O roteiro de um filme é uma divindade. Quando se tem uma boa história, você tem arte. A arte é profana, sublime. Inspira, oprime e transforma. Stanley Kramer é um dos poucos que me fez sentir extasiado e destruído. Acabo de conhecer mais um diretor que levarei para a vida. A memória, os livros, a arte fazem parte da maior preservação do manifesto intelectual. Não há necessidade de doutrinar o homem quando é de direito O PENSAR. E é isso que é a arte. Ela faz o homem elevar as ideias! É glorioso! Até quando critica, está expondo seu ponto de vista, sua perspectiva. Dentro de cada palavra do homem há um histórico, e através das insinuações podemos decifrá-lo, entender sua origem, seus ensinamentos e até mesmo deduzir quais foram os limites e quais foram as barreiras quebradas.
Stanley Kramer é o único diretor da minha lista que tem nota máxima em dois filmes. Quando a gente acha que já viveu as possibilidades predestinadas neste mundo, surge uma variável beleza dessas!
"- Acorde, Copérnico. A lei está do lado do legislador e tudo dependerá de suas convicções. - Por que me ajuda, então? - Porque sei que o amanhecer não passa de uma ilusão de ótica. Meu professor me ensinou isto". ... - Li seu artigo ontem. Uma coluna muito tendenciosa por sinal. - É o dever de um jornal confortar os doentes e adoecer os confortados. ... - Sabia que no topo do mundo a luz do sol dura seis meses? - Não vivemos no topo do mundo. E quando o sol se põe, escurece. Por que deveria você mudar a maneira das coisas? - Não vim trocar a maneira deste povo. Vim defender o direito de pensar de outro modo. "Excelência, dentro em pouco vão se enfrentar homens contra homens, crença contra crença, num desenrolar de revoltas. Darwin estava errado. O homem ainda é um macaco. " "Aquele que mal diz à sua casa, o vento será a sua herança." "Aquele que convida o diabo para jantar deve ter uma colher bem longa." "Isto pode piorar. Esta gente tem fome de religião." (Trechos do filme "O Vento Será Tua Herança". 1960) Stanley Kramer foi descrito por Steven Spielberg como "um de nossos maiores cineastas, não apenas pela arte e paixão que colocou nas telas, mas também pelo impacto que teve na consciência do Mundo".
Filmes que rompem nossas bolhas e revelam cores que não enxergamos são fascinantes! Mesmo que as cores sejam cinzas, são necessárias para entendermos perspectivas sobre as diversas verdades. Eu achava que assistir à tortura em filmes era o máximo do permissível, mas há sutilezas no audiovisual que destroçam de forma muito mais visceral nossa alma.
Eu estava precisando respirar e este diretor me ensinou a fazer isto debaixo d'água.
PS: Quando me recompor tentarei escrever algo sobre "Julgamento em Nuremberg". No momento estou resignificando o poder do cinema em meus pensamentos.
Um filme recente que ainda é latente e lembra muito "Seu Nome Gravado em Mim" é "Moonlight". As dificuldades de se aceitar um ser normal porque a cultura/religião o impõe como pecador, a sociedade falocentrista, e a própria dificuldade de lidar com a paixão são devaneios de uma estrutura histórica. A vida poderia ser mais simples se as pessoas não criassem problemas que não existem. Quando achamos que estamos evoluindo para a prosperidade, a capacidade de não ter compaixão e empatia se mostra cada vez mais firme enquanto o homem caminha pra vulnerabilidade do próprio fim.
- Sinto que ele se importa comigo. - Se importar não significa amar. Não faça os outros irem para o inferno. - Prefiro ir para o inferno agora. Todos os gays não merecem ir para o inferno? Talvez mais pessoas me entendam lá. Facilite a minha vida e me ajude.
Obviamente todo mundo que preze pela cultura ou conheça um pouco da história do rock já ouviu falar no Pink Floyd. Tardiamente fui entender o que havia por trás da banda e não nos embalos. E palavras, pra um analfabeto auditivo, são apenas zumbidos. Roger Waters é ensurdecedor. Não de uma maneira ruim. É que nos sufoca essa inexistência do homem diante do grito do vocalista. Quem não entende o que Roger procura, não entende nada.
"Precisamos do amor que existe nesta sala espalhar suavemente por todo o mundo, se quisermos ter a chance de descobrir como ter empatia com nossos companheiros seres humanos o suficiente para agir coletivamente, e para impedir que os porcos destruam este planeta frágil e bonito em que vivemos. " - Roger Waters
É muito bom quando acontece um ato de convergência nas coisas. Eu minimamente teria interesse em pesquisar sobre Roger Walters, ou viveria satisfatoriamente com as poucas músicas que adentraram nos meus ouvidos na época do vinil, escutadas por mim e por meu pai. O trailer de Duna - 2021 me levou de volta até Pink Floyd, e agora parece que minha vida não será mais a mesma depois dos dois. Ou dos três: o livro, o filme, a música. A arte!
Revendo este filme dez anos depois, precisei voltar aqui e reavaliar minha nota. Um filme que disseca a natureza do homem, desnuda a crueldade e a capacidade dele se mostrar medíocre, ou até abaixo disso, escancarando desde o início desta obra. O homem não é só capaz de destruir a vida do outro mas tornar o próprio irracional um animal perigoso. Mas no fim fica a pergunta: o que estamos fazendo com nós mesmos? Que desejo é este que nos corrompe com tanta facilidade e nos torna algo que ainda não há descrito no dicionário? Amores Brutos é muito sobre o amor, sim, mas um amor que não deveria fazer parte de nós. Nos enganamos e substituímos palavras pra significar algo bom quando causamos mal ao outro. E no fim o que sobra é o vazio. Visceral e obrigatório. A arte nos revela o que a plasticidade dos tempos atuais tem tirado de nós: nossos sentimentos mais puros e honestos. Estamos feitos cães em rinha, brigando sem sequer saber o motivo. Depois de uma geração frágil, é chegada a hora de estampar feridas e se fazer sentir. Só assim voltaremos a viver e não apenas existir.
"Josué, Faz muito tempo que não mando uma carta pra alguém. Agora eu tô mandando essa carta pra você. Você tem razão, seu pai ainda vai aparecer, e com certeza ele é tudo aquilo que você diz que ele é. Eu lembro do meu pai me levando na locomotiva que ele dirigia, ele deixou eu, uma menininha, dar o apito do trem a viagem inteira! Quando você estiver cruzando as estradas no seu caminhão enorme, espero que você lembre que fui eu a primeira pessoa a te fazer botar a mão no volante! Também vai ser melhor pra você ficar aí com seus irmãos, você merece muito, muito mais do que eu tenho pra te dar. No dia que você quiser lembrar de mim, dá uma olhada no retratinho que a gente tirou junto. Eu digo isso porque tenho medo que um dia você também me esqueça. Tenho saudade do meu pai. Tenho saudade de tudo. Dora."
Noé: O Retrato Miserável e Grotesco da Carne Humana.
Essa que escondemos quem somos pra que ninguém nos aponte. - Por que diachos eu veria filmes tão cruéis quando queremos experimentar o belo, o engraçado, o aconchegante? O diretor tem como premissa o desconforto. Em suas obras, ele relata de forma crua a natureza dos seres humanos. Revela que podemos ser felizes, mas ao mesmo tempo miseráveis. Sempre quando lança seus filmes, as pessoas saem das salas de exibição desacreditadas. A perturbação é a força motriz dos filmes e o abismo é o último lugar onde o ser humano pode chegar.
