Um filme meigo e interessante na evolução do personagem, que é, ao final, jogado no lixo. Um final horrível e nojento, para elogiar no Filmow e esbanjar sua falta de sensibilidade.
Filme horripilante. Não sensibilizaria quem não tem sensibilidade, só servindo para torturar quem se importa, revitimizar o Brandon, e para afirmar uma impressão de que o mundo é dominado pelo mal.
Exposição colorida e ensolarada de um histérico que busca o reconhecimento do outro por meio de sua superlativada necessidade de cuidado, meticulosamente ocultada de modo a ser revelada em sua reclusão. Frustrante ver os encontros e possíveis reencontros reais serem jogados fora por medo de deixar de ser o personagem que lhe vestiram, que os desatentos colocam na companhia de Shakespeare, Tchekhov, Lorca... e o pior, ele acredita...
Esse filme consegue subverter a noção de plot twist: quando você vê o desenrolar inicial inusitado e acha que tudo vai ser imprevisível, o filme vai se tornando cada vez mais previsível, numa surpresa ao contrário. Conservador e previsível em sua metáfora da família nuclear pequeno-burguesa. Ainda assim, belíssimo e recomendado como experiência estética inesquecível.
Boa parte do cinema brasileiro está preso há anos a um único tema autorreferente: a desigualdade social vista do ponto de vista dos intelectuais da elite.
Num país com custo de vida altíssimo, onde quem não ostenta bens de consumo não vale nada, e 70% da população (cerca de 150 milhões de pessoas) ganha menos de R$ 2000 (menos de 350 USD), mais da metade da população (mais de 110 milhões de pessoas) ganha menos de um salário mínimo, e um quarto da população (mais de 55 milhões de pessoas) vive abaixo da linha da pobreza (ou seja, vive com menos de R$ 450 mensais), os cineastas, que não podem ignorar seus privilégios sociais num país extremamente miserável e desigual, tentam lidar com a culpa de não conseguir fazer nada pelas pessoas que assistem cotidianamente serem triturados no moedor de carne do mercado de trabalho brasileiro (ou abatidos fora dele) e gravitam todos os filmes ao redor de dois únicos personagens: o sertanejo pobre, geralmente nordestino, ou o pobre marginal da periferia de grandes centros urbanos.
Claro que só conseguimos imaginar os outros com as qualidades que reconhecemos em nós mesmos ou que vemos nas nossas sombras, mesmo que geralmente não reconheçamos essas sombras como nossas. Então, pra conseguir ver dignidade nessas pessoas, o diretor fantasia que a rudeza dos ambientes domésticos e urbano que as cercam são preferências estéticas, não resultado da miséria e desigualdade. Os sertanejos desse filme são homogêneos em seus atributos: despojados materialmente, não sofrem com qualquer consequência negativa da pobreza do local ou do isolamento geográfico de Bacurau, são unânimes no seu esclarecimento em relação aos coronéis parasitas que se arvoram de representantes e sabem muito bem que são eles que mantêm a seca e a miséria, mesmo que essa seja a única carência provocada por eles, contornada com um caminhão pipa de um membro da comunidade. São incrivelmente liberais nos costumes e tratam a nudez, a prostituição, o travestismo e a homossexualidade com a maior naturalidade, e, principalmente, apesar das casas rudes e da cidade sem asfalto (que não causa nenhum inconveniente pra ninguém no filme), são amantes de botânica e de paisagismo, e não se incomodam com moscas, graças à transcendência de sua "espiritualidade popular". Pra lidar com a culpa de não fazer nada pelos sertanejos reais, imagina uma vingança contra a classe mídia que é iludida com condições de vida melhores (pra não verem que são trabalhadores que trabalham para a riqueza de outros, como todo proletário), e os desumaniza, transformando-os num outro estranho, estrangeiro: o invasor imperialista que pode ser assassinado sem culpa pela vingança legítima do oprimido, assim como os nazistas do Tarantino podem ser degolados com prazer, afinal, quem ousaria ver humanidade em nazistas?
