A internet veio não apenas para revolucionar e concretizar os meios de comunicação antes existentes, mas também se estabelecer como um espaço amplamente democrático, livre e massificado de informações. Como o próprio Swartz afirmou, isso pode significar muitas coisas e isso apenas depende da forma como o uso da internet pode ser direcionado pelos detentores do poder e pelo usuário individualmente.
Os ideais e a vontade de fazer a mudança acontecer presentes na personalidade dele, além de seu talento inato com tecnologia são inspiradores. Para além dos feitos através do ativismo pela dispersão do conhecimento e pela integridade da internet, é extraordinário que em sua plena adolescência tenha participado do desenvolvimento da Creative Commons, Reddit e RSS.
A informática já transformou o mundo e não há mais caminho de volta, apenas novas montanhas a serem escaladas. Aaron Swartz com toda certeza teria continuado a contribuir, produzir e lutar para que a internet, a liberdade e o conhecimento fossem direitos humanos concebidos.
A Alexandra Elbakyan, criadora do Sci-Hub, perdeu o processo para a Elsevier, saindo no prejuízo de 15 milhões de dólares. A conquista do Sci-Hub é praticamente (ou quase) o que Swartz desejava fazer, e enquanto vem dando certo, é gratificante ver que algo próximo disso veio a se concretizar e vem mudando a realidade de inúmeros pesquisadores e ampliando o acesso desses periódicos para além do âmbito acadêmico.
"Seja curioso, leia muito, experimente coisas novas. Eu acho que muito do que as pessoas chamam de inteligência apenas se resume a curiosidade."
Após rever o documentário, passeando no Youtube achei esses vídeos (que informações dizem ser de 2004) com as crianças mais velhas relatando como estavam a vida delas após o filme:
Parte 1 - <https://www.youtube.com/watch?v=wSC3z7OAQ1Q> Parte 2 - <https://www.youtube.com/watch?v=oIWVNR1_O5Y>
Filmes silenciosos são filmes sensoriais. Na ausência de diálogos, o enfoque dos sons estão no cenário: no som do vento, nos objetos que batem-se contra os outros, nos tiros de caça, nas respirações fortes do homem, nos gemidos da mulher. É nessa sensibilidade de explorar ou vivenciar uma obra de forma sensorial que se encontra muitos aspectos do filme que não ditos.
Dentro do contexto do filme, o silêncio é um elemento aplicado de forma inteligente. O homem que vive isolado não é um homem de muitas palavras, talvez por passar a maior parte do tempo sozinho. Quando está na companhia de uma mulher, comunica-se apenas para o que parece necessário.
Observando todos esses elementos atrelados a rotina de trabalho bruto, é possível ter uma compreensão melhor do porquê este homem simplesmente "caça" suas mulheres no sexo como caça lobos para obter suas peles.
O personagem manifesta todos os comportamentos que se espera de um homem rudimentar. A grande sacada do filme está na sensibilidade do personagem quando cuida das mulheres enfermas, quando no anseio de ser pai, faz um bercinho de madeira para os bebês. Então no mesmo cenário onde um homem compra mulheres, copula de forma animal, caça e mantêm comportamentos primitivos, esse mesmo homem parece ter a capacidade de cuidar, a saudade da companhia, o sonho de ser pai, e a necessidade de chorar. Tudo atrelado ao seu instinto protetor.
É curioso também como, pelo menos eu, fui criando empatia pelo personagem ao longo do filme. A cena em que o personagem abraça a mulher para aquecê-la (que inclusive deu capa ao filme) após uma noite no mais terroroso frio foi de cortar o coração.
O final não me pareceu tão previsível quanto muitos relataram. Frustrado na tentativa de ser pai e de forçar a mulher a viver com ele, ele a liberta. A partir daí, a sequência consegue ser muito sensível aos fatos que decorrem.
Acredito que o filme deixe lacunas sim, principalmente em algumas sequências iniciais. Mas a intenção do filme me parece ter sido cumprida, e isso ás vezes é o suficiente.
Impossível não se recordar da obra precursora de todas as distopias: Admirável Mundo Novo.
Diversos aspectos, e em especial a questão dos sentimentos, que são descritos no universo de Huxley foram incorporados aqui (muito melhor do que nas próprias adaptações da obra, diga-se de passagem).
