Este filme tinha tanto potencial! A trilha não deixa espaço pra que possamos absorver o silêncio, como se nos obrigasse a vivenciar sentimentos. Os planos ora captam a alma do personagem principal, ora parecem dizer nada com nada. Quando o personagem do José de Abreu chega, o roteiro tenta se impor, e isso é bom! É exatamente aqui, na segunda metade do filme, que tudo começa se encaixar, entrando em harmonia. Seja isso tudo propositalmente ou não, a história de MEU PÉ DE LARANJA LIMA é linda e emociona, como emociona!
"Todo mundo bate em mim, só porque meu pai é o primeiro. Mas não faz mal, eu vou matar ele. Eu até comecei. Aqui dentro. Quando você vai deixando de gostar da pessoa, ela vai morrendo dentro de você."
Wim Wenders tem disso, né? Pegar o simples sem ser simplório e nos revelar algo que está diante de nós, mas é imperceptível. Dias Perfeitos é tudo o que ele poderia ser!
Das incontáveis vezes que vi este filme, algo me pareceu novo desta vez. A empatia, a dor e sofrimento que sentia pelos pais do protagonista simplementes desta vez não veio.
SPOILER************ABAIXO
Como não notei que Supertramp agiu simplesmente da mesma forma que o pai dele fez com a família que ele negligenciou pra formar uma nova?
Não consegui me conectar com o filme por falta de carisma da protagonista. Não dá, tô nem aí se ela vai pra arena, se vai morrer ou ser atacada por um quero-quero. Difícil sentir empatia. Uma pena, sou fã da franquia.
Há desses filmes que batem na nossa porta com uma proposta diferente: de incomodar, perturbar, deformar os padrões e te fazer sentir desconforto, até dor.
Zona de Interesse é o tipo de filme que quanto mais se distancia dele, mais se torna interessante. Ao terminar tive uma sensação de estranheza, enjoo, e quanto mais o tempo passava, mais as ideias iam tomando forma.
Tem uma cena/diálogo que é de revirar o estômago. Evidencia como a perspectiva do bom/mau, certo/errado pode mudar o rumo da história de um indivíduo ou até mesmo do coletivo. Segundo o filme, a única verdade absoluta parece ser a que carregamos, mesmo que seja tudo uma mentira.
Rotting in the Sun começa muito bem com um tema de altíssima relevância, e de repente parece jogar tudo no lixo pra contar uma outra história. Uma pena.
Miles Morales continua apaixonante em Homem-Aranha: Através do Aranhaverso! É possível sentir a alma dele pulsar dentro da sala de cinema e nos emocionar com essa sequência embriagada em dilemas familiares!
Aftersun faz a gente sentir uma angústia que não existe, uma falta do que não perdeu, uma saudade do que não aconteceu. Parece um vazio, agora, muito difícil de se preencher. A gente fica assim, atordoado.
Tão belo quanto a inocência, que busca compreensão em meio ao caos. Tão duro quanto o caos, que não permite que a inocência perdure.
Não tinha assistido Além da Linha Vermelha até então. A Árvore da Vida, do mesmo diretor, é o meu filme de drama favorito. Se um dia os filmes de guerra serviram como propaganda, o que acredito não ser o caso deste, pra mim parece que cada vez mais estas obras revelam que a guerra é medíocre. Terrence Malick me tira do eixo com seus questionamentos, e me faz lembrar que existe humanidade dentro do meu ser, e que é possível viver com um bom coração. Basta a reflexão!
Quanto mais assisto a este filme, mais me sinto dentro dele, tentando me conectar com algo que não parece existir na civilização mais. Quem acha estupidez as atitudes do protagonista nunca entenderá que há prazeres maiores que o capitalismo pode comprar. Enquanto ser, só existir não basta.
"Pela maior parte da nossa história, 'sabíamos' que a Terra era o centro do universo. Matamos e torturamos pessoas por dizerem o contrário. Até que descobrimos que a Terra está girando ao redor do Sol, que é somente um sol entre trilhões de sóis. E agora, olhe para nós, tentando lidar com o fato de que tudo isso existe em um universo entre sabe-se quantos. Toda nova descoberta é só um lembrete de que somos todos pequenos e estúpidos."
Estou refletindo sobre o que assisti. "Everything Everywhere All At Once" começa divertido, no meio quase me fez desistir, e de repente me deu uma pancada. O baque foi forte. Daqueles baques que a gente precisa permanecer sentado pra digerir.
