A HBO é muito corajosa por trazer histórias originais por vezes carregadas de traumas e tabus. I MAY DESTROY YOU é impecável no que propõe. Extremamente elaborada, nos machuca, faz refletir e algumas vezes, pq não, sorrir. Uma obra que fica na cabeça depois que tudo passa.
O quarto episódio é pesadíssimo! Há um aviso no início do episódio que coisas horríveis irão acontecer. Mas não há preparo emocional que nos evite abalar com a história contada. Aterrorizante o ser humano! Cara, isso foi real?
Este filme tinha tanto potencial! A trilha não deixa espaço pra que possamos absorver o silêncio, como se nos obrigasse a vivenciar sentimentos. Os planos ora captam a alma do personagem principal, ora parecem dizer nada com nada. Quando o personagem do José de Abreu chega, o roteiro tenta se impor, e isso é bom! É exatamente aqui, na segunda metade do filme, que tudo começa se encaixar, entrando em harmonia. Seja isso tudo propositalmente ou não, a história de MEU PÉ DE LARANJA LIMA é linda e emociona, como emociona!
"Todo mundo bate em mim, só porque meu pai é o primeiro. Mas não faz mal, eu vou matar ele. Eu até comecei. Aqui dentro. Quando você vai deixando de gostar da pessoa, ela vai morrendo dentro de você."
Wim Wenders tem disso, né? Pegar o simples sem ser simplório e nos revelar algo que está diante de nós, mas é imperceptível. Dias Perfeitos é tudo o que ele poderia ser!
Das incontáveis vezes que vi este filme, algo me pareceu novo desta vez. A empatia, a dor e sofrimento que sentia pelos pais do protagonista simplementes desta vez não veio.
SPOILER************ABAIXO
Como não notei que Supertramp agiu simplesmente da mesma forma que o pai dele fez com a família que ele negligenciou pra formar uma nova?
A segunda temporada de Invencível termina instável. Numa montanha-russa de subtramas, faltou consistência de um enredo principal. Mesmo assim, Mark continua sendo o personagem mais empático já apresentado em uma animação de super herói, talvez atrás apenas do Aranhaverso.
Não consegui me conectar com o filme por falta de carisma da protagonista. Não dá, tô nem aí se ela vai pra arena, se vai morrer ou ser atacada por um quero-quero. Difícil sentir empatia. Uma pena, sou fã da franquia.
Há desses filmes que batem na nossa porta com uma proposta diferente: de incomodar, perturbar, deformar os padrões e te fazer sentir desconforto, até dor.
Zona de Interesse é o tipo de filme que quanto mais se distancia dele, mais se torna interessante. Ao terminar tive uma sensação de estranheza, enjoo, e quanto mais o tempo passava, mais as ideias iam tomando forma.
Tem uma cena/diálogo que é de revirar o estômago. Evidencia como a perspectiva do bom/mau, certo/errado pode mudar o rumo da história de um indivíduo ou até mesmo do coletivo. Segundo o filme, a única verdade absoluta parece ser a que carregamos, mesmo que seja tudo uma mentira.
Rotting in the Sun começa muito bem com um tema de altíssima relevância, e de repente parece jogar tudo no lixo pra contar uma outra história. Uma pena.
Miles Morales continua apaixonante em Homem-Aranha: Através do Aranhaverso! É possível sentir a alma dele pulsar dentro da sala de cinema e nos emocionar com essa sequência embriagada em dilemas familiares!
Eu tinha me afeiçoado pelo carisma tóxico desta família corrosiva. Mas se tratando de roteiro, foi uma das coisas mais bem escritas na atualidade, um desfecho perverso para TODOS os personagens, incluindo praqueles que acham que venceram.
Eu simplesmente fico extasiado quando um filme ou série me deixa travado no sofá enquanto os créditos sobem. Ouvi de um professor que há dois tipos de pessoas que consomem audiovisual: aquelas que buscam na arte a dor e sofrimento pra poderem se apegar às memórias que não existem dentro delas e evoluírem como seres humanos, e aquelas que ocupam suas mentes com filmes e séries pra esquecerem da difícil realidade que se habita ou abafar a própria dor. A HBO sempre foi uma das melhores companheiras pra me dar, vez ou outra, cochichos como: olha, seu verme que diz saber sobre tudo e todos, olha aqui o que vou te mostrar ou lembrar! Ela também tem desses episódios especiais que surgem durante a temporada e destoam de toda trama que ela conta, seja pelo roteiro, pela direção, ou ambos.
