"You don't make up for your sins in church. You do it in the streets. You do it at home. The rest is bullshit and you know it."
Valeu a pena esperar tantos anos desde o anúncio deste que marcaria o reencontro de Martin Scorsese com seus habituais colaboradores, Robert de Niro, Joe Pesci, Harvey Keitel, a montadora (e grande responsável pelo "dissolve edit" de fôlego de seus longas), Thelma Schoonmaker e o produtor Irwin Winkler, desta vez, com a inédita contribuição de Al Pacino, outro ícone da New Hollywood.
É como se toda a cultura que fez parte da formação literária, musical, cinematográfica e intelectual do diretor estivesse condensada em consistentes 210 minutos. Temos o Tour de Force dramático da literatura russa em Dostoiévski -- do denso Crime e Castigo e do conto O Sonho de Um Homem Ridículo -- e da reflexão de uma vida inteira em Tolstói de A Morte de Ivan Ilitch; a iconografia cristã das pinturas renascentistas; a elegância do velho cancioneiro norte-americano; as referências feitas de forma orgânica aos clássicos do film-noir (não apenas americanos, como britânicos e franceses, vide Grisbi de Jacques Becker, que parte da crítica vem relacionando); alem da reafirmação, desta vez de forma ainda mais sóbria e segura, de todos os elementos que fizeram de Scorsese um autor, sobretudo em clássicos sobre o baixo clero da máfia como Mean Streets, Goodfellas e Casino, aliados ao tom mais contemplativo de The Last Temptation of Christ, Kundun e Silence.
Scorsese se interessa pelo lado "blue-collar worker" da máfia, personagens arquétipos como aqueles que habitavam sua Little Italy, servindo não apenas ao topo da pirâmide retratada por Mario Puzo e Coppola, mas a banda podre do sindicalismo (Jimmy Hoffa e seus pelegos) e sua ligação umbilical com a sórdida política institucional praticada pelos partidos hegemônicos dos EUA.
Temos aqui um raio-x da América real, que não é a das famílias WASP vivendo felizes num mundo de conforto material e prosperidade, mas de homens embrutecidos e animalizados, regressos de uma Guerra Mundial, que não evitam em dar soluções incivilizadas a qualquer inconveniente, garantindo a sobrevivência na divisão do trabalho que lhes restou.
Revelar mais que isso seria estragar a experiência que essa épica descida ao inferno pode proporcionar.
Lamento que Scorsese tenha encontrado na Netflix a única fonte de financiamento, o que impossibilitará que todos assistam da forma correta (no cinema) e tenham que se conformar em ver numa TV, tablet, smart phone ou qualquer outro dispositivo eletrônico de tela reduzida. Um evento raro desses merece sessões lotadas nas melhores salas, afinal, não é todo ano que vemos um dos grandes mestres do Cinema em boa forma, dirigindo longas memoráveis e mantendo-se relevante, mesmo depois de acertar tantas vezes durantes os últimos 50 anos.
Suntman Mike: Well, that's what stuntmen do. You've seen a movie where a car gets into some smash-up there ain't no way in hell anybody's walking away from?
P: Yeah.
SM: Well, how do you think they accomplish that?
P: CGI?
SM: Well, unfortunately, Pam, nowadays more often than not, you 're right. Tsk. But back in the all-or-nothin' days. Vanishing Point days, the Dirty Mary Crazy Larry days, the White Line Fever days... real cars smashing into real cars. Real dumb people driving 'em. So, give the stunt team the car you want to smash up, they take her and reinforce that fucker everywhere and, voila! You got yourself a death-proof automobile.