Nunca vi nada igual. E talvez nunca mais tenha outro assim. Ou quem sabe, talvez, em um outro universo.
"Everything Everywhere All At Once" é daqueles filmes que ficarão no registro da história do cinema.
Em 2007 eu era um adolescente babaca descobrindo a minha sexualidade. Certo dia, vagando pela locadora vi um filme com uma capa intrigante e escrito: INDICADO AO OSCAR. Eu gostava do Oscar, era aquela cerimônia que passava cenas inéditas de filmes do Homem Aranha, Matrix e O Senhor dos Anéis. Pra quem era do interior, vivendo numa época sem internet, assistir cenas inéditas de um filme que só poderia ver quando chegasse na locadora era cool. Então levei Sangue Negro, e neste dia eu senti que mudei.
Religião sempre foi o foco da minha vida, das minhas perturbações, do meu aceitar, e do meu ódio pela metodologia do mundo em diagnosticar o certo e errado com base no que dizem ser a palavra oficial de Deus. Eu nunca tive um relacionamento saudável na minha família por conta disso, mas ao ver aquele protagonista tomando aquelas atitudes, eu me revirei. Porque eu era aquele homem cheio de ódio, e eu era o filho dele que fomentava o ódio a partir da criação do pai. Sangue Negro é difícil pra expressar, eu o assisto algumas vezes a cada dez anos, e ainda me sinto a diluir em cada personagem que aparece. Quanto mais amadureço, mais apodreço. Que filme poderoso, que filme audacioso, que filme capaz!
Não há mais volta, é impossível despertar tanta gente inerte e refém ao que o sistema impõe.
Com essa mensagem fico a pensar como Matrix 4 é complexo dentro de sua própria magnitude, rindo de si mesmo e criando um desconforto no espectador. As pessoas se levam a sério demais sem dar a devida atenção ao que realmente importa. Discussões sobre a sobreposição da realidade, a perspectiva da loucura e da submissão do meio em que o ser humano foi criado, a derrubada da idolatria - do messianismo - e sobre o desejo de existir um propósito. É um filme bom, autocrítico, cínico e desaforado. Matrix sempre foi sobre renegar tudo que nos é imposto, de romper com o que estamos acostumados para contradizer o óbvio e incomodar (inclusive a primeira parte fala exatamente sobre isso, da gente aceitar sempre as mesmas coisas e negar o novo, o diferente, ou apenas nos entregar para o que está sendo proposto. Não queremos mais absorver nada, somente aceitamos as mesmas histórias, com outros personagens).
Não é um filme ruim. É um filme difícil. E difícil não quer dizer que um dia se torne bom. É diferente, apesar de parecer o mesmo. E é igual.
É preciso apreciar o discurso para poder entender a mensagem. É preciso se incomodar para enfim entreter.
Mas no fim as pessoas querem mesmo viver na Matrix.
Que rolê torto o documentário Três Estranhos Idênticos! Começa uma parada meio inacreditável e termina numa situação ainda mais absurda! E quanto mais se pensa neste filme, pior fica.
Assistir a este documentário depois de ler "O Mundo Assombrado pelos Demônios" faz de Erich von Däniken um malandro ou ingênuo. Quem sabe os dois? O mais incrível sobre as ideias e as crenças é o despertar para a imaginação. Nada como sonhar sobre as sequelas de um mundo recoberto por inúmeras perguntas que talvez jamais serão respondidas.
Um filme problemático e compreensível. Problemático ao dar a um homem branco o discurso final sobre problemas de pigmentação (em suas próprias palavras), deixando claro que sua perspectiva é a voz da decisão (mesmo que a sua fala seja sobre exatamente o contrário). O monólogo é repleto de simbolismo que, apesar das boas intenções do diretor, nos traz um sentimento muito dúbio sobre a declaração, causando um certo desconforto. É um filme compreensível por ter sido rodado em uma época diferente da que vivemos. Não é somente o tema que incomoda, os personagens não usam cinto de segurança, fumam em estabelecimentos fechados, e por aí vai. A sensatez não parece bater sequer na porta da "empregada doméstica." Mais uma vez, os tempos são outros e há muitas camadas a serem exploradas no roteiro que expõe a vida daquelas pessoas.