THE LAST OF US foi o último jogo de videogame que me envolvi até meu Playstation dizer adeus e eu nunca mais gastar aquele precioso tempo vivendo aventuras com um controle na mão. Em 2013 eu só tinha uma coisa na cabeça: preciso comprar este jogo que irão lançar. Sim, eu fui o primeiro a entrar no shopping aquele dia, eu fui o primeiro comprador naquela loja e minutos depois estava sentado em frente à TV experimentando algo que jamais tinha presenciado. Em 10 minutos de jogo eu tive que parar pra me recompor. Eu chorava sozinho na sala e não eram poucas lágrimas.
2023, estreia da série que adapta um dos meus jogos favoritos. A trama pós apocalíptica pode parecer bem batida, mas quando narrada com sutilezas torna-se arte. A gente tem dessas coisas de gostar de filme de zumbi, tiro, duendes e mágicos, né? Mas no fim, em qualquer destes universos, o que aproxima nosso coração ao que está na tela é exatamente a sensibilidade humana, os defeitos, devaneios e paixões. No terceiro episódio de The Last Of Us, o último exibido até agora, os roteiristas abandonam os protagonistas que tentam sobreviver à manifestação de um fungo que transforma homens em seres monstruosos pra contar a história de um homem que, em meio ao caos do fim do mundo (literalmente a história é sobre o fim da humanidade, ou quase isso), tenta sobreviver contra outra coisa. Sendo o último vivo da sua cidade, por anos convive com solidão.
De repente um outro cara surge e...
- O que foi? - Eu não sentia medo antes de você surgir.
Há várias formas de falar sobre o amor. The Last of Us triunfa ao narrar sobre escolhas que não só dizem quem somos, como também revelam consequências que interferem na nossa vida para todo o sempre. Entre um intervalo e outro desta narrativa que reflete muito sobre a nossa vida, a gente fica imerso ao ver como é possível ainda haver amor em meio à tragédias, pandemias, e tudo que parece nos fazer ruir. Dois homens, então, passam seus próximos anos se amando. De todas as possibilidades eles escolhem ser felizes.
"É cuidando das coisas que demonstramos amor."
O episódio menos desastroso, no sentido apocalíptico, é até agora o mais triste. Porque em meio às infinitas possibilidades de morrer, nada pior que saber que, de uma maneira ou outra, iremos morrer. Às vezes até tomar validação desta verdade pode ser menos dolorosa que ter que aceitar que quem amamos um dia vai partir, mesmo tendo feito de tudo para protegê-las. The Last of Us tem sido uma experiência difícil e necessária! Esplêndido!
Aftersun faz a gente sentir uma angústia que não existe, uma falta do que não perdeu, uma saudade do que não aconteceu. Parece um vazio, agora, muito difícil de se preencher. A gente fica assim, atordoado.
Tão belo quanto a inocência, que busca compreensão em meio ao caos. Tão duro quanto o caos, que não permite que a inocência perdure.
Não tinha assistido Além da Linha Vermelha até então. A Árvore da Vida, do mesmo diretor, é o meu filme de drama favorito. Se um dia os filmes de guerra serviram como propaganda, o que acredito não ser o caso deste, pra mim parece que cada vez mais estas obras revelam que a guerra é medíocre. Terrence Malick me tira do eixo com seus questionamentos, e me faz lembrar que existe humanidade dentro do meu ser, e que é possível viver com um bom coração. Basta a reflexão!
Quanto mais assisto a este filme, mais me sinto dentro dele, tentando me conectar com algo que não parece existir na civilização mais. Quem acha estupidez as atitudes do protagonista nunca entenderá que há prazeres maiores que o capitalismo pode comprar. Enquanto ser, só existir não basta.
É isso que acontece quando se tem muito dinheiro e nenhum potencial.
Frustrante quando você precisa lidar com o sentido de que, ou aceita as condições dos termos de serviço ou abandona o barco. Espero de todo meu coração que os showrunners avaliem o resultado com desejo de repararem os erros cometidos nesta temporada.
Li em algum lugar que William Faulkner, quando recebeu o Nobel de literatura, disse que o conflito humano dentro de si é a única coisa que vale a pena se escrever sobre. Isso vale para o audiovisual. Somos tocados por emoções. Um roteiro onde pessoas trafegam de um ponto ao outro não se sustenta. Não estamos aguardando uma jornada, queremos aventura!
