Sebastião Salgado. Não a assinatura dele, de fato; mas a referência intrínseca ao seu trabalho naquela (quase) mesma Serra Pelada do set. Salgado estave onipresente em cada quadro: desde a expressão dos figurantes soterrados de suor (e maquiagem) aos grandes planos gerais da pirâmide invertida.
A história é sim interessante, não deixa de ser legal, pero bobinha num aspecto. Veja bem: um professor comunista, idealista inveterado portando, Joaquim, se mete a ir pra Serra Pelada enricar e, pra isso, deixa a esposa grávida sozinha em São Paulo. Legal. Leva a tiracolo um amigo seu, Juliano, bem mais esperto e mais homem — entenda como bem quiser — pro ambiente e pras provações que ele naturalmente esconde. Com isso, os roteiristas quiseram meter uma antítese velha na tela: contar histórias de opostos dá mais conflito. Mesmo que previsível.
A certa altura, eu tinha certeza que o personagem do Júlio Andrade ia andar pra frente. Não andou. Começou e terminou a história sendo o bobão idealista que era o seu máximo ser. Um homem bonzinho, honesto, vencendo a lama da vida sem puxar faca pro bucho de ninguém — tá, conta outra... A entrada da Sophie Charlotte na pele da rapariga Teresa é que foi um refresco. Ela que foi a grande estrela coadjuvante desse longa, ao lado do também ótimo Juliano Casarré e do pontual Wagner Moura que, com seus trejeitos bem sacados da manga, o amendoim e o queixo sempre em pé, mostrando a papada orgulhosa, ficava zanzando entre o suburbano e o superior. Uma maneira mais gestual de se eclodir um esperto homem de negócios daquele tempo: pouco métodos e todo práticas. Dos demais, não lembro muito. Pena.
A história é de fôlego rápido até. As cenas noturnas são lindas, coloridas, piscantes, suarentas, quase perfumadas, e embora eu lembre pouco da trilha sonora original do filme, a música popular — o forró, o brega, o sertanejo — evita de a gente se esquecer totalmente de que há música no filme. O final, bem... Imagino que quem escreveu o script nunca tenha pisado num lugar nem parecido com a Serra Pelada original na sua vida limpinha (nem fez caso de dissimular isso também). O filme todo me parece idealista demais. Quer ter uma mensagem no final. Uma moral sobre a curteza da vida versus a caçada ao dinheiro. A maçada imperdoável é que tudo termina misteriosamente bem depois da avalanche de terra e balas que desaba sobre a dupla protagonista nos últimos momentos. Tem até redenção na cena final. Ah, esses roteiristas de sapatênis de São Paulo...
Curioso, decidi rever esse filme e o primeiro. Não saberia dizer de qual gostei mais porque, no fundo, a séria impressão que tive é de que, na verdade, não gostei de nenhum. Tudo bem, é filme de herói, coisa pra que eu abro raras excessões -- e a maioria tem relação estrita com nostalgia, como Super Man e Homem-Aranha --, e fiquei pensando se o "não gostar" era uma birra ou um fato.
Bom, esse segundo filme me parece bem mais sisudo que o primeiro. Mais arrastado e adulto, com maior foco na vida de pai e filhos e suas trivialidades particulares. Legal, eu gosto disso. O claro tom feminista, com a Mulher-Elástica assumindo o leme da ação e o Senhor Incrível enciumado disso, também é legal, embora meio óbvio. Mas acho que essa parte da mensagem, a propósito, tenha se perdido em algum ponto, visto que o que parecia uma parceria feminina forte, entre Elástica e Evelyn, virou justamente uma briga de mulheres...
Final meio previsível -- era óbvio que o vilão era um dos irmãos Deavor --, mas uma história até legal. Diria que vale a pena, sim, ver. O Zezé é curiosamente quem detém as melhores cenas, as mais engraçadas.
O pior dos 3 de Sam Raimi. Levar uma sequência de sucesso astronômico, como foi essa lá pelos anos 2000, não era tarefa fácil. Uma hora, a liberdade criativa ia sumir de vez e os pitacos de produtora iam dar as caras... Foi o que aconteceu aqui. Mas unir três vilões num só filme foi um erro, antes de tudo, matemático: com o Peter de Maguire ocupando todo o tempo de tela para "aprofundar" o seu personagem em processo de conflito e auto descoberta, os três vilões -- duende-filho, homem areia e Venom -- ganharam meros aspectos anexos. Nenhum se aprofundou, se explicou, e acabaram ficando no limbo da primeira impressão: se eram maus, devia ser porque gostavam de simplesmente serem maus sem causa. E Raimi deve ter sentido tanto esse tiro pela culatra na fuça que tratou de enterrar fundo na tumba o que seria o seu Homem-Aranha 4. Ainda bem.
