Vale como retrato de época da discriminação contra as mulheres e do trabalho nos bastidores da notícia. O roteiro do filme envolve: desafio que haja alguém que não tenha vibrado quando Kay Graham enfim se empodera e toma decisão (ainda que essa trajetória tenha sido milimetrica e hollywoodianamente desenhada). Mas o tratamento dado ao tema é muito simplista e maniqueísta: o bem (imprensa heróica) vence o mal (governo), como se a imprensa não tivesse também ajudado a colocar esses governantes no poder. As relações íntimas do marido de Kay com os governos passados, suas muitas benesses recebidas desses governos não são tematizadas. Acaso alguém acredita que a grande mídia está a serviço dos governados e não a serviço de seus interesses empresariais (que podem envolver apoiar ou criticar os governos também)? De fato, uma imprensa livre (e plural!) é peça chave para a democracia, mas as relações da grande mídia com o empresariado e com o governo são bem mais complexas (e menos heróicas) do que o filme fez parecer!
Porque os seres humanos são bem mais complexos do que o que cabe nos extremos. Um roteiro interessante: mote comum, trabalhado de uma forma original; o roteiro brinca o tempo todo com nossas expectativas: basta acharmos que uma coisa vai acontecer, para ela não acontecer. Falas do senso comum, ditas por uma personagem estereotipadamente ignorante (a namorada jovem do ex-marido da protagonista), ganham contornos mais densos. Vale também pela atuações das personagens centrais.
O filme tematiza o papel da arte e a relação entre ficção e realidade de forma bem interessante (o que não é trivial, já que o tema já foi muito retratado). Alguns criticam o protagonista pela construção estereotipada de escritor. Para mim, a estereotipia é proposital; faz parte da estética escolhida para contar a história, que abunda em hipérboles hilárias.
Porque a guerra não faz mesmo nenhum sentido... Primorosa a articulação entre as linguagens - cinema, artes plásticas, música e fotografia (sim, muitas cenas são verdadeiras fotografias) - feita para contar a história. Tudo funciona no filme: os atores, a fotografia, a direção, a trilha. E mesmo o recurso manjado de alternância entre PB e cor é usado de maneira precisa!
Como o inverno intensifica a tristeza (aliás, por uma total ignorância, nunca tinha pensado no fato de que não é possível enterrar as pessoas durante um inverno rigoroso)! Com boas atuações e uma bela fotografia, o filme conta a trajetória de Lee Chandler, de como consegue inserir uma dor insuportável no domínio do simbólico (fala também do amor entre irmãos, de como, na iminência da morte, se pode pensar em como ajudar o outro)
Entre a necessidade de reparação e o desejo de vingança Uma história forte, envolta por uma tensão crescente e envolvendo uma fatídica decisão:até que ponto a verdade pode/deve vir à tona?
De como é difícil crescer, conhecer a si mesmo e bancar o desejo. Um filme Intenso e sensível com atuações marcantes que fala a respeito do complexo processo de construção de identidade e de como esse processo é atravessado pela imagem e afeto que os outros nos devolvem.
A trilha e o final salvam o filme. Não simplesmente porque o final não é um final feliz (na concepção das comédias românticas e dos musicais), mas porque evoca diferentes possibilidades de percurso "felizes".
Festival de clichês com fracas atuações Talvez o único mérito do filme seja transportar para as telas do cinema com fidedignidade os clichês, simplificações e superficialidades típicas do gênero auto-ajuda, que, na tela, são amplificados por imagens e enquadramentos óbvios.
Assistimos boa parte do filme sob forte tensão: a qualquer momento a protagonista poderá descobrir o fiasco que é.Ter vergonha pelo outro é um dos sentimentos mais fortes e incômodo que pode nos acometer. Tomados por esse incômodo vamos acessando as muitas camadas do filme. A mais superficial pode nos levar a uma conhecida pergunta: até que ponto vale a pena dizer/saber a verdade? As outras camadas nos levam a perguntas e a constatações contraditórias e mais complexas: por que custa tanto para todos dizer a verdade? Só os interesses de cada um? Nada nem ninguém parece ser (somente) o que é: o marido traidor que não se importa com a esposa, o empregado fiel que cuida da esposa (mas se revela na foto final), os aproveitadores que lucram com a manutenção da ignorância a respeito de si da protagonista. Enfim, muitas são as verdades possíveis.
