Awakenings é uma viagem incrivelmente bela e profundamente comovente, e, surpreendentemente, baseado em uma história verdadeira. O filme mergulha fundo em um dos piores medos humanos, a perda da consciência e da capacidade de se mover, e, mesmo assim, não é uma narração forçada ou manipuladora, pra dar uma lição de moral. Não. É apenas uma história fascinante, lindamente contada.
A atuação de Robert DeNiro, lidando com todos os desafios emocionais e físicos de seu papel, o coloca incontestavelmente no panteão dos melhores atores do século XX. Também é um dos melhores filmes em que Robin Williams demonstrou como era um ator excelente e versátil, não apenas um comediante.
Awakenings merece estar no topo de sua lista de filmes para ver.
Faça um favor a si mesmo e veja!
(E é baseado em um dos livros do Dr. Oliver Sacks. Seus livros são ótimos, com estudos de caso fascinantes na área da neurociência. Valeu muito a pena ler!)
Soviet Story é um documentário muito interessante, que deixa de ser excelente por "errar na mão" e às vezes adotar um tom simplista.
Em todo caso, ele faz um bom trabalho em mostrar a máquina assassina que foi o regime stalinista, ainda tratado com tanta condescendência, apesar de ter perpetrado alguns dos maiores crimes contra a humanidade no século XX.
Na comparação do stalinismo com o nazismo, o documentário dá umas escorregadas. Buscar equivalência ideológica entre nazismo e marxismo, além de ser absolutamente desnecessário, enfraqueceu o documentário. Duas ideologias ruins não são necessariamente idênticas. E justamente o mais interessante é que, ao fim e ao cabo, isso não importa. As maiores similaridades dos dois regimes não se encontram na sua narrativa, mas sim na sua prática.
Nesse sentido, sim, há padrões surpreendentemente similares nos dois regimes. Aliás, em muitos aspectos, a URSS foi uma pioneira. Inventou os campos de concentração (e os utilizou mesmo depois da Segunda Gerra, tendo aprisionado muito mais pessoas do que os nazista. Também treino a SS nazista com a experiência de décadas da NKVD (posteriormente, KGB), sua política política, menina dos olhos de Stalin.
Enfim, apesar das escorregadelas, o documentário vale como denúncia e por algumas imagens de arquivo, tão lamentáveis quanto importantes para a história.
Ikiru (Viver) é um filme imperdível, mas uma obra-prima de Kurosawa. Talvez seu filme mais humano. É a história de um despertar existencial frente à morte certa. Também uma crítica ácida à burocracia e seu poder de consumir a vitalidade de homens e sociedades. Embora triste, o filme não se entrega ao pessimismo.
Takashi Shimura (que faz o personagem principal, o burocrata Watanabe) mostra uma atuação brilhante, irretocável, provavelmente a melhor de toda sua carreira. É quase impossível não se emocionar com suas fortíssimas expressões.
"Ecce homo. Olhe este homem. Este homem carrega uma cruz chamada câncer. Ele é Cristo. Se você fosse diagnosticada com câncer, morreria naquele momento. Mas não este camarada. Neste momento ele começou a viver."
Mais uma grande direção de Christopher Nolan (mantendo seu talentoso traço pra filmes "mindfuck"). Atuações brilhantes. Trilha sonora magnífica.
Ótima diversão, com um enredo que prende, do começo ao fim, qualquer amante de ficção científica.
Fica ainda mais estimulante se você tem noções de algumas discussões da fronteira da física (incongruências da teoria da relatividade com a física quântica, busca de uma teoria da gravidade quântica, teoria M, teoria das cordas, hipótese do graviton e do universo como membrana e dos multiversos, hipótese do universo de 5 ou mais dimensões, etc, etc...).
Não que o filme discuta essas questões. Ele as utiliza apenas como pano de fundo pra criar seu rico universo ficcional. Felizmente, sem obrigar o expectador a conhecê-las. Apenas se nutre dessas influências contemporâneas da física pra construir um ótimo universo ficcional. E, nesse universo, suscita indagações humanas, filosóficas e éticas fundamentais, das mais antigas às contemporâneas: o amor, o tempo, a memória, egoísmo e altruísmo, coragem e heroísmo, conflito entre os interesses pessoais/familiares e o bem comum, o apego, a mentira e a verdade, a ciência e o mistério, o instinto de sobrevivência, os riscos para a sobrevivência da humanidade e as possibilidades de sua transformação em uma espécie interplanetária que sobreviva em longo prazo no universo.