"Você não é meu dono. Não pode me dizer quando estou saindo da linha, ou tentar que viva segundo as suas regras. Nem sabe quem eu sou, pai, o que sinto, o que penso. Tem 30 anos a mais que eu. Para você e sua geração miserável, tudo tem que continuar a mesma. Só quando todos vocês desaparecerem é que deixarão de ser um peso morto nas nossas costas."
Seaspiracy começa dizendo que as algas marinhas são responsáveis pela produção de 54% do oxigênio do mundo e termina dando sugestão de trocar o consumo dos peixes pelas algas. É o fim, literalmente!
O final com aquela música foi pra mim o maior soco no estômago. Indigesto e potente. Adultos agindo com inconsequência como se fossem eternos adolescentes irresponsáveis pela própria vida e a dos outros. Se o que importa é a felicidade, será mesmo que a bebida é o motor principal na busca desta?
"Não sei onde estarei em cinco anos, mas sou jovem e vivo Foda-se o que eles estão dizendo, que vida Está tudo bem, está tudo bem Que estamos vivendo, estamos vivendo assim"
Gostaria muito de saber como estes personagens, assim como muitos na vida real, estão celebrando a vida após alguns anos. A busca pela felicidade através da fuga da consciência não é felicidade, é apenas a mediocridade de revelar à sociedade o quão frágil e covarde é o ser humano.
O Senhor dos Anéis foi a primeira trilogia que assisti no cinema. Lembro de, ao final do último filme, sair da sala com um vazio no peito e uma sensação de ter vivido algo muito maior que magia. Revisitando os filmes tenho a certeza que Tolkien é grande demais pra nós mortais.
Há um trecho em "O Senhor dos Anéis" onde ocorre uma batalha entre o bem e o mal no abismo de Helm. Homens, elfos e anões se unem para derrotar o mal, representado por seres que destroem a natureza e instauram o caos e forças malignas que corrompem tudo que há de bom no planeta. Longe, na floresta, os ents (árvores vivas) discutem entre entre eles se devem ou não participar do embate. Após uma longa conversa decidem se ausentar do conflito.
- Como pode ser essa a sua decisão? - pergunta o hobbit sem compreender a falta de motivação das árvores. - Isso não é a nossa guerra. - Mas vocês são parte deste mundo! - Merry suplica.
Merry, decepcionado pela falta de perspectiva, é amparado por seu amigo Pippin:
- Talvez as árvores tenham razão. Isso tudo é muito grande para nós. O que nós podemos fazer afinal? Nós temos nossa casa e para lá devemos voltar. - Os fogos se espalharão e os bosques queimarão. Tudo que era verde e bom neste mundo estará perdido. Não existirá mais casa, Pippin.
Quando achamos que ser uma árvore é o melhor para não atrapalhar o curso da história, ou interferir no futuro de uma sociedade, é sempre bom lembrar que as consequências chegam para todos. Cedo ou tarde a gente sempre toma uma decisão. Mesmo que a floresta esteja toda tomada pelo fogo, é possível encontrar uma solução.
Como diz Gandalf, o mago cinzento, 'é preciso calar a língua bifurcada das cobras atrás dos dentes. Não passamos por fogo e morte para trocar débeis palavras com vermes e tolos.'
Considerando que um advogado precise tomar como verdade o que está defendendo, quando termina o julgamento, mesmo derrotado, ele continua a acreditar?
“O que fazer quando não se tem certeza? Este será o tópico de hoje”, segue o monólogo do padre Flynn, interpretado por Philip Seymour Hoffman. “Uma mulher fazia fofoca com a amiga sobre um homem que mal conhecia. Sei que vocês nunca fizeram isso. Ela teve um sonho aquela noite. Uma mão enorme aparecia e apontava para ela. Ela se sentiu culpada na mesma hora. No dia seguinte se confessou. Ela perguntou se fofocar era pecado. E se aquela era a mão do Todo-poderoso apontando para ela. ‘Sim, sua mulher ignorante. Você levantou falso testemunho contra um irmão. Você brincou com a reputação dele, e deve se envergonhar disso!’ Então a mulher pediu perdão. ‘Quero que vá para casa, leve um travesseiro até o telhado, corte-o com uma faca, e traga-o pra mim’. […] Ela voltou ao padre e ele perguntou: cortou o travesseiro com a faca? ‘Sim, padre.’ ‘E qual foi o resultado?’ Plumas por toda parte, ela disse. ‘Agora quero que volte e recolha todas plumas que voaram com o vento.’ Ela disse: não posso, não sei para onde foram. Foram levadas pelo vento.’ E o padre disse: E assim é a fofoca!”