Woody Allen por Woody Allen: uma trilha à base de muito Jazz, belos cenários, atuações acima da média, personagens propositalmente estereotipados (um deles sempre desajeitado/tímido) e conflitos amorosos envolvendo diferenças (no caso, de idade). Uma fórmula que funciona. Dessa vez, num filme que fala sobre escolhas amorosas (as que fazemos e as que deixamos de fazer). Quem nunca se viu diante de uma dúvida amorosa, que atire a primeira pedra...
Porque, não raro, é importante resistir. Sônia Braga está linda e sua interpretação convence! PS. Para quem acha que as cenas de sexo são desnecessárias e apelativas, talvez o incômodo seja ainda pensar o sexo na vida de uma mulher de 65 anos, mastectomizada, não? E ainda tem muito preconceito revelado para com o cinema brasileiro, não?
Lindo! Imagens, atuações e diálogos memoráveis. Da pretensão de muitos de transcender, da necessidade de alguns de reiventar a vida (sempre) e da aceitação de poucos da sua finitude.
Em um primeiro plano, temos um drama psicológico que tem como protagonistas Joy (ou Ma) e seu filho Jack, que vivem presos, confinados em um quarto. Ao longo de cinco anos, mantidos em cativeiro por um homem desequilibrado, Joy cria Jack, buscando dar-lhe acesso às coisas da cultura: brincadeiras, músicas, livros, histórias, TV, comidas. Mas o filme apresenta várias outras camadas. Uma delas tematiza a relação entre o real e a linguagem. Mesmo sabendo que um octoedro tem oito lados (conhecimento teórico), Jack não consegue entender o que seria o lado de fora, que ele nunca viu. Como explicar para uma criança que viveu sua vida inteira em 10m2 o que é o mundo? Como explicar que as pessoas da TV existem, mas não são exatamente aquilo que parecem ser para quem a vida toda só viu 2 pessoas? . Em outra camada, talvez a central, podemos testemunhar uma certa dinâmica do desenvolvimento humano: o quanto nos acomodamos com certas situações que inclusive podem nos ser muito penosas e ambiguamente resistimos a mudar. Sair da zona de conforto é algo que que custa muito!. De novo aqui, a linguagem ajuda e um simples tchau pode ajudar no processo de elaboração do luto e impulsionar a ruptura com a zona de conforto. É certo que Jack, como qualquer bebê humano, só sobrevive porque é cuidado (e amado) pela mãe. Mas, essa também é uma faceta interessante do filme, é Joy que parece dever mais sua vida ao filho, que não, por acaso, lhe salva por três vezes, sendo a primeira com seu próprio nascimento que pode conferir algum sentido à sua vida no cárcere. As atuações dos dois são pra lá de convincentes (Oscar merecido!), de maneira que só faz crescer a angústia que nos acompanha na maior parte do filme.
Divertido! Os dramas pessoais de personagens ao estilo Almodóvar - uma vidente virgem, um matador, uma cafetina, um ex-traficante, um político corrupto, dentre outros -, vem à tona quando descobrem que o avião onde estão tem problemas para pousar.
"A dor e a delícia de ser o que é" levadas às últimas consequências
A dramaticidade da situação é intensificada pela atuação impecável de Eddie Redmayne (cuja transformação paulatina vamos acompanhando) e Alicia Vikander. Quanto sofrimento´e quanta coragem (de ambas as partes)! Que amor é esse que abre mão do próprio desejo e da vaidade para olhar e acolher o outro?
Um filme testemunho, que não pretende propriamente desenvolver todas as etapas de um roteiro clássico, mas tão somente nos transportar para o cotidiano das vaquejadas. E, nesse sentido, o filme é bem sucedido. Vale também pelo tratamento que dá para as questões de gênero, quebrando estereótipos, e pelo humor e erotismo presentes. Mas a atuação dos atores é irregular, ora bastante convincente, ora bastante irregular, como na cena do banho coletivo em que a exibição do corpo nu da personagem de Cazarré não parece nada natural. Algumas cenas em que sua personagem está sem camisa lembram o recurso fácil das novelas de TV de manter os galãs semi-nus 70% das sua aparições.