O Tempo destrói tudo — é assim que começa. Muitos relatam que assistir a IRREVERSÍVEL é perder a fé na humanidade. A capacidade do homem em se revelar um animal e colocar em risco a perspectiva de vida dos outros. Como somos capazes de nos jogar no fundo do poço? O poder do audiovisual vai muito além de combinações de imagens e som. A arte por si só é um enigma que coloca-nos além do nosso estado psicológico. Abordar assuntos polêmicos nos ajudam a elaborar nosso próprio juízo sobre o mundo que vivemos.
“O futuro já está escrito. E a prova são os sonhos premonitórios” Achei que nunca mais teria coragem de escrever sobre esta obra, apesar dela estar em todo lugar. Na minha lista de filmes de drama, terror, nos melhores filmes, nos piores também. Devo ter contado aos quatro cantos a primeira vez que a assisti. Há dez anos eu não tinha muita noção sobre lidar com algo que iria enrijecer o peito e me provocar medo. Era hora de me tornar adulto. Estava sentado às duas da manhã, com fones de ouvido num ambiente escuro, terminando esta obra-prima. Encho-me ao dizer que foi uma das experiências audiovisuais mais conturbadoras em toda minha existência. Não sei se era hora e nem lugar. Mas aqui estamos às duas da manhã, fone no ouvido, ambiente escuro mais uma vez.
E então adentramos ao submundo de Rectum, com a primeira de várias sequências que ficarão na memória para todo o sempre. Bons diretores contam boas histórias, não necessariamente histórias boas de serem vistas e ouvidas. Agora recordo-me de ter evitado reprisar este misto de emoções por DEZ ANOS! A tortura não é desfalecer junto à jovem, mas conhecer o que precede quando a história continua, compartilhando uma notícia perversa que a vítima desconhece. Há algo sobre nós humanos que não permitimos, ou não deveríamos permitir. É um repúdio que habita no nosso caráter, na nossa índole. Mas os males correm nas veias do homo sapiens. Enquanto a Alex narra um sonho sobre ocorrências que viria a seguir, Marcus fica preocupado em ser gentil com o amigo dos dois, uma vez que ele sente no dever de ser bondoso após ter roubado a namorada do outro para si. O fato dela entregar o discurso de que as mulheres decidem sobre elas, diante do que vai acontecer minutos depois, é doloroso demais. Eles conversam sobre prazeres, o sexo, e mal sabem o que o futuro reserva. Este é o grande trunfo ao narrar sobre premonições, sobre o tempo e principalmente sobre não sabermos exatamente nada sobre nós. Inadmissível que a vida seja cruel, que tenhamos que sofrer. O cinema então deixa a função de divertir para apresentar elementos de cunho social, dando relevância aquilo que realmente precisamos dedicar nossa atenção neste momento: como lidamos com as nossas vidas e a dos outros. Quem é o vilão senão nós mesmos? Dificilmente entramos na sala de cinema pra errar. Sempre buscamos o melhor para que a recompensa seja válida, ainda mais com os ingressos caríssimos. Com Gaspar Noé minha experiência sempre foi oposta. De estômago vazio, geralmente sozinho, me coloco a corromper minha realidade para entregar ao sadismo e poesia reptiliana. Este é o filme que elimina a decência e nos faz passar mal. Assim foi quando assisti “Irreversível” pela primeira vez, o filme que tomou meus sonhos por longas noites e me atirou pra outro nível de questionamento. Não era sobre os grandes dilemas da vida que me permeava. Era o sonoro, o visual, gritante e impactante realidade dos nossos dias que estão ocorrendo a nossa volta, enquanto dentro do ônibus ouvimos um pop sofrível, esperando chegar vivo e são em casa. Às vezes a arte seja mais que colocar sorrisos no rosto do palhaço, e sim desmascara-lo. Sempre fui do tipo que prefere intrometer na vida por trás do picadeiro que das piadas no palco. Me preparo físico e psicologicamente. Pode até parecer grotesco, as pessoas esquecem que a vida real dói, até demais, e escancarar isto na tela pode chocar os incrédulos, machucar os ingênuos e atordoar os sensíveis. Mas a vida não vem com manual como os caríssimos brinquedos estampados nas prateleiras. Não saber brincar pode nos custar a vida. E a arte gosta de nos lembrar que nem de gozo vive o homem. Noé produz o tipo de filme que por agora fico apenas a me recompor das náuseas e seguir adiante. O desconforto é enorme, e ele nunca me desaponta!
Uma das histórias que mais me emociona da Bíblia, "O Príncipe do Egito" narra a promessa de um povo escravizado que clama por sua liberdade, enquanto um homem do povo, mas criado pela dinastia, se revela responsável por mudar o rumo dos oprimidos, dando esperança à humanidade.
Depois do polêmico especial de Natal do Porta dos Fundos, a Netflix nos apresenta com o belíssimo filme Dois Papas, dirigido por Fernando Meirelles. É de um primor, uma fonte de boas intenções. A esta altura do campeonato não seria necessário reforçar, mas democracia é não impor o que deve ou não ser produzido, e sim ter discernimento para escolher o que assiste. Um filme que emociona, e restaura a fé até mesmo em quem não acredita mais na humanidade, transmitindo uma mensagem final além da esperança. É chegada a hora de estourar a bolha e reconhecermos com humildade nossas falhas e nossos propósitos, para que possamos continuar olhando pra trás com perdão, e seguindo adiante com amor. Terminar o ano assistindo Dois Papas é um alívio enorme! Um sinal de recomeço, de que dias melhores sempre virão. "Se tiver que haver lágrimas, que sejam lágrimas de alegria".
Dificilmente entramos na sala de cinema pra errar. Sempre buscamos o melhor para que a recompensa seja válida, ainda mais com os ingressos caríssimos. Com Gaspar Noé minha experiência sempre foi oposta. De estômago vazio, geralmente sozinho, me coloco a corromper minha realidade para entregar ao sadismo e poesia reptiliana. Este é o filme que elimina a decência e nos faz passar mal. Lembro quando assisti pela primeira vez "Irreversível", o filme que tomou meus sonhos por longas noites e me atirou pra outro nível de questionamento. Não era sobre os grandes dilemas da vida que me permeava. Era o sonoro, o visual, gritante e impactante realidade dos nossos dias que estão ocorrendo a nossa volta, o tempo todo, enquanto dentro do ônibus ouvimos um pop sofrível, esperando chegar vivo e são em casa. Às vezes a arte seja mais que colocar sorrisos no rosto do palhaço, e sim desmascara-lo. Sempre fui do tipo que prefere intrometer na vida por trás do picadeiro que das piadas no palco. Clímax, o mais recente filme de um dos meus diretores favoritos, nos coloca diante de uma obra de Marquês de Sade. É lindo ao ponto de embrulhar o estômago. Não é de hoje que tenho esta relação com Gaspar Noé. Me preparo físico e psicologicamente. Pode até parecer grotesco, as pessoas esquecem que a vida real dói, até demais, e escancarar isto na tela pode chocar os incrédulos, machucar os ingênuos e atordoar os sensíveis. Mas a vida não vem com manual como os caríssimos brinquedos estampados nas prateleiras. Não saber brincar pode nos custar a vida. E a arte gosta de nos lembrar que nem de gozo vive o homem. É o tipo de filme que por agora fico apenas a me recompor das náuseas e seguir em diante. O desconforto é enorme, e Noé nunca me desaponta!