Esperava muito mais desse documentário tão elogiado. Mas é apenas mediano.
Falta narrativa, faltam diversos episódios fundamentais da história do Senna, falta construir um perfil mais complexo e verdadeiro dele, para além do herói do esporte (aliás, faltam episódios fundamentais da história até mesmo dentro dessa narrativa do "piloto extraordinário"). Também a trilha sonora não empolga. É tecnicamente ruim.
Foi dado um foco excessivo na relação com Prost. Também muito mal selecionadas as falas de arquivo -- contando, por exemplo, um monte de chatices de Galvão Bueno e até o mala do Jabor aparecendo injustificavelmente duas vezes (pra falar merda, é claro: "Senna é a única coisa de boa no Brasil").
O documentário também fracassa em transformar Senna num personagem carismático. Veja bem: ele tinha um talento indiscutível, foi um mito do esporte, era amado por suas vitórias -- por suas vitórias. Mas carismático não era. Em termos de personalidade, Senna nunca foi muito mais do que um mauricinho meio sem graça e obcecado por vencer-vencer-vencer-vencer (ah, claro, um tal "Deus" personalista que o beneficiaria em detrimento dos outros pilotos e equipes). Mas até nisso o documentário falha, ao não construir uma narrativa mais madura da fé de Senna. Só vê frases de efeito superficiais.
Eu teria gostado muito de ver um documentário de revelasse um Senna mais complexo. Mais gente falando dos seus defeitos, da dificuldade que deveria ser conviver com alguém como ele.
É isto: um documentário que não aprofunda, não revela mais intimamente seu personagem. Só reforça o esteriótipo do herói. Ou seja, não traz nenhuma novidade. Não surpreende.
Filme delicioso. Uma boa olhada no relacionamento de um artista com sua esposa e filhos, explorando as sutilezas da liberdade, do amor, do egoísmo e da arte. Linda fotografia. Frases brilhantes e bem humoradas. Ironia no ponto certo. Recomendo!
"Não mude quem você é para ser aceito". Cada qual com seu gosto. Um filme dedicado à alteridade -- escolhas e gostos que definem as pessoas e compõe sua identidade, especialmente na meia-idade. Atuações brilhantes, humor refinado. Personagens bem construídos, absolutamente verossímeis, reais. Belíssima história.
A Conquista da Honra (Flag of Our Fathers) é um bom filme de Clint Eastwood.
Mostra a versão estadunidense das Batalhas de Iwo Jima (a versão japonesa da história é brilhantemente exibida em "Cartas de Iwo Jima", que precisa ser visto para se compreender que mensagem Clint quer passar).
Tecnicamente, o filme mistura méritos e problemas. Tem uma fotografia impressionante, como é esperado de todo bom filme de Clint. Mas também apresenta problemas de enredo e construção de personagens, que acabam por não ser marcantes, dadas as atuações medianas e o ritmo da história.
Apesar disso, é um filme ótimo. Especialmente quando se entende o que ele pretende dizer. Não é um filme convencional sobre a Guerra. Não está baseado em cenas de ação. Seu núcleo narrativo é um drama, uma análise psicológica e social da guerra.
No mesmo espírito de sua obra-prima, "Os Imperdoáveis", Clint Eastwood quer relevar a profunda fragilidade humana daqueles vistos como heróis ou vilões. Este é o eixo conceitual comum a "A Conquista da Honra" e "Cartas de Iwo Jima" -- essa coisa humana (como brincar na praia feito uma criança, ou querer os braços da sua esposa) sendo constantemente abafada pelo absurdo da guerra. A dor e as cicatrizes que a guerra deixa.
Em "A Conquista da Honra" revela-se ainda a construção do imaginário da guerra a partir de uma estratégia de propaganda. É a emergência de uma sociedade manipulada com os apelos da mídia de massa -- a sociedade do espetáculo, do showbiz -- que precisa fabricar heróis, os quais, por sua vez, são descartáveis, esquecíveis, assim que surgir a próxima novidade. São heróis fabricados, fantoches, que servem a um objetivo pragmático de financiamento da guerra. Não há honra.