Forte, angustiante e indigesto. Para além de expor nuances dos porões das ditaduras latino-americanas (mesmo depois dos processos de (re)democratização), o filme mostra como a manutenção desse regime é acompanhado de uma naturalização da violência e de mecanismos de manipulação. Para tanto, retrata a vida cotidiana dos membros do clã do Puccios, mesclando cenas domésticas - refeições em família, pais dando suporte aos filhos na execução da lição de casa da escola, com cenas de planejamento e execução de sequestros, sob o comando do patriarca da família, que mantém íntimas relações com os militares. A trilha sonora, com sucessos de bandas dos anos oitenta, e a montagem do filme conferem a perspectiva de narrativa da história: o ritmo animado das músicas que acompanham as ações de violência (ao invés de uma habitual trilha de suspense) bem como a sobreposição de imagens das ações de violência, com cenas do cotidiano – namoros, transas, jogos esportivos etc. – colocam o protagonista no comando da narrativa, naturalizando as ações de violência: sequestrar pessoas é um “trabalho” como outro qualquer, na lógica da psicopatia do chefe do clã. A atuação do pai (Guillermo Francella) e dos filhos envolvidos nas ações (um deles representado por Juan Pedro Lanzani) são magistrais, o que aumenta nosso desconforto e desespero cada vez que vemos os filhos sucumbirem à manipulação do pai, que apela constantemente para o sentimento de pertencimento e de necessária fidelidade a um clã especial.
Das ambiguidades da maternidade e do sofrimento da busca por ser amado. Sensível, delicado e intenso. Misto de documentário e drama com atuações marcantes.
Porque o amor sempre reserva prazeres e dores em todas as fases da vida (e das relações), que, em geral, são potencializados nas relações homoafetivas! P.S. Vale também pela delicadeza dos olhares maternos.
Porque o passado nada mais é do que uma narrativa (que em grande parte não nos tem como autores nem como narradores)
Livremente baseado no romance homônimo de Aqualusa, o roteiro parte do mote expresso no título, única coisa em comum com o livro: um homem que tem como profissão vender passados para as pessoas. Mas o que pode levar alguém a querer um passado diferente? A resposta é aberta a mil possibilidades. No filme, duas delas se apresentam: uma constitui a história secundária, a de um homem virgem com dificuldades de se aproximar das mulheres, que acredita que se se apresentar como divorciado pode ter suas chances ampliadas em muito e a outra constitui a trama principal: uma mulher que encomenda um passado qualquer, de preferência que inclua um crime cometido. A construção do passado dessa personagem é entremeada com investigações sobre sua vida real e sobre o passado do próprio protagonista, filho adotivo de um casal de classe média. Realidade vivida, realidade inventada e ficção são confrontadas o tempo todo ao longo da história. O filme em si tem uma realização mediana, mas dá margem para muita especulação que pode ser produtiva: talvez mais do que tentar desvendar fatos ou nuances de nosso passado, pensar em qual outro passado gostaríamos de ter tido possa dizer muito sobre nós mesmos. Mas, afinal, um filme vale mais pelo que ele é ou pelo que nos provoca?
The Post: A Guerra Secreta
3.5 607 Assista AgoraVale como retrato de época da discriminação contra as mulheres e do trabalho nos bastidores da notícia. O roteiro do filme envolve: desafio que haja alguém que não tenha vibrado quando Kay Graham enfim se empodera e toma decisão (ainda que essa trajetória tenha sido milimetrica e hollywoodianamente desenhada). Mas o tratamento dado ao tema é muito simplista e maniqueísta: o bem (imprensa heróica) vence o mal (governo), como se a imprensa não tivesse também ajudado a colocar esses governantes no poder. As relações íntimas do marido de Kay com os governos passados, suas muitas benesses recebidas desses governos não são tematizadas. Acaso alguém acredita que a grande mídia está a serviço dos governados e não a serviço de seus interesses empresariais (que podem envolver apoiar ou criticar os governos também)?