Ensinamentos valiosos do astrólogo e de "historiadores", "jornalistas" e youtubers contidos nesse doc:
1) A URSS foi pioneira em produzir e testar uma bomba atômica, não os EUA;
2) O governo trabalhista de Jango, que se sustentava sobre uma base parlamentar heterogênea, composta até mesmo pelo PDC (Partido Democrata Cristão), que nada mais fez que propor reformas do sistema capitalista em um clássico pacto nacional desenvolvimentista, sem vistas à sua superação e que adotava uma política externa pragmática, na verdade era o grande condutor de uma ditadura do proletariado;
3) O keynesiano do PSD, Juscelino Kubitschek, também fazia parte da tal ameaça comunista;
4) Jango não era um líder popular com 70% de aprovação às vésperas do golpe;
5) A caricata marcha da família com Deus era um movimento espontâneo, que refletia a opinião da complexa sociedade brasileira e não foi patrocinada pelo que havia de mais atrasado no país;
6) Durante a ditadura, a maioria das publicações eram de esquerda e a grande mídia - que apoiou o golpe e depois sofreu dura censura - tinha apenas "alguns editoriais" favoráveis ao governo (risos) e que, na prática, a coisa nem era tão grave assim;
7) Não houve participação alguma da CIA e dos EUA no golpe, ainda que exista farta documentação comprovando o contrário e o próprio congresso norte-americano reconheça que sim;
8) A resistência armada à ditadura, despojada do aparelho estatal, é quem matava e torturava, enquanto quem tinha o sofisticado aparelho em mãos, apenas contra-atacava, sem ter feito... nada demais.
Resumindo, compilaram todos as besteiras que aquele seu tio malufista sempre disse sobre o Brasil, mas que você nunca levou a sério.
O nome do site que produziu não poderia ser outro: Brasil Paralelo.
Scorsese costuma dizer que os filmes são memórias do nosso tempo e digo que este certamente não foge à regra. Deve ser lembrado como um retrato do terraplanismo e do revisionismo histórico reacionário que tomou conta do país, da boçalidade extrema do debate político, do momento em que um deputado tosco do baixo clero (conhecido como Bozo) chegou à presidência da república (com minúsculas mesmo), se aproveitando da mais recente crise de acumulação capitalista tupiniquim, de correntes de WhattsApp tocadas por lunáticos e patrocinadas por pilantras.
Aos mais formalistas, tá aqui um casamento perfeito entre conteúdo e forma horrendos. Em pleno 2019, nem mesmo os piores thrillers de ação hollywoodianos pesam tanto a mão com trilhas impositivas e constantes quanto nesse doc. E faz sentido que seja assim. Vejamos: se os fatos são distorcidos, se detalhes importantes da história são ocultados, se a documentação é pífia e se os entrevistados não tem credibilidade alguma, resta tentar ganhar no grito. Se colar, colou. Em suma, produção no mesmo nível das intervenções audiovisuais da Al-Qaeda.
“As ruas estão asfaltadas e iluminadas. Há água corrente, saneamento básico, cinemas, bares. Como em todo o resto do mundo, a televisão contribuiu de modo eficaz para a despersonalização dos espectadores. Há automóveis, motocicletas, geladeiras, uma felicidade material minuciosamente elaborada, equilibrada por esta nossa sociedade, em que o progresso científico e tecnológico relegou a um território distante a moral e a sensibilidade do homem. A entropia – o caos – assumiu a forma, cada dia mais aterradora, da explosão demográfica.
Tive a sorte de passar minha infância na Idade Média, época “dolorosa e sofisticada”, como escreveu Huysmans. Dolorosa em sua vida material. Sofisticada em sua vida espiritual. Justamente o contrário de hoje.”
Trecho de “Meu Último Suspiro”, autobiografia de Luis Buñuel.
"Em verdade vos digo: é difícil pra um rico entrar no Reino dos céus. Eu vos repito: é mais fácil um camelo passar por um buraco de uma agulha que um rico entrar no reino de Deus." - Jesus Cristo
A demonstração mais radical do Cinema de Cassavetes.
Quem procura por roteiros amarrados de forma convencional, enquadramentos usuais e montagem correta, certamente encontrara em "Faces" um verdadeiro sonífero. Quem busca o contrário de tudo o que estava acontecendo nos grandes estúdios, encontra aqui um Cinema formalmente anárquico, sujo e transgressor - o ano? 1968.
Thomas Vinterberg, obrigado por mostrar à geração do "share/compartilhar", as consequências do "culpado até que se prove o contrário".
Já diria um MC daqui da zona sul de SP:
"Mas bem antes da ressaca ele foi julgado. Arrastado pela rua o pobre do elemento, o inevitável linchamento, imaginem só! Ele ficou bem feio, não tiveram dó."
