A premissa do filme é das mais interessantes que eu vejo em muito tempo. Todos nós nos identificamos com o medo de monstros, e acredito que o Babadook (uma versão do nosso bicho-papão) seja um dos mais populares nesse sentido. Não é à toa que ninguém menos do que William Friedkin (o diretor do clássico O Exorcista) declarou que esse é o filme mais assustador a que ele já assistiu. O filme lida muito bem com o pavor gerado pela criatura e a loucura que isso causa e nos passa perfeitamente toda a espiral descendente da protagonista. A caracterização, tanto visual quanto sonora, do Babadook é maravilhosa, lançando mão do melhor expediente de bons filmes de terror: não mostrar diretamente o monstro (né, Cloverfield?).
As atuações das crianças, no entanto, me tiraram do filme várias vezes. Noah Wiseman beira o insuportável, tanto pela maneira absolutamente irritante como o personagem foi escrito quanto pela sua performance assustadoramente forçada. É claro que não se pode exigir uma Meryl Streep em um garoto de 7 anos, mas cabe então ao diretor gravar as cenas de maneira a disfarçar as deficiências do ator. Incomoda a infinidade de cenas que ficaram claramente cortadas pela provável necessidade de que Noah repetisse as falas algumas vezes. Essie Davis (a Maggie, de Matrix Reloaded e Revolutions), por outro lado, foi uma grata surpresa. O peso dramático que ela deu à personagem é incrível, e é fácil perceber nas cenas toda a carga psicológica que Amelia leva. Grande atuação e um dos maiores motivos que me fizeram gostar do filme.
A diretora e roterista Jennifer Kent (em seu primeiro filme) tem, sim, a dificuldade que eu já apontei em dirigir os atores, especialmente os mirins, e a edição das cenas de diálogo não é realmente das melhores. Mas as cenas de terror são extremamente bem construídas e a tensão crescente em cenas como as do livro é a melhor que eu vejo desde O Chamado.
E ok que o Babadook funciona como uma metáfora dos fantasmas na cabeça de Amelia pelo trauma da morte do marido e a dificuldade de aceitar isso. Mas que p*rra foi essa de alimentar o bicho com minhoca, hein, dona Jennifer?
The Babadook é uma ótima experiência para os fãs do gênero, flutuando com maestria entre o filme de monstros e o terror psicológico. Já é considerado uma referência do cinema de terror moderno, e não é por acaso. Filme obrigatório pra quem quer alguns sustos e muita tensão.
O original de 1993 é um dos meus filmes preferidos, e eu frequentemente ignoro a existência das outras duas sequências, tamanha a decepção que elas representaram pra mim. Aparentemente, o diretor Colin Trevorrow pensa do mesmo jeito.
Jurassic World parte da premissa de que o parque sonhado e em testes no primeiro filme finalmente foi aberto, com o financiamento de um bilionário maluco indiano. É clara a referência a parques como o Sea World e a questionamentos recentes como os do documentário Blackfish. O enredo do filme como um todo não é surpreendente, e nem pretende ser. O filme corre praticamente inteiro em paralelo com o original. Da ameaça de dinossauros à solta à oposição entre o sonho de ver o parque aberto e o especialista que avisa dos perigos disso tudo.
Da dupla de irmãos em perigo perdidos no meio de tudo à aparição triunfal do T-Rex (e, dessa vez, dos velociraptors) no fim para salvar o dia
Chris Pratt (o Senhor das Estrelas, de Guardiões da Galáxia) se afirma como um ótimo protagonista de filmes de aventura, brilhando tanto nas cenas de comédia quanto nas de ação desenfreada. Não me surpreende se ele for realmente confirmado como o novo Indiana Jones nos próximos meses. Bryce Dallas Howard (a Ivy, de A Vila) não é, nem nunca foi, uma atriz excepcional, mas sabe segurar personagens ágeis, e a sua química com Pratt foi muito boa, transparecendo naturalidade nas cenas. O vilão Hoskins de Vincent D'Onofrio (o ótimo Rei do Crime, de Daredevil) é clichê puro e poderia ter sido trocado pelo coronel de Avatar que não faria grande diferença. Não por culpa do ator, mas Hoskins me soou muito mais como um vilão-vilão, bem quadrinhos, do que os vilões tridimensionais em moda ultimamente. Não que isso seja algo necessariamente ruim. As crianças [adolescentes?] fazem o esperado, nada muito além. Mas foi na empolgação do Gray de Ty Simpkins (o Dalton, de Insidious) que eu me identifiquei. Tudo bem que o parque está aberto aparentemente há um tempo, mas, caramba, são dinossauros! Me incomodou em certo ponto a naturalidade com que os outros personagens encaram tudo aquilo, tirando o ótimo Lowery de Jake Johnson (o Nick, de New Girl).
Os efeitos especiais são consistentes, embora seja impossível ter o impacto que foi no cinema o filme original, comparável apenas ao que Star Wars havia feito 16 anos antes. O CGI dos dinossauros é crível, especialmente nas cenas em que Pratt interage com os raptors. Mas os robôs como o do gigante apatossauro ferido são sempre incomparáveis.
