Lembro-me bem quando em 2001 fui ao cinema para ser apresentado ao mundo mágico criado por J. K. Rowling. Como foi encantador acompanhar a jornada de Harry, Rony e Hermione por 10 anos! Em 2016, após cinco anos de espera desde o último filme da saga de Harry, Animais Fantásticos e Onde Habitam trás de volta aos cinemas o mundo mágico de Rowling - e como é bom visitar essa magia novamente, mesmo que em um contexto completamente diferente. Dessa vez a história se passa em outra época, noutro lugar e com personagens desconhecidos que possuem diferentes desafios. Mas é claro que as referências (sutis e naturais) aos filmes originais não foram deixadas de lado (para a alegria dos fãs).
Newt Scamander (Eddie Redmayne) é um magizoologista (estudioso das criaturas mágicas) que viaja o mundo catalogando animais fantásticos. No ano de 1926, numa viagem aos Estados Unidos, Newt esbarra em Jacob Kowalski (Dan Fogler), um não-mágico ou "trouxa", e acidentalmente escapam alguns animais de sua maleta. Em meio aos perversos ataques de um poderoso bruxo das trevas, Newt e Jacob saem em busca dos animais perdidos e para isso contam com a ajuda de Porpentina Goldstein (Katherine Waterston), uma funcionária do Congresso Mágico dos Estados Unidas da América (MACUSA) e sua irmã Queenie Goldstein (Alison Sudol).
J. K. Rowling, que já se mostrou uma ótima escritora de livros, aqui assina pela primeira vez um roteiro cinematográfico - e que bela estreia faz a britânica! Rowling escreve um roteiro inteligente ao conectar linhas narrativas (em suas tramas e subtramas) e personagens com diferentes ambições, completando os arcos destes e deixando bem clara a função de cada um no decorrer da narrativa. Merece crédito também pela ótima ambientação que faz aos anos vinte nova-iorquinos (e nesse aspecto o figurino do filme faz um trabalho fabuloso) em pleno período de Lei Seca (onde era proibido o comércio e consumo de bebidas alcoólicas). Bate de frente também com o sistema político dos EUA e suas leis retrógradas, além de combater o preconceito de forma sutil. Tem um pouco de tudo no roteiro de Rowling - e o melhor: nada é gratuito, tudo tem função. Os recursos de construção são usados com maestria, aproveitando todas as camadas do roteiro. Arrisco dizer que não teria pessoa melhor para roteirizar o filme do que a própria criadora do universo mágico, que agora tem a liberdade de criar uma história nova em cima do próprio roteiro, já que este não é uma adaptação de seus livros (como na saga Harry Potter) e sim uma inspiração do livreto didático que dá o mesmo nome ao filme.
É encantador ver as curiosidades do mundo-bruxo que seriam equivalentes aos do mundo não-bruxo. Como por exemplo na cena do bar bruxo clandestino, onde os elfos domésticos atuam como garçons, cantores e bartenders ou no plano em que os elfos "engraxam" as varinhas dos bruxos, polindo-as. Ponto positivo para o diretor David Yates (responsável pelos últimos quatro filmes da saga Harry Potter) que retrata o funcionamento de certos artifícios como roupas sendo lavadas sozinhas, máquinas escrevendo e papéis se auto-picotando de maneira natural, sempre em segundo plano, como se fosse um bônus para os fãs - e toda as cenas de magia e com os animais fantásticos são extremamente bem trabalhadas com efeitos visuais dignos de Oscar, proporcionando uma ótima experiência visual (recomendo inclusive o uso da boa versão 3D do filme).
São perceptíveis as várias atmosferas que permeiam o filme, passando por ambientações felizes e sombrias. Com isso, a fotografia de Philippe Rousselot traz uma Nova Iorque dessaturada que reflete na personalidade dos habitantes. Aliás, James Newton Howard é extremamente feliz ao compor a trilha sonora do filme, sendo eficiente ao dar o tom "mágico" ao mesmo tempo em que homenageia os filmes da saga de Harry - e o próprio John Williams.
Com uma produção tão cuidadosa, o elenco não poderia ser mais acertado. Eddie Redmayne (A Garota Dinamarquesa, A Teoria de Tudo) aqui encarna o protagonista Newt Scamander num papel que é perfeito para seu estilo de atuação. Se em filmes anteriores ele entrega atuações estilizadas, ou até mesmo forçadas, aqui representa um Newt com naturalidade, demonstrando a dificuldade do personagem em lidar (e olhar) para as pessoas e a facilidade em lidar com animais (sua verdadeira paixão). Dan Fogler é cuidadoso o bastante para não deixar que seu Jacob seja apenas o alívio cômico do filme, sendo engraçado em momentos pontuais e fazendo de seu caráter algo bem maior. Tina é interpretada por Katherine Waterston como uma tímida funcionária da MACUSA, mas que tem a coragem necessária para agir da maneira correta. Colin Farell dá a frieza necessária a Graves, enquanto Alison Sudol concede afetividade à adorável e sorridente Queenie - e, não podendo ficar de fora da lista, Ezra Miller esconde o medo sombrio sob a apatia de Credence Barebone.
