Milena Antunes

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Depois disso, senti que estava assistindo à um documentário sobre o Café Tacvba. Não sei se é porque o Rubén deu boas entrevistas, se é porque o Santaolalla foi produtor da série e é o cara por trás da banda, mas achei super desproporcional. Sem desmerecer a importância do Café Tacvba, mas dava para cortar algumas partes e dedicar à outras bandas que foram pinceladas muito por cima. Toda vez que apareciam imagens do México na TV já me dava um nervoso sem fim, hahaha!

A parte que fala sobre o próprio Soda Stereo senti muuuuito rasa, mas muito mesmo. Foi tipo: começou a sodamania/a banda acabou... Não acredito que tenha dado para àqueles que não os conhecem a real dimensão do trio para a história do rock latino. O sucesso deles foi o que impulsionou a criação dos selos e o nascimento de bandas locais em vários países. O Soda foi pioneiro em diversas vertentes, bateu vários recordes de público e é idolatrado até hoje. Tanto que tem uma turnê de homenagem à banda (interrompida pela Covid) onde vários desses cantores que aparecem no documentário sobem ao palco para celebrar a obra do Soda Stereo. Nem na parte da MTV os caras foram citados! Fique boba!!! Nem um segundinho para falar sobre o show da 9 de julio? Sério???!!!!

Bem decepcionada também com a parte da Argentina dos anos 80 para frente. Quando citam Los Redondos (que eu nem gosto) ficou muito pobre de contexto e tem toda uma divisão social norte/sul em Buenos Aires, perfis dos fãs que explicam o porquê deles serem tão idolatrados no país. O trecho dos anos 90 também, na época da recessão (quando aparecem Los Piojos), foi raso demais e com muitas bandas que caracterizaram esse período super importante passando em branco.

Outra coisa que incomodou muito foi a (quase) ausência do Uruguai. Eu dava um berro no encerramento de cada episódio, do tipo: "Gente, o Uruguai fica na Ásia?!". Vou nem falar de Cromañón... Como citar Cromañón sem explicar quem estava no palco? Quem eram aqueles jovens? É uma tragédia muito mais profunda.

Mas o pior de tudo é tentarem vender o Maná como Soda Stereo. Sei que no Brasil a turma, no geral, só conhece Maná, mas já adianto: NÃO! NUNCA!

Até aqui é um desabafo de quem já tinha expectativas e sentiu que começaram a correr demais com as informações em determinado momento. Mas o documental tem mais coisas positivas do que negativas. Achei o início bem forte e com várias referências importantes. Enlouqueci quando enfatizaram que o Serú Girán nasceu em Búzios, quando os integrantes estavam em exílio no Brasil em decorrência da ditadura argentina. Essa parte já sabia, mas não lembro de ter lido antes que eles se apresentaram em São Paulo.

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