Mas, como fã de Jurassic Park, o que mais me agradou no filme foram as referências (e reverências) à franquia. A fantástica trilha de John Williams foi felizmente mantida, e ganhou uma roupagem nova que encaixou muito bem no novo longa. John Hammond, o idealizador do parque original, é mencionado durante todo o filme, e a estátua dele no hall me soou também como uma homenagem ao seu intérprete Richard Attenborough, falecido em 2014. E o próprio park eventualmente tem seu tempo de tela. Além disso, diversas cenas do primeiro filme são citadas. O estouro da manada de galimimo, o triceratops morto, a cabra sendo servida ao T-Rex, o mosquito preso em âmbar, a molécula de DNA que dá uma aula sobre dinossauros, o T-Rex atacando o carro com as crianças, o uso de genoma de anfíbios para completar o dos dinos... Tudo isso é repaginado e reapresentado de forma ligeiramente diferente, o que pra mim passa longe de repetição e cai em cheio na categoria de homenagens.
Jurassic World perde, claro, numa comparação com um dos maiores clássicos da história do cinema. Mas, até por isso, parece fazer questão de mostrar que, antes de competir, está se espelhando. Tem mais (e melhor) ação, tem menos (infelizmente) novos dinossauros, tem o mesmo (quase) enredo. Trevorrow pegou aquela história de mais de 20 anos e soube atualizá-la, adiantá-la e adaptá-la para uma linguagem atual, onde é fácil ver as piadas quebrando momentos de tensão e a força da cooperação que Vingadores ou Guardiões da Galáxia trouxeram à moda. Jurassic Park é livro, Jurassic World é quadrinhos. E isso é ótimo.
É inegável o quanto esse filme trouxe de inovações tecnológicas para Hollywood. Faltou uma desculpa melhor. Sim, o visual do filme é esplendoroso, o CGI é incrível e é um dos poucos filmes até hoje que não fizeram com que eu me arrependesse por assistir em 3D. O esquema de cores e as diferenças e especificidades das formas de vida de Pandora são de encher os olhos. A tecnologia de se usar uma câmera acoplada ao rosto do ator foi de fato revolucionária, e foi o que possibilitou capturar com extrema fidelidade as emoções dos atores em filmes posteriores, como o macaco Caesar de Andy Serkis em Planeta dos Macacos: A Origem. Mas acaba aí. A história é previsível e mal desenvolvida. Clichês chovem de tudo quanto é lado. O protagonista amargurado que encontra um motivo pra voltar a ser feliz. O par romântico que a princípio não gosta do protagonista mas é forçada a conviver com ele e se apaixona. O rival amoroso que quase é vilão mas se redime. O militar badass vilão. A corporação maligna por trás de tudo. Fora o enredo como um todo, que não passa de uma versão atualizada e adaptada de Pocahontas. E vale dizer que o final é o mesmo.
Assim como em Pocahontas, os nativos terminam o filme expulsando os invasores. Assim como em Pocahontas (que é baseado em uma história geral), depois dali os invasores retornarão com muito mais naves e poderio bélico e os nativos não conseguirão se defender.
As atuações decepcionam. Principalmente Sam Worthington (o Perseu, de Fúria de Titãs), que não consegue demonstrar nenhum tipo de emoção ao longo do filme inteiro, seja em live action ou CGI. Michelle Rodriguez (a Letty, de Velozes e Furiosos) é a mesma mulher badass de todos os filmes que ela faz. Nem mais nem menos do que eu esperava. Stephen Lang (o Khalar Zym, de Conan, o Bárbaro) e Sigourney Weaver (a Ripley de Alien) são bons atores desperdiçados em personagens afogados nos clichês. Zoe Saldana (a Gamora, de Guardiões da Galáxia) é a única que se salva, convencendo no sotaque na'vi e conseguindo, o tempo inteiro em CGI, transmitir mais emoções do que qualquer dos atores live action.
James Cameron sempre foi mais um visionário do que um grande roteirista (vide os furos de trama na série do Exterminador do Futuro, embora lá a qualidade dos filmes compense isso) ou um grande diretor de atores. E Avatar não foge a regra. A imaginação de Cameron foi longe ao criar todo um mundo novo, mas ficou curta para criar uma história convincente.
Eu tenho uma queda inegável por filmes que envolvem música. Mas este tem algo a mais. Se você já viu o curta que originou Whiplash, vai reconhecer a cena do ensaio, de fato uma das melhores (se não a melhor) do filme. Mas o longa vai além. O crescimento dos personagens, o aprofundamento psicológico em Fletcher e, especialmente, em Neiman se dão de forma muito bem desenvolvida e é impossível não se identificar com um e odiar o outro. Ao mesmo tempo que é impossível não torcer pela aprovação do professor tirano. Todos temos algum complexo de querer agradar quem está no comando e não gosta de nós. Nem que seja só pra esfregar na cara deles.