Penetrando o contexto da época, é com toda certeza um filme de impacto, e também inteligente ao misturar noir com distopia. As poesias presentes nas passagens também conseguem ser adoráveis. Meu incômodo se restringe a execução de algumas cenas (talvez pelo descostume), que ao meu ver soam desproporcionais, ás vezes até incoerentes com o andamento do filme. E como não poderia deixar de comentar: Anna Karina está mesmo maravilhosa. É um filme interessante em muitos aspectos; embora tenha seus momentos enfadonhos.
Li em algum lugar que o filme teve distribuições com trilhas sonoras diferentes, então é muito provável que se baixar outra versão teria outra trilha sonora.
Entretanto, a versão que vi (com o The Cinematic Orchestra) foi simplesmente muito marcante, casou tão bem com os acontecimentos e o movimento da cidade, das pessoas, do cotidiano acontecendo, pude me lembrar dos trabalhos de Ron Fricke e das sensações que tive apreciando-os, e penso que Vertov foi um Fricke soviético.
Quanta sensibilidade, que olhar mágico, ao pegar os acontecimentos simplórios, cotidianos, e transformar isso no registro da movimentação da vida de uma época!
Histórico, sensível, marcante, e até mesmo simbólico. Impressionantemente sensorial.
Me foi de certa forma difícil tentar fazer uma análise desse filme. Em primeiro lugar, porque pessoalmente quebrou-me algumas expectativas.
Sim, há diálogos maravilhosos (aqui deixo elogios para a trilha sonora), mas os personagens, e em especial Johnny, transparece uma profundidade que não está lá.
De fato questiona e divaga sobre questões do universo, da miséria (que ele inclusive vive), mas age como uma pessoa que não reflete verdadeiramente.
Não estou dizendo que deveria ser um herói, mas acho que esse foi um ponto não muito bem trabalhado, a sensação que ficou foi a de que ele usava esses pensamentos apenas para conquistar as pessoas e então tornava a ser babaca, principalmente nas cenas com mulheres.
Cenas marcantes, diálogos interessantes, e até pontos bons como um filme existencialista e um protagonista niilista que como já disseram, parece ter provindo do subsolo dostoiévskiano. Mas no fim é vazio (e talvez fosse essa mesmo a pretensão).
Por algum motivo, gostaria que a personagem da Claire Skinner tivesse participado mais do filme, e também fiquei curiosa pra saber qual tipo de relação ela tinha com Sebastian.
Há muita coisa para ser analisada dentro desse filme, o comportamento de Bess abrange aspectos que vão além de algumas definições dadas aqui nos comentários (como por exemplo, que a personagem apenas age por amor).
Acima de tudo, a percepção que fica é que a crítica está centrada no quão prejudicial pode ser a influência do fanatismo religioso, em como isso afeta o psicológico humano - ainda mais em pessoas inocentes e menos desenvolvidas com maturidade.
É mais uma produção tocante do von Trier. Um diretor extremamente provocante, parece querer extrair e extorquir os mais variados e intensos sentimentos de quem assiste suas obras, colocando o ser humano em queixa, tanto na tela, quanto fora dela - quem assiste automaticamente é levado junto com filme.
Não posso deixar de também elogiar a trilha sonora. Que gosto musical lapidado!
Em síntese uma exploração do psicológico humano - o que o transforma, o que o influencia, o que o afeta e o faz ser precursor de comportamentos e atitudes.
O final, o silêncio e os sinos, deixa a reflexão, e uma mistura de agonia e conforto.
Fiquei absorta, olhando os créditos subirem ao som da Sonata Siciliana de Bach.
Que produção graciosa e muito bem sucedida em encaixar visões de diferentes áreas do conhecimento e diferentes formas de encarar a vida. Trabalha uma questão essencial a nível de reflexão, ainda mais hoje - que como demonstrado - os conceitos de futuro e passado parecem cada vez mais "ultrapassados", cada vez mais instantâneos a tal nível que vivemos instantes e apenas esses instantes são o presente.
Destaques para as aparições de Marcelo Gleiser e da Monja Coen (sem desmerecer os demais), que foram as minhas surpresas adoravelmente agradáveis.
Interessante a atmosfera desse filme, que te põe no lugar da personagem fazendo-nos sentirmos como ela. Tendo suas ressalvas, é um bom filme, principalmente porque cumpre a intenção que tem. (Ouvir e aprender algumas palavrinhas em sueco é uma delícia).