De fato, uma imprensa livre (e plural!) é peça chave para a democracia, mas as relações da grande mídia com o empresariado e com o governo são bem mais complexas (e menos heróicas) do que o filme fez parecer!
Três Anúncios Para um Crime
4.2 2,0K Assista AgoraPorque os seres humanos são bem mais complexos do que o que cabe nos extremos.
Um roteiro interessante: mote comum, trabalhado de uma forma original; o roteiro brinca o tempo todo com nossas expectativas: basta acharmos que uma coisa vai acontecer, para ela não acontecer. Falas do senso comum, ditas por uma personagem estereotipadamente ignorante (a namorada jovem do ex-marido da protagonista), ganham contornos mais densos.
Vale também pela atuações das personagens centrais.
O Cidadão Ilustre
4.0 198 Assista AgoraO filme tematiza o papel da arte e a relação entre ficção e realidade de forma bem interessante (o que não é trivial, já que o tema já foi muito retratado). Alguns criticam o protagonista pela construção estereotipada de escritor. Para mim, a estereotipia é proposital; faz parte da estética escolhida para contar a história, que abunda em hipérboles hilárias.
Frantz
4.1 120 Assista AgoraPorque a guerra não faz mesmo nenhum sentido...
Primorosa a articulação entre as linguagens - cinema, artes plásticas, música e fotografia (sim, muitas cenas são verdadeiras fotografias) - feita para contar a história. Tudo funciona no filme: os atores, a fotografia, a direção, a trilha. E mesmo o recurso manjado de alternância entre PB e cor é usado de maneira precisa!
Manchester à Beira-Mar
3.8 1,4K Assista AgoraComo o inverno intensifica a tristeza (aliás, por uma total ignorância, nunca tinha pensado no fato de que não é possível enterrar as pessoas durante um inverno rigoroso)!
Com boas atuações e uma bela fotografia, o filme conta a trajetória de Lee Chandler, de como consegue inserir uma dor insuportável no domínio do simbólico (fala também do amor entre irmãos, de como, na iminência da morte, se pode pensar em como ajudar o outro)
O Apartamento
3.9 257 Assista AgoraEntre a necessidade de reparação e o desejo de vingança
Uma história forte, envolta por uma tensão crescente e envolvendo uma fatídica decisão:até que ponto a verdade pode/deve vir à tona?
Moonlight: Sob a Luz do Luar
4.1 2,4K Assista AgoraDe como é difícil crescer, conhecer a si mesmo e bancar o desejo.
Um filme Intenso e sensível com atuações marcantes que fala a respeito do complexo processo de construção de identidade e de como esse processo é atravessado pela imagem e afeto que os outros nos devolvem.
La La Land: Cantando Estações
4.1 3,6K Assista AgoraA trilha e o final salvam o filme. Não simplesmente porque o final não é um final feliz (na concepção das comédias românticas e dos musicais), mas porque evoca diferentes possibilidades de percurso "felizes".
[spoiler][/spoiler]
Passageiros
3.3 1,5K Assista AgoraBom mote que poderia ter sido melhor explorado.
O Vendedor de Sonhos
3.0 242 Assista AgoraFestival de clichês com fracas atuações
Talvez o único mérito do filme seja transportar para as telas do cinema com fidedignidade os clichês, simplificações e superficialidades típicas do gênero auto-ajuda, que, na tela, são amplificados por imagens e enquadramentos óbvios.
Marguerite
3.7 68 Assista AgoraDas muitas verdades possíveis
Assistimos boa parte do filme sob forte tensão: a qualquer momento a protagonista poderá descobrir o fiasco que é.Ter vergonha pelo outro é um dos sentimentos mais fortes e incômodo que pode nos acometer.
Tomados por esse incômodo vamos acessando as muitas camadas do filme.
A mais superficial pode nos levar a uma conhecida pergunta: até que ponto vale a pena dizer/saber a verdade?
As outras camadas nos levam a perguntas e a constatações contraditórias e mais complexas: por que custa tanto para todos dizer a verdade? Só os interesses de cada um?
Nada nem ninguém parece ser (somente) o que é: o marido traidor que não se importa com a esposa, o empregado fiel que cuida da esposa (mas se revela na foto final), os aproveitadores que lucram com a manutenção da ignorância a respeito de si da protagonista.