Onze anos atrás, quando assisti à “Dúvida” pela primeira vez, tive absoluta certeza que o padre era culpado da acusação que permeia o longa-metragem. Isto não dizia sobre o filme, mas sobre meus preconceitos. Minha mente divagava: por que escândalos como este continuam existindo na igreja católica?
-Sobre o que foi o sermão do padre Flynn semana passada? -Bem, dúvida. Ele falava sobre dúvida. -Por quê? O padre Flynn tem dúvidas? Está preocupado que alguém esteja em dúvida? -É perturbador suspeitar das pessoas, me sinto menos próxima de Deus. - Quando dá um passo para corrigir um erro, se distancia de Deus, mas a serviço dele.
Fiquei torcendo profundamente que fosse mentira a moléstia cometida pelo padre, pois é inadmissível diante do discurso dos dogmas que isto ainda ocorra entre nós. Inadmissível, à favor da crença, as pessoas isentarem a culpa do culpado enquanto a vítima se dilacera. Uma vida quando abusada não retorna nunca mais. Uma sombra paira e destrói a inocência e tudo que há de bom. O corpo sofre, a alma sofre. A vida recai. E a culpa sempre será daqueles que não são santos.
Mas pior que ter a certeza sobre algo, é viver sobre dúvidas. E este filme irá confrontar tudo que encontramos em nossa arrogância sobre ser juiz de um caso que não cabe a nós julgar. A justiça vendou os olhos por muitos anos, e me parece que a sensatez deu lugar a uma visão impossível de se justificar. Que a justiça reorganize o conceito de se parecer cega, porque precisamos que alguém enxergue por nós para que possamos continuar a acreditar.
“A dúvida pode ser um elo tão forte e duradouro quanto a certeza. Quando está perdido, não está sozinho.”
“Havia um sentimento em todo país. Um sentimento de desgraça, de indignidade, de fome. Tínhamos uma democracia, sim, mas estava arruinada por elementos internos. Sobretudo, havia medo: medo do presente, medo do futuro, medo de nossos vizinhos e medo de nós mesmos. Somente quando entenderem isto poderão entender o que Hitler significava para nós. Porque ele nos disse: ‘Levantem suas cabeças! Sintam orgulho por serem alemães! Há demônios entre nós: comunistas, liberais, judeus, ciganos! Quando esses demônios forem destruídos, sua miséria terá acabado'. Era a velha história do bode expiatório. E aqueles de nós que sabiam bem mais? Que sabiam que era tudo mentira, pior que a mentira? Por que ficamos em silêncio? Por que participamos? Porque amávamos nosso país! Que diferença faz se alguns extremistas perdem seus direitos? Que diferença faz se algumas minorias perdem seus direitos? É só uma coisa passageira. É só uma etapa que estamos atravessando. Cedo ou tarde será superado. [...] E a história mostra como tivemos êxito, meritíssimo. Triunfamos além dos nossos sonhos. Os mesmos elementos de ódio e poder de Hitler que hipnotizaram a Alemanha, hipnotizaram o mundo. [...] Então, um dia olhamos ao redor e vimos que estávamos diante de um perigo maior ainda. O que veio como algo passageiro se tornou um modo de vida."
Meu Pé de Laranja Lima
3.9 341Este filme tinha tanto potencial! A trilha não deixa espaço pra que possamos absorver o silêncio, como se nos obrigasse a vivenciar sentimentos. Os planos ora captam a alma do personagem principal, ora parecem dizer nada com nada. Quando o personagem do José de Abreu chega, o roteiro tenta se impor, e isso é bom! É exatamente aqui, na segunda metade do filme, que tudo começa se encaixar, entrando em harmonia. Seja isso tudo propositalmente ou não, a história de MEU PÉ DE LARANJA LIMA é linda e emociona, como emociona!
"Todo mundo bate em mim, só porque meu pai é o primeiro. Mas não faz mal, eu vou matar ele. Eu até comecei. Aqui dentro. Quando você vai deixando de gostar da pessoa, ela vai morrendo dentro de você."