Às nove da manhã, tive que me sentar à mesa e pedir uma cerveja. Passei a folga a me afogar diante do maior espetáculo roteirizado pela corrupção instaurada no Brasil do planeta Terra. Eu tinha apenas uns doze anos quando isso tudo aconteceu. Lembro da felicidade estampada no rosto marcado de gente que vivia do pouco, pessoas que representavam bem a cara do nosso país. Quatro anos mais tarde eu faria um documentário pra escola acompanhando uma senhora catadora de lixo do meu município, vivendo de perto uma realidade diferente dos meus dias habituais. Era em meados dos anos dois mil, enquanto voltava da escola, que o sorriso do trabalhador estampava o jornal da vida. Era uma alegria que não cabia mais. Uma vitória dada aos pobres, para os pobres.
Ali brincando de amassar barro, pescar lambaris à margem do açude e fazer guerra com mamonas, eu aprendi muito sobre política. Nunca esquecerei quando minha mãe me ensinou, ainda muito pequeno, a partilhar o algodão doce que havia ganhado logo após sair da igreja com uma criança que estava descalça, a minha frente. Nunca esquecerei dos dias que visitava meu avô no seu pequeno recanto de trabalho, consertando algumas parafernálias, enquanto o outro avô vendia leite na cidade. Quando me custava a ganhar moedinhas para comprar doces na vendinha do Zé Aloísio, ou sodinha na pastelaria do Joãozinho, ou comer aquele bom e velho pão com salame. Eram nestes pequenos detalhes que eu aprendia a moeda de troca, o convívio social e a recompensa. Como fui covarde ao pedir a conta do boteco sem me lembrar do mais importante. Como fui covarde por ser omisso politicamente por tanto tempo.
Chega a ser adstringente nossas escolhas políticas durante os últimos anos e assistindo ao documentário DEMOCRACIA EM VERTIGEM parece que tudo aconteceu há muito tempo. A cerveja descia quente enquanto recordava do momento que eu estava lá, diante da TV e ouvindo panelas se fundirem com estalos repetitivos. Eu estava feliz naquele dia, assim quando vetaram o pedido da Dilma pro Lula ser o novo ministro da economia. Eu estava feliz quando aquele homem pomposo e de sobrancelhas franzidas trazia um novo significado de justiça para o nosso país. Realmente o Juiz do Paraná me lembrava muito certo herói, super-herói!
"Numa festa no Palácio dos Bandeirantes, um político pergunta pro empresário: Você por aqui? E o empresário responde: eu tô sempre aqui, vocês políticos que mudam."
Na última eleição, segui em silêncio a justificar meu voto quando fui parado pelo porteiro do prédio.
- E aí vai votar em quem? - e arreganhou aqueles dentes faceiros de quem parecia saber a minha resposta. - O voto ainda é secreto, não é verdade? - É - pensou - verdade. - e me deu um tapa saudoso nas costas - vencemos, amigo! Vencemos.
E agora estamos aqui, brincando de fazer justiça, rasgando a constituição. Em que tempo me perdi, ao me permitir iludir mesmo ouvindo desde criança que político bom é político preso? E agora até a lei está acima da lei.
Às vezes me pego olhando para a cara de conhecidos e estranhos na rua, pensando sutilmente se eles estariam enlouquecendo comigo ou somente eu tomei deste veneno. Vejo uma bandeira do Brasil e sinto o ranço instaurando em mim. Já perdi incontáveis amigos. Já pensei em me desfazer de outros cem que não suporto nem ouvir mais o nome. Me perdoe meu Brasil brasileiro, mas o que fizeram de ti? E o que "eles" fizeram de mim? Com o meu verde e amarelo, preciosa pátria de formas únicas! Esta bandeira não é exclusiva só pra quem veste cores de um partido, ela também é minha!
Voltando pra casa me pergunto o que aquela senhora, que passou a vida catando lixo pra sobreviver ao descaso do povo, estaria fazendo neste momento. E se o que ela limpou neste mundo seria o suficiente pra barrar a sujeira que estamos vivendo agora.
As palavras dela ecoam a minha cabeça. Era sobre a justiça da sobrevivência, justiça para os dias iguais aos meus, aos dela. "Seja honesto, menino" ela dizia enquanto uma lágrima escorria ao falar da condição da sua família, sobre o suor que descia com fome dessa justiça.
Não existe justiça, existe o que os homens determinam justiça.
Eu soube que ele era grande demais assim que ouvi sua música pela primeira vez. Não no sentido de escutar, mas de entender o que aquela canção dizia pra mim, sobre mim. Pouco tempo depois ele faleceu. Mal sabia de todas as suas polêmicas, ele era um ídolo, um gênio do pop.
"Eu quero falar a verdade. Tão alto quanto a mentira que eu sempre contei."
Após quatro horas do documentário é difícil não se sentir culpado e irritado com a própria negligência diante dos fatos. Isso parece acontecer conosco o tempo todo, não é verdade? Mentir pra nós mesmos porque não aceitamos que somos fãs de seres falhos. As lágrimas caem. São as fases do luto que não deixamos passar. Negação, raiva, barganha, depressão.
E no fim nos resta uma tristeza profunda. Por todas as vidas que passaram por este fenômeno sem saberem como voltar a viver em paz. De saber que o grande ídolo, nem tão grande ele era. Até mesmo o brilho, com o tempo, fica esquecido pra trás.
Dentro do nosso coração fica difícil escolher a verdade. Mas a aceitação chega, cedo ou tarde, para todos nós.
Qual criança nunca aguardou o pai voltar de viagem com esperança de receber algum presente?
Quando misturaram os ingredientes para criar o homem, sem sombra de dúvida um dos maiores produtos que embutiram no cérebro foi o desejo pela recompensa. Estamos sempre procurando e nos satisfazendo. Em tempos de verbos soltos e cavalos loucos, surge um filme que trata algo que transborda na vida real e irreal do jogo: EU SOU, EU POSSO, EU QUERO. E MESMO QUE TE ODEIE, EU TE VENERO!
Paul Thomas Anderson não é deste mundo. Chegou o momento de levantar da poltrona e aplaudir, mais uma vez! No emprego das sutilezas, o diretor nos contamina com esse vírus que impregna a nossa maneira de viver. Um filme que nos leva ao passado pra falar do presente. O abuso, o afago, o enjoo e o desejo pela recompensa que desmascara a gente.
"Trama Fantasma" não é sobre os outros. É sobre como nós mentimos pra nossa própria mente.
Melhor que conhecer um novo amigo é conhecer o mundo que ele pertence, e como as pessoas enxergam esse seu amigo. Não em uma perspectiva egoísta pra poder escolher estar presente na vida dele ou não, até porque August é um garoto difícil de não se apaixonar. A obra nos apresenta uma generosidade sem fim, desperta uma bondade e um sentimento acolhedor, que precisamos diariamente nos restabelecer. Afável, muito mais que um filme sobre conduta, é uma forma de lembrar que o maior aprendizado é o simples reconhecimento que somos parte de um mesmo ser.
As diferenças são detalhes que nos fazem EXTRAORDINÁRIOS.
"- Engraçado, em casa você não lava louça! Só quando tem plateia né!?"