Enfim, muitas são as verdades possíveis.
Café Society
3.3 530 Assista AgoraWoody Allen por Woody Allen: uma trilha à base de muito Jazz, belos cenários, atuações acima da média, personagens propositalmente estereotipados (um deles sempre desajeitado/tímido) e conflitos amorosos envolvendo diferenças (no caso, de idade). Uma fórmula que funciona. Dessa vez, num filme que fala sobre escolhas amorosas (as que fazemos e as que deixamos de fazer).
Quem nunca se viu diante de uma dúvida amorosa, que atire a primeira pedra...
Aquarius
4.2 1,9K Assista AgoraPorque, não raro, é importante resistir.
Sônia Braga está linda e sua interpretação convence!
PS. Para quem acha que as cenas de sexo são desnecessárias e apelativas, talvez o incômodo seja ainda pensar o sexo na vida de uma mulher de 65 anos, mastectomizada, não? E ainda tem muito preconceito revelado para com o cinema brasileiro, não?
Roma, Cidade Aberta
4.3 119 Assista AgoraDos horrores, dos amores, das fidelidades e das traições em tempos de guerra.
A Juventude
4.0 342Lindo! Imagens, atuações e diálogos memoráveis. Da pretensão de muitos de transcender, da necessidade de alguns de reiventar a vida (sempre) e da aceitação de poucos da sua finitude.
O Quarto de Jack
4.4 3,3K Assista AgoraDe como a linguagem e o afeto podem salvar
Em um primeiro plano, temos um drama psicológico que tem como protagonistas Joy (ou Ma) e seu filho Jack, que vivem presos, confinados em um quarto. Ao longo de cinco anos, mantidos em cativeiro por um homem desequilibrado, Joy cria Jack, buscando dar-lhe acesso às coisas da cultura: brincadeiras, músicas, livros, histórias, TV, comidas.
Mas o filme apresenta várias outras camadas.
Uma delas tematiza a relação entre o real e a linguagem. Mesmo sabendo que um octoedro tem oito lados (conhecimento teórico), Jack não consegue entender o que seria o lado de fora, que ele nunca viu. Como explicar para uma criança que viveu sua vida inteira em 10m2 o que é o mundo? Como explicar que as pessoas da TV existem, mas não são exatamente aquilo que parecem ser para quem a vida toda só viu 2 pessoas? .
Em outra camada, talvez a central, podemos testemunhar uma certa dinâmica do desenvolvimento humano: o quanto nos acomodamos com certas situações que inclusive podem nos ser muito penosas e ambiguamente resistimos a mudar. Sair da zona de conforto é algo que que custa muito!. De novo aqui, a linguagem ajuda e um simples tchau pode ajudar no processo de elaboração do luto e impulsionar a ruptura com a zona de conforto.
É certo que Jack, como qualquer bebê humano, só sobrevive porque é cuidado (e amado) pela mãe. Mas, essa também é uma faceta interessante do filme, é Joy que parece dever mais sua vida ao filho, que não, por acaso, lhe salva por três vezes, sendo a primeira com seu próprio nascimento que pode conferir algum sentido à sua vida no cárcere.
As atuações dos dois são pra lá de convincentes (Oscar merecido!), de maneira que só faz crescer a angústia que nos acompanha na maior parte do filme.
Os Amantes Passageiros
3.1 648 Assista AgoraDivertido! Os dramas pessoais de personagens ao estilo Almodóvar - uma vidente virgem, um matador, uma cafetina, um ex-traficante, um político corrupto, dentre outros -, vem à tona quando descobrem que o avião onde estão tem problemas para pousar.
A Garota Dinamarquesa
4.0 2,2K Assista Agora"A dor e a delícia de ser o que é" levadas às últimas consequências
A dramaticidade da situação é intensificada pela atuação impecável de Eddie Redmayne (cuja transformação paulatina vamos acompanhando) e Alicia Vikander.
Quanto sofrimento´e quanta coragem (de ambas as partes)!
Que amor é esse que abre mão do próprio desejo e da vaidade para olhar e acolher o outro?