É uma crítica não só aos horrores e à desumanização da guerra, mas ao próprio estilo de sociedade, à própria cultura cínica que a Segunda Guerra ajudou a consolidar nos Estados Unidos.
Primeiro filme comercial do diretor, já mostra muito do estilo que o consagraria: os excelentes diálogos, violência, rios de sangue e um trabalho de câmera muito presente (só faltou a presença de uma marcante trilha sonora, que também seria uma marca de seus próximos filmes)
Cães de Aluguel se desenvolve muito bem. Tem um roteiro simples e inteligente, que revela aos poucos os principais mistérios da trama. Os atores são perfeitos para seus papéis, permitindo ótimo desenvolvimento dos personagens, mesmo com um filme curto e divide a atenção entre várias histórias centrais.
Embora não seja um filme tão bom quanto Pulp Fiction, Django ou Kill Bill, Cães de Aluguel vale a pena ser visto por todos que apreciam o estilo tarantinesco.
"E o vento levou..." é um clássico tão consagrado que qualquer comentário se torna irrelevante. Brilhante em todos os sentidos. Uma megaprodução magistralmente executada. Efeitos especiais impressionantes para a época, reconstruções históricas grandiosas, figurino impecável, fotografia estonteante, trilha sonora primorosa, roteiro maravilhoso, que consegue explorar muitas histórias em uma só, e deixa fluido um filme de 4 horas. Enfim, uma grande obra.
Não que ela não tenha seus senões. Olhando com os olhos de hoje -- sim, estou sendo anacrônico -- o filme peca pelo melodrama excessivo.
E também por várias inconsistências, por exemplo, quando Scarllet e as outras mulheres passam a ter uma vida de camponesas, de subsistência, mal tendo o que comer, mas aparem maquiadas, com batom e sobrancelhas feitas.
Mas não há dúvida de que ele é um dos grandes clássicos.
Atuações excelentes de Vivien Leigh e de Clark Gable. Mas também de Hattie McDaniel, que rouba muitas cenas. Uma atriz fantástica.
Barry Lyndon é um ótimo, lindíssimo e primoroso filme do mestre Kubrick.
Injustamente considerado, por alguns, como um filme "menor" na carreira do diretor (comparado aos clássicos "2001" e "Laranja Mecânica") é, na verdade, uma obra monumental, comprovando a versatilidade de Kubrick e seu perfeccionismo impressionante.
Com certeza, uma das fotografias mais bonitas da história do cinema. Locações, figurino, maquiagem -- tudo tecnicamente perfeito, uma direção de arte impecável, que transporta o espectador para o século XVIII. Cada cena é uma verdadeira pintura neoclássica em movimento. A trilha sonora, com marchas de guerra e requintados temas barrocos, forma um conjunto harmonioso e acentua o refinamento palaciano.
Mas não acaba aí. Não se trata apenas de um filme bonito, como muitos desatentos podem supor. A história de Redmond Barry tem uma força narrativa tremenda.
Fala de ascensão e queda social, assim como de decadência moral, como um símbolo de toda a sociedade européia. O choque de um jovem romântico e idealista diante de uma realidade dura, uma sociedade interesseira, baseada em aparência e influências, que acaba por torná-lo, também, um oportunista.
Como diz brilhantemente Martin Scorsese: "Não estou certo se posso afirmar ter um filme favorito de Kubrick, mas retorno repetidamente a Barry Lyndon. Penso que é por ser uma experiência tão profundamente emocional. A emoção é transmitida através do movimento da câmera, da lentidão do ritmo, na forma como as personagens se movem naquilo que as envolve. As pessoas não o perceberam quando ele estreou. Muitos ainda não o percebem. Simplesmente, na cadência sucessiva de imagens de rara beleza, vemos o caminho de um homem à medida que ele evolui da mais pura inocência até à mais fria sofisticação, terminando numa absoluta amargura - a materialização elementar da sobrevivência. É um filme atemorizante pois a beleza da luz dos candelabros é apenas um manto diáfano sobre a pior crueldade. Mas uma crueza real, do tipo que se encontra todos os dias na sociedade civilizada."
Por todos os seus méritos, Barry Lyndon é um filme excepcional. Pra aplaudir de pé.
Uma grande história, prejudicada pela edição, que deixou a sequencia apressada, não dando o devido tempo para as histórias e os personagens se mostrarem, reduzindo a empatia e profundidade da trama. O grande mérito da produção é a belíssima trilha sonora e a fotografia.