Dias Perfeitos
4.2 231 Assista AgoraWim Wenders tem disso, né? Pegar o simples sem ser simplório e nos revelar algo que está diante de nós, mas é imperceptível. Dias Perfeitos é tudo o que ele poderia ser!
Na Natureza Selvagem
4.3 4,5K Assista AgoraDas incontáveis vezes que vi este filme, algo me pareceu novo desta vez. A empatia, a dor e sofrimento que sentia pelos pais do protagonista simplementes desta vez não veio.
SPOILER************ABAIXO
Como não notei que Supertramp agiu simplesmente da mesma forma que o pai dele fez com a família que ele negligenciou pra formar uma nova?
Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes
3.7 342 Assista AgoraNão consegui me conectar com o filme por falta de carisma da protagonista. Não dá, tô nem aí se ela vai pra arena, se vai morrer ou ser atacada por um quero-quero. Difícil sentir empatia. Uma pena, sou fã da franquia.
Zona de Interesse
3.6 565 Assista AgoraHá desses filmes que batem na nossa porta com uma proposta diferente: de incomodar, perturbar, deformar os padrões e te fazer sentir desconforto, até dor.
Zona de Interesse é o tipo de filme que quanto mais se distancia dele, mais se torna interessante. Ao terminar tive uma sensação de estranheza, enjoo, e quanto mais o tempo passava, mais as ideias iam tomando forma.
Tem uma cena/diálogo que é de revirar o estômago. Evidencia como a perspectiva do bom/mau, certo/errado pode mudar o rumo da história de um indivíduo ou até mesmo do coletivo. Segundo o filme, a única verdade absoluta parece ser a que carregamos, mesmo que seja tudo uma mentira.
Rotting in the Sun
3.5 82 Assista AgoraRotting in the Sun começa muito bem com um tema de altíssima relevância, e de repente parece jogar tudo no lixo pra contar uma outra história. Uma pena.
Homem-Aranha: Através do Aranhaverso
4.3 518 Assista AgoraMiles Morales continua apaixonante em Homem-Aranha: Através do Aranhaverso! É possível sentir a alma dele pulsar dentro da sala de cinema e nos emocionar com essa sequência embriagada em dilemas familiares!
Close
4.2 468 Assista AgoraO silêncio de uma criança é a dor mais profunda escancarada por um ser humano.
Aftersun
4.1 696Aftersun faz a gente sentir uma angústia que não existe, uma falta do que não perdeu, uma saudade do que não aconteceu. Parece um vazio, agora, muito difícil de se preencher. A gente fica assim, atordoado.
Tão belo quanto a inocência, que busca compreensão em meio ao caos. Tão duro quanto o caos, que não permite que a inocência perdure.
Além da Linha Vermelha
3.9 382 Assista AgoraNão tinha assistido Além da Linha Vermelha até então. A Árvore da Vida, do mesmo diretor, é o meu filme de drama favorito. Se um dia os filmes de guerra serviram como propaganda, o que acredito não ser o caso deste, pra mim parece que cada vez mais estas obras revelam que a guerra é medíocre. Terrence Malick me tira do eixo com seus questionamentos, e me faz lembrar que existe humanidade dentro do meu ser, e que é possível viver com um bom coração. Basta a reflexão!
Na Natureza Selvagem
4.3 4,5K Assista AgoraQuanto mais assisto a este filme, mais me sinto dentro dele, tentando me conectar com algo que não parece existir na civilização mais. Quem acha estupidez as atitudes do protagonista nunca entenderá que há prazeres maiores que o capitalismo pode comprar. Enquanto ser, só existir não basta.
Tudo em Todo O Lugar ao Mesmo Tempo
4.0 2,1K Assista Agora"Pela maior parte da nossa história, 'sabíamos' que a Terra era o centro do universo. Matamos e torturamos pessoas por dizerem o contrário. Até que descobrimos que a Terra está girando ao redor do Sol, que é somente um sol entre trilhões de sóis. E agora, olhe para nós, tentando lidar com o fato de que tudo isso existe em um universo entre sabe-se quantos. Toda nova descoberta é só um lembrete de que somos todos pequenos e estúpidos."
Estou refletindo sobre o que assisti. "Everything Everywhere All At Once" começa divertido, no meio quase me fez desistir, e de repente me deu uma pancada. O baque foi forte. Daqueles baques que a gente precisa permanecer sentado pra digerir.
