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O Universo No Olhar
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Uma segunda chance? Como seria ter um duplo, um outro eu num reflexo da Terra? Será que esse outro seria a oportunidade de (re)pensar trajetórias, escolhas e erros já cometidos?
Gostei muito do argumento que move o filme: a culpa, a solidão e a possibilidade de mudança mesmo que vislumbrado apenas no céu. As paisagens que compõem as cenas em que ela caminha é um deleite, imaginei o que seria ver a "outra Terra" junto a lua, ah! (ou qualquer outro planeta, desde que não fosse o Melancolia, vale ressaltar).
Uma pena o desenrolar da trama num quase romance... desnecessário, mas o músico tocar um serrote, isso sim foi uma escolha de "outro mundo", e emitir algo próximo de uma voz, um mistério! (Não tem nada haver, mas com essas coisas de espaço e vozes lembrei do monolito no filme do Kubrick...corta!)
O último minuto, esse sim, na minha opinião, vale o argumento do filme!
Últimos recados
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Eu gosto de filme-rotina por mostrar "sempre o mesmo" dos personagens, assim aos poucos vamos nos integrando lentamente aos seus movimentos, e ao jeito de cada um levar o seu dia. Apesar de toda movimentação nas caóticas ruas da Índia, os personagens falam muito pouco, boa parte do tempo estão sozinhos e a solidão pesa. "Eu acho que nós esquecemos coisas se não há ninguém para dizer-nos."
A entrega de comidas é uma coisa intrigante, impossível de entender e ressalta o entregador: não há falhas! Mas é justamente na falha que o filme se desenrola: os personagens trocam cartas e se entregam às descobertas de si para o outro revelando igualmente suas falhas. Lembrei de trechinho de um livro: " É assim que a falha faz aparecer o implícito em toda sua extensão: a decepção faz nascer a aceitação global da coisa que se esperava. O choque da falha faz surgir um mundo que até então não se conhecia, ..." ( A invenção da paisagem - Anne Cauquelin).
Durante um passeio, Isaajan Fernandez observa as pinturas de um artista que faz quadros do mesmo lugar e tudo parece igual, somente quando ele pára, é possível observa as sutis diferenças em cada pintura. Filmes assim nos põe no centro dos nossos hábitos: o que fazemos com a nossa vida, com o nosso tempo e com as nossos desejos?
Dependendo do filme eu sou pura esperança, nesse caso acredito que, enquanto ela olha pela janela, ele, no trem de entregas, conseguirá encontrá-la a tempo.
"Às vezes o trem errado nos leva ao lugar certo."