Robert Redford já começa sua carreira de diretor dando um show. Ordinary people / Gente como a Gente é um grande filme, mais do que merecedor dos prêmios que recebeu.
Mas vejo a falta de entusiasmo de muitos aqui. Não entenderam. Este filme é sobre Ordinary People, sobre Gente como a gente. Não é sobre acontecimentos incríveis, heróis, grandes feitos, arroubos dramáticos. Sua beleza está na crueza de sua simplicidade, na sua nudez despojada de qualquer emocionalismo forçado, mesmo girando em torno de uma tragédia familiar. É um filme sóbrio, com um roteiro maravilhoso e profundamente humano.
Esse filme brilhante não foi feito pra empolgar, nem pra levar ao riso, ou às lágrimas. É tudo apresentado a seco mesmo. Nem trilha sonora tem (perceberam?). Só o Canon de Pachelbel -- e ainda sim é parte do roteiro, não exatamente uma trilha. Isso fez toda a diferença. Há muitas cenas ali que, com uma boa trilha sonora, levariam os expectadores aos prantos, a uma catarse -- e a um grau muito maior de empatia com os personagens. Mas a escolha foi outra. E o resultado foi de uma sinceridade despida, de uma força de atuações brilhantes, que chega a me surpreender as pessoas não notarem.
É um filme para quem aprecia história de seres humanos, suas vidas, suas dores e sua enorme complexidade.
Mais um excelente documentário de Herzog, com seus temas favoritos: o insólito, o heroico, e a relação entre o homem e a natureza.
Maravilhosa aproximação do mundo de significados dos personagens, como o complexo de culpa e a natureza sonhadora de Graham Dorrington, e a visão poética de Mark Anthony, com sua sabedoria natural.
Filme mediano, médio, medíocre. Falta pouco, bem pouco pra ser ruim.
Atuações chochas, bobas, quase novelísticas, com a honrosa exceção à experiente Gloria Pires que faz uma péssima -- e, portanto, ótima -- Juliana.
De resto, ninguém se salva. Fábio Assunção não convence ninguém, está chato, superficial, raso -- nem charmoso conseguiu ser, algo que se esperava do seu papel. Gianecchini tem uma atuação sofrível, artificial ao extremo.
Débora Falabella tem seus momentos, dá vida a uma Luísa ingênua, insegura e neurótica, como deve ser. Mas não passa do básico.
A fotografia e figurino tem seus méritos. A trilha sonora está fora de lugar. São boas músicas, mas que combinam pouco com o roteiro. Roteiro que, aliás, tá cheio de buracos.
As cenas de sexo, que despertam tanto a atenção pela beleza inegável da Débora Falabella, são absolutamente amadoras, mal feitas, de gosto duvidoso nos enquadramentos e na trilha sonora brega, mal escolhida. Embora façam naturalmente parte da história, foram tão mal executadas que parecem apelação.
Não dá pra entender quem diz que esse filminho é exemplo de bom cinema brasileiro. Menos, né?
Tem seus méritos, de enredo, de fotografia, algumas atuações (especialmente DiCaprio e Edgerton) mas é afetado demais. Faz parte do estilo do Luhrmann, mas aquela trilha sonora do início ficou horrível. É um bom, razoável, mas não um grande filme.
Tempo de Despertar
4.3 648 Assista AgoraAwakenings é uma viagem incrivelmente bela e profundamente comovente, e, surpreendentemente, baseado em uma história verdadeira. O filme mergulha fundo em um dos piores medos humanos, a perda da consciência e da capacidade de se mover, e, mesmo assim, não é uma narração forçada ou manipuladora, pra dar uma lição de moral. Não. É apenas uma história fascinante, lindamente contada.
A atuação de Robert DeNiro, lidando com todos os desafios emocionais e físicos de seu papel, o coloca incontestavelmente no panteão dos melhores atores do século XX. Também é um dos melhores filmes em que Robin Williams demonstrou como era um ator excelente e versátil, não apenas um comediante.
Awakenings merece estar no topo de sua lista de filmes para ver.
Faça um favor a si mesmo e veja!
(E é baseado em um dos livros do Dr. Oliver Sacks. Seus livros são ótimos, com estudos de caso fascinantes na área da neurociência. Valeu muito a pena ler!)