Aquele porta-retrato esquecido. Era uma foto tão bonita que fora rasgada e no mundo não pertence mais. Aquelas pessoas que se foram com o tempo, não que tenham sido deixadas para trás. Já dizia Elis, HÁ PERIGO NA ESQUINA. E parece mesmo que o sinal está fechado para nós. Pra ser devastador não tem que ser grande, basta ser preciso.
Não é um filme que veio pra ficar, é uma obra que veio pra lembrar. Lembrar o quanto deixamos de amar além do que podemos receber. Lembrar das máscaras e a vida que carregamos por todo canto, que anda pra frente mas não sacode a ponto de efervescer. Um início tão batido quanto os dias habituais, que só nos faz perceber o quanto é bom quando machuca. Rosa não é a feminista que por dentro grita socorro. Rosa é a gente que não sabe lidar com as diferenças e escolhas. Nossos problemas só são enormes quando olhamos para dentro. É difícil imaginar que nossa vida seja miserável quando ficamos nus mundo afora.
Uma obra sensível que te acorda e sacode, pois tudo vai passar. E fazer esquecer que, o que foi, não volta jamais. Porque apesar de termos feito tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos...dos mesmos. COMO NOSSOS PAIS.
Uma das maiores características deste tipo de filme é o uso do tempo. Quando se fala de um road movie, sendo ele sobre heroi ou super, é preciso colocar o espectador ao lado desses personagens para que sintam-se abraçados ou ao menos próximos daquela experiência que o roteiro insiste em nos levar. Tardiamente no segundo ato os atores conseguem imergir o público ao caos, e quase acreditamos que aquilo é real, mas já é tarde demais. Sim, temos dois atores empenhados numa trama que, para quem não se familiariza com o background, parece pouco submersiva. Sim, o clima de despedida desde o início da projeção nos força a uma sensação de profundo luto - o próprio marketing noticiava as despedidas de dois papéis marcantes na vida de dois atores igualmente bons. Poderia ter sido um filme incrível, mas é apenas diferente. Ousado mas perecível.
Uma das maiores dificuldades de um fã é aceitar não que o filme do seu herói seja ruim, e sim que foi mal conduzido. Vou deixar claro meu apoio por novos diretores para que o ponto de vista do ponto de vista não seja sobre o dono, e sim sobre a obra. Mas antes, vamos fofocar. A câmera lenta parece ter se tornado o grande câncer do diretor. Tudo tem uma grande eloquência. Tudo pede por mais no que se pode revelar através da projeção. Dito isto, os personagens que amamos tanto parecem não fazer sentido na tela. Me refiro a empatia mesmo. Tudo acontece a favor da progressão de atos, mas quando nos pegamos assistindo ao filme ele quase inexiste à apatia das personagens. Me peguei pensando sobre a morte de vários personagens. E nenhum amoleceu meu coração medíocre e sedento por emoção. Não era real. Saber que super heróis não existem é demais. Mas saber que eles não funcionam... As resoluções claras e urgentes, o ato inicial que insistia em recomeçar o filme o tempo todo. E Lex Lutor. Acho que reclamei de tudo o que já cansamos de ler por aí. Mas me pego pensando no cara que fez 300, Watchmen (OK, eu gosto de Watchmen) e Suckerzzz p*.
O que Snyder traz de novo pra esse mundo? O que ele faz de tão diferente que as pessoas o cultuam como ser indomável e genial? O que o torna O VISIONÁRIO ZACK SNYDER?
Tenho tanta preguiça de escrever quanto quem vá ler isto um dia ou não. Mas que diferença faz isso daí, o filme tá pronto e vem vindo outros. Segue dia vs noitada. E a tal Liga - Extraordinária - da Justiça... O que resta é fazer terra tremer, luz piscar. Espero ansiosamente por Esquadrão Suicida. E se depender de Superman, é pra Deus mesmo que eu vou rezar
Charlie Kaufman tem uma estranha obsessão pela mente. Assim como todos querem ser John Malkovich e deletarem suas lembranças, em Anomalisa ele fala sobre SER humano ao mesmo tempo que deixa aberto seu roteiro à diversas interpretações.
Não estamos apenas tratando do homem líquido e da vida descartável que temos, e sim em como somos doentes.
Depois, e só depois de assistir ao filme, procure o nome do hotel em que Michael se hospeda.
Tcharam! São nos bilhetes, na música e nos demais detalhes que talvez esteja escondida a verdadeira história de Anomalisa.
Por mais que o filme trate sobre diversas questões, a tal anomalia agora passa a ter um novo sentido pra você, para mim, para nós, que estamos nos tornando Michael Stone a cada dia mais.
Minha mãe sempre teve apreço pelo seu jardim. Passava horas retirando as daninhas, colorindo o tom que faltava à fachada da casa, fazendo com que as flores iluminassem a entrada com os dizeres: chegue, sinta-se feliz! Certo dia uma amiga sentiu feliz até demais, contava minha mãe. Foi ela elogiar o jardim, e as flores morreram.
Pouco se sabe sobre energia negativa, ou até sabe-se muito, e morremos infiéis ao que nos é informado. Mas nada como a influência dos seres humanos à nossa volta pra construir ou destruir tudo o que planejamos, ou brincar com o destino de quem possa vir "a credita-lo".
O LOBO ATRÁS DA PORTA pode dizer sobre vários temas, mas sem sombra de dúvida, a realidade nas cores apagadas e os enquadramentos estranguladores me fizeram lembrar do velho jardim da minha mãe, agora transformado em um local reservado, com um muro gigante que separa a beleza do restante da sociedade.
E então me lembro que algumas "boas" só cabem a nossa própria felicidade. Pois o lobo não é mau, mas para nossos olhos ele sempre será o símbolo da maldade.
Nunca vi tantos estereótipos reunidos em uma sala como hoje.
E não digo sobre o filme. Mas as que estavam presentes assistindo. Tinha a gordinha engraçada, o tiozão safado, o pai careteiro, o namorado comentarista e o que sobrou era silêncio.
Ainda estou degustando o filme, pois é difícil assistir algo com tanto auê durante a exibição. Torcia para que elas saíssem nos primeiros 30 minutos, em respeito aos que queriam sentir o filme.
Já pagaram pelo sexo, seus inúteis, agora vão!
O que essas pessoas estavam afinal buscando no cinema? Talvez ainda não tenham ensinado sobre o que é a sétima arte.
Mas meu sadismo é estar feliz por elas terem saído insatisfeitas.
O Vento Será Tua Herança
4.4 104 Assista AgoraO roteiro de um filme é uma divindade. Quando se tem uma boa história, você tem arte. A arte é profana, sublime. Inspira, oprime e transforma. Stanley Kramer é um dos poucos que me fez sentir extasiado e destruído. Acabo de conhecer mais um diretor que levarei para a vida.
A memória, os livros, a arte fazem parte da maior preservação do manifesto intelectual. Não há necessidade de doutrinar o homem quando é de direito O PENSAR. E é isso que é a arte. Ela faz o homem elevar as ideias! É glorioso!
Até quando critica, está expondo seu ponto de vista, sua perspectiva. Dentro de cada palavra do homem há um histórico, e através das insinuações podemos decifrá-lo, entender sua origem, seus ensinamentos e até mesmo deduzir quais foram os limites e quais foram as barreiras quebradas.
Stanley Kramer é o único diretor da minha lista que tem nota máxima em dois filmes.
Quando a gente acha que já viveu as possibilidades predestinadas neste mundo, surge uma variável beleza dessas!
"- Acorde, Copérnico. A lei está do lado do legislador e tudo dependerá de suas convicções.