Agora entendo este enorme prelúdio que acontece em House Of The Dragon e a decisão da HBO de contar a trajetória destes personagens bem antes da Dança dos Dragões.
Pela primeira vez no Filmow resolvi fazer algo diferente. Habitualmente coloco minhas impressões sobre um determinado filme/série. Como estive envolvido diretamente no "Bom Dia, Verônica", resolvi postar algumas curiosidades sobre o meu departamento no projeto.
Pra quem não sabe, o produtor de locação e assistentes são responsáveis por encontrar o lugar pra que o cenário imaginado pelo roteirista/diretor se torne real. Costumo falar que somos responsáveis por encontrar "O local sagrado", o santo Graal da direção de arte rs O Produtor de Frente é responsável por dialogar com todos os civis da região, preparando o terreno antes da equipe chegar pra filmar. Casos que dariam uma série a parte. Imagina, por exemplo, quando uma equipe vai filmar numa favela dominada pelo... bem, acho que deu pra entender. Estes são os departamentos onde atuo na série, então vamos lá:
A sequência de perseguição do primeiro episódio da segunda temporada foi uma das mais complexas em termo de logística. Filmada em Copacabana em 2 diárias num final de semana, imagina pra nós "dominarmos" o cenário pra que não dê nada errado. Copacabana é, tipo, um dos lugares mais visitados do Brasil!
A casa do personagem Matias foi recentemente comprada por um jogador muuuito famoso de um time brasileiro. Por essa razão, dificilmente veremos ela novamente tão cedo em alguma grande produção audiovisual (a não ser que ele queira né? rs).
Outra casa da série ficava ao lado da residência de uma atriz que foi contratada pra ser a antagonista da nova produção do Raphael Montes, criador do "Bom Dia, Verônica". Vez e outra ela aparecia na varanda para cumprimentar os colegas de profissão.
Finalizava minha participação no filme do Eike Batista quando fui chamado pro "Bom Dia, Veronica" e foi uma loucura; não tinha assistido a primeira temporada e tinha que devorar os roteiros pra produzir. Quando terminei de ver o primeiro episódio, liguei pra Chris, que me convidou pro job, e só consegui dizer: MEU DEUS!
Recentemente fui convocado para trabalhar em outro projeto do mesmo criador do "Bom Dia, Verônica", desta vez para outra plataforma. Por razões que estão bombando no Twitter, o projeto por ora paralisou. Aliás, quem quiser virar meu amigo lá, o perfil é abaetefelipe.
A nota é com vocês! Espero que curtam a série e inté a próxima tour!
Acabei de ver o quinto episódio de Westworld e tenho que dizer: OBRA-PRIMA! Deus, obrigado por me fazer existir no mesmo universo que esta série. Se Deus não existe, obrigado aleatoriedade dos fatos. Se eu estiver dominado por alguma uma inteligência artificial, obrigado também! Eu amo tanto Westworld que poderia passar a vida inteira falando sobre ela. Dá um aperto quando recomendo esta fúria em forma de obra de arte e meus amigos não assistem. Sinto que me reconfiguro todinho quando termino um episódio, ela explode muito a noção da nossa realidade.
É boa? É. Poderia ser um filme de 2h30 ou uma minissérie com três episódios? Poderia. O final é chocante como a maioria fala? Aí vai depender de quanto audiovisual você já consumiu.
O que mais me atraiu foi a analogia relacionada ao que nós mesmos fazemos ao separar a vida pessoal do corporativismo. Vivemos duas vidas, sem querer uni-las. Ruptura (Severance) é uma boa obra que leva uma pompa digna de autocrítica.
Ps: levei dois meses pra conseguir completar os nove episódios. Descansei, meditei, dei um tempo, retomei e foi difícil. Boa sorte pra quem for engrenar. Pra mim, Ruptura não valeu essa experiência toda que tanto falam.
"Pela maior parte da nossa história, 'sabíamos' que a Terra era o centro do universo. Matamos e torturamos pessoas por dizerem o contrário. Até que descobrimos que a Terra está girando ao redor do Sol, que é somente um sol entre trilhões de sóis. E agora, olhe para nós, tentando lidar com o fato de que tudo isso existe em um universo entre sabe-se quantos. Toda nova descoberta é só um lembrete de que somos todos pequenos e estúpidos."