Yojimbo, o Guarda-Costas
4.3 127Um verdadeiro western japonês. Kurosawa influenciou muito Leone em seus clássicos. Neste filme essa influência fica nítida.
De todos os 5 filmes de Kurosawa que vi até hoje, esse foi o que menos me empolgou.
Ainda sim, é um ótimo filme.
A História Soviética
4.2 46 Assista AgoraSoviet Story é um documentário muito interessante, que deixa de ser excelente por "errar na mão" e às vezes adotar um tom simplista.
Em todo caso, ele faz um bom trabalho em mostrar a máquina assassina que foi o regime stalinista, ainda tratado com tanta condescendência, apesar de ter perpetrado alguns dos maiores crimes contra a humanidade no século XX.
Na comparação do stalinismo com o nazismo, o documentário dá umas escorregadas. Buscar equivalência ideológica entre nazismo e marxismo, além de ser absolutamente desnecessário, enfraqueceu o documentário. Duas ideologias ruins não são necessariamente idênticas. E justamente o mais interessante é que, ao fim e ao cabo, isso não importa. As maiores similaridades dos dois regimes não se encontram na sua narrativa, mas sim na sua prática.
Nesse sentido, sim, há padrões surpreendentemente similares nos dois regimes. Aliás, em muitos aspectos, a URSS foi uma pioneira. Inventou os campos de concentração (e os utilizou mesmo depois da Segunda Gerra, tendo aprisionado muito mais pessoas do que os nazista. Também treino a SS nazista com a experiência de décadas da NKVD (posteriormente, KGB), sua política política, menina dos olhos de Stalin.
Enfim, apesar das escorregadelas, o documentário vale como denúncia e por algumas imagens de arquivo, tão lamentáveis quanto importantes para a história.
Viver
4.4 165 Assista AgoraIkiru (Viver) é um filme imperdível, mas uma obra-prima de Kurosawa. Talvez seu filme mais humano. É a história de um despertar existencial frente à morte certa. Também uma crítica ácida à burocracia e seu poder de consumir a vitalidade de homens e sociedades. Embora triste, o filme não se entrega ao pessimismo.
Takashi Shimura (que faz o personagem principal, o burocrata Watanabe) mostra uma atuação brilhante, irretocável, provavelmente a melhor de toda sua carreira. É quase impossível não se emocionar com suas fortíssimas expressões.
"Ecce homo. Olhe este homem. Este homem carrega uma cruz chamada câncer. Ele é Cristo. Se você fosse diagnosticada com câncer, morreria naquele momento. Mas não este camarada. Neste momento ele começou a viver."
Interestelar
4.3 5,7K Assista AgoraExcelente filme!
Mais uma grande direção de Christopher Nolan (mantendo seu talentoso traço pra filmes "mindfuck"). Atuações brilhantes. Trilha sonora magnífica.
Ótima diversão, com um enredo que prende, do começo ao fim, qualquer amante de ficção científica.
Fica ainda mais estimulante se você tem noções de algumas discussões da fronteira da física (incongruências da teoria da relatividade com a física quântica, busca de uma teoria da gravidade quântica, teoria M, teoria das cordas, hipótese do graviton e do universo como membrana e dos multiversos, hipótese do universo de 5 ou mais dimensões, etc, etc...).
Não que o filme discuta essas questões. Ele as utiliza apenas como pano de fundo pra criar seu rico universo ficcional. Felizmente, sem obrigar o expectador a conhecê-las.
Apenas se nutre dessas influências contemporâneas da física pra construir um ótimo universo ficcional. E, nesse universo, suscita indagações humanas, filosóficas e éticas fundamentais, das mais antigas às contemporâneas: o amor, o tempo, a memória, egoísmo e altruísmo, coragem e heroísmo, conflito entre os interesses pessoais/familiares e o bem comum, o apego, a mentira e a verdade, a ciência e o mistério, o instinto de sobrevivência, os riscos para a sobrevivência da humanidade e as possibilidades de sua transformação em uma espécie interplanetária que sobreviva em longo prazo no universo.
Kramer vs. Kramer
4.1 546 Assista AgoraUma palavra define: "Terrific!"
;-)
Sindicato de Ladrões
4.2 295 Assista Agora"Consciência... essa coisa pode te deixar louco".
Senna
4.4 681 Assista AgoraEsperava muito mais desse documentário tão elogiado. Mas é apenas mediano.