- Por que me ajuda, então?
- Porque sei que o amanhecer não passa de uma ilusão de ótica. Meu professor me ensinou isto".
...
- Li seu artigo ontem. Uma coluna muito tendenciosa por sinal.
- É o dever de um jornal confortar os doentes e adoecer os confortados.
...
- Sabia que no topo do mundo a luz do sol dura seis meses?
- Não vivemos no topo do mundo. E quando o sol se põe, escurece. Por que deveria você mudar a maneira das coisas?
- Não vim trocar a maneira deste povo. Vim defender o direito de pensar de outro modo.
"Excelência, dentro em pouco vão se enfrentar homens contra homens, crença contra crença, num desenrolar de revoltas. Darwin estava errado. O homem ainda é um macaco. "
"Aquele que mal diz à sua casa, o vento será a sua herança."
"Aquele que convida o diabo para jantar deve ter uma colher bem longa."
"Isto pode piorar. Esta gente tem fome de religião."
(Trechos do filme "O Vento Será Tua Herança". 1960)
Stanley Kramer foi descrito por Steven Spielberg como "um de nossos maiores cineastas, não apenas pela arte e paixão que colocou nas telas, mas também pelo impacto que teve na consciência do Mundo".
Filmes que rompem nossas bolhas e revelam cores que não enxergamos são fascinantes! Mesmo que as cores sejam cinzas, são necessárias para entendermos perspectivas sobre as diversas verdades. Eu achava que assistir à tortura em filmes era o máximo do permissível, mas há sutilezas no audiovisual que destroçam de forma muito mais visceral nossa alma.
Eu estava precisando respirar e este diretor me ensinou a fazer isto debaixo d'água.
PS: Quando me recompor tentarei escrever algo sobre "Julgamento em Nuremberg". No momento estou resignificando o poder do cinema em meus pensamentos.
Seu Nome Gravado em Mim
4.0 180Um filme recente que ainda é latente e lembra muito "Seu Nome Gravado em Mim" é "Moonlight". As dificuldades de se aceitar um ser normal porque a cultura/religião o impõe como pecador, a sociedade falocentrista, e a própria dificuldade de lidar com a paixão são devaneios de uma estrutura histórica. A vida poderia ser mais simples se as pessoas não criassem problemas que não existem. Quando achamos que estamos evoluindo para a prosperidade, a capacidade de não ter compaixão e empatia se mostra cada vez mais firme enquanto o homem caminha pra vulnerabilidade do próprio fim.
- Sinto que ele se importa comigo.
- Se importar não significa amar. Não faça os outros irem para o inferno.
- Prefiro ir para o inferno agora. Todos os gays não merecem ir para o inferno? Talvez mais pessoas me entendam lá. Facilite a minha vida e me ajude.
Poético, lindo e sincero!
Druk: Mais Uma Rodada
3.9 798 Assista AgoraA necessidade de levar um tapa na cara é o significado de estarmos a um passo de nos tornar irracionais.
Roger Waters: Us + Them
4.6 15 Assista AgoraObviamente todo mundo que preze pela cultura ou conheça um pouco da história do rock já ouviu falar no Pink Floyd. Tardiamente fui entender o que havia por trás da banda e não nos embalos. E palavras, pra um analfabeto auditivo, são apenas zumbidos. Roger Waters é ensurdecedor. Não de uma maneira ruim. É que nos sufoca essa inexistência do homem diante do grito do vocalista. Quem não entende o que Roger procura, não entende nada.
"Precisamos do amor que existe nesta sala espalhar suavemente por todo o mundo, se quisermos ter a chance de descobrir como ter empatia com nossos companheiros seres humanos o suficiente para agir coletivamente, e para impedir que os porcos destruam este planeta frágil e bonito em que vivemos. " - Roger Waters
É muito bom quando acontece um ato de convergência nas coisas. Eu minimamente teria interesse em pesquisar sobre Roger Walters, ou viveria satisfatoriamente com as poucas músicas que adentraram nos meus ouvidos na época do vinil, escutadas por mim e por meu pai. O trailer de Duna - 2021 me levou de volta até Pink Floyd, e agora parece que minha vida não será mais a mesma depois dos dois. Ou dos três: o livro, o filme, a música. A arte!
Amores Brutos
4.2 818 Assista AgoraRevendo este filme dez anos depois, precisei voltar aqui e reavaliar minha nota. Um filme que disseca a natureza do homem, desnuda a crueldade e a capacidade dele se mostrar medíocre, ou até abaixo disso, escancarando desde o início desta obra. O homem não é só capaz de destruir a vida do outro mas tornar o próprio irracional um animal perigoso. Mas no fim fica a pergunta: o que estamos fazendo com nós mesmos? Que desejo é este que nos corrompe com tanta facilidade e nos torna algo que ainda não há descrito no dicionário? Amores Brutos é muito sobre o amor, sim, mas um amor que não deveria fazer parte de nós. Nos enganamos e substituímos palavras pra significar algo bom quando causamos mal ao outro. E no fim o que sobra é o vazio. Visceral e obrigatório. A arte nos revela o que a plasticidade dos tempos atuais tem tirado de nós: nossos sentimentos mais puros e honestos. Estamos feitos cães em rinha, brigando sem sequer saber o motivo. Depois de uma geração frágil, é chegada a hora de estampar feridas e se fazer sentir. Só assim voltaremos a viver e não apenas existir.
Central do Brasil
4.1 1,8K Assista Agora"Josué,
Faz muito tempo que não mando uma carta pra alguém. Agora eu tô mandando essa carta pra você.
Você tem razão, seu pai ainda vai aparecer, e com certeza ele é tudo aquilo que você diz que ele é. Eu lembro do meu pai me levando na locomotiva que ele dirigia, ele deixou eu, uma menininha, dar o apito do trem a viagem inteira! Quando você estiver cruzando as estradas no seu caminhão enorme, espero que você lembre que fui eu a primeira pessoa a te fazer botar a mão no volante! Também vai ser melhor pra você ficar aí com seus irmãos, você merece muito, muito mais do que eu tenho pra te dar. No dia que você quiser lembrar de mim, dá uma olhada no retratinho que a gente tirou junto. Eu digo isso porque tenho medo que um dia você também me esqueça.
Tenho saudade do meu pai.
Tenho saudade de tudo.
Dora."
Irreversível
4.0 1,8K Assista AgoraNoé: O Retrato Miserável e Grotesco da Carne Humana.
Essa que escondemos quem somos pra que ninguém nos aponte.
- Por que diachos eu veria filmes tão cruéis quando queremos experimentar o belo, o engraçado, o aconchegante?
O diretor tem como premissa o desconforto. Em suas obras, ele relata de forma crua a natureza dos seres humanos. Revela que podemos ser felizes, mas ao mesmo tempo miseráveis. Sempre quando lança seus filmes, as pessoas saem das salas de exibição desacreditadas. A perturbação é a força motriz dos filmes e o abismo é o último lugar onde o ser humano pode chegar.
O Tempo destrói tudo — é assim que começa. Muitos relatam que assistir a IRREVERSÍVEL é perder a fé na humanidade.
A capacidade do homem em se revelar um animal e colocar em risco a perspectiva de vida dos outros. Como somos capazes de nos jogar no fundo do poço?
O poder do audiovisual vai muito além de combinações de imagens e som. A arte por si só é um enigma que coloca-nos além do nosso estado psicológico.