Primeiro eu gostaria de deixar evidente minha admiração pelo elenco e pelas pessoas que submetem-se a papéis como esse. Há uma diferença enorme entre o ator que interpreta um personagem rico ou feliz, em um cenário de glamour, e o ator que está presente na miséria e expressando as consequências da mesma condição.
Não pude deixar de me lembrar constantemente de Gummo (Korine). O desfoque na história, cenas perdidas e aparentemente sem nexo (o que são característica Dogma 95, como citaram abaixo), a miséria e a decadência humana sendo representadas de forma tão crua me levam a concluir que todos esses elementos usados na narrativa cumprem com eficiência a intenção do filme (deixando até mesmo a sensação de "vazio" em termos de roteiro, uma vez que a história é tão perdida quanto seus personagens).
Há formas e formas de representar as coisas, o que esquecemos é que situações como as representadas existem e não são nem um pouco belas na vida real, e é assim que penso que Moodysson decidiu representar: par a par com o que existe, questões que podem não ter um cerne como Lilja, mas não deixam de ser reais. Mesmo sabendo que existem, estamos sempre inertes para a miséria ou ás vezes mesmo fazendo parte preferimos fechar os olhos e achar que não é tão ruim quanto parece. E o interessante deste tipo de filme é focalizar nossa atenção constantemente ao desagradável, e novamente isso não teria o mesmo efeito sem os elementos cinematográficos utilizados.
Há uma parte do filme em que Rickard diz que a indústria pornô é a maior das indústrias, e que ainda assim encaram o que eles fazem como sujo e deplorável, mas se realmente o é, a humanidade tem um problema, porque estão apenas fazendo o que as pessoas gostam. Essa é a parte que mais me fez pensar, é uma questão que te acomete diretamente para fora do filme te incluindo em um problema real.
É um filme forte, tanto visualmente quanto existencialmente, e é preciso estar sensivelmente disposto para assistir de forma atenciosa aos aspectos que levam a pensar.
De fato não foi feito pra ser agradável, para ser apreciado, está em seus propósitos incomodar e provocar a reflexão de forma crua e real: e bem sabemos que essas realidades são perdidas e desprovidas de uma moral que diz que tudo fica belo e bem no final.
Podemos perceber, desde o início, elementos no comportamento da Vanda que estão lá para provocar o diretor Thomas. Por exemplo, sua linguagem e “expressões modernas”, o tom zombador, o chiclete. Todos esses elementos levam Thomas a pensar que ela não é talentosa e é apenas mais uma a passar por ali. E então quando ela atua, ele cai de boca no chão. É interessante observar também, que em certo momento, ela pausa a atuação, na cena do contrato, para fazer um comentário: “Parece que ela já havia preparado tudo antes de entrar ali”. Há muito o que se discutir sobre esse filme.
"E Deus o castigou e o colocou nas mãos de uma mulher"
Acho interessante como a coloração na fotografia é vital para criar uma atmosfera e te colocar dentro dela. O diretor fez um ótimo uso desse recurso combinando azul, branco e cinza. Fez o mesmo com a trilha sonora. Me senti o tempo todo encaixada naquele universo apagado, monótono, melancolicamente e profundamente angustiante. Uma ótima experiência, ainda mais se visto no silêncio, na quietude da madrugada.
Quando eu penso que não vou me surpreender mais na vida, eu me surpreendo. E honestamente, sinto que essa é uma das coisas mais boas que eu posso dizer.
Esse filme é uma junção gargalhadas seguidas de olhos esbugalhados. São reações de incredulidade perante o que se vê. Isso sem contar o restante das milhares de sensações que você sente ao ver cada “situação”. Ora, você pensa se faria o mesmo, se identifica, ou acha loucura, ou não concorda, mas a todo momento se coloca no lugar do personagem.
É uma obra que apresenta através de situações individuais e distintas, o mesmo problema através de ângulos diferentes, passeando através de críticas e questões profundas. "Até onde você iria se fosse exposto a uma situação de estresse extremo? Como você reagiria a um grande trauma? Qual é o limite entre a civilização e a barbárie? A vingança é reconfortante?"
Bem como disseram, esse filme só não chega a ser surreal por beirar a realidade na qual vivemos.
(Ainda não consegui decidir qual casamento é melhor: esse, ou o de Melancolia..xD)
Ver um jornalista como o Pinchbeck é profundamente gratificante.