Estou refletindo sobre o que assisti. "Everything Everywhere All At Once" começa divertido, no meio quase me fez desistir, e de repente me deu uma pancada. O baque foi forte. Daqueles baques que a gente precisa permanecer sentado pra digerir.
Nunca vi nada igual. E talvez nunca mais tenha outro assim. Ou quem sabe, talvez, em um outro universo.
"Everything Everywhere All At Once" é daqueles filmes que ficarão no registro da história do cinema.
Enfim, cheguei novamente na segunda temporada. A história de amor (?) entre Dolores e Teddy é surreal de boa. Ao perceber que seu amado é ingênuo e incapaz de enfrentar a guerra que ela propõe, prefere "sacrificá-lo" a ter que lidar com a dificuldade de ver nos olhos dele o que ela se tornou. O diálogo do quinto episódio em que ela pergunta pro Teddy o que ele faria para erradicar uma doença que propaga através de insetos voadores e infecta o gado, e ele dá uma resposta completamente inesperada ao que ela sugere fazer, ou que o pai dela fez, é o presságio do que a personagem se tornará. Parece ódio, vingança, mas aos olhos dela também pode ser considerado justiça. Pesado! Que série, QUE SÉRIE!
I May Destroy You
4.5 277 Assista AgoraA HBO é muito corajosa por trazer histórias originais por vezes carregadas de traumas e tabus. I MAY DESTROY YOU é impecável no que propõe. Extremamente elaborada, nos machuca, faz refletir e algumas vezes, pq não, sorrir. Uma obra que fica na cabeça depois que tudo passa.
Bebê Rena
4.1 406 Assista AgoraParei, dei uma respirada e mesmo sem terminar, vim aqui.
O quarto episódio é pesadíssimo!
Há um aviso no início do episódio que coisas horríveis irão acontecer. Mas não há preparo emocional que nos evite abalar com a história contada. Aterrorizante o ser humano! Cara, isso foi real?
Quando acabou eu desabei.
Meu Pé de Laranja Lima
3.9 343Este filme tinha tanto potencial! A trilha não deixa espaço pra que possamos absorver o silêncio, como se nos obrigasse a vivenciar sentimentos. Os planos ora captam a alma do personagem principal, ora parecem dizer nada com nada. Quando o personagem do José de Abreu chega, o roteiro tenta se impor, e isso é bom! É exatamente aqui, na segunda metade do filme, que tudo começa se encaixar, entrando em harmonia. Seja isso tudo propositalmente ou não, a história de MEU PÉ DE LARANJA LIMA é linda e emociona, como emociona!
"Todo mundo bate em mim, só porque meu pai é o primeiro. Mas não faz mal, eu vou matar ele. Eu até comecei. Aqui dentro. Quando você vai deixando de gostar da pessoa, ela vai morrendo dentro de você."
Dias Perfeitos
4.2 256 Assista AgoraWim Wenders tem disso, né? Pegar o simples sem ser simplório e nos revelar algo que está diante de nós, mas é imperceptível. Dias Perfeitos é tudo o que ele poderia ser!
Na Natureza Selvagem
4.3 4,5K Assista AgoraDas incontáveis vezes que vi este filme, algo me pareceu novo desta vez. A empatia, a dor e sofrimento que sentia pelos pais do protagonista simplementes desta vez não veio.
SPOILER************ABAIXO
Como não notei que Supertramp agiu simplesmente da mesma forma que o pai dele fez com a família que ele negligenciou pra formar uma nova?
Invencível (2ª Temporada)
3.8 75 Assista AgoraA segunda temporada de Invencível termina instável. Numa montanha-russa de subtramas, faltou consistência de um enredo principal. Mesmo assim, Mark continua sendo o personagem mais empático já apresentado em uma animação de super herói, talvez atrás apenas do Aranhaverso.
Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes
3.7 342 Assista AgoraNão consegui me conectar com o filme por falta de carisma da protagonista. Não dá, tô nem aí se ela vai pra arena, se vai morrer ou ser atacada por um quero-quero. Difícil sentir empatia. Uma pena, sou fã da franquia.
Zona de Interesse
3.6 584 Assista AgoraHá desses filmes que batem na nossa porta com uma proposta diferente: de incomodar, perturbar, deformar os padrões e te fazer sentir desconforto, até dor.
Zona de Interesse é o tipo de filme que quanto mais se distancia dele, mais se torna interessante. Ao terminar tive uma sensação de estranheza, enjoo, e quanto mais o tempo passava, mais as ideias iam tomando forma.