Abordar assuntos polêmicos nos ajudam a elaborar nosso próprio juízo sobre o mundo que vivemos.
“O futuro já está escrito. E a prova são os sonhos premonitórios”
Achei que nunca mais teria coragem de escrever sobre esta obra, apesar dela estar em todo lugar. Na minha lista de filmes de drama, terror, nos melhores filmes, nos piores também. Devo ter contado aos quatro cantos a primeira vez que a assisti. Há dez anos eu não tinha muita noção sobre lidar com algo que iria enrijecer o peito e me provocar medo. Era hora de me tornar adulto. Estava sentado às duas da manhã, com fones de ouvido num ambiente escuro, terminando esta obra-prima. Encho-me ao dizer que foi uma das experiências audiovisuais mais conturbadoras em toda minha existência. Não sei se era hora e nem lugar. Mas aqui estamos às duas da manhã, fone no ouvido, ambiente escuro mais uma vez.
E então adentramos ao submundo de Rectum, com a primeira de várias sequências que ficarão na memória para todo o sempre. Bons diretores contam boas histórias, não necessariamente histórias boas de serem vistas e ouvidas.
Agora recordo-me de ter evitado reprisar este misto de emoções por DEZ ANOS! A tortura não é desfalecer junto à jovem, mas conhecer o que precede quando a história continua, compartilhando uma notícia perversa que a vítima desconhece. Há algo sobre nós humanos que não permitimos, ou não deveríamos permitir. É um repúdio que habita no nosso caráter, na nossa índole. Mas os males correm nas veias do homo sapiens.
Enquanto a Alex narra um sonho sobre ocorrências que viria a seguir, Marcus fica preocupado em ser gentil com o amigo dos dois, uma vez que ele sente no dever de ser bondoso após ter roubado a namorada do outro para si. O fato dela entregar o discurso de que as mulheres decidem sobre elas, diante do que vai acontecer minutos depois, é doloroso demais. Eles conversam sobre prazeres, o sexo, e mal sabem o que o futuro reserva. Este é o grande trunfo ao narrar sobre premonições, sobre o tempo e principalmente sobre não sabermos exatamente nada sobre nós. Inadmissível que a vida seja cruel, que tenhamos que sofrer.
O cinema então deixa a função de divertir para apresentar elementos de cunho social, dando relevância aquilo que realmente precisamos dedicar nossa atenção neste momento: como lidamos com as nossas vidas e a dos outros. Quem é o vilão senão nós mesmos?
Dificilmente entramos na sala de cinema pra errar. Sempre buscamos o melhor para que a recompensa seja válida, ainda mais com os ingressos caríssimos. Com Gaspar Noé minha experiência sempre foi oposta. De estômago vazio, geralmente sozinho, me coloco a corromper minha realidade para entregar ao sadismo e poesia reptiliana. Este é o filme que elimina a decência e nos faz passar mal. Assim foi quando assisti “Irreversível” pela primeira vez, o filme que tomou meus sonhos por longas noites e me atirou pra outro nível de questionamento. Não era sobre os grandes dilemas da vida que me permeava. Era o sonoro, o visual, gritante e impactante realidade dos nossos dias que estão ocorrendo a nossa volta, enquanto dentro do ônibus ouvimos um pop sofrível, esperando chegar vivo e são em casa.
Às vezes a arte seja mais que colocar sorrisos no rosto do palhaço, e sim desmascara-lo. Sempre fui do tipo que prefere intrometer na vida por trás do picadeiro que das piadas no palco. Me preparo físico e psicologicamente. Pode até parecer grotesco, as pessoas esquecem que a vida real dói, até demais, e escancarar isto na tela pode chocar os incrédulos, machucar os ingênuos e atordoar os sensíveis. Mas a vida não vem com manual como os caríssimos brinquedos estampados nas prateleiras. Não saber brincar pode nos custar a vida. E a arte gosta de nos lembrar que nem de gozo vive o homem.
Noé produz o tipo de filme que por agora fico apenas a me recompor das náuseas e seguir adiante. O desconforto é enorme, e ele nunca me desaponta!
A Tartaruga Vermelha
4.1 392 Assista AgoraComo dói descobrir que a beleza está nas coisas mais simples da vida.
O Príncipe do Egito
3.6 434 Assista AgoraUma das histórias que mais me emociona da Bíblia, "O Príncipe do Egito" narra a promessa de um povo escravizado que clama por sua liberdade, enquanto um homem do povo, mas criado pela dinastia, se revela responsável por mudar o rumo dos oprimidos, dando esperança à humanidade.
Dois Papas
4.1 962 Assista AgoraDepois do polêmico especial de Natal do Porta dos Fundos, a Netflix nos apresenta com o belíssimo filme Dois Papas, dirigido por Fernando Meirelles. É de um primor, uma fonte de boas intenções. A esta altura do campeonato não seria necessário reforçar, mas democracia é não impor o que deve ou não ser produzido, e sim ter discernimento para escolher o que assiste. Um filme que emociona, e restaura a fé até mesmo em quem não acredita mais na humanidade, transmitindo uma mensagem final além da esperança. É chegada a hora de estourar a bolha e reconhecermos com humildade nossas falhas e nossos propósitos, para que possamos continuar olhando pra trás com perdão, e seguindo adiante com amor. Terminar o ano assistindo Dois Papas é um alívio enorme! Um sinal de recomeço, de que dias melhores sempre virão. "Se tiver que haver lágrimas, que sejam lágrimas de alegria".
Clímax
3.6 1,1K Assista AgoraDificilmente entramos na sala de cinema pra errar. Sempre buscamos o melhor para que a recompensa seja válida, ainda mais com os ingressos caríssimos. Com Gaspar Noé minha experiência sempre foi oposta. De estômago vazio, geralmente sozinho, me coloco a corromper minha realidade para entregar ao sadismo e poesia reptiliana. Este é o filme que elimina a decência e nos faz passar mal. Lembro quando assisti pela primeira vez "Irreversível", o filme que tomou meus sonhos por longas noites e me atirou pra outro nível de questionamento. Não era sobre os grandes dilemas da vida que me permeava. Era o sonoro, o visual, gritante e impactante realidade dos nossos dias que estão ocorrendo a nossa volta, o tempo todo, enquanto dentro do ônibus ouvimos um pop sofrível, esperando chegar vivo e são em casa.
Às vezes a arte seja mais que colocar sorrisos no rosto do palhaço, e sim desmascara-lo. Sempre fui do tipo que prefere intrometer na vida por trás do picadeiro que das piadas no palco. Clímax, o mais recente filme de um dos meus diretores favoritos, nos coloca diante de uma obra de Marquês de Sade. É lindo ao ponto de embrulhar o estômago. Não é de hoje que tenho esta relação com Gaspar Noé. Me preparo físico e psicologicamente. Pode até parecer grotesco, as pessoas esquecem que a vida real dói, até demais, e escancarar isto na tela pode chocar os incrédulos, machucar os ingênuos e atordoar os sensíveis. Mas a vida não vem com manual como os caríssimos brinquedos estampados nas prateleiras. Não saber brincar pode nos custar a vida. E a arte gosta de nos lembrar que nem de gozo vive o homem. É o tipo de filme que por agora fico apenas a me recompor das náuseas e seguir em diante. O desconforto é enorme, e Noé nunca me desaponta!