Embora 'Prisão' seja o 6º longa dirigido por Bergman (a cronologia de sua filmografia no Filmow está errada, 'Sede de Paixões' vem em seguida como 7º), é este que o suéco considerava seu 1º filme - por ser o primeiro que escreveu/dirigiu, sem ter adaptado argumento de terceiros.
Lars Rudolph, que em 'As Harmonias de Werckmeister' vivia um jovem interessado por astrologia, aparece praticamente reprisando o mesmo personagem do longa de Béla Tarr. Na cena da taberna em 'Fausto', Rudolph faz uma ponta como Innkeeper - homem que indaga Dr. Fausto quanto aos seus conhecimentos sobre astrologia. Boa sacadinha de Sokurov.
Na minha opinião, a melhor comédia de todos os tempos.
O roteiro brinca de maneira genial ao ilustrar situações absurdas naqueles anos de guerra fria e entrega algumas da cenas mais emblemáticas do Cinema. O filme e gnial não só por suas sacadas satíricas, mas pelo brilhantismo de Kubrick e sua crew ao conceber cenários minuciosos fotografados num excelente P&B (grande Gilbert Taylor) e pela atuação perfeita de Peter Sellers. Se você assiste desavisado de que este interpreta três personagens, não consegue identificar facilmente quem está por trás daquelas figuras.
"É a história de uma sociedade que cai e que repete durante a queda, como para se reconfortar: até aqui, está tudo bem. Até aqui, está tudo bem. Até aqui, está tudo bem... O importante não é a queda, é a aterrissagem".
Quanto mais conheço a filmografia de Melville, mais me surpreendo. Mais um exemplar de excelência dele, de seu cast e crew. A cena da joalheria é uma das coisas mais tensas que vi, impossível piscar, tamanho domínio técnico de um diretor, usando de sons diegéticos, manipulando muito bem todas as ferramentas que teve ao realizar o filme. Simplesmente impossível não favoritar.
Definido como um "drama alegre" por Renoir, "A Regra do Jogo" pode até ser de fato um tanto alegre, mas é acima de tudo, um drama malicioso e pessimista. Aos poucos descobrimos o quão escrotos e mentirosos são seus personagens, tornando a tal festa num verdadeiro caos, mostrado com um domínio absurdo por Renoir - que acerta na exploração da profundidade de campo, onde diálogos acontecem enquanto vemos outras ações ao fundo, personagens entrando e saindo dos cômodos do castelo, com cenas sem corte (que bagunça!). Tudo numa naturalidade imensa. Das lições de casa maiores pra Robert Altman em "Assassinato em Gosford Park".
Truffaut sobre o filme;
"A Regra do Jogo é, certamente, ao lado de Cidadão Kane, o filme que suscitou o maior número de vocações de cineastas; assistimos a ele com um sentimento muito forte de cumplicidade, isto é, em vez de vermos um produto concluído, entregue à nossa curiosidade, experimentamos a impressão de assistir a uma história sendo filmada, acreditamos ver Renoir organizar tudo aquilo ao mesmo tempo em que a obra está sendo projetada".
O Irlandês
4.0 1,5K Assista Agora"You don't make up for your sins in church. You do it in the streets. You do it at home. The rest is bullshit and you know it."
Valeu a pena esperar tantos anos desde o anúncio deste que marcaria o reencontro de Martin Scorsese com seus habituais colaboradores, Robert de Niro, Joe Pesci, Harvey Keitel, a montadora (e grande responsável pelo "dissolve edit" de fôlego de seus longas), Thelma Schoonmaker e o produtor Irwin Winkler, desta vez, com a inédita contribuição de Al Pacino, outro ícone da New Hollywood.
É como se toda a cultura que fez parte da formação literária, musical, cinematográfica e intelectual do diretor estivesse condensada em consistentes 210 minutos. Temos o Tour de Force dramático da literatura russa em Dostoiévski -- do denso Crime e Castigo e do conto O Sonho de Um Homem Ridículo -- e da reflexão de uma vida inteira em Tolstói de A Morte de Ivan Ilitch; a iconografia cristã das pinturas renascentistas; a elegância do velho cancioneiro norte-americano; as referências feitas de forma orgânica aos clássicos do film-noir (não apenas americanos, como britânicos e franceses, vide Grisbi de Jacques Becker, que parte da crítica vem relacionando); alem da reafirmação, desta vez de forma ainda mais sóbria e segura, de todos os elementos que fizeram de Scorsese um autor, sobretudo em clássicos sobre o baixo clero da máfia como Mean Streets, Goodfellas e Casino, aliados ao tom mais contemplativo de The Last Temptation of Christ, Kundun e Silence.