Miles Teller (o Peter, de Divergente) cada vez mais prova que não é mais um Matthew Broderick e que pode fugir do clichê de galã de comédia romântica ou ação. Estigma de que Brad Pitt e Leonardo DiCaprio, por exemplo, demoraram muito mais para conseguirem se livrar. Desde a primeira cena me identifiquei com esse cara que quer ser o melhor no que ele faz, e isso é muito mérito de Teller, especialmente nas cenas em que ele está tocando (sim, ele aprendeu a tocar bateria pro filme). J.K. Simmons (o J. Jonah Jameson, de Homem-Aranha) é simplesmente espetacular. Toda a calma e compreensão do personagem rapidamente passando para raiva e agressão são incríveis de se assistir, e a naturalidade com que Simmons as entrega é primorosa. Não foi à toa que ele ganhou praticamente todas as premiações que poderia ganhar pelo papel (Oscar, Globo de Ouro, BAFTA, MMA, Saturn, Screen Actors Guild...). O papel pra definir uma carreira.
O jovem diretor (e roteirista) Damien Chazelle, que tinha apenas 29 anos quando gravou o filme, abriu caminho em Hollywood com uma porrada logo de cara, ainda no seu segundo filme na cadeira do megafone. O material original de Whiplash já tinha lhe rendido um prêmio de Melhor Curta-Metragem em Sundance em 2013, e agora a expansão da história baseada na sua própria adolescência conseguiu melhorar a experiência. As histórias complementares do protagonista com o pai e a garota de quem ele gosta encaixaram perfeitamente e deram uma tridimensionalidade muito necessária ao personagem, do mesmo jeito que a história do passado de Fletcher o fez com o antagonista.
No filme definitivo sobre a vida em conservatórios musicais, não me faltaram momentos de tensão, raiva e alívio. Vale a pena assistir. Algumas vezes.
Não é tão ruim quando poderia ser. A história mereceria estrelas negativas, mas o filme não chega a ser mal feito.
Não vou me aprofundar nos absurdos de enredo, diálogos e situações. Isso é mais do que claro e qualquer um pode ver. Meu objetivo aqui é só justificar por que eu dei 1, e não meia estrela.
Christian Grey e Anastasia Steele são um casal extremamente raso, sem motivações ou qualquer tipo de aprofundamento de personalidade. Mas Jamie Dornan (o Xerife/Caçador, de Once Upon a Time) e Dakota Johnson (da leve passagem como peguete do Justin Timberlake em A Rede Social) fazem um trabalho decente, na medida do possível. Especialmente Dornan, que entrega uma canastrice tão grande que chegou a me passar pela cabeça o quanto ele estaria sendo irônico em um papel destes.
Sam Taylor-Johnson (de O Garoto de Liverpool) já tinha demonstrado com seu John Lennon não ser uma diretora ruim. Em 50 Tons, é inegável que ela tenha cedido a clichês (novamente, tenho dúvidas se não eram irônicos, de tão canastrões), como a imagem fálica do lápis escrito "Grey" na boca de Anastasia ou a clássica chuva no momento de excitação da protagonista feminina (no caso deste filme, com meros 5min de tela). No entanto, achei interessante o jogo de cores presente em grande parte do filme, opondo o azul da passividade (nas roupas de Anastasia no começo às de Grey no fim) ao vermelho da dominação (da iluminação da sala de reuniões na negociação do contrato ao infame "quarto vermelho da dor".
O filme é, sim, muito ruim. Mas poderia ser muito pior.
O primeiro homem a imaginar um "computador digital" (sim, antigamente computador era literalmente uma profissão, pessoas que ficavam fazendo contas à mão para auxiliar cientistas). Um dos primeiros a terem a condenação errônea revogada (mesmo que tardiamente) e receber não só um perdão como um pedido de desculpas pela coroa inglesa.
É importante ter em mente que qualquer filme biográfico toma liberdades de alterar certos fatos para simplificar as coisas (lembrem que temos que resumir 40 anos em 2 horas) ou mesmo para tornar a história mais atraente para o público geral. Mas, dito isso, O Jogo da Imitação até conseguiu se manter bastante fiel à história do matemático londrino. Basta comparar com o que foi feito com a história de outro matemático tão importante quanto, o americano John Nash, em Uma Mente Brilhante. Não só a vida pessoal de Turing foi respeitada, como, especialmente, a importância da sua obra.
Previsivelmente, a atuação de Benedict Cumberbatch é irrepreensível. Ele, que já havia interpretado gênios impassíveis no Sherlock Holmes (de Sherlock, da BBC) e no Khan (de Star Trek: Além da Escuridão), conseguiu passar esse lado de Turing, mas teve maestria ao mostrar o lado mais emotivo do cientista, especialmente em relação aos conflitos gerados pela sua homossexualidade. Na versão mais jovem do mesmo papel, o novato Alex Lawther segura bem a barra de ser comparado com Cumberbatch e torna totalmente verossímil que aquele jovem em idade escolar futuramente se torne o gênio militar que acompanhamos. Keira Knightley (a Elizabeth, de Piratas do Caribe) faz o que era de se esperar dela: não impressiona, mas também não atrapalha. Os destaques dos coadjuvantes ficam para Mark Strong (o Frank D'Amico, de Kick-Ass), firme e ameaçador, e, claro, Charles Dance (o Tywin Lannister, de Game of Thrones), impassível e orgulhoso. As cenas em que ambos contracenam com Cumberbatch são facilmente os pontos altos do filme.