Quem é insensível à violência e acha que vingança é uma realização existencial toma por beleza e justiça qualquer horror moral e estético, e brinda o mal pra celebrar sua desesperança. Nada mais que uma desculpa para sádicos de sexualidade embrutecida se deleitarem com assassinatos e violência contra alvos "legítimos" misturados com cenas de sexo aleatório e romantização da prostituição.
Achava que seria mais um road movie fofinho se passando em meio a cenários africanos, mas se mostrou um filme sobre a temática que abrange todo o mundo periférico: o confronto do rural com o urbano e os dilemas da modernização, que destrói os laços afetivos, comunitários e territoriais, criando necessidades que não existiam e seduzindo com promessas que nunca são cumpridas. Os símbolos dessa modernização são para o Kini, a cidade, para o Adams, a prostituta que mede os outros pelo dinheiro, sem integridade moral (Richard Sennet, A corrosão do caráter).
A cidade só pode ter alguns chefes, alguns vitoriosos, que dependem dos derrotados, dos subordinados, para conquistarem esse lugar. A narrativa centra-se na perspectiva masculina, que é a que foi capturada pela modernidade (Rita Felski), e o dilema de botar tudo a perder contando com os ovos dentro da galinha, que é o cerne do mundo dos negócios: o investimento, a aposta, que pode dar certo ou não.
Nessa promessa, alguns estão destinados a vencer, como o Kini, e os estultos, como o Adams, a fracassar. Não aceitando ver sua amizade perdida para aquele que se tornou seu capataz, e sendo inadequado em tudo em comparação com ele, prefere morrer a assumir o papel de derrotado nessa disputa. No fundo, foi o Adams que se deixou levar pelas promessas da cidade-prostituta, enquanto o Kini se manteve íntegro, sempre disposto a perdoar o amigo, fiel à esposa, hesitante em trocá-la pela cidade, pelas promessas de riqueza.
Tim Burton, que nunca mais fez um filme memorável, faz esse filme o mais deprimente possível que uma criança possa aguentar para realçar ao máximo a fofura do elefantinho. Personagens e cenários desperdiçados em um roteiro esquecível.
Ri muito do filme, especialmente das cenas com o Clarence apresentando o George Michael pros gangsta. Mas depois que acaba, o filme deixa o gosto amargo de poder na boca, brincando com a horrível realidade da virilidade ser associada a assassinato e drogas sintéticas destrutivas. Interessante estudo sobre a masculinidade.
Muito inferior a Wheels on Meals (Detonando em Barcelona), é tão sexista que chega a ser desconfortável. As mulheres são umas idiotas completas que estão lá somente pra serem bonitas e engraçadas (de uma maneira desdenhosa) e pra realçar a competência do Jackie estragando tudo várias vezes, sempre correndo o risco de serem despidas.
Os cenários de exuberante luxo e beleza combinados com atuações seguras e um um fino senso de humor fazem deste filme mais que um comentário sobre o savoir-faire e o racismo fundacional dos EUA: é uma experiência estética marcante.
Em um país fundado na segregação racial de um passado escravocrata nunca superado, para um homem de meia idade basta ser branco e estar muito bem-vestido para ser tomado por uma pessoa rica e influente. Entretanto, essas características seriam suficientes para permitir sua entrada na festa, mas não para torná-lo popular entre os convivas.
Como comentou o Thiago (https://filmow.com/comentarios/8168699/), citando Pr 17,28, "Até mesmo o tolo passará por sábio, se conservar sua boca fechada; e, se dominar a língua, parecerá até que tem grande inteligência." Aqui, a sabedoria não é a sagacidade e a habilidade experiente no manejo dos símbolos de distinção social, mas o autodomínio, a capacidade de conter a própria frivolidade. Mas Chance não tem malícia para conter. O que fascina as pessoas e começa a criar por toda a nação um imaginário sobre sua pessoa são sua simplicidade e sua pureza, que permitem que seus interlocutores possam projetar nele a inspiração para os mais elevados atributos de um homem, ou tudo que lhes falta porque precisam se esforçar o tempo todo para se portar bem no baile de máscaras.