J.K. Rowling mostrou que tem uma imaginação sem limites e que há muito a ser explorado em seu universo. O resultado dessa ótima produção confirma o potencial da nova saga. Fica também o desejo de que os próximos filmes sejam tão mágicos quanto foi a jornada de Harry e seus amigos. Mal posso esperar por 2018.
Com uma carreira consolidada na comédia, Todd Phillips (Se Beber, Não Case!) faz sua estreia no drama ao dirigir seu mais novo projeto: Cães de Guerra. Sem perder, obviamente, o tom cômico.
Utilizando o humor (de forma não tão eficiente) ao abordar um tema bastante sério (a guerra como uma lucrativa fonte de dinheiro), o filme aposta no talento e carisma dos personagens que utilizam o excesso como construção da trama.
Roteirizado por Stephen Chin, Jason Smilovic e Phillips, o longa (baseado em eventos reais) mostra David (Miles Teller), um jovem com problemas financeiros que trabalha como massagista de ricaços para ganhar certo sustento para ele e a esposa. Certo dia, David encontra seu antigo amigo de escola Efraim (Jonah Hill) que ganha uma boa grana com sua pequena empresa vendendo armas para o governo dos Estados Unidos. David logo vai trabalhar com o amigo e juntos constroem um negócio milionário. Acostumados com dinheiro, festas e drogas, os personagens conhecem o outro lado da moeda e os reais efeitos da venda de armas ao terem que pessoalmente realizar uma entrega em pleno ambiente de guerra.
Não é possível negar a referência estampada de Scarface em Cães de Guerra, ao passo que o espectador é apresentado ao gângster moderno numa Miami envolta de cubanos e nas várias citações do filme durante a projeção. Isso sem contar a influência que Tony Montana tem na vida de certo personagem.
Sem dúvidas o destaque do filme vai para as atuações que Teller e Hill conferem a seus personagens. Carismáticos, os atores se saem bem apesar da falta de colaboração do roteiro em um ponto ou outro (como quando os sentimentos de certo personagem mudam repentinamente sem motivo aparente).
Logo no começo do filme o espectador já compra a situação vulnerável de David, colocando-se ao seu lado. Teller tem se mostrado um ator bastante talentoso dessa geração e confirma isso ao contracenar com Hill e ao representar o drama que David tem com sua esposa Iz (Ana de Armas). Já essa deixa a desejar em sua atuação, apesar de se destacar pela beleza.
Hill é a representação literal do excesso. Muito acima do peso e sempre farreando, vive intensamente. Altamente explosivo e com uma risada sarcástica (propositalmente forçada), Efraim é o personagem que o público ama odiar.
O filme conta ainda com a participação de Bradley Cooper (parceiro antigo de Phillips) que desempenha com eficiência um intimidador e perigoso traficante de armas internacional.
Começando com um ritmo frenético, a montagem recortada é repleta de informações na tela e planos congelados. Algo no estilo de A Grande Aposta, mas que não obtém o mesmo êxito. Com sua divisão em vários capítulos e ao abusar de narrações, textos e fade-outs, o filme tem o ritmo picotado.
Mas se por um lado o ritmo e a montagem do longa são comprometidos, essas falhas são maquiadas com uma trilha sonora divertida e bem diversificada, com músicas já bastante conhecidas pelo público. E não posso deixar de mencionar que há uma cena ou outra que esteticamente são belíssimas.
Criticando a cultura do tráfico de armas num sistema falho do governo Bush, o longa traz uma mensagem de como a ganância (representada pelos excessos) pode influenciar na relação que os personagens têm uns com os outros e no quê isso pode resultar.
Cães de Guerra não consegue aproveitar seu potencial, mas faz críticas precisas e reflete mensagens importantes em várias camadas de sua narrativa.
Sendo competente em sua proposta, Sete Homens e Um Destino (2016) é uma refilmagem muito divertida que faz merecidas referências ao longa de 1960 (de mesmo título) e apresenta temas modernos de forma eficiente.
Em 1954, Akira Kurosawa criou o consagrado Os Sete Samurais. A história é tão inteligente e cativante que foi muito bem recebida pelo público (vindo a ser adaptada diversas vezes ao longo dos anos). Não demorou para chegar em Hollywood: Em 1960, John Sturges faria a consagrada versão norte americana do filme de Kurosawa adaptando o roteiro para a cultura dos Estados Unidos (substituindo samurais por cowboys). Em 2016 (56 anos depois), coube a Antoine Fuqua o desafio de dirigir a refilmagem do clássico faroeste de 1960: Sete Homens e Um Destino.
O longa retrata um pequeno vilarejo, no velho oeste estadunidense, ameaçado por Bartholomew Bogue (Peter Sarsgaard) e seus capangas. Emma Cullen (Haley Bennett), tomada pelo sentimento de justiça, contrata os serviços de Chisolm (Denzel Washington), que, por sua vez, monta um grupo de sete pistoleiros para combater os vilões.