Scorsese se interessa pelo lado "blue-collar worker" da máfia, personagens arquétipos como aqueles que habitavam sua Little Italy, servindo não apenas ao topo da pirâmide retratada por Mario Puzo e Coppola, mas a banda podre do sindicalismo (Jimmy Hoffa e seus pelegos) e sua ligação umbilical com a sórdida política institucional praticada pelos partidos hegemônicos dos EUA.
Temos aqui um raio-x da América real, que não é a das famílias WASP vivendo felizes num mundo de conforto material e prosperidade, mas de homens embrutecidos e animalizados, regressos de uma Guerra Mundial, que não evitam em dar soluções incivilizadas a qualquer inconveniente, garantindo a sobrevivência na divisão do trabalho que lhes restou.
Revelar mais que isso seria estragar a experiência que essa épica descida ao inferno pode proporcionar.
Lamento que Scorsese tenha encontrado na Netflix a única fonte de financiamento, o que impossibilitará que todos assistam da forma correta (no cinema) e tenham que se conformar em ver numa TV, tablet, smart phone ou qualquer outro dispositivo eletrônico de tela reduzida. Um evento raro desses merece sessões lotadas nas melhores salas, afinal, não é todo ano que vemos um dos grandes mestres do Cinema em boa forma, dirigindo longas memoráveis e mantendo-se relevante, mesmo depois de acertar tantas vezes durantes os últimos 50 anos.
Corrida Contra o Destino
4.0 109Pam: How do you make a car death-proof?
Suntman Mike: Well, that's what stuntmen do. You've seen a movie where a car gets into some smash-up there ain't no way in hell anybody's walking away from?
P: Yeah.
SM: Well, how do you think they accomplish that?
P: CGI?
SM: Well, unfortunately, Pam, nowadays more often than not, you 're right. Tsk. But back in the all-or-nothin' days. Vanishing Point days, the Dirty Mary Crazy Larry days, the White Line Fever days... real cars smashing into real cars. Real dumb people driving 'em. So, give the stunt team the car you want to smash up, they take her and reinforce that fucker everywhere and, voila! You got yourself a death-proof automobile.
1964: O Brasil Entre Armas e Livros
3.1 331Ensinamentos valiosos do astrólogo e de "historiadores", "jornalistas" e youtubers contidos nesse doc:
1) A URSS foi pioneira em produzir e testar uma bomba atômica, não os EUA;
2) O governo trabalhista de Jango, que se sustentava sobre uma base parlamentar heterogênea, composta até mesmo pelo PDC (Partido Democrata Cristão), que nada mais fez que propor reformas do sistema capitalista em um clássico pacto nacional desenvolvimentista, sem vistas à sua superação e que adotava uma política externa pragmática, na verdade era o grande condutor de uma ditadura do proletariado;
3) O keynesiano do PSD, Juscelino Kubitschek, também fazia parte da tal ameaça comunista;
4) Jango não era um líder popular com 70% de aprovação às vésperas do golpe;
5) A caricata marcha da família com Deus era um movimento espontâneo, que refletia a opinião da complexa sociedade brasileira e não foi patrocinada pelo que havia de mais atrasado no país;
6) Durante a ditadura, a maioria das publicações eram de esquerda e a grande mídia - que apoiou o golpe e depois sofreu dura censura - tinha apenas "alguns editoriais" favoráveis ao governo (risos) e que, na prática, a coisa nem era tão grave assim;
7) Não houve participação alguma da CIA e dos EUA no golpe, ainda que exista farta documentação comprovando o contrário e o próprio congresso norte-americano reconheça que sim;
8) A resistência armada à ditadura, despojada do aparelho estatal, é quem matava e torturava, enquanto quem tinha o sofisticado aparelho em mãos, apenas contra-atacava, sem ter feito... nada demais.