Tem uma cena/diálogo que é de revirar o estômago. Evidencia como a perspectiva do bom/mau, certo/errado pode mudar o rumo da história de um indivíduo ou até mesmo do coletivo. Segundo o filme, a única verdade absoluta parece ser a que carregamos, mesmo que seja tudo uma mentira.
Rotting in the Sun
3.5 82 Assista AgoraRotting in the Sun começa muito bem com um tema de altíssima relevância, e de repente parece jogar tudo no lixo pra contar uma outra história. Uma pena.
Homem-Aranha: Através do Aranhaverso
4.3 520 Assista AgoraMiles Morales continua apaixonante em Homem-Aranha: Através do Aranhaverso! É possível sentir a alma dele pulsar dentro da sala de cinema e nos emocionar com essa sequência embriagada em dilemas familiares!
Succession (4ª Temporada)
4.5 215 Assista AgoraSPOILERS!!
Eu tinha me afeiçoado pelo carisma tóxico desta família corrosiva. Mas se tratando de roteiro, foi uma das coisas mais bem escritas na atualidade, um desfecho perverso para TODOS os personagens, incluindo praqueles que acham que venceram.
Close
4.2 471 Assista AgoraO silêncio de uma criança é a dor mais profunda escancarada por um ser humano.
The Last of Us (1ª Temporada)
4.4 1,2K Assista AgoraSOBRE A NATUREZA DA LUZ DO DIA
Eu simplesmente fico extasiado quando um filme ou série me deixa travado no sofá enquanto os créditos sobem. Ouvi de um professor que há dois tipos de pessoas que consomem audiovisual: aquelas que buscam na arte a dor e sofrimento pra poderem se apegar às memórias que não existem dentro delas e evoluírem como seres humanos, e aquelas que ocupam suas mentes com filmes e séries pra esquecerem da difícil realidade que se habita ou abafar a própria dor. A HBO sempre foi uma das melhores companheiras pra me dar, vez ou outra, cochichos como: olha, seu verme que diz saber sobre tudo e todos, olha aqui o que vou te mostrar ou lembrar!
Ela também tem desses episódios especiais que surgem durante a temporada e destoam de toda trama que ela conta, seja pelo roteiro, pela direção, ou ambos.
THE LAST OF US foi o último jogo de videogame que me envolvi até meu Playstation dizer adeus e eu nunca mais gastar aquele precioso tempo vivendo aventuras com um controle na mão. Em 2013 eu só tinha uma coisa na cabeça: preciso comprar este jogo que irão lançar. Sim, eu fui o primeiro a entrar no shopping aquele dia, eu fui o primeiro comprador naquela loja e minutos depois estava sentado em frente à TV experimentando algo que jamais tinha presenciado. Em 10 minutos de jogo eu tive que parar pra me recompor. Eu chorava sozinho na sala e não eram poucas lágrimas.
2023, estreia da série que adapta um dos meus jogos favoritos. A trama pós apocalíptica pode parecer bem batida, mas quando narrada com sutilezas torna-se arte. A gente tem dessas coisas de gostar de filme de zumbi, tiro, duendes e mágicos, né? Mas no fim, em qualquer destes universos, o que aproxima nosso coração ao que está na tela é exatamente a sensibilidade humana, os defeitos, devaneios e paixões. No terceiro episódio de The Last Of Us, o último exibido até agora, os roteiristas abandonam os protagonistas que tentam sobreviver à manifestação de um fungo que transforma homens em seres monstruosos pra contar a história de um homem que, em meio ao caos do fim do mundo (literalmente a história é sobre o fim da humanidade, ou quase isso), tenta sobreviver contra outra coisa. Sendo o último vivo da sua cidade, por anos convive com solidão.
De repente um outro cara surge e...
- O que foi?
- Eu não sentia medo antes de você surgir.
Há várias formas de falar sobre o amor. The Last of Us triunfa ao narrar sobre escolhas que não só dizem quem somos, como também revelam consequências que interferem na nossa vida para todo o sempre. Entre um intervalo e outro desta narrativa que reflete muito sobre a nossa vida, a gente fica imerso ao ver como é possível ainda haver amor em meio à tragédias, pandemias, e tudo que parece nos fazer ruir. Dois homens, então, passam seus próximos anos se amando. De todas as possibilidades eles escolhem ser felizes.