Apesar da história ocorrer no final do século 19, a nova adaptação de Sete Homens e Um Destino conta com um contexto mais atualizado: se antes a motivação do antagonista mexicano era de saquear um vilarejo em busca de alimento, agora vemos um vilão extremamente capitalista que deseja desabrigar os moradores da vila (reflexo da recente crise imobiliária norte-americana). E se em 1960, tínhamos um grupo formado inteiramente por homens brancos, em 2016 nossos heróis (ou melhor: anti-heróis) são etnicamente diversificados.
Criando diferenças consideráveis do filme de 1960 (e isso não é um defeito), o roteiro de Nic Pizzolatto (The Killing, True Detective) e Richard Wenk (Os Mercenários 2, O Protetor) destaca-se por promover a representatividade: uma personagem feminina de personalidade forte ganha grande importância na trama ao passo que um negro lidera um grupo composto por quatro americanos, um chinês, um mexicano e um índio. E é interessante notar como o grupo convive em harmonia, sem divergências étnica-culturais. O roteiro desenvolve uma história interessante e conecta bem os acontecimentos (mantendo a coerência), porém desliza em um momento e outro (como ao tentar justificar de forma rasa a motivação de alguns personagens).
Com seu carisma invejável, Denzel Washington protagoniza o personagem negro conhecido (e temido) por todos e que provavelmente é o melhor pistoleiro do Oeste. Chris Pratt, que vem se consolidando como um talentoso ator cômico (desde a ótima série Parks and Recreation), junta o tom cômico com a natureza anti-heroica de seu Josh Faraday. Haley Bennett confere a Emma Cullen uma personalidade forte e tendo uma participação decisiva. Ethan Hawke está muito bem em seu Goodnight Robicheaux, demonstrando o cansaço de um homem que já lutou demais, mas que ainda sim é movido pelo dinheiro. Quando aparece, Vincent D'Onofrio (irreconhecível) rouba a cena contrastando (de maneira acertada) o gigante porte físico de seu personagem, Jack Horne, com a personalidade delicada de voz aguda. Byung-hun Lee representa o asiático especialista em facas de forma competente. E Manuel Garcia-Rulfo e Martin Sensmeier dão vida aos personagens do mexicano Vasquez e do índio Colheita Vermelha respectivamente (estes com menos tempo de tela, infelizmente). Contudo, outro grande destaque vai para a atuação de Peter Sarsgaard ao antagonizar o maléfico Bartholomew Bogue, capaz de fazer qualquer coisa pelo dinheiro.
Fuqua utiliza bem o roteiro ao misturar western, comédia e ação (nas medidas certas), criando um ritmo envolvente. E é interessante ver como o diretor teve o cuidado de deixar o longa nos moldes dos filmes de bangue-bangue ao mesmo tempo em que presta homenagens ao filme de 1960 (como na cena que introduz o protagonista e nos planos detalhes das cenas de duelo). É importante ressaltar o preciosismo estético de Fuqua junto com o diretor de fotografia Mauro Fiore ao utilizar uma razão de aspecto de 2.35:1 (repare nas composições dos belíssimos planos gerais do velho oeste e no plano onde vemos a silhueta de certo personagem já no final do terceiro ato).
A trilha sonora de 1960 criada por Elmer Bernstein é tão marcante que entrou na história do cinema como uma das principais de filmes de faroeste. O brilhante James Horner (que infelizmente faleceu ano passado) ficou responsável pela trilha desta refilmagem de 2016. É perceptível a falta da trilha marcante durante essa nova adaptação. Não que esta seja ruim, mas não consegue criar uma atmosfera à altura dos clássicos de faroeste. Pelo menos, para a felicidade dos fãs, o tema de 1960 toca assim que os créditos finais começam a subir.
Sete Homens e Um Destino (2016) é uma ótima refilmagem que tem faroeste, comédia e ação em dosagens certas. Com diálogos, piadas e cenas, faz boas e merecidas homenagens ao filme de 1960. Promovendo, ainda, uma mensagem de paz, onde deve prevalecer o respeito cultural e racial entre os povos.
Contando com uma história sombria (pontuada com momentos de humor), Tim Burton apresenta em O Lar das Crianças Peculiares um universo fantástico - promovendo uma experiência visual impressionante. O filme falha apenas em algumas partes do roteiro, prejudicando o ritmo.
O personagem principal é Jake (Asa Butterfield), um adolescente que passou a infância ouvindo as histórias de seu querido avô Abe (Terence Stamp) sobre o orfanato da Srta. Peregrine (Eva Green) e as crianças com habilidades sobrenaturais. Quando o avô de Jake sofre um ataque misterioso, deixa pistas para que o protagonista descubra os segredos por trás do incidente. Partindo em viagem para uma ilha em Gales, Jake encontra o tal orfanato, conhecendo a Srta. Peregrine e as crianças peculiares. O garoto se dá conta de que as histórias de seu avô eram verdadeiras e percebe que possui uma ligação com aquela realidade. Logo lhe é revelado que a Srta. Peregrine e as crianças correm grande perigo e ele precisa ajudá-las contra criaturas horrendas comandadas por Barron (Samuel L. Jackson).