Não lembro mais da música, as sequências têm a montagem mais duvidosa da trilogia -- tipo objetos mudando de lugar entre um take e outro e coisa pior -- e o final, bem, o final foi o mais piegas possível, né?
Melhor que o 1°, e isso é fato. Aqui, o CGI avança (as sequências do Aranha saltando pelos prédios já não parece mais com um bonecão), a música funciona perfeitamente com a aura aventureira da trama e o vilão convence, apesar de bater no velho clichê do Dr. maluco apaixonado pela própria maluquice. No mais, o filme também esbarra em clichês previsíveis, embora eu ache que cumpra o propósito de arrebatar nas cenas de ação. Peter sente o peso do herói sobre as costas e a vida dupla começa a moldar a sua nova personalidade soturna (que só vai eclodir clara e horrorosamente no 3° filme, aliás). Gostei demais. Possivelmente o melhor filme do Aranha já feito, e um dos melhores de super-herói -- o sucesso de público e crítica estão aí pra amparar falas como essa.
Filmão. Verdade que, lá em 2002, o CGI ainda usava fraldas, o que deixa as sequências do aracnídeo saltando pelos prédios tão realista quanto a bonecona da Mulher Gato da Halle Berry... Mas no todo é um filme de herói com uma ótima percepção da figura humana do Peter. Tobey Maguire encaixou melhor que luva no personagem. Ele é tímido, magrelo, inseguro: um adolescente completo. O herói, no entanto, é o seu alter ego: sagaz, forte, destemido, corajoso. É um filme legal de se ver, embora sem a parafernalha que acompanha esse tipo de produção hoje. Na verdade, Homem-Aranha é tão bom que isso nem faz falta.
Filmeco triste, olha. Não consegui ver todo de uma vez; dividi em umas 6 prestações. Horroroso. Insisti nele pela esperança de aventura e bicho gigante. Justamente o que menos tinha.
Talvez pelo intervalo de tempo em que essa última sequela foi afinal lançada (3 anos depois de Prova de Fogo), eu tenho a impressão de que os atores envelheceram, tipo, muito. Sobretudo o Dylan O'brien que, aqui, aparece bem mais 'redondo' que nos filmes anteriores. O filme também tem um visual mais agradável ao olhar, mais bonito que os antecessores, muito embora o ritmo seja também bem mais lento que os outros dois. No fim, fiquei com dúvida de como o Newt foi exatamente contaminado e não sei se foi culpa minha em ter deixado a cena que o explica passar. Que seja. O filme entrete, é divertido, é bonito e é dramático. Thomas e Teresa afinal se entendem (não no sentido de que se acertam, fazem as pazes; mas sim no de que se compreendem). O final é uma dupla punhalada tanto no Thomas quanto na gente, embora ele não seja bem uma novidade. Confessemos: o que aconteceu já era previsto. Mas gostei e aposto que você também vai gostar, se o que procura é uma ficção com adolescentes para adolescentes, e cheia de ação e claustrofobia.
Segundo filme insano. O conflito natural de Thomas e Janson é de dar nervoso na gente. Mais uma vez, a sua curiosidade desenfreada salvando todos os seus amigos (ou quase todos). Esse é o grande conflito interno do personagem de O'brien: ele quer salvar todo mundo o tempo todo. Um herói nato e, por vezes, chato. Teresa ganha destaque, embora Kaya Scodelario a tenha interpretado com a eficiência expressiva da Kristen Stewart em Crepúsculo... Enfim, filme legal, segue pela mesma via dos livros que originaram a trilogia do cinema, mas não supera o sufoco coreografado do primeiro filme em nada.
Dylan brilha. Talvez um pouco demais, confesso. Os coadjuvantes parecem simplórios anexos do Thomas. Até o Gally, o vilão, tem papel ridículo e quase parasitário aqui. Mas o filme, por si só, por todo, é maravilhoso. Sequências de ação claustrofóbicas, insanas, arrepiantes. Vez por outra, a gente esbarra o olho num CGI duvidoso, mas é tudo muito satisfatório no geral. Inclui-se aí a trilha sonora do Jonh Paesano que, a propósito, nesse primeiro filme, é a mais memorável da trilogia. Filme no mesmo patamar de Jogos Vorazes e bastante superior ao Divergente, se levarmos em conta o boom inexplicável (?) de distopias juvenis que pintou nas telonas naquela época.