Como espectadores(as), temos o privilégio de observar simultaneamente Chance (quem o personagem é) e Chauncey (como os outros o vêem pelas circunstâncias do destino). De um lado, o filme ironiza os alpinistas sociais e a vida adulta que se identifica com a persona. Do outro, nos lembra como é se sentir como aquele cara que nunca entende direito o que está acontecendo diante dos intrincados rituais sociais de dominância dos pavões. Chance é melhor do que isso, porque ele não precisa fingir que está entendendo. Don't be cool.
Quem gostou vai gostar também do romance Admirável Idiota, de Shusaku Endo.
Documentário interessante, que aborda, ainda que de maneira panorâmica, as transformações sociais decorrentes da tecnologia da informação. É impressionante ver como os cientistas envolvidos com as transformações radicais que a sociedade vem enfrentando, para o bem e para o mal, têm uma compreensão pobre, mecanicista e niilista sobre a vida humana. Ao menos que entendamos o que é ser humano, a humanidade vai se perder nessa bolha de deslumbramento com os brinquedos (cada vez menos físicos) que criamos para nos entreter e nos envolver de modo a não termos de encarar nossos dilemas morais e sociais.
Mais um dos sintomaticamente cada vez mais frequentes estudos sobre a masculinidade, essa abordagem inusitada do mito do herói segue firme e leve, mesmo passeando por temas pesados, e, apesar de sua linguagem diretiva e apelativa, que conduz por um percurso bem definido de sentimentos, explora com habilidade o processo de reinvenção da identidade de um grupo de homens para além da masculinidade - sem precisar prescindír dela, numa época em que podemos começar a nos permitir perguntar o que diabos é isso. Um roqueiro que insiste em viver um sonho que não prosperou, um imigrante que mal fala a língua local, um sujeito sensível e que não fala coisa com coisa, um homem agressivo com seus próximos e que não consegue se reconciliar com sua mãe, um deprimido sem sucesso profissional, um fracassado empresário - a prostituição não resolve mais os problemas masculinos, não é mais possível tapar o sol com a peneira. Mas quando ser homem passa não ser mais o centro da identidade, esses homens podem aceitar suas características destoantes do que se espera (ou se esperava?) dos homens,
A superação dos sofrimentos mentais é contada de forma consistente e verossímil - é pela fala que o coração se cura.
Nenhuma transformação vem sem crise - na verdade, é a crise que permite a transformação. E a crise do masculino é também a crise do feminino, vivenciada na autodestruição da Delphine, na dureza de Amanda, nas mulheres que julgam implacavelmente a performance dos homens em cena. Mas
confirma a todos e todas que esse caminho rumo ao desconhecido foi a escolha certa. Quando eles aprendem que é no aprendizado com o feminino que o masculino pode recuperar a agressividade que permite o enfrentamento do desafio, simbolizado no campeonato, mas uma agressividade metamorfoseada em coragem, de falar o que pensa, de parar de mendigar afeto, de ser único e de se expressar a despeito do que os outros pensam.
O caminho escolhido por esses párias permite as risadas e o tom cômico do filme, mas acima de tudo o autodistanciamento necessário para que possamos perceber coisas que, de tão óbvias, às vezes não são percebidas - e nada é mais tido por óbvio do que ser homem. Mas é justamente quando a gente não se leva tão a sério que a gente pode se transcender e se superar. E qualquer caminho que exija dedicação pode nos levar à superação. Até mesmo o improvável e cômico nado sincronizado masculino.