"Não acho que devemos sofrer. Não é a melhor forma de resolver nossos problemas. O principal é mudar a consciência, é estarmos cientes do que fazemos. Vivemos num ponto cego e achamos isso normal! Bem, acorde. Acorde."
Por exemplo, o método de estudo dos Draggs, é muito parecido com o processo de hipnopedia (aprendizagem durante o sono, através de gravações). Os Oms, apesar de serem seres racionais e sensíveis tais como os Draggs são tratados como inferiores, são explorados e privados de conhecimento, assim como os selvagens em Admirável Mundo Novo. Essa é uma metáfora incrível com a realidade, "os selvagens são sujos, roubam e se reproduzem rápido" é um conceito que se encaixa perfeitamente na privação de conhecimento, brutalmente falando, sempre aos mais pobres.
A animação é bela, psicodélica e sensorial, se casa perfeitamente com a trilha sonora. O filme todo é uma viagem fantástica, e genial, com certeza.
O Menino da Internet: A História de Aaron Swartz
4.4 66 Assista AgoraA internet veio não apenas para revolucionar e concretizar os meios de comunicação antes existentes, mas também se estabelecer como um espaço amplamente democrático, livre e massificado de informações. Como o próprio Swartz afirmou, isso pode significar muitas coisas e isso apenas depende da forma como o uso da internet pode ser direcionado pelos detentores do poder e pelo usuário individualmente.
Os ideais e a vontade de fazer a mudança acontecer presentes na personalidade dele, além de seu talento inato com tecnologia são inspiradores. Para além dos feitos através do ativismo pela dispersão do conhecimento e pela integridade da internet, é extraordinário que em sua plena adolescência tenha participado do desenvolvimento da Creative Commons, Reddit e RSS.
A informática já transformou o mundo e não há mais caminho de volta, apenas novas montanhas a serem escaladas. Aaron Swartz com toda certeza teria continuado a contribuir, produzir e lutar para que a internet, a liberdade e o conhecimento fossem direitos humanos concebidos.
A Alexandra Elbakyan, criadora do Sci-Hub, perdeu o processo para a Elsevier, saindo no prejuízo de 15 milhões de dólares. A conquista do Sci-Hub é praticamente (ou quase) o que Swartz desejava fazer, e enquanto vem dando certo, é gratificante ver que algo próximo disso veio a se concretizar e vem mudando a realidade de inúmeros pesquisadores e ampliando o acesso desses periódicos para além do âmbito acadêmico.
"Seja curioso, leia muito, experimente coisas novas. Eu acho que muito do que as pessoas chamam de inteligência apenas se resume a curiosidade."
Promessas de um Novo Mundo
4.6 72Após rever o documentário, passeando no Youtube achei esses vídeos (que informações dizem ser de 2004) com as crianças mais velhas relatando como estavam a vida delas após o filme:
Parte 1 - <https://www.youtube.com/watch?v=wSC3z7OAQ1Q>
Parte 2 - <https://www.youtube.com/watch?v=oIWVNR1_O5Y>
Sob a Pele do Lobo
3.0 117 Assista AgoraFilmes silenciosos são filmes sensoriais. Na ausência de diálogos, o enfoque dos sons estão no cenário: no som do vento, nos objetos que batem-se contra os outros, nos tiros de caça, nas respirações fortes do homem, nos gemidos da mulher. É nessa sensibilidade de explorar ou vivenciar uma obra de forma sensorial que se encontra muitos aspectos do filme que não ditos.
Dentro do contexto do filme, o silêncio é um elemento aplicado de forma inteligente. O homem que vive isolado não é um homem de muitas palavras, talvez por passar a maior parte do tempo sozinho. Quando está na companhia de uma mulher, comunica-se apenas para o que parece necessário.
Observando todos esses elementos atrelados a rotina de trabalho bruto, é possível ter uma compreensão melhor do porquê este homem simplesmente "caça" suas mulheres no sexo como caça lobos para obter suas peles.
O personagem manifesta todos os comportamentos que se espera de um homem rudimentar. A grande sacada do filme está na sensibilidade do personagem quando cuida das mulheres enfermas, quando no anseio de ser pai, faz um bercinho de madeira para os bebês. Então no mesmo cenário onde um homem compra mulheres, copula de forma animal, caça e mantêm comportamentos primitivos, esse mesmo homem parece ter a capacidade de cuidar, a saudade da companhia, o sonho de ser pai, e a necessidade de chorar. Tudo atrelado ao seu instinto protetor.
