"[...] Não há horror, crueldade, sacrilégio ou perjúrio, não há impostura, transação infame, ladroagem cínica, pilhagem descarada ou traição vergonhosa que não tenham sido ou não sejam diariamente perpetrados por representantes dos Estados, sem qualquer outro pretexto que não estas palavras elásticas, muito convenientes, mas tão terríveis: 'por razões de Estado'."
(trecho de um texto de Mikhail Bakunin no livro "Razões de Estado", de Noam Chomsky)
Este é um filme tão necessário quanto dolorido. Tão natural quanto o cotidiano. Tão próximo quanto a desigualdade social e a opressão gerenciada pelas instituições e suas burocracias, deliberando sobre nossas vidas e nossas pessoas. Você, eu, ele, ela. Não há descanso. Não há Terra Prometida. Apenas uma violência diária, a guilhotina que nos corta a cabeça. licenciada e afiada pelo Estado, assim como pelas corporações. Todo dia. Todo dia, um Daniel Blake perde seu emprego, seu tempo, sua paciência e sua vida. E a perde como se nunca tivesse sido dele. Como se seus direitos como cidadão - como ser humano - não viesse intrínseco ao fato de estar vivo, mas por merecimento, ou por misericórdia. Essas realidades, como a retratada por esse filme, fazem a "Declaração Universal dos Direitos Humanos" da ONU (o palco de um teatro com a peça mais hipócrita do mundo) uma mentira, um simples devaneio, ao invés de ser o ponto mais alto da nossa racionalidade e da nossa compaixão.
Minha nota foi pela atuação da Isabelle Hupert, uma das melhores que já vi até hoje. Quanto ao filme, não sei o que pensar - e minha confusão se dá pela relação de alguns personagens com o estupro, e como tudo é costurado em volta dele.
Muito provavelmente o filme mais desconfortante e desconsertante que eu já assisti. É um soco no estômago, uma voadora no peito, um nó na garganta, lágrimas nos olhos, pesar no coração. Um história dilacerante sobre o racismo.
Ao que parece, esse filme se configura como a estreia de Costa-Gravas na direção de um longa metragem. E que bela estreia! É um bom thriller de suspense e investigação. Muito bem roteirizado e com boas interpretações. A cena da perseguição pelas ruas de Paris é antológica. Outra cena bem interessante é uma em que a mala de um dos personagens está aberta e aparece um dos volumes de "O Capital". De fato, nascia ali um dos maiores cineastas políticos/ativistas do mundo.
Boa estreia de Louis Garrel na direção de um filme. Trata-se de um roteiro com uma história simples, bem linear, que fala de relações humanas - de amor, de amizade, de intimidades e de solidão. Não há nada assim de especial, não é assim tão profundo, mas conta com boas interpretações e com uma boa trilha sonora, além de uma bela fotografia.
Como registro cinematográfico das mobilizações e luta do movimento negro estadunidense pelos seus direitos nos anos 60, ainda prefiro "Selma". No entanto, não posso ser injusto com o filme do Jay Roach, pois seria ser injusto com a atuação do Bryan Cranston. As quatro estrelas com as quais avalio este filme são pra ele, porque ele simplesmente destrói. Ele é o motriz do filme, que é costurado quase como uma cinebiografia política de um pequeno período no poder de uma figura bem complexa, com ambições inúmeras. Anthony Mackie também manda muito bem, com uma interpretação bem sóbria do Dr. MLK. Enfim, é um bom filme, com um roteiro interessante e uma edição bem competente, mas que encontra na atuação de Cranston sua motivação e justificativa de ser assistido.
Engraçado, todo ano, quando paro pra assistir uma produção do Woody Allen, vejo que os atores mudaram, que os personagens tem outros nomes e o filme tem outro título, mas, depois de alguns minutos assistindo, num consigo escapar da sensação de estar vendo "mais do mesmo". Não são filmes ruins, mas se transformam em apenas "ok" por eu achar que já vi isso antes em outros filmes dele.
Quase chegou lá. Faltou pouco pra ser, de fato, um bom filme. As atuações são boas, principalmente do Ralph Fiennes e da Tilda Swinton. Os problemas do filme estão relacionados a algumas coisas do seu roteiro e à sua edição, além de ter uma duração mais longa do que deveria.