Não há dúvidas de que essa história tem a “cara” do Tim Burton (Edward Mãos-de-Tesoura, A Noiva-Cadáver, A Fantástica Fábrica de Chocolate) . O diretor é conhecido por criar climas sombrios e assustadores em seus filmes e personagens (sempre com tom misterioso) e isso ele faz muito bem em O Lar das Crianças Peculiares. A narrativa do longa é construída para deixar o espectador apreensivo e temeroso pelo o quê pode vir a acontecer. Porém, os momentos de susto e tensão logo são suavizados (de maneira acertada) com o uso do humor, considerando que o público-alvo é o infanto-juvenil. E é interessante notar como o diretor parece se divertir ao realizar pequenas homenagens durante o longa.
Ressaltando o tom macabro, os monstros vilanescos são deveras assustadores e bem concebidos. Ao juntar o bom design de produção com efeitos digitais e práticos, o resultado é uma experiência visual impressionante que possibilita uma maior imersão do público no universo do filme. As cenas em que as crianças demonstram suas peculiaridades são belas de apreciar (assim com as batalhas) e a sequência em que Emma Bloom (Ella Purnell) conduz Jake (Butterfield) até seu esconderijo, particularmente, me encantou os olhos.
O visual do filme fez ótimo uso do roteiro de Jane Goldman (Kick-Ass, Kingsman, X-Men: Dias de um Futuro Esquecido). Já esta teve o desafio natural de adaptar a fabulosa história do livro best-seller O Orfanato da Srta. Peregrine Para Crianças Peculiares de Ranson Riggs. De modo geral, a construção da trama é eficiente. Os dois primeiros atos são lentos (de forma compreensível) ao estabelecer as regras desse novo universo (Jake vai aprendendo tudo junto com o público). No terceiro ato, como se não houvesse mais tempo para terminar a história, o filme acelera demais os acontecimentos, ocasionando resoluções superficiais e levando o espectador a ter que simplesmente aceitar algumas situações (observe como tudo tende a dar certo nos conflitos finais). Há também algumas inconsistências, fora que a relação de Jake com as crianças (e suas peculiaridades) poderia ter sido mais explorada.
Asa Butterfield protagoniza um Jake apático que vai ganhando forças a medida que este entende seu dever. O personagem também funciona como uma extensão do público até o universo do filme, o que explica sua passividade - porém é de se esperar mais expressividade numa possível continuação. Eva Green demonstra em sua Srta. Peregrine, uma diretora acolhedora e encantadora, mas cheia de mistérios. Representando o antagonista, Barron de Samuel L. Jackson é ao mesmo tempo assustador e irônico, soltando piadinhas colocadas entre seus feitos ameaçadores. Terence Stamp faz uma participação no filme ao dar vida a Abe, o avô de Jake e por quem este possui muita afeição.
A jornada do protagonista é acompanhada pelo inteligente uso da fotografia de Bruno Delbonnel. Jake (Butterfield) passa a vida sentindo-se deslocado: sua relação com o pai (Chris O’Dowd) é distante e pouco (ou nada) afetiva. O garoto tampouco se dá bem com os colegas de escola, pois sempre foi alvo de piadas. Nesse sentido, a cor cinza presente no início se faz condizente ao sentimento do personagem por mostrar frieza e certa tristeza de Jake, ao passo que também remete o clima sombrio e misterioso que envolve a trama. Isso muda quando o jovem conhece as crianças peculiares do orfanato da Srta. Peregrine: o ambiente fica colorido e alegre - e o herói encontra seu propósito. Importante destacar aqui a ineficiência do 3D ao escurecer demais a película, prejudicando a experiência.
Por mais que deixe a desejar no ritmo e em alguns pontos do roteiro, O Lar das Crianças Peculiares não compromete a incrível experiência visual proporcionada pela projeção. A história é tão intrigante que fica aquele “gostinho de quero mais” quando os créditos finais começam a subir. Imaginem o quanto é possível explorar dali... Bom... Que não demore a chegar nos cinemas mais peculiaridades desse universo!
Pessoal, quem não quiser saber de spoiler não veja o trailer. O pessoal do Jurassicast fez a análise do filme, pra saber se vale ou não a pena assistir. Ficou bem bacana. Confira no youtube: "Vale a pena ou dá pena? Milagres do paraíso"
No último episódio do nosso podcast, falamos sobre esse filme que com certeza marcou a vida de muita gente! Ouçam, pois está muito bom! :) http://bit.ly/1ip5ryq
Fala, pessoal! No nosso último podcast falamos dessa obra prima dirigida por James Cameron e que é um dos maiores filmes da história do cinema. Quem puder dar uma conferida: http://bit.ly/LgWYEE Abraços!