Ainda desconhecido para o mundo, o diretor norueguês Morten Tyldum faz um ótimo trabalho ao pesar e contrapor os acontecimentos da vida adulta de Turing com cenas de sua adolescência. A construção das relações de Alan com os amigos e com a Srta. Clarke (Knightley) é extremamente bem feita e é a sua evolução que dita o ritmo do filme. A indicação ao Oscar de Melhor Diretor foi absolutamente merecida.
Ótimo filme, com certeza um dos melhores de 2014. Vale assistir tanto para aprender um pouco mais sobre uma das mentes mais importantes do século XX quanto para se distrair com um uma história de superação e aceitação das mais interessantes.
Sometimes it's the very people who no one imagines anything of who do the things no one can imagine.
O filme por si só mereceria umas 3 estrelas, mas a dublagem nacional é tão espetacular que merece umas 20.
Originalmente uma série de TV americana que durou mais de 10 anos, a premissa de fazer comédia apenas (ok, apenas não, mas 99% do tempo) zoando outro filme é tão simples e tão bizarra que já ganha pontos. Mas a versão original em inglês se resume muito a reclamar das tosqueiras de roteiro e figurino e a uma ou outra piada sexual daquelas que a gente fazia na oitava série. Aqui no Brasil, a união de Guilherme Briggs, Alexandre Moreno e Márcio Simões (o "trio de maus caracteres", segundo o próprio Briggs) e a liberdade que o filme dá de qualquer um dos três poder falar a praticamente qualquer momento sem ter que se preocupar com falas encaixando na boca dos personagens (que estão sempre de costas no escuro durante a exibição do filme dentro do filme) abriram espaço pra uma chuva de referências à cultura pop e algumas loucuras completas. De Star Trek a Star Wars. De Interocitro a Tina Turner. Sensacional.
Vale muito a pena por aquele clima de ver com os amigos um filme muito ruim. E nunca é demais enfatizar: filme essencial pra quem é fã da dublagem brasileira.
Finalmente assisti o filme, com 17 anos de atraso, e tenho que dizer que já devia ter assistido antes. Numa história que toca em temas que vão de dilemas morais à existência de Deus, passando por dinâmicas familiares e a inevitabilidade do destino, é um daqueles filmes que te deixa em certo choque quando acabam e fazem você se pegar remoendo os detalhes dias depois. Um daqueles filmes que te fazem ter vontade de rever o filme assim que acaba para poder pegar os detalhes e pistas deixados ao longo do caminho sobre o que viria a ser o final.
Keanu Reeves é o tipo de ator que pode render bem quando está nas mãos de um bom diretor, e Taylor Hackford tirou dele uma senhora performance, talvez a melhor da carreira. Charlize Theron não decepciona e passa com clareza as emoções da personagem ao longo da sua evolução, embora o sotaque redneck forçado tenho me incomodado em alguns momentos, deixando as falas fanhas e quase sem consoantes. Al Pacino é um capítulo à parte. Notavelmente um dos maiores atores da sua geração, ele entrega uma atuação extremamente segura e convincente. E é impressionante como os famosos trejeitos e tiques do ator (falar gesticulando muito, projetar a língua para fora da boca de vez em quando...) encaixaram perfeitamente no personagem.
A trilha sonora é um dos pontos altos do filme, pontuando de forma excelente cada cena. E vale também notar a destreza do figurino, que vai mostrando a evolução psicológica dos personagens, com os ternos de Reeves indo do cinza claro ao preto e as roupas de Theron se tornando cada vez mais desleixadas e desconexas.
No todo, um dos melhores filmes da década de 90. Fácil. Vanity. Definitely my favorite sin.
Dentro do que o filme se propõe, é um dos melhores em muito tempo. Não vá assistir esperando grandes aprofundamentos de história ou de personagem, vá, sim, esperando tiros, explosões e velocidade. E, no melhor estilo Clint Eastwood, Stallone ou Jason Statham, Tom Hardy manda muito bem no papel do herói brucutu de poucas palavras e muita porrada. Charlilze Theron e Nicholas Hoult também seguram bem os papéis e dão bons coadjuvantes. George Miller soube respeitar o original (e todo o material de referência, indo de Os Imperdoáveis a Velozes e Furiosos), mas também soube criar em cima.
Que o digam as técnicas de abordagem com os invasores balançando sobre os carros pendurados em bastões ao melhor estilo Cirque du Soleil.
No meio de tantos filmes sobre sociedades futurísticas distópicas com uma mensagem sócio-ecológica por trás (Jogos Vorazes, Divergente, Avatar, Elysium...) é refrescante ver um em que o que importa mesmo é a ação. Witness me.
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O Babadook
3.5 2,0KA premissa do filme é das mais interessantes que eu vejo em muito tempo. Todos nós nos identificamos com o medo de monstros, e acredito que o Babadook (uma versão do nosso bicho-papão) seja um dos mais populares nesse sentido.
Não é à toa que ninguém menos do que William Friedkin (o diretor do clássico O Exorcista) declarou que esse é o filme mais assustador a que ele já assistiu.
O filme lida muito bem com o pavor gerado pela criatura e a loucura que isso causa e nos passa perfeitamente toda a espiral descendente da protagonista.