Falta narrativa, faltam diversos episódios fundamentais da história do Senna, falta construir um perfil mais complexo e verdadeiro dele, para além do herói do esporte (aliás, faltam episódios fundamentais da história até mesmo dentro dessa narrativa do "piloto extraordinário"). Também a trilha sonora não empolga. É tecnicamente ruim.
Foi dado um foco excessivo na relação com Prost. Também muito mal selecionadas as falas de arquivo -- contando, por exemplo, um monte de chatices de Galvão Bueno e até o mala do Jabor aparecendo injustificavelmente duas vezes (pra falar merda, é claro: "Senna é a única coisa de boa no Brasil").
O documentário também fracassa em transformar Senna num personagem carismático. Veja bem: ele tinha um talento indiscutível, foi um mito do esporte, era amado por suas vitórias -- por suas vitórias. Mas carismático não era. Em termos de personalidade, Senna nunca foi muito mais do que um mauricinho meio sem graça e obcecado por vencer-vencer-vencer-vencer (ah, claro, um tal "Deus" personalista que o beneficiaria em detrimento dos outros pilotos e equipes). Mas até nisso o documentário falha, ao não construir uma narrativa mais madura da fé de Senna. Só vê frases de efeito superficiais.
Eu teria gostado muito de ver um documentário de revelasse um Senna mais complexo. Mais gente falando dos seus defeitos, da dificuldade que deveria ser conviver com alguém como ele.
É isto: um documentário que não aprofunda, não revela mais intimamente seu personagem. Só reforça o esteriótipo do herói. Ou seja, não traz nenhuma novidade. Não surpreende.
Anos felizes
3.5 9Filme delicioso. Uma boa olhada no relacionamento de um artista com sua esposa e filhos, explorando as sutilezas da liberdade, do amor, do egoísmo e da arte. Linda fotografia. Frases brilhantes e bem humoradas. Ironia no ponto certo. Recomendo!
Cantando na Chuva
4.4 1,1K Assista Agora"Ei, Joe, me traga uma tarântula!"
Bill Cosby: Himself
4.2 3Gênio!
O Gosto dos Outros
3.6 19"Não mude quem você é para ser aceito". Cada qual com seu gosto. Um filme dedicado à alteridade -- escolhas e gostos que definem as pessoas e compõe sua identidade, especialmente na meia-idade. Atuações brilhantes, humor refinado. Personagens bem construídos, absolutamente verossímeis, reais. Belíssima história.
Beleza Americana
4.1 2,9K Assista Agora"Look close" e veja o absurdo cínico e vazio dessa vidinha americana, mas "look closer" e veja "toda uma vida por trás das coisas".
"Às vezes, há tanta... beleza... no mundo. Quase que não consigo suportar"
A Conquista da Honra
3.6 224 Assista AgoraA Conquista da Honra (Flag of Our Fathers) é um bom filme de Clint Eastwood.
Mostra a versão estadunidense das Batalhas de Iwo Jima (a versão japonesa da história é brilhantemente exibida em "Cartas de Iwo Jima", que precisa ser visto para se compreender que mensagem Clint quer passar).
Tecnicamente, o filme mistura méritos e problemas. Tem uma fotografia impressionante, como é esperado de todo bom filme de Clint. Mas também apresenta problemas de enredo e construção de personagens, que acabam por não ser marcantes, dadas as atuações medianas e o ritmo da história.
Apesar disso, é um filme ótimo. Especialmente quando se entende o que ele pretende dizer. Não é um filme convencional sobre a Guerra. Não está baseado em cenas de ação. Seu núcleo narrativo é um drama, uma análise psicológica e social da guerra.
No mesmo espírito de sua obra-prima, "Os Imperdoáveis", Clint Eastwood quer relevar a profunda fragilidade humana daqueles vistos como heróis ou vilões. Este é o eixo conceitual comum a "A Conquista da Honra" e "Cartas de Iwo Jima" -- essa coisa humana (como brincar na praia feito uma criança, ou querer os braços da sua esposa) sendo constantemente abafada pelo absurdo da guerra. A dor e as cicatrizes que a guerra deixa.