Nunca vi nada igual.
E talvez nunca mais tenha outro assim.
Ou quem sabe, talvez, em um outro universo.
"Everything Everywhere All At Once" é daqueles filmes que ficarão no registro da história do cinema.
Sangue Negro
4.3 1,2K Assista AgoraEm 2007 eu era um adolescente babaca descobrindo a minha sexualidade. Certo dia, vagando pela locadora vi um filme com uma capa intrigante e escrito: INDICADO AO OSCAR. Eu gostava do Oscar, era aquela cerimônia que passava cenas inéditas de filmes do Homem Aranha, Matrix e O Senhor dos Anéis. Pra quem era do interior, vivendo numa época sem internet, assistir cenas inéditas de um filme que só poderia ver quando chegasse na locadora era cool. Então levei Sangue Negro, e neste dia eu senti que mudei.
Religião sempre foi o foco da minha vida, das minhas perturbações, do meu aceitar, e do meu ódio pela metodologia do mundo em diagnosticar o certo e errado com base no que dizem ser a palavra oficial de Deus. Eu nunca tive um relacionamento saudável na minha família por conta disso, mas ao ver aquele protagonista tomando aquelas atitudes, eu me revirei. Porque eu era aquele homem cheio de ódio, e eu era o filho dele que fomentava o ódio a partir da criação do pai. Sangue Negro é difícil pra expressar, eu o assisto algumas vezes a cada dez anos, e ainda me sinto a diluir em cada personagem que aparece. Quanto mais amadureço, mais apodreço. Que filme poderoso, que filme audacioso, que filme capaz!
Matrix Resurrections
2.8 1,3K Assista AgoraNão há mais volta, é impossível despertar tanta gente inerte e refém ao que o sistema impõe.
Com essa mensagem fico a pensar como Matrix 4 é complexo dentro de sua própria magnitude, rindo de si mesmo e criando um desconforto no espectador. As pessoas se levam a sério demais sem dar a devida atenção ao que realmente importa. Discussões sobre a sobreposição da realidade, a perspectiva da loucura e da submissão do meio em que o ser humano foi criado, a derrubada da idolatria - do messianismo - e sobre o desejo de existir um propósito. É um filme bom, autocrítico, cínico e desaforado. Matrix sempre foi sobre renegar tudo que nos é imposto, de romper com o que estamos acostumados para contradizer o óbvio e incomodar (inclusive a primeira parte fala exatamente sobre isso, da gente aceitar sempre as mesmas coisas e negar o novo, o diferente, ou apenas nos entregar para o que está sendo proposto. Não queremos mais absorver nada, somente aceitamos as mesmas histórias, com outros personagens).
Não é um filme ruim. É um filme difícil. E difícil não quer dizer que um dia se torne bom. É diferente, apesar de parecer o mesmo. E é igual.
É preciso apreciar o discurso para poder entender a mensagem.
É preciso se incomodar para enfim entreter.
Mas no fim as pessoas querem mesmo viver na Matrix.
Três Estranhos Idênticos
4.0 211 Assista AgoraQue rolê torto o documentário Três Estranhos Idênticos! Começa uma parada meio inacreditável e termina numa situação ainda mais absurda! E quanto mais se pensa neste filme, pior fica.
Eram os Deuses Astronautas?
3.7 99Assistir a este documentário depois de ler "O Mundo Assombrado pelos Demônios" faz de Erich von Däniken um malandro ou ingênuo. Quem sabe os dois? O mais incrível sobre as ideias e as crenças é o despertar para a imaginação. Nada como sonhar sobre as sequelas de um mundo recoberto por inúmeras perguntas que talvez jamais serão respondidas.
Adivinhe Quem Vem Para Jantar
4.1 222 Assista AgoraUm filme problemático e compreensível. Problemático ao dar a um homem branco o discurso final sobre problemas de pigmentação (em suas próprias palavras), deixando claro que sua perspectiva é a voz da decisão (mesmo que a sua fala seja sobre exatamente o contrário). O monólogo é repleto de simbolismo que, apesar das boas intenções do diretor, nos traz um sentimento muito dúbio sobre a declaração, causando um certo desconforto. É um filme compreensível por ter sido rodado em uma época diferente da que vivemos. Não é somente o tema que incomoda, os personagens não usam cinto de segurança, fumam em estabelecimentos fechados, e por aí vai. A sensatez não parece bater sequer na porta da "empregada doméstica." Mais uma vez, os tempos são outros e há muitas camadas a serem exploradas no roteiro que expõe a vida daquelas pessoas.