A caracterização, tanto visual quanto sonora, do Babadook é maravilhosa, lançando mão do melhor expediente de bons filmes de terror: não mostrar diretamente o monstro (né, Cloverfield?).
As atuações das crianças, no entanto, me tiraram do filme várias vezes. Noah Wiseman beira o insuportável, tanto pela maneira absolutamente irritante como o personagem foi escrito quanto pela sua performance assustadoramente forçada. É claro que não se pode exigir uma Meryl Streep em um garoto de 7 anos, mas cabe então ao diretor gravar as cenas de maneira a disfarçar as deficiências do ator. Incomoda a infinidade de cenas que ficaram claramente cortadas pela provável necessidade de que Noah repetisse as falas algumas vezes.
Essie Davis (a Maggie, de Matrix Reloaded e Revolutions), por outro lado, foi uma grata surpresa. O peso dramático que ela deu à personagem é incrível, e é fácil perceber nas cenas toda a carga psicológica que Amelia leva. Grande atuação e um dos maiores motivos que me fizeram gostar do filme.
A diretora e roterista Jennifer Kent (em seu primeiro filme) tem, sim, a dificuldade que eu já apontei em dirigir os atores, especialmente os mirins, e a edição das cenas de diálogo não é realmente das melhores. Mas as cenas de terror são extremamente bem construídas e a tensão crescente em cenas como as do livro é a melhor que eu vejo desde O Chamado.
E ok que o Babadook funciona como uma metáfora dos fantasmas na cabeça de Amelia pelo trauma da morte do marido e a dificuldade de aceitar isso.
Mas que p*rra foi essa de alimentar o bicho com minhoca, hein, dona Jennifer?
The Babadook é uma ótima experiência para os fãs do gênero, flutuando com maestria entre o filme de monstros e o terror psicológico. Já é considerado uma referência do cinema de terror moderno, e não é por acaso.
Filme obrigatório pra quem quer alguns sustos e muita tensão.
Dook... Dook... Dook...
Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros
3.6 3,0K Assista AgoraÉ a marvelização de Jurassic Park.
O original de 1993 é um dos meus filmes preferidos, e eu frequentemente ignoro a existência das outras duas sequências, tamanha a decepção que elas representaram pra mim. Aparentemente, o diretor Colin Trevorrow pensa do mesmo jeito.
Jurassic World parte da premissa de que o parque sonhado e em testes no primeiro filme finalmente foi aberto, com o financiamento de um bilionário maluco indiano. É clara a referência a parques como o Sea World e a questionamentos recentes como os do documentário Blackfish.
O enredo do filme como um todo não é surpreendente, e nem pretende ser. O filme corre praticamente inteiro em paralelo com o original. Da ameaça de dinossauros à solta à oposição entre o sonho de ver o parque aberto e o especialista que avisa dos perigos disso tudo.
Da dupla de irmãos em perigo perdidos no meio de tudo à aparição triunfal do T-Rex (e, dessa vez, dos velociraptors) no fim para salvar o dia
Chris Pratt (o Senhor das Estrelas, de Guardiões da Galáxia) se afirma como um ótimo protagonista de filmes de aventura, brilhando tanto nas cenas de comédia quanto nas de ação desenfreada. Não me surpreende se ele for realmente confirmado como o novo Indiana Jones nos próximos meses.
Bryce Dallas Howard (a Ivy, de A Vila) não é, nem nunca foi, uma atriz excepcional, mas sabe segurar personagens ágeis, e a sua química com Pratt foi muito boa, transparecendo naturalidade nas cenas.
O vilão Hoskins de Vincent D'Onofrio (o ótimo Rei do Crime, de Daredevil) é clichê puro e poderia ter sido trocado pelo coronel de Avatar que não faria grande diferença. Não por culpa do ator, mas Hoskins me soou muito mais como um vilão-vilão, bem quadrinhos, do que os vilões tridimensionais em moda ultimamente. Não que isso seja algo necessariamente ruim.
As crianças [adolescentes?] fazem o esperado, nada muito além. Mas foi na empolgação do Gray de Ty Simpkins (o Dalton, de Insidious) que eu me identifiquei. Tudo bem que o parque está aberto aparentemente há um tempo, mas, caramba, são dinossauros! Me incomodou em certo ponto a naturalidade com que os outros personagens encaram tudo aquilo, tirando o ótimo Lowery de Jake Johnson (o Nick, de New Girl).
Os efeitos especiais são consistentes, embora seja impossível ter o impacto que foi no cinema o filme original, comparável apenas ao que Star Wars havia feito 16 anos antes. O CGI dos dinossauros é crível, especialmente nas cenas em que Pratt interage com os raptors. Mas os robôs como o do gigante apatossauro ferido são sempre incomparáveis.
Mas, meu Deus, que lindo aquele Mosassauro.
Mas, como fã de Jurassic Park, o que mais me agradou no filme foram as referências (e reverências) à franquia.
A fantástica trilha de John Williams foi felizmente mantida, e ganhou uma roupagem nova que encaixou muito bem no novo longa.