O filme é tão bem construído que poderia ser chamado de "o Mulholland Dr. da comédia pastelão". O filme inteiro é uma elaborada sucessão de metáforas que nos conduzem por reflexões sobre maturidade e amadurecimento. Até o nome de cada pub foi dado para representar momentos do desenvolvimento da trama. Poderia muito bem ser um sonho que um adolescente teria sobre o que é ser adulto, apesar de parecer um sonho de um adulto sobre a adolescência que não quer perder. Ainda que valha a pena aprender a conviver com robôs alienados pra não acabar numa roda de AA depois de uma tentativa de suicídio, e ainda ele não seja exatamente uma inspiração de humanidade, se perdemos contato com o Gary King que há em nós perdemos algo essencial que nos faz humanos, e não temos como ser grandiosos se não conseguimos reconhecer e rir de nossas pequenezas, nem sobreviver se não conseguimos descontrair do fardo da existência, nem reconhecer humanidade nos outros se não reconhecemos nossa própria falibilidade com bom humor. Gary King deixado à própria sorte se destrói, mas seus amigos sem Gary King viram robôs vazios, clientes genéricos em bares e restaurantes de franquias genéricos. Um "admirável idiota"! Se gostou, veja também Idiocracy.
Filme tenso do início ao fim. Como filme, não é grandes coisas. A abordagem do tema, porém, é muito boa, e definitivamente relevante para os dias de hoje. É angustiante ver onde chegamos, e horrorizante pensar que as redes anti-sociais só estão no seu começo.
Estômago
4.2 1,6K Assista AgoraUm filme meigo e interessante na evolução do personagem, que é, ao final, jogado no lixo. Um final horrível e nojento, para elogiar no Filmow e esbanjar sua falta de sensibilidade.
Meninos Não Choram
4.2 1,4K Assista AgoraFilme horripilante. Não sensibilizaria quem não tem sensibilidade, só servindo para torturar quem se importa, revitimizar o Brandon, e para afirmar uma impressão de que o mundo é dominado pelo mal.
Magic Mike
3.0 1,3K Assista AgoraDivertido e triste...
Dor e Glória
4.2 619 Assista AgoraExposição colorida e ensolarada de um histérico que busca o reconhecimento do outro por meio de sua superlativada necessidade de cuidado, meticulosamente ocultada de modo a ser revelada em sua reclusão. Frustrante ver os encontros e possíveis reencontros reais serem jogados fora por medo de deixar de ser o personagem que lhe vestiram, que os desatentos colocam na companhia de Shakespeare, Tchekhov, Lorca... e o pior, ele acredita...
A Tartaruga Vermelha
4.1 392 Assista AgoraEsse filme consegue subverter a noção de plot twist: quando você vê o desenrolar inicial inusitado e acha que tudo vai ser imprevisível, o filme vai se tornando cada vez mais previsível, numa surpresa ao contrário. Conservador e previsível em sua metáfora da família nuclear pequeno-burguesa. Ainda assim, belíssimo e recomendado como experiência estética inesquecível.
Bacurau
4.3 2,8K Assista AgoraBoa parte do cinema brasileiro está preso há anos a um único tema autorreferente: a desigualdade social vista do ponto de vista dos intelectuais da elite.
Num país com custo de vida altíssimo, onde quem não ostenta bens de consumo não vale nada, e 70% da população (cerca de 150 milhões de pessoas) ganha menos de R$ 2000 (menos de 350 USD), mais da metade da população (mais de 110 milhões de pessoas) ganha menos de um salário mínimo, e um quarto da população (mais de 55 milhões de pessoas) vive abaixo da linha da pobreza (ou seja, vive com menos de R$ 450 mensais), os cineastas, que não podem ignorar seus privilégios sociais num país extremamente miserável e desigual, tentam lidar com a culpa de não conseguir fazer nada pelas pessoas que assistem cotidianamente serem triturados no moedor de carne do mercado de trabalho brasileiro (ou abatidos fora dele) e gravitam todos os filmes ao redor de dois únicos personagens: o sertanejo pobre, geralmente nordestino, ou o pobre marginal da periferia de grandes centros urbanos.