Resumindo, compilaram todos as besteiras que aquele seu tio malufista sempre disse sobre o Brasil, mas que você nunca levou a sério.
O nome do site que produziu não poderia ser outro: Brasil Paralelo.
Scorsese costuma dizer que os filmes são memórias do nosso tempo e digo que este certamente não foge à regra. Deve ser lembrado como um retrato do terraplanismo e do revisionismo histórico reacionário que tomou conta do país, da boçalidade extrema do debate político, do momento em que um deputado tosco do baixo clero (conhecido como Bozo) chegou à presidência da república (com minúsculas mesmo), se aproveitando da mais recente crise de acumulação capitalista tupiniquim, de correntes de WhattsApp tocadas por lunáticos e patrocinadas por pilantras.
Aos mais formalistas, tá aqui um casamento perfeito entre conteúdo e forma horrendos. Em pleno 2019, nem mesmo os piores thrillers de ação hollywoodianos pesam tanto a mão com trilhas impositivas e constantes quanto nesse doc. E faz sentido que seja assim. Vejamos: se os fatos são distorcidos, se detalhes importantes da história são ocultados, se a documentação é pífia e se os entrevistados não tem credibilidade alguma, resta tentar ganhar no grito. Se colar, colou. Em suma, produção no mesmo nível das intervenções audiovisuais da Al-Qaeda.
Aos envolvidos, melhoras.
Creed II
3.8 540Reel Bad Russians: How Hollywood Vilifies a People (Filmes Ruins, Russos Malvados)
Finding Joseph I
3.6 2O melhor vocal do mundo!
Amantes Eternos
3.8 782 Assista Agora“As ruas estão asfaltadas e iluminadas. Há água corrente, saneamento básico, cinemas, bares. Como em todo o resto do mundo, a televisão contribuiu de modo eficaz para a despersonalização dos espectadores. Há automóveis, motocicletas, geladeiras, uma felicidade material minuciosamente elaborada, equilibrada por esta nossa sociedade, em que o progresso científico e tecnológico relegou a um território distante a moral e a sensibilidade do homem. A entropia – o caos – assumiu a forma, cada dia mais aterradora, da explosão demográfica.
Tive a sorte de passar minha infância na Idade Média, época “dolorosa e sofisticada”, como escreveu Huysmans. Dolorosa em sua vida material. Sofisticada em sua vida espiritual. Justamente o contrário de hoje.”
Trecho de “Meu Último Suspiro”, autobiografia de Luis Buñuel.
O Evangelho Segundo São Mateus
4.0 89"Em verdade vos digo: é difícil pra um rico entrar no Reino dos céus. Eu vos repito: é mais fácil um camelo passar por um buraco de uma agulha que um rico entrar no reino de Deus."
- Jesus Cristo
Disseram:
"Quer subverter a ordem e a tradição!"
Síndromes e um Século
4.0 46A câmera de Weerasethakul passeia pelas ruas, e é aí que fica impossível de não recordar da minha final scene antonioniana favorita.
https://www.youtube.com/watch?v=oSqhOzdTG-g
Faces
4.1 62A demonstração mais radical do Cinema de Cassavetes.
Quem procura por roteiros amarrados de forma convencional, enquadramentos usuais e montagem correta, certamente encontrara em "Faces" um verdadeiro sonífero. Quem busca o contrário de tudo o que estava acontecendo nos grandes estúdios, encontra aqui um Cinema formalmente anárquico, sujo e transgressor - o ano? 1968.
Zodíaco
3.7 1,3K Assista AgoraVertigo, Network, All the President's Men, Chinatown, Salinui Chueok.
David Fincher, em seu momento mais classudo, imprimiu isso tudo aqui.
A Caça
4.2 2,0K Assista AgoraThomas Vinterberg, obrigado por mostrar à geração do "share/compartilhar", as consequências do "culpado até que se prove o contrário".
Já diria um MC daqui da zona sul de SP:
"Mas bem antes da ressaca ele foi julgado.
Arrastado pela rua o pobre do elemento, o inevitável linchamento, imaginem só!
Ele ficou bem feio, não tiveram dó."
Peões
4.1 55 Assista AgoraTá na mão:
http://www.youtube.com/watch?v=JEde0T13kF8
Vício Inerente
3.5 554 Assista AgoraSerá que veremos o retorno de PTA às narrativas mosaico?