É curioso também como, pelo menos eu, fui criando empatia pelo personagem ao longo do filme. A cena em que o personagem abraça a mulher para aquecê-la (que inclusive deu capa ao filme) após uma noite no mais terroroso frio foi de cortar o coração.
O final não me pareceu tão previsível quanto muitos relataram. Frustrado na tentativa de ser pai e de forçar a mulher a viver com ele, ele a liberta. A partir daí, a sequência consegue ser muito sensível aos fatos que decorrem.
Acredito que o filme deixe lacunas sim, principalmente em algumas sequências iniciais. Mas a intenção do filme me parece ter sido cumprida, e isso ás vezes é o suficiente.
Alphaville
3.9 177 Assista AgoraImpossível não se recordar da obra precursora de todas as distopias: Admirável Mundo Novo.
Diversos aspectos, e em especial a questão dos sentimentos, que são descritos no universo de Huxley foram incorporados aqui (muito melhor do que nas próprias adaptações da obra, diga-se de passagem).
Penetrando o contexto da época, é com toda certeza um filme de impacto, e também inteligente ao misturar noir com distopia. As poesias presentes nas passagens também conseguem ser adoráveis. Meu incômodo se restringe a execução de algumas cenas (talvez pelo descostume), que ao meu ver soam desproporcionais, ás vezes até incoerentes com o andamento do filme. E como não poderia deixar de comentar: Anna Karina está mesmo maravilhosa. É um filme interessante em muitos aspectos; embora tenha seus momentos enfadonhos.
Um Homem com uma Câmera
4.4 196 Assista AgoraLi em algum lugar que o filme teve distribuições com trilhas sonoras diferentes, então é muito provável que se baixar outra versão teria outra trilha sonora.
Entretanto, a versão que vi (com o The Cinematic Orchestra) foi simplesmente muito marcante, casou tão bem com os acontecimentos e o movimento da cidade, das pessoas, do cotidiano acontecendo, pude me lembrar dos trabalhos de Ron Fricke e das sensações que tive apreciando-os, e penso que Vertov foi um Fricke soviético.
Quanta sensibilidade, que olhar mágico, ao pegar os acontecimentos simplórios, cotidianos, e transformar isso no registro da movimentação da vida de uma época!
Histórico, sensível, marcante, e até mesmo simbólico. Impressionantemente sensorial.
Nu
4.0 126Me foi de certa forma difícil tentar fazer uma análise desse filme. Em primeiro lugar, porque pessoalmente quebrou-me algumas expectativas.
Sim, há diálogos maravilhosos (aqui deixo elogios para a trilha sonora), mas os personagens, e em especial Johnny, transparece uma profundidade que não está lá.
De fato questiona e divaga sobre questões do universo, da miséria (que ele inclusive vive), mas age como uma pessoa que não reflete verdadeiramente.
Não estou dizendo que deveria ser um herói, mas acho que esse foi um ponto não muito bem trabalhado, a sensação que ficou foi a de que ele usava esses pensamentos apenas para conquistar as pessoas e então tornava a ser babaca, principalmente nas cenas com mulheres.
Cenas marcantes, diálogos interessantes, e até pontos bons como um filme existencialista e um protagonista niilista que como já disseram, parece ter provindo do subsolo dostoiévskiano. Mas no fim é vazio (e talvez fosse essa mesmo a pretensão).
Por algum motivo, gostaria que a personagem da Claire Skinner tivesse participado mais do filme, e também fiquei curiosa pra saber qual tipo de relação ela tinha com Sebastian.
Ondas do Destino
4.2 335 Assista AgoraSorumbático. Emily Watson está impecável.
Há muita coisa para ser analisada dentro desse filme, o comportamento de Bess abrange aspectos que vão além de algumas definições dadas aqui nos comentários (como por exemplo, que a personagem apenas age por amor).
Acima de tudo, a percepção que fica é que a crítica está centrada no quão prejudicial pode ser a influência do fanatismo religioso, em como isso afeta o psicológico humano - ainda mais em pessoas inocentes e menos desenvolvidas com maturidade.