Amo esses filmes de série B canalhas e, não raro, cafonas. Esse é um -- sobretudo no que diz respeito à cafonisse. O argumento é um sarro de tão horroroso. A construção dos personagens é toda estritamente duvidosa. É outro daqueles filmes de terror sangrentos seguindo o esquema "grupo de jovens vai pra uma terra desconhecida e encontra a morte". Quem vem esperando algo pra além disso, é provável que se frustre mais. Quem vem sem esperar muita coisa, talvez até se divirta. E eu disse que amo esse tipo de filme por um motivo: filmes de série B são feitos pra entreter o povão entediado no qual, não raro, eu me sinto incluído. Fim. Isso já basta. O filme tem o seu machão musculoso, suado e insuportavelmente heróico sempre salvando a mocinha frágil incapaz de controlar suas emoções na selva (alô, macharada! Achei o fetiche máximo d'ocês), o vilão cegamente ganancioso e também aqueles outros tantos personagens que a gente sabe que só servem mesmo pra lotar o bucho vazio da anaconda. Ouso dizer que esse filme é muito melhor que o primeiro, com a Jenifer Lopez. Aquele sim é horroroso demais até pra mim. Enfim, Anaconda 2 vale o tempo pois, se não impressionar em mais nada, pelo menos faz rir -- o que já é um puta lucro hoje em dia.
Tal qual o primeiro, um filmaço. Vera Farmiga arrebentando na pele da Lorraine. Curioso como tenho adorado vê-la cada vez mais em mais papéis. Aqui, o casal americano se pica para a Inglaterra atrás de um caso que, aparentemente, é o seu mais conhecido.
De novo, esse filme segue o esquema do lugar assombrado x família amigável. E, de novo, James Wan consegue impor sobre a mesmice do assunto uma forma particular e um selo de eficácia que parece ser quase unicamente um mérito seu, e não do roteiro ou da montagem. Saber, a propósito, que o 3° filme da franquia não vai ser dirigido por ele me deixa bastante desanimado.
Resumindo: vale ver tanto quanto o primeiro. Só não recomendo com a mesma força os filmes 'derivados' deste. Os terríveis spin-offs. A Freira mesmo é horroroso (e não é um elogio), só perdendo pros vários Anabelles sonolentos já feitos. Acontece que filmes assim, feitos unicamente pra aproveitar a carona de um sucesso, sempre vão existir, mas no caso dos spin-offs de Invocação do Mal isso é tão desgraçadamente óbvio que não tem como a gente não se sentir um bocado mais idiota vendo. A consciência debochando da gente.
Top Gun: Maverick
4.1 1,1K Assista AgoraTop já está no título. É top mesmo. Não pela nostalgia dos órfãos do original — inclusive, a presença do Val Kilmer é bastante exígua —, mas pela releitura de uma história que, dado o tempo entre um e outro filme, parecia não ter mais o que contar.
Gosto do jeitão poveiro do filme. Explode, plot, beijo, ação, tiro, explode, caiu, cá-bum! Até o Deus ex machina a gente ignora. O filme é bão mesmo, com atuações legais, roteiro fechando conflitos legais e uma trilhazona porreta — que se não resgatou o premiado Giorgio Moroder do original, trouxe agora a incontestável dupla Zimmer + Gaga. Só veja.
Shin Godzilla
3.6 154 Assista AgoraVoltei pra assistir esse filme depois de já tê-lo visto há uns dois anos. Continua um filmão. Trilha, fotografia, tudo. Finalmente, a equipe criativa da Toho preferiu investir numa trama menos do mesmo. As arapucas da burocracia japonesa são o foco — e o bichão radioativo, o terrível background dela.
Gosto de como resgataram a crítica do Godzilla original de 1954 nesse. Gosto de como o filme tece os nervos aflorados sob a burocracia decidindo lentamente quem vive e quem morre. Gosto que o próprio Godzilla, aqui, não é mais um bichão posudo, mas um personagem doente, triste, que sente (e transmite) a dor da existência. Tudo funciona (às vezes, só o CGI que é de se duvidar).
Aviso: o roteiro, decolonialíssimo, vai causar óbvios estranhamentos nos amantes da brega Hollywood... Esse é um filme que só a mente criativa japonesa poderia conceber.
Megatubarão
2.8 842A primeira vez que vi, achei bem mais interessante que essa segunda vez. Ainda assim, de longe, é o melhor filme de tubarão gigante que já vi. Ou o menos pior... Os efeitos do bichão são bonitos, pra nego nenhum botar em dúvida. A história funciona, e o primeiro plot realmente cata a gente de surpresa. Há personagens estereotipados a ponto de chatos, como o inconveniente DJ, o negão espalhafatoso que, em filmes americanos de protagonismo branco, funciona mais ou menos como o cara gay escandaloso, ou a mulher bonita, histérica e medrosa... Fora outros estereótipos preguiçosos que francamente. Sono. Mas as cenas, a ação, a claustrofobia e a lei do retorno valem a pena pra quem busca se entreter com filme de bicho qualquer coisa que pareça algo um pouquinho mais que qualquer coisa.
Uncharted: Fora do Mapa
3.1 450 Assista AgoraDivertido, distrai quem quer ser distraído com coisa boba. Tom Holland na pele do guri bobalhão que ele repete sempre com excelência... Nada impressionante, e que bom. Não queria mesmo ser impressionado.