"Você não é meu dono. Não pode me dizer quando estou saindo da linha, ou tentar que viva segundo as suas regras. Nem sabe quem eu sou, pai, o que sinto, o que penso.
Tem 30 anos a mais que eu. Para você e sua geração miserável, tudo tem que continuar a mesma. Só quando todos vocês desaparecerem é que deixarão de ser um peso morto nas nossas costas."
E assim seguimos aprendendo sempre.
Seaspiracy: Mar Vermelho
4.3 48Seaspiracy começa dizendo que as algas marinhas são responsáveis pela produção de 54% do oxigênio do mundo e termina dando sugestão de trocar o consumo dos peixes pelas algas. É o fim, literalmente!
Druk: Mais Uma Rodada
3.9 797 Assista AgoraO final com aquela música foi pra mim o maior soco no estômago. Indigesto e potente. Adultos agindo com inconsequência como se fossem eternos adolescentes irresponsáveis pela própria vida e a dos outros. Se o que importa é a felicidade, será mesmo que a bebida é o motor principal na busca desta?
"Não sei onde estarei em cinco anos, mas sou jovem e vivo
Foda-se o que eles estão dizendo, que vida
Está tudo bem, está tudo bem
Que estamos vivendo, estamos vivendo assim"
Gostaria muito de saber como estes personagens, assim como muitos na vida real, estão celebrando a vida após alguns anos. A busca pela felicidade através da fuga da consciência não é felicidade, é apenas a mediocridade de revelar à sociedade o quão frágil e covarde é o ser humano.
[spoiler][/spoiler]
O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel
4.4 1,8K Assista AgoraO Senhor dos Anéis foi a primeira trilogia que assisti no cinema. Lembro de, ao final do último filme, sair da sala com um vazio no peito e uma sensação de ter vivido algo muito maior que magia. Revisitando os filmes tenho a certeza que Tolkien é grande demais pra nós mortais.
O Senhor dos Anéis: As Duas Torres
4.4 1,1K Assista AgoraHá um trecho em "O Senhor dos Anéis" onde ocorre uma batalha entre o bem e o mal no abismo de Helm. Homens, elfos e anões se unem para derrotar o mal, representado por seres que destroem a natureza e instauram o caos e forças malignas que corrompem tudo que há de bom no planeta. Longe, na floresta, os ents (árvores vivas) discutem entre entre eles se devem ou não participar do embate. Após uma longa conversa decidem se ausentar do conflito.
- Como pode ser essa a sua decisão? - pergunta o hobbit sem compreender a falta de motivação das árvores.
- Isso não é a nossa guerra.
- Mas vocês são parte deste mundo! - Merry suplica.
Merry, decepcionado pela falta de perspectiva, é amparado por seu amigo Pippin:
- Talvez as árvores tenham razão. Isso tudo é muito grande para nós. O que nós podemos fazer afinal? Nós temos nossa casa e para lá devemos voltar.
- Os fogos se espalharão e os bosques queimarão. Tudo que era verde e bom neste mundo estará perdido. Não existirá mais casa, Pippin.
Quando achamos que ser uma árvore é o melhor para não atrapalhar o curso da história, ou interferir no futuro de uma sociedade, é sempre bom lembrar que as consequências chegam para todos. Cedo ou tarde a gente sempre toma uma decisão. Mesmo que a floresta esteja toda tomada pelo fogo, é possível encontrar uma solução.
Como diz Gandalf, o mago cinzento, 'é preciso calar a língua bifurcada das cobras atrás dos dentes. Não passamos por fogo e morte para trocar débeis palavras com vermes e tolos.'
E as árvores, no fim, marcharam para a guerra.
Dúvida
3.9 1,0K Assista AgoraConsiderando que um advogado precise tomar como verdade o que está defendendo, quando termina o julgamento, mesmo derrotado, ele continua a acreditar?