É mais uma produção tocante do von Trier. Um diretor extremamente provocante, parece querer extrair e extorquir os mais variados e intensos sentimentos de quem assiste suas obras, colocando o ser humano em queixa, tanto na tela, quanto fora dela - quem assiste automaticamente é levado junto com filme.
Não posso deixar de também elogiar a trilha sonora. Que gosto musical lapidado!
Em síntese uma exploração do psicológico humano - o que o transforma, o que o influencia, o que o afeta e o faz ser precursor de comportamentos e atitudes.
O final, o silêncio e os sinos, deixa a reflexão, e uma mistura de agonia e conforto.
Fiquei absorta, olhando os créditos subirem ao som da Sonata Siciliana de Bach.
Quanto Tempo o Tempo Tem
3.8 72Que produção graciosa e muito bem sucedida em encaixar visões de diferentes áreas do conhecimento e diferentes formas de encarar a vida. Trabalha uma questão essencial a nível de reflexão, ainda mais hoje - que como demonstrado - os conceitos de futuro e passado parecem cada vez mais "ultrapassados", cada vez mais instantâneos a tal nível que vivemos instantes e apenas esses instantes são o presente.
Destaques para as aparições de Marcelo Gleiser e da Monja Coen (sem desmerecer os demais), que foram as minhas surpresas adoravelmente agradáveis.
"Mas a mente reflete. A mente questiona. Ela quer mais."
Us
3.3 34Interessante a atmosfera desse filme, que te põe no lugar da personagem fazendo-nos sentirmos como ela. Tendo suas ressalvas, é um bom filme, principalmente porque cumpre a intenção que tem. (Ouvir e aprender algumas palavrinhas em sueco é uma delícia).
Um Vazio no Meu Coração
2.8 70Primeiro eu gostaria de deixar evidente minha admiração pelo elenco e pelas pessoas que submetem-se a papéis como esse. Há uma diferença enorme entre o ator que interpreta um personagem rico ou feliz, em um cenário de glamour, e o ator que está presente na miséria e expressando as consequências da mesma condição.
Não pude deixar de me lembrar constantemente de Gummo (Korine). O desfoque na história, cenas perdidas e aparentemente sem nexo (o que são característica Dogma 95, como citaram abaixo), a miséria e a decadência humana sendo representadas de forma tão crua me levam a concluir que todos esses elementos usados na narrativa cumprem com eficiência a intenção do filme (deixando até mesmo a sensação de "vazio" em termos de roteiro, uma vez que a história é tão perdida quanto seus personagens).
Há formas e formas de representar as coisas, o que esquecemos é que situações como as representadas existem e não são nem um pouco belas na vida real, e é assim que penso que Moodysson decidiu representar: par a par com o que existe, questões que podem não ter um cerne como Lilja, mas não deixam de ser reais. Mesmo sabendo que existem, estamos sempre inertes para a miséria ou ás vezes mesmo fazendo parte preferimos fechar os olhos e achar que não é tão ruim quanto parece. E o interessante deste tipo de filme é focalizar nossa atenção constantemente ao desagradável, e novamente isso não teria o mesmo efeito sem os elementos cinematográficos utilizados.
Há uma parte do filme em que Rickard diz que a indústria pornô é a maior das indústrias, e que ainda assim encaram o que eles fazem como sujo e deplorável, mas se realmente o é, a humanidade tem um problema, porque estão apenas fazendo o que as pessoas gostam. Essa é a parte que mais me fez pensar, é uma questão que te acomete diretamente para fora do filme te incluindo em um problema real.
É um filme forte, tanto visualmente quanto existencialmente, e é preciso estar sensivelmente disposto para assistir de forma atenciosa aos aspectos que levam a pensar.
De fato não foi feito pra ser agradável, para ser apreciado, está em seus propósitos incomodar e provocar a reflexão de forma crua e real: e bem sabemos que essas realidades são perdidas e desprovidas de uma moral que diz que tudo fica belo e bem no final.
Arduino, O Documentário
3.6 3https://www.youtube.com/watch?v=SiTmTP_F6so
El Topo
4.0 219“El topo es un animal que cava galerías bajo la tierra buscando el sol y a veces su camino lo lleva a la superficie: cuando ve el sol, queda ciego.”
Sanctuary: Lisa Gerrard
3.8 2Se alguém tiver link, ficaria muito grata.
A Pele de Vênus
4.0 218 Assista AgoraPolanski reconstruiu o significado da obra de Masoch, trazendo reflexões sobre Venus in Fur que antes nem haviam passado pela minha mente.