O Fotógrafo de Minamata
3.5 29 Assista AgoraEsplêndido.
O filme já se abre lembrando a gente que tudo ali é baseado em fatos. Toda a encenação, uma compressão e comercialização da verdade. Não sei se por isso — possivelmente não, mas também não saberia bem o porquê —, não consegui largar a história. Assisti de um gole só hipnotizado pela seriedade da fotografia. Aliás, foi ali que conheci de quebra o excelente fotojornalista que encabeçou a trama, Eugene Smith, no caso, interpretado pelo Johnny Depp. Pra minha bagagem referencial acadêmica, esse tipo de transa é ótima. É um fato curioso da minha relação com o cinema, essa troca e gratas surpresas, porque com o Marquês de Sade, um escritor francês geni(t)al se você nunca ouviu falar, aconteceu da mesma forma: só fui saber a fundo quem era o difamado marquês e cair no furdunço dos seus contos depois de ter visto aquele filme ótimo com o Jeoffrey Rush, Joaquin Phoenix e Kate Winslet que agora não recordo o título, mas que era livremente inspirado nos seus últimos dias.
Retornando a Minamata, depois de uma introdução pouco interessante — o Eugene retratado nesse entrevero tinha uma despretenção de vida, uma inclinação pra cachaça e garotas que me fez pensar por um momento que ele fosse inspirado naquele personagem chatíssimo do Bukowski —, o filme afinal se decide e se arrasta positivamente mais pelo cenário, que é o que interessa, que pela vaga mente do protagonista. O spoiler é que, com o tempo, ele se torna um pouco mais interessante.
Esbarrando naquele tesão hollywoodiano de que se o mundo precisa de um herói, esse herói vai ser americano, branco e preferencialmente homem, lá se vai o jornalista ianque pro Japão meter o bedelho na tramóia de um poderoso executivo local que vem experimentando enricar enquanto mata o povo ao seu entorno. O caso, já falei, é real e o ianque americano não só foi meter o bedelho no assunto nos anos 70, como o 'resolveu'. Ah, o poder da imprensa naqueles tempos... Peituda, debochada, pura audácia. Até merecia o título de 4° poder. Hoje, ou ela termina muda com o bolso cheio de dinheiro, ou muda com a boca cheia de formiga. Que seja. O filme é permeado de ótimas atuações, excelente maquiagem e termina com a impressionante encenação da fotografia mais famosa do cinebiografado: "Tomoko in her bath".
Digo que esse filme não faz firula pra arrancar a sensibilidade da gente. Ainda não conheço a fundo a história real que o inspirou, mas a sucessão das situações a encenam muito bem, aposto.
Cry Macho: O Caminho para Redenção
3.0 179 Assista AgoraCry Macho, último filme — por hora — do mítico Clint Eastwood dos filmes do Leone com trilha do Morricone ressurge, em 2022, tão empoeirado e sensacional quanto os dos mestres italianos lá em 1964. Aqui, o bang-bang lento do noventão engelhado assume um papel menos aventuresco e mais sisudo, psicológico. Diria até que romântico. Sem interesse em perseguir o bandido da sela do alazão empunhando o Colt 45, Clint assume o volante e toma a estrada solitária em busca de um garoto mexicano (péssimo ator, aliás...) além da fronteira. É a sua caridade odiosa neste filme. É claro que a viagem se estende, o que dá assunto aos deliciosos e belíssimos takes do longa. Coisa quase que artesanal.
Gosto da forma madura e ponderada com que Clint representa, desde Million Dollar Baby (2005), a si mesmo nas telonas, ou a sua versão vovô sensato, pra variar. Gosto mesmo. Chega até a me enganar. Vejo, aliás, uma ligação em tom e assunto deste com o excelente Gran Torino (2008), e o ótimo A Mula (2018). Parecem, e na minha cabeça ganha força por fazer sentido, uma trilogia despretensiosa do trilogismo. Não chega a ser por acaso, mas despretensiosa de ser. A solidão do protagonista, o envelhecimento e a transmissão de si para os outros são repetentes nos três. Cada um, claro, de modo particular de forma que, apesar de uni-los agora numa trilogia suspeita, não posso confundi-los de maneira alguma. Cada Clint, único.
Gostei mesmo. Sorte de quem pulou o textão e veio logo pro final saber logo a que vim.
A Era do Gelo: O Big Bang
3.1 424 Assista AgoraTomara que, com o fechar de portas do estúdio, este seja mesmo o último filme. É divertidinho, mas só. Mirabolante ao nível de só a gurizada mesmo curtir sem torcer o nariz. O protagonismo que sempre foi do Manny foi passado pro Buck Doninha assim, de graça. Pelo menos mais cinco personagens entraram em cena, como se os taaaantos outros já não fossem suficientes. Ficou aquele punhado de boneco reunido sem ter o que fazer. Diego, desperdiçado. Ellie, seguindo o protocolo de matrona amorosa. Pelo menos desistiram da ladainha adolescente do filme anterior (ninguém sentiu falta do ouriço também), mas meteram neste o dramalhão dos pais que não querem deixar a filhinha crescer. Bah. De quebra, gostei da dublagem do Whindersson, apesar de toda a bobageira que já disseram dela. O sotaque inconfundível deu uma característica realmente única ao personagem em questão. E o final? Mais piegas impossível. Ainda bem que acabou, rest in peace, amém.