Em "A Conquista da Honra" revela-se ainda a construção do imaginário da guerra a partir de uma estratégia de propaganda. É a emergência de uma sociedade manipulada com os apelos da mídia de massa -- a sociedade do espetáculo, do showbiz -- que precisa fabricar heróis, os quais, por sua vez, são descartáveis, esquecíveis, assim que surgir a próxima novidade. São heróis fabricados, fantoches, que servem a um objetivo pragmático de financiamento da guerra. Não há honra.
É uma crítica não só aos horrores e à desumanização da guerra, mas ao próprio estilo de sociedade, à própria cultura cínica que a Segunda Guerra ajudou a consolidar nos Estados Unidos.
Cães de Aluguel
4.2 1,9K Assista AgoraCães de Aluguel é um bom filme de Tarantino.
Primeiro filme comercial do diretor, já mostra muito do estilo que o consagraria: os excelentes diálogos, violência, rios de sangue e um trabalho de câmera muito presente (só faltou a presença de uma marcante trilha sonora, que também seria uma marca de seus próximos filmes)
Cães de Aluguel se desenvolve muito bem. Tem um roteiro simples e inteligente, que revela aos poucos os principais mistérios da trama. Os atores são perfeitos para seus papéis, permitindo ótimo desenvolvimento dos personagens, mesmo com um filme curto e divide a atenção entre várias histórias centrais.
Embora não seja um filme tão bom quanto Pulp Fiction, Django ou Kill Bill, Cães de Aluguel vale a pena ser visto por todos que apreciam o estilo tarantinesco.
...E o Vento Levou
4.3 1,4K Assista Agora"E o vento levou..." é um clássico tão consagrado que qualquer comentário se torna irrelevante. Brilhante em todos os sentidos. Uma megaprodução magistralmente executada. Efeitos especiais impressionantes para a época, reconstruções históricas grandiosas, figurino impecável, fotografia estonteante, trilha sonora primorosa, roteiro maravilhoso, que consegue explorar muitas histórias em uma só, e deixa fluido um filme de 4 horas. Enfim, uma grande obra.
Não que ela não tenha seus senões. Olhando com os olhos de hoje -- sim, estou sendo anacrônico -- o filme peca pelo melodrama excessivo.
E também por várias inconsistências, por exemplo, quando Scarllet e as outras mulheres passam a ter uma vida de camponesas, de subsistência, mal tendo o que comer, mas aparem maquiadas, com batom e sobrancelhas feitas.
Mas não há dúvida de que ele é um dos grandes clássicos.
Atuações excelentes de Vivien Leigh e de Clark Gable. Mas também de Hattie McDaniel, que rouba muitas cenas. Uma atriz fantástica.
Barry Lyndon
4.2 400 Assista AgoraBarry Lyndon é um ótimo, lindíssimo e primoroso filme do mestre Kubrick.
Injustamente considerado, por alguns, como um filme "menor" na carreira do diretor (comparado aos clássicos "2001" e "Laranja Mecânica") é, na verdade, uma obra monumental, comprovando a versatilidade de Kubrick e seu perfeccionismo impressionante.
Com certeza, uma das fotografias mais bonitas da história do cinema. Locações, figurino, maquiagem -- tudo tecnicamente perfeito, uma direção de arte impecável, que transporta o espectador para o século XVIII. Cada cena é uma verdadeira pintura neoclássica em movimento. A trilha sonora, com marchas de guerra e requintados temas barrocos, forma um conjunto harmonioso e acentua o refinamento palaciano.
Mas não acaba aí. Não se trata apenas de um filme bonito, como muitos desatentos podem supor. A história de Redmond Barry tem uma força narrativa tremenda.
Fala de ascensão e queda social, assim como de decadência moral, como um símbolo de toda a sociedade européia. O choque de um jovem romântico e idealista diante de uma realidade dura, uma sociedade interesseira, baseada em aparência e influências, que acaba por torná-lo, também, um oportunista.
Como diz brilhantemente Martin Scorsese: "Não estou certo se posso afirmar ter um filme favorito de Kubrick, mas retorno repetidamente a Barry Lyndon. Penso que é por ser uma experiência tão profundamente emocional. A emoção é transmitida através do movimento da câmera, da lentidão do ritmo, na forma como as personagens se movem naquilo que as envolve. As pessoas não o perceberam quando ele estreou. Muitos ainda não o percebem. Simplesmente, na cadência sucessiva de imagens de rara beleza, vemos o caminho de um homem à medida que ele evolui da mais pura inocência até à mais fria sofisticação, terminando numa absoluta amargura - a materialização elementar da sobrevivência. É um filme atemorizante pois a beleza da luz dos candelabros é apenas um manto diáfano sobre a pior crueldade. Mas uma crueza real, do tipo que se encontra todos os dias na sociedade civilizada."