Alguém aqui nos comentários disse que o filme parece um imenso comercial da Nextel. Pelo humor e pela crítica, acho difícil eu não concordar com essa visão. Não deve ser lá muito fácil atuar nos filmes de Malick. Todo um esforço cênico pra no final se estar num filme que basicamente pode ser resumido a fotografias em movimento com uma infindável narração em off. Embora seja justamente essas as forças do cinema de Malick (a estética, com os enquadramentos e movimentos da câmera, e os monólogos filosóficos), não se pode negar que talvez também possam ser essas as suas fraquezas. E que, ao final, antes de se tornar um belo filme, com estética impecável e alta reflexão filosófica, ele possa se tornar um filme enfadonho e prolixo. Reconheço que essa mesma fórmula funcionou em me cativar em outros filmes desse mesmo diretor. Mas não funcionou nesse. Não sei bem dizer se eu é que me cansei ou se o filme é "mais do mesmo" do que Malick já apresentou antes, só que agora com um novo elenco.
Não é tão informativo quanto eu gostaria que fosse. Resume-se a uma propaganda contra os abusos do Estado e dos bancos e a uma propaganda pró Bitcoin - o que em si não é ruim. No entanto, explora muito pouco todo o pretenso potencial do Bitcoin. Não se diz como as pessoas poderiam ganhá-lo hoje em dia, ou o que estão fazendo para ganhá-lo. Ou ainda: as implicações disso em relação ao mercado e ao trabalho. Não se diz (fora as coisas ilegais) que tipo de transação andam fazendo. Não se diz os riscos que o Bitcoin carrega, se há algum ou se é só as maravilhas vendidas no doc. Ou seja, o doc me soou mais como a venda de uma ideia (uma propaganda ou uma promessa) que ao terminar de assistir ainda não sei dizer bem o que é, além de resumir (porcamente) que se trata de uma "moeda" digital.
A Culpa é das Estrelas
3.7 4,0K Assista AgoraLongo e melodramático.
Asura
3.8 50Extremamente pesado, mas igualmente maravilhoso! Uma singela sensibilidade em meio a tanta brutalidade.
Em Nome do Pai
4.2 413 Assista AgoraE, mais uma vez, volto a essa constatação:
"[...] Não há horror, crueldade, sacrilégio ou perjúrio, não há impostura, transação infame, ladroagem cínica, pilhagem descarada ou traição vergonhosa que não tenham sido ou não sejam diariamente perpetrados por representantes dos Estados, sem qualquer outro pretexto que não estas palavras elásticas, muito convenientes, mas tão terríveis: 'por razões de Estado'."
(trecho de um texto de Mikhail Bakunin no livro "Razões de Estado", de Noam Chomsky)
Eu, Daniel Blake
4.3 533 Assista AgoraEste é um filme tão necessário quanto dolorido. Tão natural quanto o cotidiano. Tão próximo quanto a desigualdade social e a opressão gerenciada pelas instituições e suas burocracias, deliberando sobre nossas vidas e nossas pessoas. Você, eu, ele, ela. Não há descanso. Não há Terra Prometida. Apenas uma violência diária, a guilhotina que nos corta a cabeça. licenciada e afiada pelo Estado, assim como pelas corporações. Todo dia. Todo dia, um Daniel Blake perde seu emprego, seu tempo, sua paciência e sua vida. E a perde como se nunca tivesse sido dele. Como se seus direitos como cidadão - como ser humano - não viesse intrínseco ao fato de estar vivo, mas por merecimento, ou por misericórdia. Essas realidades, como a retratada por esse filme, fazem a "Declaração Universal dos Direitos Humanos" da ONU (o palco de um teatro com a peça mais hipócrita do mundo) uma mentira, um simples devaneio, ao invés de ser o ponto mais alto da nossa racionalidade e da nossa compaixão.
Elle
3.8 886Minha nota foi pela atuação da Isabelle Hupert, uma das melhores que já vi até hoje. Quanto ao filme, não sei o que pensar - e minha confusão se dá pela relação de alguns personagens com o estupro, e como tudo é costurado em volta dele.
JFK, a História Não Contada
3.1 66 Assista AgoraBem (tipo, muito) inferior ao filme "JFK", do Oliver Stone.
Meu Outro Eu
2.1 120Ruim de dar dó (de quem assistiu).
Meu Amigo Hindu
2.6 108Maçante.
Vênus Negra
4.0 159Muito provavelmente o filme mais desconfortante e desconsertante que eu já assisti. É um soco no estômago, uma voadora no peito, um nó na garganta, lágrimas nos olhos, pesar no coração. Um história dilacerante sobre o racismo.
Arquitetura da Destruição
4.2 136 Assista AgoraAnatomia de um dos maiores episódios da insanidade humana. "Um dos" porque, infelizmente, não são poucos.
Crime no Carro Dormitório
4.0 4Ao que parece, esse filme se configura como a estreia de Costa-Gravas na direção de um longa metragem. E que bela estreia! É um bom thriller de suspense e investigação. Muito bem roteirizado e com boas interpretações. A cena da perseguição pelas ruas de Paris é antológica. Outra cena bem interessante é uma em que a mala de um dos personagens está aberta e aparece um dos volumes de "O Capital". De fato, nascia ali um dos maiores cineastas políticos/ativistas do mundo.