A Era do Gelo 4
3.5 1,7K Assista AgoraEsse quarto filme já começa mal com o pretexto do cataclismo que separa a família e joga o trio original do primeiro filme no mesmo barco à deriva (digo, iceberg à deriva...). Podiam ter inventado coisa mais criativa. Mas ok. Acho que depois de três filmes, criatividade não é mais uma prioridade. Outra percepção negativa: a Ellie-gambá maluquinha do segundo longa, desde o terceiro veio perdendo aquela personalidade divertida e virando a matrona anexa do Manny, cuja única função agora parece ser a de mãe amorosa e ponto de esteio da família. Uma Marge Simpson, só que de 9 toneladas. E se quer uma terceira observação desanimadora é a pretensiosa "adolescentizada" que dão ao filme, que era uma tendência da época. Não bastasse uma Amora genérica ao máximo, tentaram reconstruir num filme infantil aquela pegada cool colegial, com colegas descolados e dramas juvenis tão interessantes quanto propaganda de margarina. De quebra, deram um affair pro Diego que, há três filmes, estava na seca, coitado. O tema da pirataria foi o de menos nesse filme. Enfim, o mais bobinho dos quatro até agora.
A Era do Gelo 3
3.6 1,1K Assista AgoraO mais interessante do meu ponto de vista, pois nesse filme o nosso então sexteto de amigos esbarra com dinossauros. O foco, que antes era em Manny, parece agora cair sobre o colo de Sid, a preguiça, embora o número de personagens aumente deixando essa percepção razoavelmente vaga: Buck, a doninha, dá as caras e três fofuchos bebês de t-rex adotados acidentalmente por Sid também entram em cena. O vilão, um dinossauro de nome propositalmente amigável (Rudy), não convence o bastante, porque ele é o vilão do Buck, não dos outros. Foi o mais sufocante dos filmes, mas a certa altura essa quantidade exagerada de personagens disputando tempo de tela começa a deixar o roteiro cada vez menos exigente. Ainda assim, gosto de como a cena do parto de Ellie acontece sem a velha metáfora das cegonhas, por exemplo. Outro ponto alto, pra mim, foi a repetente, mas pontual referência à literatura do Jules Verne (Viagem ao Centro da Terra) que, costurada ao mundo primitivo dos longas anteriores, até faz certo sentido se a gente fechar um olho e se fingir de besta. Filme infantil, afinal, né? Não dá pra exigir muita coisa desse tipo de fantasia. No todo, gostei, bem divertido.
A Era do Gelo 2
3.6 596 Assista AgoraAlém do trio (quarteto, se não excluirmos o maravilhoso esquilo Scrat) convencional do primeiro filme, nesse segundo ganhamos mais três personagens: Ellie, Crash e Eddie. A dupla de gambás (os dois últimos nomes) tem um carisma especial, a propósito. Dividem papel com o inconveniente Sid na função de escape cômico do longa, embora sejam bem, bem menos irritantes que a preguiça. Depois de Manny finalmente encontrar Ellie, outra mamute, a dupla enfrenta o perigo do degelo que, já em 2006, ano de lançamento dessa sequência, dialogava com o nosso mesmo assunto recorrente: aquecimento global. Certo que os roteiristas fizeram de propósito. Ficou divertido, de toda forma. E como num filme desse tipo, no final, depois de todo o sufoco, tudo ficou bem.
A Era do Gelo
3.9 904 Assista AgoraDepois da despedida dos estúdios Blue Sky com aquele curtazinho maravilhoso do Scrat finalmente comendo a droga da noz, me deu uma puta vontade de rever a saga inteira. Dessa vez, na sequência correta. A Era do Gelo é muito divertido, em se tratando de um filme infantil sem muita pretensão de apoio histórico. Na verdade, olhando por esse lado, nada faria muito sentido (como no 3° filme quando o nosso grupo misto esbarra com nada menos que dinossauros...) se a cronologia fosse seguida à risca pelos roteiristas ou por nós, espectadores marmanjos. Mas do ponto de vista da fantasia, da brincadeira e da magia que essas transas provocam na cabecinha das crianças, eu adorei. A união se Sid, Manny e Diego pra salvarem o bebê humano foi um pontapé interessante. Cada um se delineia, com foco no mamute Manny, e, dado o mundo de vastas possibilidades que foi introduzido nesse primeiro filme, o fio solto para um segundo fica a postos. Era questão de tempo.