Por todos os seus méritos, Barry Lyndon é um filme excepcional. Pra aplaudir de pé.
Ted
3.1 3,4K Assista AgoraRuim. Simples assim.
O Último dos Moicanos
3.8 374 Assista AgoraUma grande história, prejudicada pela edição, que deixou a sequencia apressada, não dando o devido tempo para as histórias e os personagens se mostrarem, reduzindo a empatia e profundidade da trama. O grande mérito da produção é a belíssima trilha sonora e a fotografia.
Gente Como a Gente
3.8 143 Assista AgoraRobert Redford já começa sua carreira de diretor dando um show. Ordinary people / Gente como a Gente é um grande filme, mais do que merecedor dos prêmios que recebeu.
Mas vejo a falta de entusiasmo de muitos aqui. Não entenderam. Este filme é sobre Ordinary People, sobre Gente como a gente. Não é sobre acontecimentos incríveis, heróis, grandes feitos, arroubos dramáticos. Sua beleza está na crueza de sua simplicidade, na sua nudez despojada de qualquer emocionalismo forçado, mesmo girando em torno de uma tragédia familiar. É um filme sóbrio, com um roteiro maravilhoso e profundamente humano.
Esse filme brilhante não foi feito pra empolgar, nem pra levar ao riso, ou às lágrimas. É tudo apresentado a seco mesmo. Nem trilha sonora tem (perceberam?). Só o Canon de Pachelbel -- e ainda sim é parte do roteiro, não exatamente uma trilha. Isso fez toda a diferença. Há muitas cenas ali que, com uma boa trilha sonora, levariam os expectadores aos prantos, a uma catarse -- e a um grau muito maior de empatia com os personagens. Mas a escolha foi outra. E o resultado foi de uma sinceridade despida, de uma força de atuações brilhantes, que chega a me surpreender as pessoas não notarem.
É um filme para quem aprecia história de seres humanos, suas vidas, suas dores e sua enorme complexidade.
O Diamante Branco
4.3 8Mais um excelente documentário de Herzog, com seus temas favoritos: o insólito, o heroico, e a relação entre o homem e a natureza.
Maravilhosa aproximação do mundo de significados dos personagens, como o complexo de culpa e a natureza sonhadora de Graham Dorrington, e a visão poética de Mark Anthony, com sua sabedoria natural.
Destaque para a trilha sonora fabulosa.
Primo Basílio
3.1 257Filme mediano, médio, medíocre. Falta pouco, bem pouco pra ser ruim.
Atuações chochas, bobas, quase novelísticas, com a honrosa exceção à experiente Gloria Pires que faz uma péssima -- e, portanto, ótima -- Juliana.
De resto, ninguém se salva. Fábio Assunção não convence ninguém, está chato, superficial, raso -- nem charmoso conseguiu ser, algo que se esperava do seu papel. Gianecchini tem uma atuação sofrível, artificial ao extremo.
Débora Falabella tem seus momentos, dá vida a uma Luísa ingênua, insegura e neurótica, como deve ser. Mas não passa do básico.
A fotografia e figurino tem seus méritos. A trilha sonora está fora de lugar. São boas músicas, mas que combinam pouco com o roteiro. Roteiro que, aliás, tá cheio de buracos.
As cenas de sexo, que despertam tanto a atenção pela beleza inegável da Débora Falabella, são absolutamente amadoras, mal feitas, de gosto duvidoso nos enquadramentos e na trilha sonora brega, mal escolhida. Embora façam naturalmente parte da história, foram tão mal executadas que parecem apelação.
Não dá pra entender quem diz que esse filminho é exemplo de bom cinema brasileiro. Menos, né?
O Grande Gatsby
3.9 2,7K Assista AgoraTem seus méritos, de enredo, de fotografia, algumas atuações (especialmente DiCaprio e Edgerton) mas é afetado demais. Faz parte do estilo do Luhrmann, mas aquela trilha sonora do início ficou horrível. É um bom, razoável, mas não um grande filme.
O primeiro choro
4.8 3Documentário primoroso sob vários pontos de vista. Trilha sonora incrível.