"Dead or alive, you're coming with me" Que orgulho alheio do Padilha, não? Falamos das nossas expectativas desse filme no último programa do nosso podcast ---> http://is.gd/HXhDhG
Falamos sobre as nossas expectativas para esse filme no nosso podcast: http://culturaalacarte.com/cinema-em-audio/cinema-em-audio-01-os-filmes-mais-esperados-de-2014-ou-nao/
Animais Fantásticos e Onde Habitam
4.0 2,2K Assista AgoraANIMAIS FANTÁSTICOS E ONDE HABITAM | CRÍTICA
Lembro-me bem quando em 2001 fui ao cinema para ser apresentado ao mundo mágico criado por J. K. Rowling. Como foi encantador acompanhar a jornada de Harry, Rony e Hermione por 10 anos! Em 2016, após cinco anos de espera desde o último filme da saga de Harry, Animais Fantásticos e Onde Habitam trás de volta aos cinemas o mundo mágico de Rowling - e como é bom visitar essa magia novamente, mesmo que em um contexto completamente diferente. Dessa vez a história se passa em outra época, noutro lugar e com personagens desconhecidos que possuem diferentes desafios. Mas é claro que as referências (sutis e naturais) aos filmes originais não foram deixadas de lado (para a alegria dos fãs).
Newt Scamander (Eddie Redmayne) é um magizoologista (estudioso das criaturas mágicas) que viaja o mundo catalogando animais fantásticos. No ano de 1926, numa viagem aos Estados Unidos, Newt esbarra em Jacob Kowalski (Dan Fogler), um não-mágico ou "trouxa", e acidentalmente escapam alguns animais de sua maleta. Em meio aos perversos ataques de um poderoso bruxo das trevas, Newt e Jacob saem em busca dos animais perdidos e para isso contam com a ajuda de Porpentina Goldstein (Katherine Waterston), uma funcionária do Congresso Mágico dos Estados Unidas da América (MACUSA) e sua irmã Queenie Goldstein (Alison Sudol).
J. K. Rowling, que já se mostrou uma ótima escritora de livros, aqui assina pela primeira vez um roteiro cinematográfico - e que bela estreia faz a britânica! Rowling escreve um roteiro inteligente ao conectar linhas narrativas (em suas tramas e subtramas) e personagens com diferentes ambições, completando os arcos destes e deixando bem clara a função de cada um no decorrer da narrativa. Merece crédito também pela ótima ambientação que faz aos anos vinte nova-iorquinos (e nesse aspecto o figurino do filme faz um trabalho fabuloso) em pleno período de Lei Seca (onde era proibido o comércio e consumo de bebidas alcoólicas). Bate de frente também com o sistema político dos EUA e suas leis retrógradas, além de combater o preconceito de forma sutil. Tem um pouco de tudo no roteiro de Rowling - e o melhor: nada é gratuito, tudo tem função. Os recursos de construção são usados com maestria, aproveitando todas as camadas do roteiro. Arrisco dizer que não teria pessoa melhor para roteirizar o filme do que a própria criadora do universo mágico, que agora tem a liberdade de criar uma história nova em cima do próprio roteiro, já que este não é uma adaptação de seus livros (como na saga Harry Potter) e sim uma inspiração do livreto didático que dá o mesmo nome ao filme.
É encantador ver as curiosidades do mundo-bruxo que seriam equivalentes aos do mundo não-bruxo. Como por exemplo na cena do bar bruxo clandestino, onde os elfos domésticos atuam como garçons, cantores e bartenders ou no plano em que os elfos "engraxam" as varinhas dos bruxos, polindo-as. Ponto positivo para o diretor David Yates (responsável pelos últimos quatro filmes da saga Harry Potter) que retrata o funcionamento de certos artifícios como roupas sendo lavadas sozinhas, máquinas escrevendo e papéis se auto-picotando de maneira natural, sempre em segundo plano, como se fosse um bônus para os fãs - e toda as cenas de magia e com os animais fantásticos são extremamente bem trabalhadas com efeitos visuais dignos de Oscar, proporcionando uma ótima experiência visual (recomendo inclusive o uso da boa versão 3D do filme).
São perceptíveis as várias atmosferas que permeiam o filme, passando por ambientações felizes e sombrias. Com isso, a fotografia de Philippe Rousselot traz uma Nova Iorque dessaturada que reflete na personalidade dos habitantes. Aliás, James Newton Howard é extremamente feliz ao compor a trilha sonora do filme, sendo eficiente ao dar o tom "mágico" ao mesmo tempo em que homenageia os filmes da saga de Harry - e o próprio John Williams.
Com uma produção tão cuidadosa, o elenco não poderia ser mais acertado. Eddie Redmayne (A Garota Dinamarquesa, A Teoria de Tudo) aqui encarna o protagonista Newt Scamander num papel que é perfeito para seu estilo de atuação. Se em filmes anteriores ele entrega atuações estilizadas, ou até mesmo forçadas, aqui representa um Newt com naturalidade, demonstrando a dificuldade do personagem em lidar (e olhar) para as pessoas e a facilidade em lidar com animais (sua verdadeira paixão). Dan Fogler é cuidadoso o bastante para não deixar que seu Jacob seja apenas o alívio cômico do filme, sendo engraçado em momentos pontuais e fazendo de seu caráter algo bem maior. Tina é interpretada por Katherine Waterston como uma tímida funcionária da MACUSA, mas que tem a coragem necessária para agir da maneira correta. Colin Farell dá a frieza necessária a Graves, enquanto Alison Sudol concede afetividade à adorável e sorridente Queenie - e, não podendo ficar de fora da lista, Ezra Miller esconde o medo sombrio sob a apatia de Credence Barebone.