Rango
3.6 1,6K Assista AgoraFilme sensacional em todos os sentidos. Revi hoje e foi um passeio. Um déja-vu. Protagonista extremamente interessante. Coadjuvantes tão quanto, com destaque para Feijão e Jake Cascavel. Não à toa os três raparam o Oscar de Melhor Animação das mãos dos concorrentes em 2012. Fico besta que a trilha sonora desse filme é tão boa quanto ele, reinvocando uma máxima morriconiana sobre trilhas de bang-bang mais famosas que os filmes (quem nunca ouviu os assobios do tema de abertura dos Três Homens em Conflito vive noutra galáxia, decididamente). Aliás, quem a assinou foi o mestre Hans Zimmer, e fez questão de homenagear justamente o Ennio Morricone e o Luiz Bacalov o filme inteiro. Uma delícia ouvir a ação elétrica da perseguição no deserto com morcegos embalada por aquela música e lembrar com saudades de Django e Meu Nome é Ninguém. E a obsessão dos criadores pelos spaghetti-western foi tanta que até Clint Eastwood (estilizado, claro), trajado tal qual nos filmes de Leoni, deu as caras como o Espírito do Oeste guiando o herói Rango a retomar sua jornada. Fotografia com brancos estourados, férvida, cegante. Quase suei junto. Genial. Perfeito. Filmaço demais, sem mais.
Império Proibido
2.6 58 Assista AgoraDá pra se distrair em algumas prestações, mas falta no filme um certo nexo geral, e as necessidades dos personagens parecem ter sido a última preocupação dos roteiristas. Até hoje, ninguém viu.
Serra Pelada
3.6 353 Assista AgoraSerra Pelada é um filme bom, de 2013, o que significa que eu demorei horrores pra vê-lo, uma pena. Mas antes tarde que nunca. E se tem uma coisa que me fascina na fotografia, que foi a primeira coisa que brilhou ante olhos fitos ainda sem saber exatamente o que esperar, é Sebastião Salgado. Não a assinatura dele, de fato; mas a referência intrínseca ao seu trabalho naquela (quase) mesma Serra Pelada do set. Salgado estave onipresente em cada quadro: desde a expressão dos figurantes soterrados de suor (e maquiagem) aos grandes planos gerais da pirâmide invertida.
A história é sim interessante, não deixa de ser legal, pero bobinha num aspecto. Veja bem: um professor comunista, idealista inveterado portando, Joaquim, se mete a ir pra Serra Pelada enricar e, pra isso, deixa a esposa grávida sozinha em São Paulo. Legal. Leva a tiracolo um amigo seu, Juliano, bem mais esperto e mais homem — entenda como bem quiser — pro ambiente e pras provações que ele naturalmente esconde. Com isso, os roteiristas quiseram meter uma antítese velha na tela: contar histórias de opostos dá mais conflito. Mesmo que previsível.
A certa altura, eu tinha certeza que o personagem do Júlio Andrade ia andar pra frente. Não andou. Começou e terminou a história sendo o bobão idealista que era o seu máximo ser. Um homem bonzinho, honesto, vencendo a lama da vida sem puxar faca pro bucho de ninguém — tá, conta outra... A entrada da Sophie Charlotte na pele da rapariga Teresa é que foi um refresco. Ela que foi a grande estrela coadjuvante desse longa, ao lado do também ótimo Juliano Casarré e do pontual Wagner Moura que, com seus trejeitos bem sacados da manga, o amendoim e o queixo sempre em pé, mostrando a papada orgulhosa, ficava zanzando entre o suburbano e o superior. Uma maneira mais gestual de se eclodir um esperto homem de negócios daquele tempo: pouco métodos e todo práticas. Dos demais, não lembro muito. Pena.
A história é de fôlego rápido até. As cenas noturnas são lindas, coloridas, piscantes, suarentas, quase perfumadas, e embora eu lembre pouco da trilha sonora original do filme, a música popular — o forró, o brega, o sertanejo — evita de a gente se esquecer totalmente de que há música no filme. O final, bem... Imagino que quem escreveu o script nunca tenha pisado num lugar nem parecido com a Serra Pelada original na sua vida limpinha (nem fez caso de dissimular isso também). O filme todo me parece idealista demais. Quer ter uma mensagem no final. Uma moral sobre a curteza da vida versus a caçada ao dinheiro. A maçada imperdoável é que tudo termina misteriosamente bem depois da avalanche de terra e balas que desaba sobre a dupla protagonista nos últimos momentos. Tem até redenção na cena final. Ah, esses roteiristas de sapatênis de São Paulo...