O Medo Devora a Alma
4.3 106 Assista AgoraPegue o buquê de flores que é o melodrama sirkiano e deixe apodrecer no vaso de amargura do Fassbinder. É isso.
Um Homem com uma Câmera
4.4 196 Assista AgoraÀ quem interessa, o melhor link do You Tube - com legendas em português e inglês:
http://www.youtube.com/watch?v=iNCoM6xoOXA
Prisão
3.9 25Curiosidade:
Embora 'Prisão' seja o 6º longa dirigido por Bergman (a cronologia de sua filmografia no Filmow está errada, 'Sede de Paixões' vem em seguida como 7º), é este que o suéco considerava seu 1º filme - por ser o primeiro que escreveu/dirigiu, sem ter adaptado argumento de terceiros.
Fausto
3.4 220Curiosidade:
Lars Rudolph, que em 'As Harmonias de Werckmeister' vivia um jovem interessado por astrologia, aparece praticamente reprisando o mesmo personagem do longa de Béla Tarr. Na cena da taberna em 'Fausto', Rudolph faz uma ponta como Innkeeper - homem que indaga Dr. Fausto quanto aos seus conhecimentos sobre astrologia. Boa sacadinha de Sokurov.
Dr. Fantástico
4.2 665 Assista AgoraNa minha opinião, a melhor comédia de todos os tempos.
O roteiro brinca de maneira genial ao ilustrar situações absurdas naqueles anos de guerra fria e entrega algumas da cenas mais emblemáticas do Cinema. O filme e gnial não só por suas sacadas satíricas, mas pelo brilhantismo de Kubrick e sua crew ao conceber cenários minuciosos fotografados num excelente P&B (grande Gilbert Taylor) e pela atuação perfeita de Peter Sellers. Se você assiste desavisado de que este interpreta três personagens, não consegue identificar facilmente quem está por trás daquelas figuras.
A Morte de um Bookmaker Chinês
4.0 28Com todo estilão de Cassavetes, uma das melhores cenas de créditos finais que já vi.
O Mestre
3.7 1,0K Assista AgoraPra começar a semana bem;
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=9oZDKFoCqAw
O Ódio
4.2 316"É a história de uma sociedade que cai e que repete durante a queda, como para se reconfortar: até aqui, está tudo bem. Até aqui, está tudo bem. Até aqui, está tudo bem... O importante não é a queda, é a aterrissagem".
O Círculo Vermelho
4.1 47 Assista AgoraQuanto mais conheço a filmografia de Melville, mais me surpreendo. Mais um exemplar de excelência dele, de seu cast e crew. A cena da joalheria é uma das coisas mais tensas que vi, impossível piscar, tamanho domínio técnico de um diretor, usando de sons diegéticos, manipulando muito bem todas as ferramentas que teve ao realizar o filme. Simplesmente impossível não favoritar.
Gangues do Gueto
3.4 7Ferrara meets Frank Capra? hahaha
A Regra do Jogo
4.1 122 Assista AgoraDefinido como um "drama alegre" por Renoir, "A Regra do Jogo" pode até ser de fato um tanto alegre, mas é acima de tudo, um drama malicioso e pessimista. Aos poucos descobrimos o quão escrotos e mentirosos são seus personagens, tornando a tal festa num verdadeiro caos, mostrado com um domínio absurdo por Renoir - que acerta na exploração da profundidade de campo, onde diálogos acontecem enquanto vemos outras ações ao fundo, personagens entrando e saindo dos cômodos do castelo, com cenas sem corte (que bagunça!). Tudo numa naturalidade imensa. Das lições de casa maiores pra Robert Altman em "Assassinato em Gosford Park".
Truffaut sobre o filme;
"A Regra do Jogo é, certamente, ao lado de Cidadão Kane, o filme que suscitou o maior número de vocações de cineastas; assistimos a ele com um sentimento muito forte de cumplicidade, isto é, em vez de vermos um produto concluído, entregue à nossa curiosidade, experimentamos a impressão de assistir a uma história sendo filmada, acreditamos ver Renoir organizar tudo aquilo ao mesmo tempo em que a obra está sendo projetada".