J.K. Rowling mostrou que tem uma imaginação sem limites e que há muito a ser explorado em seu universo. O resultado dessa ótima produção confirma o potencial da nova saga. Fica também o desejo de que os próximos filmes sejam tão mágicos quanto foi a jornada de Harry e seus amigos. Mal posso esperar por 2018.
Crítica disponível em: Portal Refil
Cães de Guerra
3.6 312 Assista AgoraCães de Guerra | Crítica
Com uma carreira consolidada na comédia, Todd Phillips (Se Beber, Não Case!) faz sua estreia no drama ao dirigir seu mais novo projeto: Cães de Guerra. Sem perder, obviamente, o tom cômico.
Utilizando o humor (de forma não tão eficiente) ao abordar um tema bastante sério (a guerra como uma lucrativa fonte de dinheiro), o filme aposta no talento e carisma dos personagens que utilizam o excesso como construção da trama.
Roteirizado por Stephen Chin, Jason Smilovic e Phillips, o longa (baseado em eventos reais) mostra David (Miles Teller), um jovem com problemas financeiros que trabalha como massagista de ricaços para ganhar certo sustento para ele e a esposa. Certo dia, David encontra seu antigo amigo de escola Efraim (Jonah Hill) que ganha uma boa grana com sua pequena empresa vendendo armas para o governo dos Estados Unidos. David logo vai trabalhar com o amigo e juntos constroem um negócio milionário. Acostumados com dinheiro, festas e drogas, os personagens conhecem o outro lado da moeda e os reais efeitos da venda de armas ao terem que pessoalmente realizar uma entrega em pleno ambiente de guerra.
Não é possível negar a referência estampada de Scarface em Cães de Guerra, ao passo que o espectador é apresentado ao gângster moderno numa Miami envolta de cubanos e nas várias citações do filme durante a projeção. Isso sem contar a influência que Tony Montana tem na vida de certo personagem.
Sem dúvidas o destaque do filme vai para as atuações que Teller e Hill conferem a seus personagens. Carismáticos, os atores se saem bem apesar da falta de colaboração do roteiro em um ponto ou outro (como quando os sentimentos de certo personagem mudam repentinamente sem motivo aparente).
Logo no começo do filme o espectador já compra a situação vulnerável de David, colocando-se ao seu lado. Teller tem se mostrado um ator bastante talentoso dessa geração e confirma isso ao contracenar com Hill e ao representar o drama que David tem com sua esposa Iz (Ana de Armas). Já essa deixa a desejar em sua atuação, apesar de se destacar pela beleza.
Hill é a representação literal do excesso. Muito acima do peso e sempre farreando, vive intensamente. Altamente explosivo e com uma risada sarcástica (propositalmente forçada), Efraim é o personagem que o público ama odiar.
O filme conta ainda com a participação de Bradley Cooper (parceiro antigo de Phillips) que desempenha com eficiência um intimidador e perigoso traficante de armas internacional.
Começando com um ritmo frenético, a montagem recortada é repleta de informações na tela e planos congelados. Algo no estilo de A Grande Aposta, mas que não obtém o mesmo êxito. Com sua divisão em vários capítulos e ao abusar de narrações, textos e fade-outs, o filme tem o ritmo picotado.
Mas se por um lado o ritmo e a montagem do longa são comprometidos, essas falhas são maquiadas com uma trilha sonora divertida e bem diversificada, com músicas já bastante conhecidas pelo público. E não posso deixar de mencionar que há uma cena ou outra que esteticamente são belíssimas.
Criticando a cultura do tráfico de armas num sistema falho do governo Bush, o longa traz uma mensagem de como a ganância (representada pelos excessos) pode influenciar na relação que os personagens têm uns com os outros e no quê isso pode resultar.
Cães de Guerra não consegue aproveitar seu potencial, mas faz críticas precisas e reflete mensagens importantes em várias camadas de sua narrativa.
Nota do crítico: 3.5/5.0.
Por Henrique Xaxá.
Crítica disponível em: Portal Refil.
Sete Homens e Um Destino
3.6 575 Assista AgoraSete Homens e Um Destino | Crítica
Sendo competente em sua proposta, Sete Homens e Um Destino (2016) é uma refilmagem muito divertida que faz merecidas referências ao longa de 1960 (de mesmo título) e apresenta temas modernos de forma eficiente.
Em 1954, Akira Kurosawa criou o consagrado Os Sete Samurais. A história é tão inteligente e cativante que foi muito bem recebida pelo público (vindo a ser adaptada diversas vezes ao longo dos anos). Não demorou para chegar em Hollywood: Em 1960, John Sturges faria a consagrada versão norte americana do filme de Kurosawa adaptando o roteiro para a cultura dos Estados Unidos (substituindo samurais por cowboys). Em 2016 (56 anos depois), coube a Antoine Fuqua o desafio de dirigir a refilmagem do clássico faroeste de 1960: Sete Homens e Um Destino.