Democracia em Vertigem
4.1 1,3KÀs nove da manhã, tive que me sentar à mesa e pedir uma cerveja. Passei a folga a me afogar diante do maior espetáculo roteirizado pela corrupção instaurada no Brasil do planeta Terra. Eu tinha apenas uns doze anos quando isso tudo aconteceu. Lembro da felicidade estampada no rosto marcado de gente que vivia do pouco, pessoas que representavam bem a cara do nosso país. Quatro anos mais tarde eu faria um documentário pra escola acompanhando uma senhora catadora de lixo do meu município, vivendo de perto uma realidade diferente dos meus dias habituais. Era em meados dos anos dois mil, enquanto voltava da escola, que o sorriso do trabalhador estampava o jornal da vida. Era uma alegria que não cabia mais. Uma vitória dada aos pobres, para os pobres.
Ali brincando de amassar barro, pescar lambaris à margem do açude e fazer guerra com mamonas, eu aprendi muito sobre política. Nunca esquecerei quando minha mãe me ensinou, ainda muito pequeno, a partilhar o algodão doce que havia ganhado logo após sair da igreja com uma criança que estava descalça, a minha frente. Nunca esquecerei dos dias que visitava meu avô no seu pequeno recanto de trabalho, consertando algumas parafernálias, enquanto o outro avô vendia leite na cidade. Quando me custava a ganhar moedinhas para comprar doces na vendinha do Zé Aloísio, ou sodinha na pastelaria do Joãozinho, ou comer aquele bom e velho pão com salame. Eram nestes pequenos detalhes que eu aprendia a moeda de troca, o convívio social e a recompensa. Como fui covarde ao pedir a conta do boteco sem me lembrar do mais importante. Como fui covarde por ser omisso politicamente por tanto tempo.
Chega a ser adstringente nossas escolhas políticas durante os últimos anos e assistindo ao documentário DEMOCRACIA EM VERTIGEM parece que tudo aconteceu há muito tempo. A cerveja descia quente enquanto recordava do momento que eu estava lá, diante da TV e ouvindo panelas se fundirem com estalos repetitivos. Eu estava feliz naquele dia, assim quando vetaram o pedido da Dilma pro Lula ser o novo ministro da economia. Eu estava feliz quando aquele homem pomposo e de sobrancelhas franzidas trazia um novo significado de justiça para o nosso país. Realmente o Juiz do Paraná me lembrava muito certo herói, super-herói!
"Numa festa no Palácio dos Bandeirantes, um político pergunta pro empresário: Você por aqui?
E o empresário responde: eu tô sempre aqui, vocês políticos que mudam."
Na última eleição, segui em silêncio a justificar meu voto quando fui parado pelo porteiro do prédio.
- E aí vai votar em quem? - e arreganhou aqueles dentes faceiros de quem parecia saber a minha resposta.
- O voto ainda é secreto, não é verdade?
- É - pensou - verdade. - e me deu um tapa saudoso nas costas - vencemos, amigo! Vencemos.
E agora estamos aqui, brincando de fazer justiça, rasgando a constituição. Em que tempo me perdi, ao me permitir iludir mesmo ouvindo desde criança que político bom é político preso? E agora até a lei está acima da lei.
Às vezes me pego olhando para a cara de conhecidos e estranhos na rua, pensando sutilmente se eles estariam enlouquecendo comigo ou somente eu tomei deste veneno. Vejo uma bandeira do Brasil e sinto o ranço instaurando em mim. Já perdi incontáveis amigos. Já pensei em me desfazer de outros cem que não suporto nem ouvir mais o nome. Me perdoe meu Brasil brasileiro, mas o que fizeram de ti? E o que "eles" fizeram de mim? Com o meu verde e amarelo, preciosa pátria de formas únicas! Esta bandeira não é exclusiva só pra quem veste cores de um partido, ela também é minha!
Voltando pra casa me pergunto o que aquela senhora, que passou a vida catando lixo pra sobreviver ao descaso do povo, estaria fazendo neste momento. E se o que ela limpou neste mundo seria o suficiente pra barrar a sujeira que estamos vivendo agora.
As palavras dela ecoam a minha cabeça. Era sobre a justiça da sobrevivência, justiça para os dias iguais aos meus, aos dela. "Seja honesto, menino" ela dizia enquanto uma lágrima escorria ao falar da condição da sua família, sobre o suor que descia com fome dessa justiça.
Não existe justiça, existe o que os homens determinam justiça.
Seja honesto, menino!
Deixando Neverland
3.4 245Eu soube que ele era grande demais assim que ouvi sua música pela primeira vez. Não no sentido de escutar, mas de entender o que aquela canção dizia pra mim, sobre mim. Pouco tempo depois ele faleceu. Mal sabia de todas as suas polêmicas, ele era um ídolo, um gênio do pop.
"Eu quero falar a verdade. Tão alto quanto a mentira que eu sempre contei."
Após quatro horas do documentário é difícil não se sentir culpado e irritado com a própria negligência diante dos fatos. Isso parece acontecer conosco o tempo todo, não é verdade? Mentir pra nós mesmos porque não aceitamos que somos fãs de seres falhos. As lágrimas caem. São as fases do luto que não deixamos passar. Negação, raiva, barganha, depressão.
E no fim nos resta uma tristeza profunda. Por todas as vidas que passaram por este fenômeno sem saberem como voltar a viver em paz. De saber que o grande ídolo, nem tão grande ele era.
Até mesmo o brilho, com o tempo, fica esquecido pra trás.
Dentro do nosso coração fica difícil escolher a verdade.
Mas a aceitação chega, cedo ou tarde, para todos nós.
Trama Fantasma
3.7 803 Assista AgoraQual criança nunca aguardou o pai voltar de viagem com esperança de receber algum presente?
Quando misturaram os ingredientes para criar o homem, sem sombra de dúvida um dos maiores produtos que embutiram no cérebro foi o desejo pela recompensa. Estamos sempre procurando e nos satisfazendo. Em tempos de verbos soltos e cavalos loucos, surge um filme que trata algo que transborda na vida real e irreal do jogo: EU SOU, EU POSSO, EU QUERO. E MESMO QUE TE ODEIE, EU TE VENERO!
Paul Thomas Anderson não é deste mundo. Chegou o momento de levantar da poltrona e aplaudir, mais uma vez!
No emprego das sutilezas, o diretor nos contamina com esse vírus que impregna a nossa maneira de viver. Um filme que nos leva ao passado pra falar do presente. O abuso, o afago, o enjoo e o desejo pela recompensa que desmascara a gente.
"Trama Fantasma" não é sobre os outros. É sobre como nós mentimos pra nossa própria mente.
Extraordinário
4.3 2,1K Assista AgoraO Extraordinário ato de ser.
Melhor que conhecer um novo amigo é conhecer o mundo que ele pertence, e como as pessoas enxergam esse seu amigo. Não em uma perspectiva egoísta pra poder escolher estar presente na vida dele ou não, até porque August é um garoto difícil de não se apaixonar. A obra nos apresenta uma generosidade sem fim, desperta uma bondade e um sentimento acolhedor, que precisamos diariamente nos restabelecer. Afável, muito mais que um filme sobre conduta, é uma forma de lembrar que o maior aprendizado é o simples reconhecimento que somos parte de um mesmo ser.
As diferenças são detalhes que nos fazem EXTRAORDINÁRIOS.
Como Nossos Pais
3.8 444"- Engraçado, em casa você não lava louça! Só quando tem plateia né!?"