Claro que só conseguimos imaginar os outros com as qualidades que reconhecemos em nós mesmos ou que vemos nas nossas sombras, mesmo que geralmente não reconheçamos essas sombras como nossas. Então, pra conseguir ver dignidade nessas pessoas, o diretor fantasia que a rudeza dos ambientes domésticos e urbano que as cercam são preferências estéticas, não resultado da miséria e desigualdade. Os sertanejos desse filme são homogêneos em seus atributos: despojados materialmente, não sofrem com qualquer consequência negativa da pobreza do local ou do isolamento geográfico de Bacurau, são unânimes no seu esclarecimento em relação aos coronéis parasitas que se arvoram de representantes e sabem muito bem que são eles que mantêm a seca e a miséria, mesmo que essa seja a única carência provocada por eles, contornada com um caminhão pipa de um membro da comunidade. São incrivelmente liberais nos costumes e tratam a nudez, a prostituição, o travestismo e a homossexualidade com a maior naturalidade, e, principalmente, apesar das casas rudes e da cidade sem asfalto (que não causa nenhum inconveniente pra ninguém no filme), são amantes de botânica e de paisagismo, e não se incomodam com moscas, graças à transcendência de sua "espiritualidade popular". Pra lidar com a culpa de não fazer nada pelos sertanejos reais, imagina uma vingança contra a classe mídia que é iludida com condições de vida melhores (pra não verem que são trabalhadores que trabalham para a riqueza de outros, como todo proletário), e os desumaniza, transformando-os num outro estranho, estrangeiro: o invasor imperialista que pode ser assassinado sem culpa pela vingança legítima do oprimido, assim como os nazistas do Tarantino podem ser degolados com prazer, afinal, quem ousaria ver humanidade em nazistas?
Quem é insensível à violência e acha que vingança é uma realização existencial toma por beleza e justiça qualquer horror moral e estético, e brinda o mal pra celebrar sua desesperança. Nada mais que uma desculpa para sádicos de sexualidade embrutecida se deleitarem com assassinatos e violência contra alvos "legítimos" misturados com cenas de sexo aleatório e romantização da prostituição.
Kini e Adams
3.7 3Achava que seria mais um road movie fofinho se passando em meio a cenários africanos, mas se mostrou um filme sobre a temática que abrange todo o mundo periférico: o confronto do rural com o urbano e os dilemas da modernização, que destrói os laços afetivos, comunitários e territoriais, criando necessidades que não existiam e seduzindo com promessas que nunca são cumpridas. Os símbolos dessa modernização são para o Kini, a cidade, para o Adams, a prostituta que mede os outros pelo dinheiro, sem integridade moral (Richard Sennet, A corrosão do caráter).
A cidade só pode ter alguns chefes, alguns vitoriosos, que dependem dos derrotados, dos subordinados, para conquistarem esse lugar. A narrativa centra-se na perspectiva masculina, que é a que foi capturada pela modernidade (Rita Felski), e o dilema de botar tudo a perder contando com os ovos dentro da galinha, que é o cerne do mundo dos negócios: o investimento, a aposta, que pode dar certo ou não.
Nessa promessa, alguns estão destinados a vencer, como o Kini, e os estultos, como o Adams, a fracassar. Não aceitando ver sua amizade perdida para aquele que se tornou seu capataz, e sendo inadequado em tudo em comparação com ele, prefere morrer a assumir o papel de derrotado nessa disputa. No fundo, foi o Adams que se deixou levar pelas promessas da cidade-prostituta, enquanto o Kini se manteve íntegro, sempre disposto a perdoar o amigo, fiel à esposa, hesitante em trocá-la pela cidade, pelas promessas de riqueza.
Dumbo
3.4 611 Assista AgoraTim Burton, que nunca mais fez um filme memorável, faz esse filme o mais deprimente possível que uma criança possa aguentar para realçar ao máximo a fofura do elefantinho. Personagens e cenários desperdiçados em um roteiro esquecível.
Operação Zodíaco
3.1 147 Assista AgoraApesar de muito divertido em vários momentos, é bastante constrangedor em vários outros. Veja se quiser ver as cenas de luta e ação.
Keanu - Cadê Meu Gato?!