John Hammond, o idealizador do parque original, é mencionado durante todo o filme, e a estátua dele no hall me soou também como uma homenagem ao seu intérprete Richard Attenborough, falecido em 2014. E o próprio park eventualmente tem seu tempo de tela.
Além disso, diversas cenas do primeiro filme são citadas. O estouro da manada de galimimo, o triceratops morto, a cabra sendo servida ao T-Rex, o mosquito preso em âmbar, a molécula de DNA que dá uma aula sobre dinossauros, o T-Rex atacando o carro com as crianças, o uso de genoma de anfíbios para completar o dos dinos... Tudo isso é repaginado e reapresentado de forma ligeiramente diferente, o que pra mim passa longe de repetição e cai em cheio na categoria de homenagens.
Jurassic World perde, claro, numa comparação com um dos maiores clássicos da história do cinema. Mas, até por isso, parece fazer questão de mostrar que, antes de competir, está se espelhando. Tem mais (e melhor) ação, tem menos (infelizmente) novos dinossauros, tem o mesmo (quase) enredo.
Trevorrow pegou aquela história de mais de 20 anos e soube atualizá-la, adiantá-la e adaptá-la para uma linguagem atual, onde é fácil ver as piadas quebrando momentos de tensão e a força da cooperação que Vingadores ou Guardiões da Galáxia trouxeram à moda.
Jurassic Park é livro, Jurassic World é quadrinhos. E isso é ótimo.
They're dinosaurs. Wow enough.
Avatar
3.6 4,5K Assista AgoraÉ inegável o quanto esse filme trouxe de inovações tecnológicas para Hollywood. Faltou uma desculpa melhor.
Sim, o visual do filme é esplendoroso, o CGI é incrível e é um dos poucos filmes até hoje que não fizeram com que eu me arrependesse por assistir em 3D. O esquema de cores e as diferenças e especificidades das formas de vida de Pandora são de encher os olhos.
A tecnologia de se usar uma câmera acoplada ao rosto do ator foi de fato revolucionária, e foi o que possibilitou capturar com extrema fidelidade as emoções dos atores em filmes posteriores, como o macaco Caesar de Andy Serkis em Planeta dos Macacos: A Origem.
Mas acaba aí. A história é previsível e mal desenvolvida. Clichês chovem de tudo quanto é lado. O protagonista amargurado que encontra um motivo pra voltar a ser feliz. O par romântico que a princípio não gosta do protagonista mas é forçada a conviver com ele e se apaixona. O rival amoroso que quase é vilão mas se redime. O militar badass vilão. A corporação maligna por trás de tudo.
Fora o enredo como um todo, que não passa de uma versão atualizada e adaptada de Pocahontas. E vale dizer que o final é o mesmo.
Assim como em Pocahontas, os nativos terminam o filme expulsando os invasores. Assim como em Pocahontas (que é baseado em uma história geral), depois dali os invasores retornarão com muito mais naves e poderio bélico e os nativos não conseguirão se defender.
As atuações decepcionam. Principalmente Sam Worthington (o Perseu, de Fúria de Titãs), que não consegue demonstrar nenhum tipo de emoção ao longo do filme inteiro, seja em live action ou CGI.
Michelle Rodriguez (a Letty, de Velozes e Furiosos) é a mesma mulher badass de todos os filmes que ela faz. Nem mais nem menos do que eu esperava.
Stephen Lang (o Khalar Zym, de Conan, o Bárbaro) e Sigourney Weaver (a Ripley de Alien) são bons atores desperdiçados em personagens afogados nos clichês.
Zoe Saldana (a Gamora, de Guardiões da Galáxia) é a única que se salva, convencendo no sotaque na'vi e conseguindo, o tempo inteiro em CGI, transmitir mais emoções do que qualquer dos atores live action.
James Cameron sempre foi mais um visionário do que um grande roteirista (vide os furos de trama na série do Exterminador do Futuro, embora lá a qualidade dos filmes compense isso) ou um grande diretor de atores. E Avatar não foge a regra. A imaginação de Cameron foi longe ao criar todo um mundo novo, mas ficou curta para criar uma história convincente.
A embalagem é linda. Faltou recheio.
I see you.
Whiplash: Em Busca da Perfeição
4.4 4,1K Assista AgoraEu tenho uma queda inegável por filmes que envolvem música. Mas este tem algo a mais. Se você já viu o curta que originou Whiplash, vai reconhecer a cena do ensaio, de fato uma das melhores (se não a melhor) do filme. Mas o longa vai além.
O crescimento dos personagens, o aprofundamento psicológico em Fletcher e, especialmente, em Neiman se dão de forma muito bem desenvolvida e é impossível não se identificar com um e odiar o outro. Ao mesmo tempo que é impossível não torcer pela aprovação do professor tirano. Todos temos algum complexo de querer agradar quem está no comando e não gosta de nós. Nem que seja só pra esfregar na cara deles.
Miles Teller (o Peter, de Divergente) cada vez mais prova que não é mais um Matthew Broderick e que pode fugir do clichê de galã de comédia romântica ou ação. Estigma de que Brad Pitt e Leonardo DiCaprio, por exemplo, demoraram muito mais para conseguirem se livrar. Desde a primeira cena me identifiquei com esse cara que quer ser o melhor no que ele faz, e isso é muito mérito de Teller, especialmente nas cenas em que ele está tocando (sim, ele aprendeu a tocar bateria pro filme).