O longa retrata um pequeno vilarejo, no velho oeste estadunidense, ameaçado por Bartholomew Bogue (Peter Sarsgaard) e seus capangas. Emma Cullen (Haley Bennett), tomada pelo sentimento de justiça, contrata os serviços de Chisolm (Denzel Washington), que, por sua vez, monta um grupo de sete pistoleiros para combater os vilões.
Apesar da história ocorrer no final do século 19, a nova adaptação de Sete Homens e Um Destino conta com um contexto mais atualizado: se antes a motivação do antagonista mexicano era de saquear um vilarejo em busca de alimento, agora vemos um vilão extremamente capitalista que deseja desabrigar os moradores da vila (reflexo da recente crise imobiliária norte-americana). E se em 1960, tínhamos um grupo formado inteiramente por homens brancos, em 2016 nossos heróis (ou melhor: anti-heróis) são etnicamente diversificados.
Criando diferenças consideráveis do filme de 1960 (e isso não é um defeito), o roteiro de Nic Pizzolatto (The Killing, True Detective) e Richard Wenk (Os Mercenários 2, O Protetor) destaca-se por promover a representatividade: uma personagem feminina de personalidade forte ganha grande importância na trama ao passo que um negro lidera um grupo composto por quatro americanos, um chinês, um mexicano e um índio. E é interessante notar como o grupo convive em harmonia, sem divergências étnica-culturais. O roteiro desenvolve uma história interessante e conecta bem os acontecimentos (mantendo a coerência), porém desliza em um momento e outro (como ao tentar justificar de forma rasa a motivação de alguns personagens).
Com seu carisma invejável, Denzel Washington protagoniza o personagem negro conhecido (e temido) por todos e que provavelmente é o melhor pistoleiro do Oeste. Chris Pratt, que vem se consolidando como um talentoso ator cômico (desde a ótima série Parks and Recreation), junta o tom cômico com a natureza anti-heroica de seu Josh Faraday. Haley Bennett confere a Emma Cullen uma personalidade forte e tendo uma participação decisiva. Ethan Hawke está muito bem em seu Goodnight Robicheaux, demonstrando o cansaço de um homem que já lutou demais, mas que ainda sim é movido pelo dinheiro. Quando aparece, Vincent D'Onofrio (irreconhecível) rouba a cena contrastando (de maneira acertada) o gigante porte físico de seu personagem, Jack Horne, com a personalidade delicada de voz aguda. Byung-hun Lee representa o asiático especialista em facas de forma competente. E Manuel Garcia-Rulfo e Martin Sensmeier dão vida aos personagens do mexicano Vasquez e do índio Colheita Vermelha respectivamente (estes com menos tempo de tela, infelizmente). Contudo, outro grande destaque vai para a atuação de Peter Sarsgaard ao antagonizar o maléfico Bartholomew Bogue, capaz de fazer qualquer coisa pelo dinheiro.
Fuqua utiliza bem o roteiro ao misturar western, comédia e ação (nas medidas certas), criando um ritmo envolvente. E é interessante ver como o diretor teve o cuidado de deixar o longa nos moldes dos filmes de bangue-bangue ao mesmo tempo em que presta homenagens ao filme de 1960 (como na cena que introduz o protagonista e nos planos detalhes das cenas de duelo). É importante ressaltar o preciosismo estético de Fuqua junto com o diretor de fotografia Mauro Fiore ao utilizar uma razão de aspecto de 2.35:1 (repare nas composições dos belíssimos planos gerais do velho oeste e no plano onde vemos a silhueta de certo personagem já no final do terceiro ato).
A trilha sonora de 1960 criada por Elmer Bernstein é tão marcante que entrou na história do cinema como uma das principais de filmes de faroeste. O brilhante James Horner (que infelizmente faleceu ano passado) ficou responsável pela trilha desta refilmagem de 2016. É perceptível a falta da trilha marcante durante essa nova adaptação. Não que esta seja ruim, mas não consegue criar uma atmosfera à altura dos clássicos de faroeste. Pelo menos, para a felicidade dos fãs, o tema de 1960 toca assim que os créditos finais começam a subir.
Sete Homens e Um Destino (2016) é uma ótima refilmagem que tem faroeste, comédia e ação em dosagens certas. Com diálogos, piadas e cenas, faz boas e merecidas homenagens ao filme de 1960. Promovendo, ainda, uma mensagem de paz, onde deve prevalecer o respeito cultural e racial entre os povos.
Nota do crítico: 4.0/5.0.
Por Henrique Xaxá.
Crítica disponível em Portal Refil.
O Lar das Crianças Peculiares
3.3 1,5K Assista AgoraContando com uma história sombria (pontuada com momentos de humor), Tim Burton apresenta em O Lar das Crianças Peculiares um universo fantástico - promovendo uma experiência visual impressionante. O filme falha apenas em algumas partes do roteiro, prejudicando o ritmo.