Os Incríveis 2
4.1 1,4K Assista AgoraCurioso, decidi rever esse filme e o primeiro. Não saberia dizer de qual gostei mais porque, no fundo, a séria impressão que tive é de que, na verdade, não gostei de nenhum. Tudo bem, é filme de herói, coisa pra que eu abro raras excessões -- e a maioria tem relação estrita com nostalgia, como Super Man e Homem-Aranha --, e fiquei pensando se o "não gostar" era uma birra ou um fato.
Bom, esse segundo filme me parece bem mais sisudo que o primeiro. Mais arrastado e adulto, com maior foco na vida de pai e filhos e suas trivialidades particulares. Legal, eu gosto disso. O claro tom feminista, com a Mulher-Elástica assumindo o leme da ação e o Senhor Incrível enciumado disso, também é legal, embora meio óbvio. Mas acho que essa parte da mensagem, a propósito, tenha se perdido em algum ponto, visto que o que parecia uma parceria feminina forte, entre Elástica e Evelyn, virou justamente uma briga de mulheres...
Final meio previsível -- era óbvio que o vilão era um dos irmãos Deavor --, mas uma história até legal. Diria que vale a pena, sim, ver. O Zezé é curiosamente quem detém as melhores cenas, as mais engraçadas.
Homem-Aranha 3
3.1 1,5K Assista AgoraO pior dos 3 de Sam Raimi. Levar uma sequência de sucesso astronômico, como foi essa lá pelos anos 2000, não era tarefa fácil. Uma hora, a liberdade criativa ia sumir de vez e os pitacos de produtora iam dar as caras... Foi o que aconteceu aqui. Mas unir três vilões num só filme foi um erro, antes de tudo, matemático: com o Peter de Maguire ocupando todo o tempo de tela para "aprofundar" o seu personagem em processo de conflito e auto descoberta, os três vilões -- duende-filho, homem areia e Venom -- ganharam meros aspectos anexos. Nenhum se aprofundou, se explicou, e acabaram ficando no limbo da primeira impressão: se eram maus, devia ser porque gostavam de simplesmente serem maus sem causa. E Raimi deve ter sentido tanto esse tiro pela culatra na fuça que tratou de enterrar fundo na tumba o que seria o seu Homem-Aranha 4. Ainda bem.
Não lembro mais da música, as sequências têm a montagem mais duvidosa da trilogia -- tipo objetos mudando de lugar entre um take e outro e coisa pior -- e o final, bem, o final foi o mais piegas possível, né?
E o que falar da revelação-bombástica-nível-novela-mexicana do homem areia ser o verdadeiro assassino do tio Ben?
Homem-Aranha 2
3.6 1,1K Assista AgoraMelhor que o 1°, e isso é fato. Aqui, o CGI avança (as sequências do Aranha saltando pelos prédios já não parece mais com um bonecão), a música funciona perfeitamente com a aura aventureira da trama e o vilão convence, apesar de bater no velho clichê do Dr. maluco apaixonado pela própria maluquice. No mais, o filme também esbarra em clichês previsíveis, embora eu ache que cumpra o propósito de arrebatar nas cenas de ação. Peter sente o peso do herói sobre as costas e a vida dupla começa a moldar a sua nova personalidade soturna (que só vai eclodir clara e horrorosamente no 3° filme, aliás). Gostei demais. Possivelmente o melhor filme do Aranha já feito, e um dos melhores de super-herói -- o sucesso de público e crítica estão aí pra amparar falas como essa.
Homem-Aranha
3.7 1,3K Assista AgoraFilmão. Verdade que, lá em 2002, o CGI ainda usava fraldas, o que deixa as sequências do aracnídeo saltando pelos prédios tão realista quanto a bonecona da Mulher Gato da Halle Berry... Mas no todo é um filme de herói com uma ótima percepção da figura humana do Peter. Tobey Maguire encaixou melhor que luva no personagem. Ele é tímido, magrelo, inseguro: um adolescente completo. O herói, no entanto, é o seu alter ego: sagaz, forte, destemido, corajoso. É um filme legal de se ver, embora sem a parafernalha que acompanha esse tipo de produção hoje. Na verdade, Homem-Aranha é tão bom que isso nem faz falta.
Monster Hunter
2.4 407 Assista AgoraFilmeco triste, olha. Não consegui ver todo de uma vez; dividi em umas 6 prestações. Horroroso. Insisti nele pela esperança de aventura e bicho gigante. Justamente o que menos tinha.
Maze Runner: A Cura Mortal
3.3 564 Assista AgoraTalvez pelo intervalo de tempo em que essa última sequela foi afinal lançada (3 anos depois de Prova de Fogo), eu tenho a impressão de que os atores envelheceram, tipo, muito. Sobretudo o Dylan O'brien que, aqui, aparece bem mais 'redondo' que nos filmes anteriores. O filme também tem um visual mais agradável ao olhar, mais bonito que os antecessores, muito embora o ritmo seja também bem mais lento que os outros dois. No fim, fiquei com dúvida de como o Newt foi exatamente contaminado e não sei se foi culpa minha em ter deixado a cena que o explica passar. Que seja. O filme entrete, é divertido, é bonito e é dramático. Thomas e Teresa afinal se entendem (não no sentido de que se acertam, fazem as pazes; mas sim no de que se compreendem). O final é uma dupla punhalada tanto no Thomas quanto na gente, embora ele não seja bem uma novidade. Confessemos: o que aconteceu já era previsto. Mas gostei e aposto que você também vai gostar, se o que procura é uma ficção com adolescentes para adolescentes, e cheia de ação e claustrofobia.