"É cuidando das coisas que demonstramos amor."
O episódio menos desastroso, no sentido apocalíptico, é até agora o mais triste. Porque em meio às infinitas possibilidades de morrer, nada pior que saber que, de uma maneira ou outra, iremos morrer. Às vezes até tomar validação desta verdade pode ser menos dolorosa que ter que aceitar que quem amamos um dia vai partir, mesmo tendo feito de tudo para protegê-las. The Last of Us tem sido uma experiência difícil e necessária! Esplêndido!
Aftersun
4.1 701Aftersun faz a gente sentir uma angústia que não existe, uma falta do que não perdeu, uma saudade do que não aconteceu. Parece um vazio, agora, muito difícil de se preencher. A gente fica assim, atordoado.
Tão belo quanto a inocência, que busca compreensão em meio ao caos. Tão duro quanto o caos, que não permite que a inocência perdure.
Além da Linha Vermelha
3.9 382 Assista AgoraNão tinha assistido Além da Linha Vermelha até então. A Árvore da Vida, do mesmo diretor, é o meu filme de drama favorito. Se um dia os filmes de guerra serviram como propaganda, o que acredito não ser o caso deste, pra mim parece que cada vez mais estas obras revelam que a guerra é medíocre. Terrence Malick me tira do eixo com seus questionamentos, e me faz lembrar que existe humanidade dentro do meu ser, e que é possível viver com um bom coração. Basta a reflexão!
Na Natureza Selvagem
4.3 4,5K Assista AgoraQuanto mais assisto a este filme, mais me sinto dentro dele, tentando me conectar com algo que não parece existir na civilização mais. Quem acha estupidez as atitudes do protagonista nunca entenderá que há prazeres maiores que o capitalismo pode comprar. Enquanto ser, só existir não basta.
O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder (1ª Temporada)
3.9 785 Assista AgoraÉ isso que acontece quando se tem muito dinheiro e nenhum potencial.
Frustrante quando você precisa lidar com o sentido de que, ou aceita as condições dos termos de serviço ou abandona o barco. Espero de todo meu coração que os showrunners avaliem o resultado com desejo de repararem os erros cometidos nesta temporada.
Li em algum lugar que William Faulkner, quando recebeu o Nobel de literatura, disse que o conflito humano dentro de si é a única coisa que vale a pena se escrever sobre. Isso vale para o audiovisual. Somos tocados por emoções. Um roteiro onde pessoas trafegam de um ponto ao outro não se sustenta. Não estamos aguardando uma jornada, queremos aventura!
A Casa do Dragão (1ª Temporada)
4.1 711 Assista AgoraAgora entendo este enorme prelúdio que acontece em House Of The Dragon e a decisão da HBO de contar a trajetória destes personagens bem antes da Dança dos Dragões.
Viserys foi um rei honrado e sua morte dará início a uma sucessão de calamidades!
O SHOW finalmente vai começar!
O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder (1ª Temporada)
3.9 785 Assista AgoraCom tristeza e pesar nas palavras: flopou.
Bom Dia, Verônica (2ª Temporada)
3.8 257 Assista AgoraPela primeira vez no Filmow resolvi fazer algo diferente. Habitualmente coloco minhas impressões sobre um determinado filme/série. Como estive envolvido diretamente no "Bom Dia, Verônica", resolvi postar algumas curiosidades sobre o meu departamento no projeto.
Pra quem não sabe, o produtor de locação e assistentes são responsáveis por encontrar o lugar pra que o cenário imaginado pelo roteirista/diretor se torne real. Costumo falar que somos responsáveis por encontrar "O local sagrado", o santo Graal da direção de arte rs
O Produtor de Frente é responsável por dialogar com todos os civis da região, preparando o terreno antes da equipe chegar pra filmar. Casos que dariam uma série a parte. Imagina, por exemplo, quando uma equipe vai filmar numa favela dominada pelo... bem, acho que deu pra entender. Estes são os departamentos onde atuo na série, então vamos lá:
A sequência de perseguição do primeiro episódio da segunda temporada foi uma das mais complexas em termo de logística. Filmada em Copacabana em 2 diárias num final de semana, imagina pra nós "dominarmos" o cenário pra que não dê nada errado. Copacabana é, tipo, um dos lugares mais visitados do Brasil!
A casa do personagem Matias foi recentemente comprada por um jogador muuuito famoso de um time brasileiro. Por essa razão, dificilmente veremos ela novamente tão cedo em alguma grande produção audiovisual (a não ser que ele queira né? rs).
