Kawan

Sobre o curta-metragem Ardentia

Direção: Thed Oliveira

Ardentia conta a história de dois artistas com personalidades diferentes que dividem o mesmo quarto, convivendo e criando, até que os problemas e a genialidade de um deles acaba influenciando o relacionamento dos dois.
Um filme sublime de poucos minutos, até o momento disponível no youtube, com muita informação. Relata nossa relação com a nossa mente criativa. Os perigos e os benefícios, a produção e o prejuízo. O que é realidade e o que não é.
Narra sobre os fantasmas que convivem com todo criador, que sussurram e as vezes gritam por atenção querendo sair e se tornar arte.
A linha tênue da benção e da angústia de ser uma mente que cria.

kAwan oLiveira

Sobre Orações para Bobby

Direção: Russel Mulcahy

Demorei dez anos para tomar coragem e assistir Orações Para Bobby
Em 2010, na busca por filmes de temática gay que me representassem de alguma forma, fui apresentado a sinopse deste filme que rejeitei de imediato, pois me encontrava numa época difícil lutando contra demônios envolvendo minha mente e minha própria sexualidade.
Em uma situação, minha falecida avó chegou a assistir em um canal a cabo e me recomendar. Nessas horas que valorizamos como é o privilégio de ter alguém da família que nos aceite. Ela não se recordava do nome do filme, mas eu mesmo sem ter assistido sabia bem. E ainda não estava preparado para assistir.
Enfim, em 2020, decidi que já era hora de assistir. “Talvez não seja o que eu estou pensando”
A gente sabe de cara que Bobby irá morrer, mesmo assim a gente chega a torcer por ele e se frustrar com seu desfecho. Eu que já passei por rejeição, chego a sentir junto ao personagem todo o olhar de censura. A grande questão é o que vai continuar depois que ele se vai, e como vai continuar.
O filme relata a vida cruel de jovens que são rejeitados por suas famílias por serem gays, muitas famílias, alienadas pela religião torturam suas crianças como se elas fossem possuídas por algo de maligno.
Também somos apresentados ao lado da luta de pais que brigam para que seus filhos sejam aceitos na sociedade e é aí que a história recomeça. A desconstrução que a personagem principal passa é o que nos leva da angústia ao alívio.
Forte e necessário, uma história que precisa ser vista por muitas famílias. O quão é importante ser aceito, principalmente, por quem amamos.

Adorável serial-killer

Sobre o filme O Anjo

Direção: Luis Ortega

A história de um dos maiores assassinos em série da Argentina
Carlitos (Lorenzo Ferro) é um adolescente que faz sucesso com seus cabelos loiros e o jeito de galã de cinema. Desde menino, cobiçava as coisas de outras pessoas, mas foi no início da adolescência que descobriu seu verdadeiro talento para roubar. Quando conhece Ramon em sua nova escola, embarca com ele em uma jornada de descobertas, amor e crime. Por causa de sua aparência angelical, Carlitos passa a ser conhecido como “O Anjo da Morte”.
Nesse brilhante filme argentino, eu fiquei impactado pelo fato de em determinados pontos sentir um misto de receio e ternura e até mesmo torcer por ele, pensamentos que eu repelia me chamando de volta razão.
Carlitos exala um ar ingênuo e pueril mesmo quando comete os crimes mais bárbaros, ele nos encanta com sua imagem angelical, olhar inocente e com seus cachos loiros seduz a nossa atração pela estética eurocentrada. Sua suposta ingenuidade ganha um reforço quando ao ser questionado por sua mãe se ele achava que uma pessoa normal faria tudo aquilo que fez, ele coloca as mão nas bochechas num gesto infantil e diz: Sim!
Outra coisa que encanta no filme são a trilha sonora com as danças de Carlito, os cenário dos anos 70 e a ótima interpretação de Lorenzo Ferro.

kAwan oLiveira