J.K. Simmons (o J. Jonah Jameson, de Homem-Aranha) é simplesmente espetacular. Toda a calma e compreensão do personagem rapidamente passando para raiva e agressão são incríveis de se assistir, e a naturalidade com que Simmons as entrega é primorosa. Não foi à toa que ele ganhou praticamente todas as premiações que poderia ganhar pelo papel (Oscar, Globo de Ouro, BAFTA, MMA, Saturn, Screen Actors Guild...). O papel pra definir uma carreira.
O jovem diretor (e roteirista) Damien Chazelle, que tinha apenas 29 anos quando gravou o filme, abriu caminho em Hollywood com uma porrada logo de cara, ainda no seu segundo filme na cadeira do megafone. O material original de Whiplash já tinha lhe rendido um prêmio de Melhor Curta-Metragem em Sundance em 2013, e agora a expansão da história baseada na sua própria adolescência conseguiu melhorar a experiência. As histórias complementares do protagonista com o pai e a garota de quem ele gosta encaixaram perfeitamente e deram uma tridimensionalidade muito necessária ao personagem, do mesmo jeito que a história do passado de Fletcher o fez com o antagonista.
No filme definitivo sobre a vida em conservatórios musicais, não me faltaram momentos de tensão, raiva e alívio. Vale a pena assistir. Algumas vezes.
Not quite my tempo.
Cinquenta Tons de Cinza
2.2 3,3K Assista AgoraNão é tão ruim quando poderia ser. A história mereceria estrelas negativas, mas o filme não chega a ser mal feito.
Não vou me aprofundar nos absurdos de enredo, diálogos e situações. Isso é mais do que claro e qualquer um pode ver. Meu objetivo aqui é só justificar por que eu dei 1, e não meia estrela.
Christian Grey e Anastasia Steele são um casal extremamente raso, sem motivações ou qualquer tipo de aprofundamento de personalidade. Mas Jamie Dornan (o Xerife/Caçador, de Once Upon a Time) e Dakota Johnson (da leve passagem como peguete do Justin Timberlake em A Rede Social) fazem um trabalho decente, na medida do possível. Especialmente Dornan, que entrega uma canastrice tão grande que chegou a me passar pela cabeça o quanto ele estaria sendo irônico em um papel destes.
Sam Taylor-Johnson (de O Garoto de Liverpool) já tinha demonstrado com seu John Lennon não ser uma diretora ruim. Em 50 Tons, é inegável que ela tenha cedido a clichês (novamente, tenho dúvidas se não eram irônicos, de tão canastrões), como a imagem fálica do lápis escrito "Grey" na boca de Anastasia ou a clássica chuva no momento de excitação da protagonista feminina (no caso deste filme, com meros 5min de tela). No entanto, achei interessante o jogo de cores presente em grande parte do filme, opondo o azul da passividade (nas roupas de Anastasia no começo às de Grey no fim) ao vermelho da dominação (da iluminação da sala de reuniões na negociação do contrato ao infame "quarto vermelho da dor".
O filme é, sim, muito ruim. Mas poderia ser muito pior.
I'm fifty shades of fucked up.
O Jogo da Imitação
4.3 3,0K Assista AgoraAlan Turing não foi um homem qualquer.
O primeiro homem a imaginar um "computador digital" (sim, antigamente computador era literalmente uma profissão, pessoas que ficavam fazendo contas à mão para auxiliar cientistas). Um dos primeiros a terem a condenação errônea revogada (mesmo que tardiamente) e receber não só um perdão como um pedido de desculpas pela coroa inglesa.
É importante ter em mente que qualquer filme biográfico toma liberdades de alterar certos fatos para simplificar as coisas (lembrem que temos que resumir 40 anos em 2 horas) ou mesmo para tornar a história mais atraente para o público geral.
Mas, dito isso, O Jogo da Imitação até conseguiu se manter bastante fiel à história do matemático londrino. Basta comparar com o que foi feito com a história de outro matemático tão importante quanto, o americano John Nash, em Uma Mente Brilhante.
Não só a vida pessoal de Turing foi respeitada, como, especialmente, a importância da sua obra.
Previsivelmente, a atuação de Benedict Cumberbatch é irrepreensível. Ele, que já havia interpretado gênios impassíveis no Sherlock Holmes (de Sherlock, da BBC) e no Khan (de Star Trek: Além da Escuridão), conseguiu passar esse lado de Turing, mas teve maestria ao mostrar o lado mais emotivo do cientista, especialmente em relação aos conflitos gerados pela sua homossexualidade.
Na versão mais jovem do mesmo papel, o novato Alex Lawther segura bem a barra de ser comparado com Cumberbatch e torna totalmente verossímil que aquele jovem em idade escolar futuramente se torne o gênio militar que acompanhamos.
Keira Knightley (a Elizabeth, de Piratas do Caribe) faz o que era de se esperar dela: não impressiona, mas também não atrapalha.
