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it doesn't matter who we are what matters is our plan...

Últimas opiniões enviadas

  • Reinaldo do Valle

    Então vamos falar de Tom hansen, pra variar um pouco. Tom trabalha com criação numa empresa que produz cartões comemorativos, de festas, eventos, aniversários, o que for, é preciso um grau emocional maior para desenvolver esse tipo de trabalho, conheço pessoas que produzem escrevendo e é bastante difícil manter uma linha original sem cair no clichê. Tom parece bastante a vontade com a vida que leva, até que surge uma ruptura na sua vida, seu primeiro contato o faz congelar dos pés a cabeça, ironicamente isso é ocasionado por alguém de nome Summer.

    Mas vou me manter no Tom por enquanto, quanto é difícil ver por aí homens assim, que vão de Smiths a Pixies, de Regina Spektor a Doves, Tom entende de sentimentos, de relacionamentos, sabe não ser clichê e sabe o que quer quando cruza com Summer. O filme começa com um enorme discurso sobre quem é Summer, da forma que é colocada, pode se ver tons de que o diretor quer que a Summer seja um ser humano diferente dos outros, não, não é, a escolha de Zooey deschanel para o papel é bastante inteligente pois é uma atriz com traços bastante únicos, desde Almost Famous e outras pontas em flimes, ela sempre preenche a tela com seus olhos enormes e brilhantes, qualquer um ficaria bastante tocado com a sua presença, assim como Tom ficou. Então vou ao ponto dizendo que se por um lado o diretor tenta carimbar na Summer a imagem de alguém nascido de forma diferente, é justamente em Tom Hansen que vai essa imagem.

    Existem centenas de homens agindo como a Summer, existem centenas de homens ficando por ficar, não se apegando a ninguém, o diferente disso é que Summer é independente, inteligente, ela nota o valor que existe no Tom, sua cultura, sua forma carinhosa, meiga, protetora, mas não vê nada além disso, uma pena. Digo que Tom é a figura diferente do filme por não ter os vícios de vira lata que muitos homens tem.

    Tom é o cara que nota detalhes nos olhos, pele, é o namorado que vai notar quando você cortar a franja, quando você pintar as unhas, é o namorado que consegue associar a você as melhores canções, Tom vê em você o romantismo folk de Simon & Garfunkel e ensaia sem mico nenhum, na própria cabeça, os passos mais bregas de um musical regado a Hall & Oates, com claras menções aos anos 80 e toda bagagem infantil que ele tem no coração. Tom é bastante puro no amor que sente, associa seu gostar a coisas puras que guarda em si mesmo e de forma secreta, quase que como uma criança. Summer não está no mesmo mundo, esta “en passant”. Se por um lado, assim como eu, Tom é o cara que guarda as musicas do casal na cabeça, momentos, filmes, piadas e até brincadeiras no cobertor, se por um lado Tom se lembra sorrindo até das pequenas brigas, aquelas bobas como que filme escolher na locadora, que sabor de pizza pedir e “essa música de novo?” – Como Rob e Laura em High Fidelity, esse sim, meu casal preferido e bastante adulto – por outro lado, Summer já virou o disco, aliás, enquanto Tom gosta de vitrola, Summer quer a MP3, Summer não está mais avançada que Tom, só não pertence ao mundo que Tom pertence, enquanto Tom quer pegar nas mãos, Summer está preocupada com qual cor vai colocar em suas unhas. Os dois personagens tem pontos positivos, mas as atitudes da Summer, que ela tem todo direito de ter, está catalogada em cada homem que vemos pelas noites todos os dias, o diferencial, é que Summer respeita Tom e deixa claro para ele que não quer nada sério, o errado é o Tom por insistir em algo que está fadado a fracassar, mas o que eu disse para mim mesmo, ao me ver no Tom quase que o filme todo é: Tom, continue errado, e para sempre, não mude, o verão acaba e logo vem o outono. Tom Hansen é raro, já o verão, esse vem todo ano.

    Summer é uma personagem que gosto bastante, seus vestidos, cabelo, seu olhar, sua forma de ver o mundo, mas citando High Fidelity de novo, meu filme de cabeceira, depois de ver a personagem Laura terminar um namoro pra fazer o namorado se tocar e crescer…ver que é um grande cara – e nesse aspecto, Summer não serve nem para fazer as unhas do pé da Laura, quanto menos discutir um relacionamento por igual já que Laura é incrivelmente mais adulta – vejo que Summer não é como o filme tenta pintar, após o Tom, Summer já aparece casada, primeiro do que ele, infelizmente não viu em Tom o que viu no marido, totalmente compreensível, mas é bastante comovente ver o Tom ouvindo isso, Tom que é vivido pelo brilhante Joseph Gordon-levitt, expressa muito bem aquele olhar de um sonho sendo destruído, de algo que queria muito na vida, se tornar impossível, já passei por isso, é impossível fazer alguém gostar de você, Summer está certa em falar a verdade e escolher o melhor para ela, mas Tom também está em querer viver o seu sonho, ao assistir o filme, é impossível não notar o sorriso sem graça do Tom ao perguntar algo como: Por que ele e não eu?