“O que fazer quando não se tem certeza? Este será o tópico de hoje”, segue o monólogo do padre Flynn, interpretado por Philip Seymour Hoffman. “Uma mulher fazia fofoca com a amiga sobre um homem que mal conhecia. Sei que vocês nunca fizeram isso. Ela teve um sonho aquela noite. Uma mão enorme aparecia e apontava para ela. Ela se sentiu culpada na mesma hora. No dia seguinte se confessou. Ela perguntou se fofocar era pecado. E se aquela era a mão do Todo-poderoso apontando para ela. ‘Sim, sua mulher ignorante. Você levantou falso testemunho contra um irmão. Você brincou com a reputação dele, e deve se envergonhar disso!’ Então a mulher pediu perdão. ‘Quero que vá para casa, leve um travesseiro até o telhado, corte-o com uma faca, e traga-o pra mim’. […] Ela voltou ao padre e ele perguntou: cortou o travesseiro com a faca? ‘Sim, padre.’ ‘E qual foi o resultado?’ Plumas por toda parte, ela disse. ‘Agora quero que volte e recolha todas plumas que voaram com o vento.’ Ela disse: não posso, não sei para onde foram. Foram levadas pelo vento.’ E o padre disse: E assim é a fofoca!”
Onze anos atrás, quando assisti à “Dúvida” pela primeira vez, tive absoluta certeza que o padre era culpado da acusação que permeia o longa-metragem. Isto não dizia sobre o filme, mas sobre meus preconceitos. Minha mente divagava: por que escândalos como este continuam existindo na igreja católica?
-Sobre o que foi o sermão do padre Flynn semana passada?
-Bem, dúvida. Ele falava sobre dúvida.
-Por quê? O padre Flynn tem dúvidas? Está preocupado que alguém esteja em dúvida?
-É perturbador suspeitar das pessoas, me sinto menos próxima de Deus.
- Quando dá um passo para corrigir um erro, se distancia de Deus, mas a serviço dele.
Fiquei torcendo profundamente que fosse mentira a moléstia cometida pelo padre, pois é inadmissível diante do discurso dos dogmas que isto ainda ocorra entre nós. Inadmissível, à favor da crença, as pessoas isentarem a culpa do culpado enquanto a vítima se dilacera. Uma vida quando abusada não retorna nunca mais. Uma sombra paira e destrói a inocência e tudo que há de bom. O corpo sofre, a alma sofre. A vida recai. E a culpa sempre será daqueles que não são santos.
Mas pior que ter a certeza sobre algo, é viver sobre dúvidas. E este filme irá confrontar tudo que encontramos em nossa arrogância sobre ser juiz de um caso que não cabe a nós julgar. A justiça vendou os olhos por muitos anos, e me parece que a sensatez deu lugar a uma visão impossível de se justificar. Que a justiça reorganize o conceito de se parecer cega, porque precisamos que alguém enxergue por nós para que possamos continuar a acreditar.
“A dúvida pode ser um elo tão forte e duradouro quanto a certeza. Quando está perdido, não está sozinho.”
Nomadland
3.9 895 Assista AgoraAinda vou precisar de um tempo pra pensar sobre este filme. Neste momento só me deixe chorar.
Julgamento em Nuremberg
4.4 138 Assista Agora“Havia um sentimento em todo país. Um sentimento de desgraça, de indignidade, de fome. Tínhamos uma democracia, sim, mas estava arruinada por elementos internos. Sobretudo, havia medo: medo do presente, medo do futuro, medo de nossos vizinhos e medo de nós mesmos. Somente quando entenderem isto poderão entender o que Hitler significava para nós. Porque ele nos disse: ‘Levantem suas cabeças! Sintam orgulho por serem alemães! Há demônios entre nós: comunistas, liberais, judeus, ciganos! Quando esses demônios forem destruídos, sua miséria terá acabado'. Era a velha história do bode expiatório. E aqueles de nós que sabiam bem mais? Que sabiam que era tudo mentira, pior que a mentira? Por que ficamos em silêncio? Por que participamos? Porque amávamos nosso país! Que diferença faz se alguns extremistas perdem seus direitos? Que diferença faz se algumas minorias perdem seus direitos? É só uma coisa passageira. É só uma etapa que estamos atravessando. Cedo ou tarde será superado. [...] E a história mostra como tivemos êxito, meritíssimo. Triunfamos além dos nossos sonhos. Os mesmos elementos de ódio e poder de Hitler que hipnotizaram a Alemanha, hipnotizaram o mundo. [...] Então, um dia olhamos ao redor e vimos que estávamos diante de um perigo maior ainda. O que veio como algo passageiro se tornou um modo de vida."