3.1 70Ri muito do filme, especialmente das cenas com o Clarence apresentando o George Michael pros gangsta. Mas depois que acaba, o filme deixa o gosto amargo de poder na boca, brincando com a horrível realidade da virilidade ser associada a assassinato e drogas sintéticas destrutivas. Interessante estudo sobre a masculinidade.
Operação Condor: Um Kickboxer Muito Louco
3.7 144Muito inferior a Wheels on Meals (Detonando em Barcelona), é tão sexista que chega a ser desconfortável. As mulheres são umas idiotas completas que estão lá somente pra serem bonitas e engraçadas (de uma maneira desdenhosa) e pra realçar a competência do Jackie estragando tudo várias vezes, sempre correndo o risco de serem despidas.
Muito Além do Jardim
4.1 267 Assista AgoraOs cenários de exuberante luxo e beleza combinados com atuações seguras e um um fino senso de humor fazem deste filme mais que um comentário sobre o savoir-faire e o racismo fundacional dos EUA: é uma experiência estética marcante.
Em um país fundado na segregação racial de um passado escravocrata nunca superado, para um homem de meia idade basta ser branco e estar muito bem-vestido para ser tomado por uma pessoa rica e influente. Entretanto, essas características seriam suficientes para permitir sua entrada na festa, mas não para torná-lo popular entre os convivas.
Como comentou o Thiago (https://filmow.com/comentarios/8168699/), citando Pr 17,28, "Até mesmo o tolo passará por sábio, se conservar sua boca fechada; e, se dominar a língua, parecerá até que tem grande inteligência." Aqui, a sabedoria não é a sagacidade e a habilidade experiente no manejo dos símbolos de distinção social, mas o autodomínio, a capacidade de conter a própria frivolidade. Mas Chance não tem malícia para conter. O que fascina as pessoas e começa a criar por toda a nação um imaginário sobre sua pessoa são sua simplicidade e sua pureza, que permitem que seus interlocutores possam projetar nele a inspiração para os mais elevados atributos de um homem, ou tudo que lhes falta porque precisam se esforçar o tempo todo para se portar bem no baile de máscaras.
Como espectadores(as), temos o privilégio de observar simultaneamente Chance (quem o personagem é) e Chauncey (como os outros o vêem pelas circunstâncias do destino). De um lado, o filme ironiza os alpinistas sociais e a vida adulta que se identifica com a persona. Do outro, nos lembra como é se sentir como aquele cara que nunca entende direito o que está acontecendo diante dos intrincados rituais sociais de dominância dos pavões. Chance é melhor do que isso, porque ele não precisa fingir que está entendendo. Don't be cool.
Quem gostou vai gostar também do romance Admirável Idiota, de Shusaku Endo.
As Acácias
3.8 67Indicado para Oscar de Melhor Bebê.
O Mistério do Gato Chinês
3.1 22 Assista Agora"Cenas estranhas
Com cortes esquisitos
Eu não tou legal
Que pira errada desses china"
Eis os Delírios do Mundo Conectado
3.8 35Documentário interessante, que aborda, ainda que de maneira panorâmica, as transformações sociais decorrentes da tecnologia da informação. É impressionante ver como os cientistas envolvidos com as transformações radicais que a sociedade vem enfrentando, para o bem e para o mal, têm uma compreensão pobre, mecanicista e niilista sobre a vida humana. Ao menos que entendamos o que é ser humano, a humanidade vai se perder nessa bolha de deslumbramento com os brinquedos (cada vez menos físicos) que criamos para nos entreter e nos envolver de modo a não termos de encarar nossos dilemas morais e sociais.
Chinatown
4.1 635 Assista AgoraFilme incrível, incrivelmente tenso do início ao fim.
Turma da Mônica: Laços
3.6 607 Assista AgoraO Cascão dos quadrinhos é pardo. Sim, reparem o cabelo dele e do pai dele.