Boi Neon
3.6 459 Assista AgoraUm filme testemunho, que não pretende propriamente desenvolver todas as etapas de um roteiro clássico, mas tão somente nos transportar para o cotidiano das vaquejadas. E, nesse sentido, o filme é bem sucedido. Vale também pelo tratamento que dá para as questões de gênero, quebrando estereótipos, e pelo humor e erotismo presentes. Mas a atuação dos atores é irregular, ora bastante convincente, ora bastante irregular, como na cena do banho coletivo em que a exibição do corpo nu da personagem de Cazarré não parece nada natural. Algumas cenas em que sua personagem está sem camisa lembram o recurso fácil das novelas de TV de manter os galãs semi-nus 70% das sua aparições.
O Clã
3.7 198 Assista AgoraForte, angustiante e indigesto.
Para além de expor nuances dos porões das ditaduras latino-americanas (mesmo depois dos processos de (re)democratização), o filme mostra como a manutenção desse regime é acompanhado de uma naturalização da violência e de mecanismos de manipulação. Para tanto, retrata a vida cotidiana dos membros do clã do Puccios, mesclando cenas domésticas - refeições em família, pais dando suporte aos filhos na execução da lição de casa da escola, com cenas de planejamento e execução de sequestros, sob o comando do patriarca da família, que mantém íntimas relações com os militares. A trilha sonora, com sucessos de bandas dos anos oitenta, e a montagem do filme conferem a perspectiva de narrativa da história: o ritmo animado das músicas que acompanham as ações de violência (ao invés de uma habitual trilha de suspense) bem como a sobreposição de imagens das ações de violência, com cenas do cotidiano – namoros, transas, jogos esportivos etc. – colocam o protagonista no comando da narrativa, naturalizando as ações de violência: sequestrar pessoas é um “trabalho” como outro qualquer, na lógica da psicopatia do chefe do clã. A atuação do pai (Guillermo Francella) e dos filhos envolvidos nas ações (um deles representado por Juan Pedro Lanzani) são magistrais, o que aumenta nosso desconforto e desespero cada vez que vemos os filhos sucumbirem à manipulação do pai, que apela constantemente para o sentimento de pertencimento e de necessária fidelidade a um clã especial.
Olmo e a Gaivota
3.9 149Das ambiguidades da maternidade e do sofrimento da busca por ser amado.
Sensível, delicado e intenso.
Misto de documentário e drama com atuações marcantes.
Sem Limites
3.8 1,9K Assista AgoraBom divertimento! O argumento é bom, mas o roteiro se perde um pouco. De Niro pode mais que isso!
4 Luas
3.8 286Porque o amor sempre reserva prazeres e dores em todas as fases da vida (e das relações), que, em geral, são potencializados nas relações homoafetivas!
P.S. Vale também pela delicadeza dos olhares maternos.
O Vendedor de Passados
2.7 172 Assista AgoraPorque o passado nada mais é do que uma narrativa (que em grande parte não nos tem como autores nem como narradores)
Livremente baseado no romance homônimo de Aqualusa, o roteiro parte do mote expresso no título, única coisa em comum com o livro: um homem que tem como profissão vender passados para as pessoas. Mas o que pode levar alguém a querer um passado diferente? A resposta é aberta a mil possibilidades. No filme, duas delas se apresentam: uma constitui a história secundária, a de um homem virgem com dificuldades de se aproximar das mulheres, que acredita que se se apresentar como divorciado pode ter suas chances ampliadas em muito e a outra constitui a trama principal: uma mulher que encomenda um passado qualquer, de preferência que inclua um crime cometido. A construção do passado dessa personagem é entremeada com investigações sobre sua vida real e sobre o passado do próprio protagonista, filho adotivo de um casal de classe média. Realidade vivida, realidade inventada e ficção são confrontadas o tempo todo ao longo da história.
O filme em si tem uma realização mediana, mas dá margem para muita especulação que pode ser produtiva: talvez mais do que tentar desvendar fatos ou nuances de nosso passado, pensar em qual outro passado gostaríamos de ter tido possa dizer muito sobre nós mesmos.
Mas, afinal, um filme vale mais pelo que ele é ou pelo que nos provoca?