Aquele porta-retrato esquecido. Era uma foto tão bonita que fora rasgada e no mundo não pertence mais.
Aquelas pessoas que se foram com o tempo, não que tenham sido deixadas para trás. Já dizia Elis, HÁ PERIGO NA ESQUINA. E parece mesmo que o sinal está fechado para nós. Pra ser devastador não tem que ser grande, basta ser preciso.
Não é um filme que veio pra ficar, é uma obra que veio pra lembrar. Lembrar o quanto deixamos de amar além do que podemos receber. Lembrar das máscaras e a vida que carregamos por todo canto, que anda pra frente mas não sacode a ponto de efervescer. Um início tão batido quanto os dias habituais, que só nos faz perceber o quanto é bom quando machuca. Rosa não é a feminista que por dentro grita socorro. Rosa é a gente que não sabe lidar com as diferenças e escolhas. Nossos problemas só são enormes quando olhamos para dentro. É difícil imaginar que nossa vida seja miserável quando ficamos nus mundo afora.
Uma obra sensível que te acorda e sacode, pois tudo vai passar. E fazer esquecer que, o que foi, não volta jamais. Porque apesar de termos feito tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos...dos mesmos. COMO NOSSOS PAIS.
Logan
4.3 2,6K Assista AgoraUma das maiores características deste tipo de filme é o uso do tempo. Quando se fala de um road movie, sendo ele sobre heroi ou super, é preciso colocar o espectador ao lado desses personagens para que sintam-se abraçados ou ao menos próximos daquela experiência que o roteiro insiste em nos levar. Tardiamente no segundo ato os atores conseguem imergir o público ao caos, e quase acreditamos que aquilo é real, mas já é tarde demais. Sim, temos dois atores empenhados numa trama que, para quem não se familiariza com o background, parece pouco submersiva. Sim, o clima de despedida desde o início da projeção nos força a uma sensação de profundo luto - o próprio marketing noticiava as despedidas de dois papéis marcantes na vida de dois atores igualmente bons. Poderia ter sido um filme incrível, mas é apenas diferente. Ousado mas perecível.
Batman vs Superman - A Origem da Justiça
3.4 5,0K Assista AgoraSnyder por Snyder
Uma das maiores dificuldades de um fã é aceitar não que o filme do seu herói seja ruim, e sim que foi mal conduzido. Vou deixar claro meu apoio por novos diretores para que o ponto de vista do ponto de vista não seja sobre o dono, e sim sobre a obra.
Mas antes, vamos fofocar.
A câmera lenta parece ter se tornado o grande câncer do diretor. Tudo tem uma grande eloquência. Tudo pede por mais no que se pode revelar através da projeção. Dito isto, os personagens que amamos tanto parecem não fazer sentido na tela. Me refiro a empatia mesmo. Tudo acontece a favor da progressão de atos, mas quando nos pegamos assistindo ao filme ele quase inexiste à apatia das personagens. Me peguei pensando sobre a morte de vários personagens. E nenhum amoleceu meu coração medíocre e sedento por emoção. Não era real. Saber que super heróis não existem é demais. Mas saber que eles não funcionam... As resoluções claras e urgentes, o ato inicial que insistia em recomeçar o filme o tempo todo. E Lex Lutor.
Acho que reclamei de tudo o que já cansamos de ler por aí. Mas me pego pensando no cara que fez 300, Watchmen (OK, eu gosto de Watchmen) e Suckerzzz p*.
O que Snyder traz de novo pra esse mundo? O que ele faz de tão diferente que as pessoas o cultuam como ser indomável e genial? O que o torna O VISIONÁRIO ZACK SNYDER?
Tenho tanta preguiça de escrever quanto quem vá ler isto um dia ou não. Mas que diferença faz isso daí, o filme tá pronto e vem vindo outros. Segue dia vs noitada. E a tal Liga - Extraordinária - da Justiça...
O que resta é fazer terra tremer, luz piscar. Espero ansiosamente por Esquadrão Suicida. E se depender de Superman, é pra Deus mesmo que eu vou rezar
Anomalisa
3.8 497 Assista AgoraCharlie Kaufman tem uma estranha obsessão pela mente. Assim como todos querem ser John Malkovich e deletarem suas lembranças, em Anomalisa ele fala sobre SER humano ao mesmo tempo que deixa aberto seu roteiro à diversas interpretações.
Não estamos apenas tratando do homem líquido e da vida descartável que temos, e sim em como somos doentes.
Depois, e só depois de assistir ao filme, procure o nome do hotel em que Michael se hospeda.
Não achou nada? Procure por
síndrome de fregoli
Tcharam! São nos bilhetes, na música e nos demais detalhes que talvez esteja escondida a verdadeira história de Anomalisa.
Por mais que o filme trate sobre diversas questões, a tal anomalia agora passa a ter um novo sentido pra você, para mim, para nós, que estamos nos tornando Michael Stone a cada dia mais.
O Quarto de Jack
4.4 3,3K Assista AgoraPOR DEUS, não assistam aos trailers! Eles simplesmente destroem a magnitude deste filme!
O Lobo Atrás da Porta
4.0 1,3K Assista AgoraMinha mãe sempre teve apreço pelo seu jardim. Passava horas retirando as daninhas, colorindo o tom que faltava à fachada da casa, fazendo com que as flores iluminassem a entrada com os dizeres: chegue, sinta-se feliz! Certo dia uma amiga sentiu feliz até demais, contava minha mãe. Foi ela elogiar o jardim, e as flores morreram.
Pouco se sabe sobre energia negativa, ou até sabe-se muito, e morremos infiéis ao que nos é informado. Mas nada como a influência dos seres humanos à nossa volta pra construir ou destruir tudo o que planejamos, ou brincar com o destino de quem possa vir "a credita-lo".
O LOBO ATRÁS DA PORTA pode dizer sobre vários temas, mas sem sombra de dúvida, a realidade nas cores apagadas e os enquadramentos estranguladores me fizeram lembrar do velho jardim da minha mãe, agora transformado em um local reservado, com um muro gigante que separa a beleza do restante da sociedade.
E então me lembro que algumas "boas" só cabem a nossa própria felicidade. Pois o lobo não é mau, mas para nossos olhos ele sempre será o símbolo da maldade.
Irreversível
4.0 1,8K Assista AgoraMeu Deus!!! O velho do início do filme IRREVERSÍVEL é o mesmo personagem açougueiro em CARNE e SOZINHO CONTRA TODOS?
Ninfomaníaca: Volume 1
3.7 2,7K Assista AgoraNunca vi tantos estereótipos reunidos em uma sala como hoje.
E não digo sobre o filme. Mas as que estavam presentes assistindo.
Tinha a gordinha engraçada, o tiozão safado, o pai careteiro, o namorado comentarista e o que sobrou era silêncio.
Ainda estou degustando o filme, pois é difícil assistir algo com tanto auê durante a exibição.
Torcia para que elas saíssem nos primeiros 30 minutos, em respeito aos que queriam sentir o filme.
Já pagaram pelo sexo, seus inúteis, agora vão!
O que essas pessoas estavam afinal buscando no cinema?
Talvez ainda não tenham ensinado sobre o que é a sétima arte.
Mas meu sadismo é estar feliz por elas terem saído insatisfeitas.
Obrigado Lars! Muito obrigado!
Jogos Vorazes: Em Chamas
4.0 3,3K Assista AgoraO ano em que o blockbuster narrou sem aspas a política, a crítica e as massas.
Fodarástico!!