Maze Runner: Prova de Fogo
3.4 1,2K Assista AgoraSegundo filme insano. O conflito natural de Thomas e Janson é de dar nervoso na gente. Mais uma vez, a sua curiosidade desenfreada salvando todos os seus amigos (ou quase todos). Esse é o grande conflito interno do personagem de O'brien: ele quer salvar todo mundo o tempo todo. Um herói nato e, por vezes, chato. Teresa ganha destaque, embora Kaya Scodelario a tenha interpretado com a eficiência expressiva da Kristen Stewart em Crepúsculo... Enfim, filme legal, segue pela mesma via dos livros que originaram a trilogia do cinema, mas não supera o sufoco coreografado do primeiro filme em nada.
Maze Runner: Correr ou Morrer
3.6 2,1K Assista AgoraDylan brilha. Talvez um pouco demais, confesso. Os coadjuvantes parecem simplórios anexos do Thomas. Até o Gally, o vilão, tem papel ridículo e quase parasitário aqui. Mas o filme, por si só, por todo, é maravilhoso. Sequências de ação claustrofóbicas, insanas, arrepiantes. Vez por outra, a gente esbarra o olho num CGI duvidoso, mas é tudo muito satisfatório no geral. Inclui-se aí a trilha sonora do Jonh Paesano que, a propósito, nesse primeiro filme, é a mais memorável da trilogia. Filme no mesmo patamar de Jogos Vorazes e bastante superior ao Divergente, se levarmos em conta o boom inexplicável (?) de distopias juvenis que pintou nas telonas naquela época.
Anaconda 2: A Caçada pela Orquídea Sangrenta
2.3 416 Assista AgoraAmo esses filmes de série B canalhas e, não raro, cafonas. Esse é um -- sobretudo no que diz respeito à cafonisse. O argumento é um sarro de tão horroroso. A construção dos personagens é toda estritamente duvidosa. É outro daqueles filmes de terror sangrentos seguindo o esquema "grupo de jovens vai pra uma terra desconhecida e encontra a morte". Quem vem esperando algo pra além disso, é provável que se frustre mais. Quem vem sem esperar muita coisa, talvez até se divirta. E eu disse que amo esse tipo de filme por um motivo: filmes de série B são feitos pra entreter o povão entediado no qual, não raro, eu me sinto incluído. Fim. Isso já basta. O filme tem o seu machão musculoso, suado e insuportavelmente heróico sempre salvando a mocinha frágil incapaz de controlar suas emoções na selva (alô, macharada! Achei o fetiche máximo d'ocês), o vilão cegamente ganancioso e também aqueles outros tantos personagens que a gente sabe que só servem mesmo pra lotar o bucho vazio da anaconda. Ouso dizer que esse filme é muito melhor que o primeiro, com a Jenifer Lopez. Aquele sim é horroroso demais até pra mim. Enfim, Anaconda 2 vale o tempo pois, se não impressionar em mais nada, pelo menos faz rir -- o que já é um puta lucro hoje em dia.
Invocação do Mal 2
3.8 2,1K Assista AgoraTal qual o primeiro, um filmaço. Vera Farmiga arrebentando na pele da Lorraine. Curioso como tenho adorado vê-la cada vez mais em mais papéis. Aqui, o casal americano se pica para a Inglaterra atrás de um caso que, aparentemente, é o seu mais conhecido.
De novo, esse filme segue o esquema do lugar assombrado x família amigável. E, de novo, James Wan consegue impor sobre a mesmice do assunto uma forma particular e um selo de eficácia que parece ser quase unicamente um mérito seu, e não do roteiro ou da montagem. Saber, a propósito, que o 3° filme da franquia não vai ser dirigido por ele me deixa bastante desanimado.
Resumindo: vale ver tanto quanto o primeiro. Só não recomendo com a mesma força os filmes 'derivados' deste. Os terríveis spin-offs. A Freira mesmo é horroroso (e não é um elogio), só perdendo pros vários Anabelles sonolentos já feitos. Acontece que filmes assim, feitos unicamente pra aproveitar a carona de um sucesso, sempre vão existir, mas no caso dos spin-offs de Invocação do Mal isso é tão desgraçadamente óbvio que não tem como a gente não se sentir um bocado mais idiota vendo. A consciência debochando da gente.