Os destaques dos coadjuvantes ficam para Mark Strong (o Frank D'Amico, de Kick-Ass), firme e ameaçador, e, claro, Charles Dance (o Tywin Lannister, de Game of Thrones), impassível e orgulhoso. As cenas em que ambos contracenam com Cumberbatch são facilmente os pontos altos do filme.
Ainda desconhecido para o mundo, o diretor norueguês Morten Tyldum faz um ótimo trabalho ao pesar e contrapor os acontecimentos da vida adulta de Turing com cenas de sua adolescência. A construção das relações de Alan com os amigos e com a Srta. Clarke (Knightley) é extremamente bem feita e é a sua evolução que dita o ritmo do filme. A indicação ao Oscar de Melhor Diretor foi absolutamente merecida.
Ótimo filme, com certeza um dos melhores de 2014. Vale assistir tanto para aprender um pouco mais sobre uma das mentes mais importantes do século XX quanto para se distrair com um uma história de superação e aceitação das mais interessantes.
Sometimes it's the very people who no one imagines anything of who do the things no one can imagine.
O Filme Mais Idiota do Mundo
3.7 124O filme por si só mereceria umas 3 estrelas, mas a dublagem nacional é tão espetacular que merece umas 20.
Originalmente uma série de TV americana que durou mais de 10 anos, a premissa de fazer comédia apenas (ok, apenas não, mas 99% do tempo) zoando outro filme é tão simples e tão bizarra que já ganha pontos. Mas a versão original em inglês se resume muito a reclamar das tosqueiras de roteiro e figurino e a uma ou outra piada sexual daquelas que a gente fazia na oitava série.
Aqui no Brasil, a união de Guilherme Briggs, Alexandre Moreno e Márcio Simões (o "trio de maus caracteres", segundo o próprio Briggs) e a liberdade que o filme dá de qualquer um dos três poder falar a praticamente qualquer momento sem ter que se preocupar com falas encaixando na boca dos personagens (que estão sempre de costas no escuro durante a exibição do filme dentro do filme) abriram espaço pra uma chuva de referências à cultura pop e algumas loucuras completas. De Star Trek a Star Wars. De Interocitro a Tina Turner. Sensacional.
Vale muito a pena por aquele clima de ver com os amigos um filme muito ruim. E nunca é demais enfatizar: filme essencial pra quem é fã da dublagem brasileira.
Vou batizar meu filho de Interocitro.
Advogado do Diabo
4.0 1,4K Assista AgoraFinalmente assisti o filme, com 17 anos de atraso, e tenho que dizer que já devia ter assistido antes.
Numa história que toca em temas que vão de dilemas morais à existência de Deus, passando por dinâmicas familiares e a inevitabilidade do destino, é um daqueles filmes que te deixa em certo choque quando acabam e fazem você se pegar remoendo os detalhes dias depois. Um daqueles filmes que te fazem ter vontade de rever o filme assim que acaba para poder pegar os detalhes e pistas deixados ao longo do caminho sobre o que viria a ser o final.
Keanu Reeves é o tipo de ator que pode render bem quando está nas mãos de um bom diretor, e Taylor Hackford tirou dele uma senhora performance, talvez a melhor da carreira. Charlize Theron não decepciona e passa com clareza as emoções da personagem ao longo da sua evolução, embora o sotaque redneck forçado tenho me incomodado em alguns momentos, deixando as falas fanhas e quase sem consoantes.
Al Pacino é um capítulo à parte. Notavelmente um dos maiores atores da sua geração, ele entrega uma atuação extremamente segura e convincente. E é impressionante como os famosos trejeitos e tiques do ator (falar gesticulando muito, projetar a língua para fora da boca de vez em quando...) encaixaram perfeitamente no personagem.
A trilha sonora é um dos pontos altos do filme, pontuando de forma excelente cada cena. E vale também notar a destreza do figurino, que vai mostrando a evolução psicológica dos personagens, com os ternos de Reeves indo do cinza claro ao preto e as roupas de Theron se tornando cada vez mais desleixadas e desconexas.
No todo, um dos melhores filmes da década de 90. Fácil.
Vanity. Definitely my favorite sin.
Mad Max: Estrada da Fúria
4.2 4,7K Assista AgoraDentro do que o filme se propõe, é um dos melhores em muito tempo. Não vá assistir esperando grandes aprofundamentos de história ou de personagem, vá, sim, esperando tiros, explosões e velocidade.
E, no melhor estilo Clint Eastwood, Stallone ou Jason Statham, Tom Hardy manda muito bem no papel do herói brucutu de poucas palavras e muita porrada. Charlilze Theron e Nicholas Hoult também seguram bem os papéis e dão bons coadjuvantes.
George Miller soube respeitar o original (e todo o material de referência, indo de Os Imperdoáveis a Velozes e Furiosos), mas também soube criar em cima.
Que o digam as técnicas de abordagem com os invasores balançando sobre os carros pendurados em bastões ao melhor estilo Cirque du Soleil.
No meio de tantos filmes sobre sociedades futurísticas distópicas com uma mensagem sócio-ecológica por trás (Jogos Vorazes, Divergente, Avatar, Elysium...) é refrescante ver um em que o que importa mesmo é a ação.
Witness me.