Podemos perceber, desde o início, elementos no comportamento da Vanda que estão lá para provocar o diretor Thomas. Por exemplo, sua linguagem e “expressões modernas”, o tom zombador, o chiclete. Todos esses elementos levam Thomas a pensar que ela não é talentosa e é apenas mais uma a passar por ali. E então quando ela atua, ele cai de boca no chão.
É interessante observar também, que em certo momento, ela pausa a atuação, na cena do contrato, para fazer um comentário: “Parece que ela já havia preparado tudo antes de entrar ali”. Há muito o que se discutir sobre esse filme.
"E Deus o castigou e o colocou nas mãos de uma mulher"
Shame
3.6 2,0K Assista AgoraAcho interessante como a coloração na fotografia é vital para criar uma atmosfera e te colocar dentro dela. O diretor fez um ótimo uso desse recurso combinando azul, branco e cinza. Fez o mesmo com a trilha sonora. Me senti o tempo todo encaixada naquele universo apagado, monótono, melancolicamente e profundamente angustiante. Uma ótima experiência, ainda mais se visto no silêncio, na quietude da madrugada.
Relatos Selvagens
4.4 2,9K Assista AgoraQuando eu penso que não vou me surpreender mais na vida, eu me surpreendo. E honestamente, sinto que essa é uma das coisas mais boas que eu posso dizer.
Esse filme é uma junção gargalhadas seguidas de olhos esbugalhados. São reações de incredulidade perante o que se vê. Isso sem contar o restante das milhares de sensações que você sente ao ver cada “situação”. Ora, você pensa se faria o mesmo, se identifica, ou acha loucura, ou não concorda, mas a todo momento se coloca no lugar do personagem.
É uma obra que apresenta através de situações individuais e distintas, o mesmo problema através de ângulos diferentes, passeando através de críticas e questões profundas. "Até onde você iria se fosse exposto a uma situação de estresse extremo? Como você reagiria a um grande trauma? Qual é o limite entre a civilização e a barbárie? A vingança é reconfortante?"
Bem como disseram, esse filme só não chega a ser surreal por beirar a realidade na qual vivemos.
(Ainda não consegui decidir qual casamento é melhor: esse, ou o de Melancolia..xD)
Para Sempre Lilya
4.2 869Mein herz brennt.
"Você acha que eu sou sua propriedade? Eu não sou sua propriedade. Você acha que pode me comprar? Você não pode comprar minha alma."
O Duque de Burgundy
3.3 80Esse filme é realmente uma surpresa.
Bettie Page Reveals all
4.2 27Acho engraçado como não dá nem para imaginar a história dela apenas vendo suas fotos, seu trabalho. Surpreendente.
Promessas de um Novo Mundo
4.6 72Dói.
2012: Tempo de Mudança
3.8 19 Assista AgoraVer um jornalista como o Pinchbeck é profundamente gratificante.
"Não acho que devemos sofrer. Não é a melhor forma de resolver nossos problemas.
O principal é mudar a consciência, é estarmos cientes do que fazemos. Vivemos num ponto cego e achamos isso normal! Bem, acorde. Acorde."
Secretária
3.5 296Se podemos experimentar a dor, assim como o prazer, podemos viver uma vida mais profunda e com mais significado.
Contos Proibidos do Marquês de Sade
3.9 424"Às jovens donzelas do mundo: libertem-se da tirania da virtude e experimentem sem culpa os prazeres da carne..."
Planeta Fantástico
4.3 319Esse filme me lembra ao Admirável Mundo Novo em alguns aspectos.
Por exemplo, o método de estudo dos Draggs, é muito parecido com o processo de hipnopedia (aprendizagem durante o sono, através de gravações). Os Oms, apesar de serem seres racionais e sensíveis tais como os Draggs são tratados como inferiores, são explorados e privados de conhecimento, assim como os selvagens em Admirável Mundo Novo. Essa é uma metáfora incrível com a realidade, "os selvagens são sujos, roubam e se reproduzem rápido" é um conceito que se encaixa perfeitamente na privação de conhecimento, brutalmente falando, sempre aos mais pobres.
A animação é bela, psicodélica e sensorial, se casa perfeitamente com a trilha sonora. O filme todo é uma viagem fantástica, e genial, com certeza.