O personagem principal é Jake (Asa Butterfield), um adolescente que passou a infância ouvindo as histórias de seu querido avô Abe (Terence Stamp) sobre o orfanato da Srta. Peregrine (Eva Green) e as crianças com habilidades sobrenaturais. Quando o avô de Jake sofre um ataque misterioso, deixa pistas para que o protagonista descubra os segredos por trás do incidente. Partindo em viagem para uma ilha em Gales, Jake encontra o tal orfanato, conhecendo a Srta. Peregrine e as crianças peculiares. O garoto se dá conta de que as histórias de seu avô eram verdadeiras e percebe que possui uma ligação com aquela realidade. Logo lhe é revelado que a Srta. Peregrine e as crianças correm grande perigo e ele precisa ajudá-las contra criaturas horrendas comandadas por Barron (Samuel L. Jackson).
Não há dúvidas de que essa história tem a “cara” do Tim Burton (Edward Mãos-de-Tesoura, A Noiva-Cadáver, A Fantástica Fábrica de Chocolate) . O diretor é conhecido por criar climas sombrios e assustadores em seus filmes e personagens (sempre com tom misterioso) e isso ele faz muito bem em O Lar das Crianças Peculiares. A narrativa do longa é construída para deixar o espectador apreensivo e temeroso pelo o quê pode vir a acontecer. Porém, os momentos de susto e tensão logo são suavizados (de maneira acertada) com o uso do humor, considerando que o público-alvo é o infanto-juvenil. E é interessante notar como o diretor parece se divertir ao realizar pequenas homenagens durante o longa.
Ressaltando o tom macabro, os monstros vilanescos são deveras assustadores e bem concebidos. Ao juntar o bom design de produção com efeitos digitais e práticos, o resultado é uma experiência visual impressionante que possibilita uma maior imersão do público no universo do filme. As cenas em que as crianças demonstram suas peculiaridades são belas de apreciar (assim com as batalhas) e a sequência em que Emma Bloom (Ella Purnell) conduz Jake (Butterfield) até seu esconderijo, particularmente, me encantou os olhos.
O visual do filme fez ótimo uso do roteiro de Jane Goldman (Kick-Ass, Kingsman, X-Men: Dias de um Futuro Esquecido). Já esta teve o desafio natural de adaptar a fabulosa história do livro best-seller O Orfanato da Srta. Peregrine Para Crianças Peculiares de Ranson Riggs. De modo geral, a construção da trama é eficiente. Os dois primeiros atos são lentos (de forma compreensível) ao estabelecer as regras desse novo universo (Jake vai aprendendo tudo junto com o público). No terceiro ato, como se não houvesse mais tempo para terminar a história, o filme acelera demais os acontecimentos, ocasionando resoluções superficiais e levando o espectador a ter que simplesmente aceitar algumas situações (observe como tudo tende a dar certo nos conflitos finais). Há também algumas inconsistências, fora que a relação de Jake com as crianças (e suas peculiaridades) poderia ter sido mais explorada.
Asa Butterfield protagoniza um Jake apático que vai ganhando forças a medida que este entende seu dever. O personagem também funciona como uma extensão do público até o universo do filme, o que explica sua passividade - porém é de se esperar mais expressividade numa possível continuação. Eva Green demonstra em sua Srta. Peregrine, uma diretora acolhedora e encantadora, mas cheia de mistérios. Representando o antagonista, Barron de Samuel L. Jackson é ao mesmo tempo assustador e irônico, soltando piadinhas colocadas entre seus feitos ameaçadores. Terence Stamp faz uma participação no filme ao dar vida a Abe, o avô de Jake e por quem este possui muita afeição.
A jornada do protagonista é acompanhada pelo inteligente uso da fotografia de Bruno Delbonnel. Jake (Butterfield) passa a vida sentindo-se deslocado: sua relação com o pai (Chris O’Dowd) é distante e pouco (ou nada) afetiva. O garoto tampouco se dá bem com os colegas de escola, pois sempre foi alvo de piadas. Nesse sentido, a cor cinza presente no início se faz condizente ao sentimento do personagem por mostrar frieza e certa tristeza de Jake, ao passo que também remete o clima sombrio e misterioso que envolve a trama. Isso muda quando o jovem conhece as crianças peculiares do orfanato da Srta. Peregrine: o ambiente fica colorido e alegre - e o herói encontra seu propósito. Importante destacar aqui a ineficiência do 3D ao escurecer demais a película, prejudicando a experiência.
Por mais que deixe a desejar no ritmo e em alguns pontos do roteiro, O Lar das Crianças Peculiares não compromete a incrível experiência visual proporcionada pela projeção. A história é tão intrigante que fica aquele “gostinho de quero mais” quando os créditos finais começam a subir. Imaginem o quanto é possível explorar dali... Bom... Que não demore a chegar nos cinemas mais peculiaridades desse universo!
Nota do crítico: 3.0/5.0.
Por Henrique Xaxá.
Crítica disponível em Portal Refil.
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