    Talvez essa seja a pergunta que mais tememos fazer, a resposta nunca nos fará sair pela rua dançando como se tivéssemos só 12 anos.

    Em todo caso, os dois personagens são especiais, Summer fechou seu ciclo e casou, Tom encontra sua nova estação, alguém para fazer tudo o que escreve em seus cartões, vejo as duas personalidades como algo que não pertencem ao sexo feminino ou masculino, conheço homens com atitudes de Summer e mulheres que agem como o Tom, infelizmente é raro carregarem a bagagem cultural que os dois personagens carregam. Também é triste ver que personalidades como a do Tom não são valorizadas, sendo um homem agindo como o Tom, sendo uma mulher agindo como o Tom…ninguém valoriza, mas as Summers, mulheres e homens com essa personalidade, nunca estão sozinhas.

    Por um mundo com mais pessoas como o Tom, e que pessoas como a Summer não sejam só mais um verão em nossas vidas.

    Ótimo filme, nota 10

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  • Reinaldo do Valle

    “Não há duas palavras mais danosas do que ‘bom trabalho‘”,
    Whiplash, filme estrelado pelo genial e subestimado J.K. Simmons e pelo já promissor Miles Teller, conta a história de um garoto fã de jazz e bateria que quer se tornar um ótimo músico, para isso, precisa entrar na melhor escolar de musica dos estados unidos, para quem já viveu de música, já se envolveu com música, sabe que apenas isso já é difícil, é um sonho grande, conservatórios musicais ou até a mais simples escola de música costuma exigir excelência e dedicação.

    Tudo já parecia difícil para Neiman (Teller), a escolha da profissão, uma pequena pressão do pai aqui, outra da namorada ali, apesar da dedicação, ainda se acha amador, para os olhos do público o garoto já é muito talentoso, mas para a grande figura do filme, Terence Fletcher (Simons), Neiman é só mais um achando que jazz é coisa de criança. Definidamente…não é!
    Eu recomendo pra quem quiser começar a ouvir jazz, que vá em coisas mais fáceis de digerir no começo, pois o estilo exige bastante dos seus ouvidos, sentimentos e atenção, procure por Kind of Blue do Miles Davis, A Love Supreme do Coltrane ou até mesmo Doo-Bop do Miles, nos anos 90 Miles se aventurou pelo ainda tímido rap, nu jazz, experimentou coisas novas e deu um resultado muito agrádavel.
    O Jazz do filme lembra muito Big Band, com bastante metais, é um barato de se ouvir, bastante divertido.

    Voltando ao filme, sempre acreditei que meus melhores professores eram aqueles que cobravam muito, não só professores, mas no próprio trabalho, quando você acha que deu seu melhor, vem alguém e cobre seu trabalho de defeitos, fazendo você ver pontos que ainda estavam invisíveis pra você, você engole aquela opinião como um copo de café puro e forte, sem açucar ou adoçante, sente aquilo bater no estomago, azedar a lingua e parte para o trabalho de novo, dessa vez, melhor. Quando termina, as vezes chega a pensar: Pois é, agora ficou melhor! No entanto, estamos acostumados com doces palavras, com uma pequena correção gentil. O que aconteceria se apanhassemos na cara toda vez que alguma criação nossa fosse criticada? Os métodos de Fletcher são pesados, violentos, mas não se lapida um diamante com carícias, com afagos e beijos. Fletcher tinha o sonho de criar um novo Charlie Parker (recomendo o musico e o filme de nome Bird, dirigido por Clint Eastwood). Por várias vezes Fletcher cita o que fez Charlie virar Bird, seu apelido artístico, foi a pressão, a vergonha, o choro, a dedicação. Fletcher acredita que só assim se cria um diamante bruto, ironicamente, o filme prova isso de certa maneira. Não concordo com os métodos, mas é imensamente difícil refutar Terence Fletcher, é rígido e exigente como o Jazz, , o jazz soa gostoso de se ouvir, Fletcher não (apesar de ser divertido ouvir tanta criatividade para palavrões), Fletcher é um turbilhão de facetas, caras e bocas, expressa “maldade” e “bondade” de uma forma tão fácil que parece estar tocando seu próprio jazz, muda de nota e tom como se fosse um trompete, usa informações que arranca com doçura das suas “vitimas”, é traiçoeiro, esperto, calculista e excelente!!!