Outra casa da série ficava ao lado da residência de uma atriz que foi contratada pra ser a antagonista da nova produção do Raphael Montes, criador do "Bom Dia, Verônica".
Vez e outra ela aparecia na varanda para cumprimentar os colegas de profissão.
Finalizava minha participação no filme do Eike Batista quando fui chamado pro "Bom Dia, Veronica" e foi uma loucura; não tinha assistido a primeira temporada e tinha que devorar os roteiros pra produzir. Quando terminei de ver o primeiro episódio, liguei pra Chris, que me convidou pro job, e só consegui dizer: MEU DEUS!
Recentemente fui convocado para trabalhar em outro projeto do mesmo criador do "Bom Dia, Verônica", desta vez para outra plataforma. Por razões que estão bombando no Twitter, o projeto por ora paralisou. Aliás, quem quiser virar meu amigo lá, o perfil é abaetefelipe.
A nota é com vocês!
Espero que curtam a série e inté a próxima tour!
Westworld (4ª Temporada)
3.6 122Acabei de ver o quinto episódio de Westworld e tenho que dizer: OBRA-PRIMA! Deus, obrigado por me fazer existir no mesmo universo que esta série. Se Deus não existe, obrigado aleatoriedade dos fatos. Se eu estiver dominado por alguma uma inteligência artificial, obrigado também! Eu amo tanto Westworld que poderia passar a vida inteira falando sobre ela. Dá um aperto quando recomendo esta fúria em forma de obra de arte e meus amigos não assistem. Sinto que me reconfiguro todinho quando termino um episódio, ela explode muito a noção da nossa realidade.
Você já questionou a natureza da sua realidade?
Ruptura (1ª Temporada)
4.5 746 Assista AgoraÉ boa? É. Poderia ser um filme de 2h30 ou uma minissérie com três episódios? Poderia. O final é chocante como a maioria fala? Aí vai depender de quanto audiovisual você já consumiu.
O que mais me atraiu foi a analogia relacionada ao que nós mesmos fazemos ao separar a vida pessoal do corporativismo. Vivemos duas vidas, sem querer uni-las. Ruptura (Severance) é uma boa obra que leva uma pompa digna de autocrítica.
Ps: levei dois meses pra conseguir completar os nove episódios. Descansei, meditei, dei um tempo, retomei e foi difícil. Boa sorte pra quem for engrenar. Pra mim, Ruptura não valeu essa experiência toda que tanto falam.
Tudo em Todo O Lugar ao Mesmo Tempo
4.0 2,1K Assista Agora"Pela maior parte da nossa história, 'sabíamos' que a Terra era o centro do universo. Matamos e torturamos pessoas por dizerem o contrário. Até que descobrimos que a Terra está girando ao redor do Sol, que é somente um sol entre trilhões de sóis. E agora, olhe para nós, tentando lidar com o fato de que tudo isso existe em um universo entre sabe-se quantos. Toda nova descoberta é só um lembrete de que somos todos pequenos e estúpidos."
Estou refletindo sobre o que assisti. "Everything Everywhere All At Once" começa divertido, no meio quase me fez desistir, e de repente me deu uma pancada. O baque foi forte. Daqueles baques que a gente precisa permanecer sentado pra digerir.
Nunca vi nada igual.
E talvez nunca mais tenha outro assim.
Ou quem sabe, talvez, em um outro universo.
"Everything Everywhere All At Once" é daqueles filmes que ficarão no registro da história do cinema.
Westworld (2ª Temporada)
4.2 491SPOILERS DO QUINTO EPISÓDIO ABAIXO:
Enfim, cheguei novamente na segunda temporada. A história de amor (?) entre Dolores e Teddy é surreal de boa. Ao perceber que seu amado é ingênuo e incapaz de enfrentar a guerra que ela propõe, prefere "sacrificá-lo" a ter que lidar com a dificuldade de ver nos olhos dele o que ela se tornou. O diálogo do quinto episódio em que ela pergunta pro Teddy o que ele faria para erradicar uma doença que propaga através de insetos voadores e infecta o gado, e ele dá uma resposta completamente inesperada ao que ela sugere fazer, ou que o pai dela fez, é o presságio do que a personagem se tornará. Parece ódio, vingança, mas aos olhos dela também pode ser considerado justiça. Pesado! Que série, QUE SÉRIE!