Um Banho de Vida
3.9 114Mais um dos sintomaticamente cada vez mais frequentes estudos sobre a masculinidade, essa abordagem inusitada do mito do herói segue firme e leve, mesmo passeando por temas pesados, e, apesar de sua linguagem diretiva e apelativa, que conduz por um percurso bem definido de sentimentos, explora com habilidade o processo de reinvenção da identidade de um grupo de homens para além da masculinidade - sem precisar prescindír dela, numa época em que podemos começar a nos permitir perguntar o que diabos é isso. Um roqueiro que insiste em viver um sonho que não prosperou, um imigrante que mal fala a língua local, um sujeito sensível e que não fala coisa com coisa, um homem agressivo com seus próximos e que não consegue se reconciliar com sua mãe, um deprimido sem sucesso profissional, um fracassado empresário - a prostituição não resolve mais os problemas masculinos, não é mais possível tapar o sol com a peneira. Mas quando ser homem passa não ser mais o centro da identidade, esses homens podem aceitar suas características destoantes do que se espera (ou se esperava?) dos homens,
e deixam de ser párias para ser campeões.
Nenhuma transformação vem sem crise - na verdade, é a crise que permite a transformação. E a crise do masculino é também a crise do feminino, vivenciada na autodestruição da Delphine, na dureza de Amanda, nas mulheres que julgam implacavelmente a performance dos homens em cena. Mas
a vitória
O caminho escolhido por esses párias permite as risadas e o tom cômico do filme, mas acima de tudo o autodistanciamento necessário para que possamos perceber coisas que, de tão óbvias, às vezes não são percebidas - e nada é mais tido por óbvio do que ser homem. Mas é justamente quando a gente não se leva tão a sério que a gente pode se transcender e se superar. E qualquer caminho que exija dedicação pode nos levar à superação. Até mesmo o improvável e cômico nado sincronizado masculino.
Johnny English 3.0
3.1 119 Assista AgoraO mais fraquinho dos três, mas ainda sim divertido.
Heróis de Ressaca
3.4 507 Assista AgoraO filme é tão bem construído que poderia ser chamado de "o Mulholland Dr. da comédia pastelão". O filme inteiro é uma elaborada sucessão de metáforas que nos conduzem por reflexões sobre maturidade e amadurecimento. Até o nome de cada pub foi dado para representar momentos do desenvolvimento da trama. Poderia muito bem ser um sonho que um adolescente teria sobre o que é ser adulto, apesar de parecer um sonho de um adulto sobre a adolescência que não quer perder. Ainda que valha a pena aprender a conviver com robôs alienados pra não acabar numa roda de AA depois de uma tentativa de suicídio, e ainda ele não seja exatamente uma inspiração de humanidade, se perdemos contato com o Gary King que há em nós perdemos algo essencial que nos faz humanos, e não temos como ser grandiosos se não conseguimos reconhecer e rir de nossas pequenezas, nem sobreviver se não conseguimos descontrair do fardo da existência, nem reconhecer humanidade nos outros se não reconhecemos nossa própria falibilidade com bom humor. Gary King deixado à própria sorte se destrói, mas seus amigos sem Gary King viram robôs vazios, clientes genéricos em bares e restaurantes de franquias genéricos. Um "admirável idiota"! Se gostou, veja também Idiocracy.
WiFi Ralph: Quebrando a Internet
3.7 740 Assista Agora100% feministo sob encomenda, mas o Ralph precisa de corações! Aqui está o meu. <3
Só a cena
das princesas
Aprendendo a Mentir
3.5 11Filme sem surpresas, mas interessante para acompanhar um retrato de uma geração de alemães.
Os Amantes Passageiros
3.1 648 Assista AgoraNão só vocês não têm um mínimo de senso de humor, como são heteros demais!
Homens, Mulheres & Filhos
3.6 670 Assista AgoraFilme tenso do início ao fim. Como filme, não é grandes coisas. A abordagem do tema, porém, é muito boa, e definitivamente relevante para os dias de hoje. É angustiante ver onde chegamos, e horrorizante pensar que as redes anti-sociais só estão no seu começo.