Dois Amigos
3.2 65 Assista AgoraBoa estreia de Louis Garrel na direção de um filme. Trata-se de um roteiro com uma história simples, bem linear, que fala de relações humanas - de amor, de amizade, de intimidades e de solidão. Não há nada assim de especial, não é assim tão profundo, mas conta com boas interpretações e com uma boa trilha sonora, além de uma bela fotografia.
Até o Fim
3.7 31 Assista AgoraComo registro cinematográfico das mobilizações e luta do movimento negro estadunidense pelos seus direitos nos anos 60, ainda prefiro "Selma". No entanto, não posso ser injusto com o filme do Jay Roach, pois seria ser injusto com a atuação do Bryan Cranston. As quatro estrelas com as quais avalio este filme são pra ele, porque ele simplesmente destrói. Ele é o motriz do filme, que é costurado quase como uma cinebiografia política de um pequeno período no poder de uma figura bem complexa, com ambições inúmeras. Anthony Mackie também manda muito bem, com uma interpretação bem sóbria do Dr. MLK. Enfim, é um bom filme, com um roteiro interessante e uma edição bem competente, mas que encontra na atuação de Cranston sua motivação e justificativa de ser assistido.
Café Society
3.3 530 Assista AgoraEngraçado, todo ano, quando paro pra assistir uma produção do Woody Allen, vejo que os atores mudaram, que os personagens tem outros nomes e o filme tem outro título, mas, depois de alguns minutos assistindo, num consigo escapar da sensação de estar vendo "mais do mesmo". Não são filmes ruins, mas se transformam em apenas "ok" por eu achar que já vi isso antes em outros filmes dele.
Música, Moçambique!
5.0 1Belo registro de uma maravilha cultural.
Those People
3.3 179Melodrama mediano.
Um Mergulho No Passado
3.3 79Quase chegou lá. Faltou pouco pra ser, de fato, um bom filme. As atuações são boas, principalmente do Ralph Fiennes e da Tilda Swinton. Os problemas do filme estão relacionados a algumas coisas do seu roteiro e à sua edição, além de ter uma duração mais longa do que deveria.
Cavaleiro de Copas
3.2 412 Assista AgoraAlguém aqui nos comentários disse que o filme parece um imenso comercial da Nextel. Pelo humor e pela crítica, acho difícil eu não concordar com essa visão.
Não deve ser lá muito fácil atuar nos filmes de Malick. Todo um esforço cênico pra no final se estar num filme que basicamente pode ser resumido a fotografias em movimento com uma infindável narração em off.
Embora seja justamente essas as forças do cinema de Malick (a estética, com os enquadramentos e movimentos da câmera, e os monólogos filosóficos), não se pode negar que talvez também possam ser essas as suas fraquezas. E que, ao final, antes de se tornar um belo filme, com estética impecável e alta reflexão filosófica, ele possa se tornar um filme enfadonho e prolixo.
Reconheço que essa mesma fórmula funcionou em me cativar em outros filmes desse mesmo diretor. Mas não funcionou nesse. Não sei bem dizer se eu é que me cansei ou se o filme é "mais do mesmo" do que Malick já apresentou antes, só que agora com um novo elenco.
Loucos de Amor
3.2 10Tanto o Sean Penn quanto a Robin Wright mandam muito bem em suas atuações. Muito bem mesmo.
Dogma do Amor
3.0 46Confuso. Bem confuso. Mas ainda assim interessante, e com a sua beleza.
Bitcoin: O Fim do Dinheiro Como Nós Conhecemos
3.8 2Não é tão informativo quanto eu gostaria que fosse. Resume-se a uma propaganda contra os abusos do Estado e dos bancos e a uma propaganda pró Bitcoin - o que em si não é ruim. No entanto, explora muito pouco todo o pretenso potencial do Bitcoin. Não se diz como as pessoas poderiam ganhá-lo hoje em dia, ou o que estão fazendo para ganhá-lo. Ou ainda: as implicações disso em relação ao mercado e ao trabalho. Não se diz (fora as coisas ilegais) que tipo de transação andam fazendo. Não se diz os riscos que o Bitcoin carrega, se há algum ou se é só as maravilhas vendidas no doc.
Ou seja, o doc me soou mais como a venda de uma ideia (uma propaganda ou uma promessa) que ao terminar de assistir ainda não sei dizer bem o que é, além de resumir (porcamente) que se trata de uma "moeda" digital.
O Fim de Um Longo Dia
3.6 16Sonolento.
Consumed
3.1 12Bem intencionado e com um debate bem interessante, mas nada muito além disso.
Esfera
3.1 152 Assista AgoraO filme é interessante. Já o final, nem tanto.