    Preciso falar sobre Miles Teller, faz tempo que não vejo alguém tão jovem assim se dedicando de forma tão profunda no cinema. O garoto parece sofrer mesmo, parece querer abraçar o sonho mesmo que não tenha mais força nos braços para faze-lo, derrete em suor, sangue, palavrões, me parece até que seu personagem é o Rock And Roll (que amo) apanhando do Jazz, me parece que Fletcher, a figura do Jazz, não quer permitir que qualquer um viva o Jazz, Fletcher como jazz, parece barrar Neiman como Rock, Neiman, persistente, barulhento, birrento, aprende na base do tapa (literalmente) que a brincadeira acabou, não importa se tocar bateria é gostoso, agora vai doer! Não importa se tocava bateria desde criança…ta na hora de virar adulto, e é justamente no climax do filme que vemos Neiman crescendo, abandonando sua personalidade bondosa, caridosa, doce e até meio infantil, para dar espaço para o jazz, ele incorpora o estilo como se finalmente tivesse ganhado passe livre para entrar, domina-o e mostra, persistentemente, que ali é o seu lugar, que ninguém, nem Fletcher, nem pai, nem namorada…vai impedi-lo, eu gosto muito da sensação que o personagem me deu nos minutos finais (que são geniais e de encher o ouvido)…me parece que ele senta na bateria e deixa claro que aquilo o pertence, que ele é aquilo, é imutável, com a expressão doentia , fixa e clara escrita na testa, como uma partiturara: ISSO É MEU! NINGUÉM ME TIRA DAQUI E NINGUÉM ME TIRA ISSO!

    A trilha sonora do filme é um show a parte, muito bem direcionada, nada fácil ou batido, tudo bastante sóbrio, assim como a fotografia, nas melhores cenas tudo é escuro, abafado, como um clube de jazz na New Orleans 1930, o diretor é muito competente não usando alguns clichês do jazz que costumam usar, fotografia em preto e branco, fumaça de cigarro, drogas e mulheres chorando, todos os personagens são extremamente fortes, até as pequenas participações, a namorada não chora, o pai deixa o filho seguir o rumo, quem não é forte o suficiente no filme, ou apanha, ou é dispensado. Em algumas horas, me lembrou o cinema Aronofsky, as dores do personagem são explicitas em gráficos muito pesados, assim como em O Lutador com Mickey Rourke e Cisne Negro com Natalie Portman.

    Apesar de alguns acharem o jazz bastante maçante, eu adoro, e o diretor faz cenas musicais parecem cenas de ação, com belos cortes, ângulos, a direção do filme é bastante competente, fazendo o filme inteiro e todas as cenas parecerem pequenos clubes, cafeteiras, carros, até as ruas, tudo parece fazer parte de uma pequena sala claustrofóbica, prova disso é a cidade que é minúscula, fazendo os personagens se encontrarem facilmente.

    Whiplash é um filme extremamente importante e levanta questões muito pertinentes, meritocracia, dedicação e até onde é permitido sangrar pelo seu sonho…e se aquilo é mesmo seu sonho, se não for, parta para outra, assuma, em voz alta que você não presta para aquilo, grite alto, mais alto ainda…que você não tem competência para aquilo. Se for o seu sonho, sangre por aquilo, que doa muito, pois quando achar que está bom…talvez ainda seja apenas um “bom trabalho”

    Filme excelente! Nota 10!

    Veja mais resenhas no meu blog: https://apeliculaescrita.wordpress.com/

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  • Filmow
    Filmow

    O Oscar 2017 está logo aí e teremos o nosso tradicional BOLÃO DO OSCAR FILMOW!

    Serão 3 vencedores no Bolão com prêmios da loja Chico Rei para os três participantes que mais acertarem nas categorias da premiação. (O 1º lugar vai ganhar um kit da Chico Rei com 01 camiseta + 01 caneca + 01 almofada; o 2º lugar 01 camiseta da Chico Rei; e o 3º lugar 01 almofada da Chico Rei.)

    Vem participar da brincadeira com a gente, acesse https://filmow.com/bolao-do-oscar/ para votar.
    Boa sorte! :)

    * Lembrando que faremos uma transmissão ao vivo via Facebook e Youtube da Casa Filmow na noite da cerimônia, dia 26 de fevereiro. Confirme presença no evento https://www.facebook.com/events/250416102068445/

  • Juliette Lourenço
    Juliette Lourenço

    eu tenho preguiça de filme de 3h, mas quando é bom, compensa.

    Eu como o ano inteiro sem culpa, então no meu caso não faz diferença haha

    Feliz ano novo atrasado pra vc :3

  • Jernê Knowles
    Jernê Knowles

    Obrigado por ter adicionado!

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