Revendo, ainda acho as duas primeiras histórias obras-primas, e caso tenha sido a intenção, justificativa já suficiente para aderirmos a frase título, a cada hora que ela é repetida, repetia junto, "Soy Cuba". As duas últimas são boníssimas também, mas o romantismo revolucionário toca menos a mim que a exploração crua das primeiras. A presença marcante da música cubana em todas as passagens mostra uma cultura popular viva e intensa que não combinava com a situação de dependência e servilismo a que estavam submetidos, a revolução teria de vir independente qual fossem as consequências, que foram duras, mas sim, libertadoras. E a câmera viva caminha por Cuba, adentra os matos, e em planos sequências incríveis sempre acha a expressão correta nos rostos dos personagens, tal qual achou Dovzenko, Eisenstein, Vertov e Pudovkin nos rostos soviéticos.
Acima de tudo um filme corajoso, por um diretor definitivamente corajoso. Se ainda havia dúvidas em mim de que as críticas do Sergio Bianchi dirigiam-se a estruturas que já haviam comprovado as suas contradições, e que por vezes o Bianchi só "chutava cachorro morto", aqui a crítica contundente e irônica logo nos primeiros minutos à Constituição que acabara de nascer e a postura denuncista em relação ao mercado da AIDS, apresentando indícios que nos faz pensar se a doença não teria sido mais uma aliança no Brasil entre mercado e moralismo, vai muito além do pessimismo conformista o qual o diretor é constantemente acusado. "Romance" mexe em coisas difíceis e não tem medo de especular, como tem que ser.
O grande diálogo entre o velho e o novo, tudo é símbologia aqui, do relacionamento, as mortes, a última sessão. Enquanto parte da geração gritava com as liberdades da Nova Hollywood, Bogdanovich é melancólico, duvida, mas segue, é o percurso natural.
Por mais que a necessidade de incluir a relação amorosa dos personagens títulos em diversos momentos trave por vezes o filme, ele se desenvolve e emociona quando trata e faz música. Com química perfeita entre animação e música, e tendo na linha de frente o cubano Chano Pozzo e o buchechudo estadunidense Dizzy Gillespie, não tinha como ser menos que envolvente.
Enquanto Paulo José - com seu personagem simpatissíssimo - e o Flávio Migliaccio estabelecem milhares de teses sobre mulheres, Leila Diniz com apenas um olhar para a câmera mostra que nenhuma delas faz sentido para ela, mulheres, pessoas como ela só podem ser pensadas individualmente. Grandiosa mesmo, sem medo de estar sendo influenciado por sua fama póstuma e pelos elogios abaixo, quando ela aparece o filme brilha.
A relativa tradicionalidade narrativa que o Louis Malle conserva frente a alguns diretores da sua geração não é proporcional a forma que ele trabalha seus temas, sem concessões; lindo e triste de doer ou triste e lindo de doer.
Diversas coisas são passadas de maneira vaga, que acaba construindo a História para o telespectador de maneira extremamente equivocada, um exemplo disso é quando é explicada a volta dos exilados pelo apoio de mídias como a Globo e a Veja, informação vaga que faz com que essas mídias conservadoras e aliadas ao regime se passem como progressitas.
Assim como pela dependência financeira a classe média estará presa a burguesia industrial, Carlos pela falta de projetos estará preso a metrópole. Carlos tem consciência mas não decide, então São Paulo decide. Casamento, emprego, metas, não são escolhas suas, mas do movimento do personagem mais determinante, a cidade. Carlos foge, mas não sabe pra onde novamente, e volta pra recomeçar, e nada indica que seja de modo diferente. Maravilhoso, a maior síntese da industrialização brasileira, e juntamente com o "Opinião Pública" do Jabor, as maiores desmistificações da classe média como revolucionária.
Um filme que com certeza não chegaria as telonas se realizado poucos anos depois e que geraria grandes problemas até mesmo pro Ford. Diferentemente da maioria que conheço eu gosto muito mais da primeira metade, do afastamento da terra, das críticas a burocracia que despersonaliza e deixa invisível o inimigo, da importãncia de cada personagem que acaba se perdendo no decorrer do filme, da belíssima forografia com um céu estático ao fundo, por mais que a segunda parte demonstre que a Grande Depressão chegou em todas as partes e que sejam fortes as imagens dos acampamentos, dos velhos e crianças famintas, da mensagem socialista mais forte principalmente representada pelo cidadão que toma consciência e "ilumina" o caminho dos demais e como já foi dito, o senso de comunidade do Ford que sempre o ameniza ideologicamente e aqui o baile comunitário que ele tanto gosta ainda tem uma função prática de organização contra os opressores, certamente o filme mais completo que já vi produzido por Hollywood, e que se demorasse um pouco mais pra ser feito provavelmente nunca teria saído do papel, literalmente.
Interessante perceber o tanto de referência americana já infiltrada na cultura japonesa a pouco tempo depois da guerra, sendo que o presidente americano a época ainda era o Harry Truman, o mesmo que autorizou o lançamento das bombas atômicas quando o Japão estava praticamente rendido e que pouco tempo antes junto com seus acessores conservadores espalhavam frases extremamente preconceituosas contra os japoneses caracterizando-os como sub-humanos. Mesmo sabendo que boa parte da reconstrução do Japão foi arquitetada através de subsídios americanos visando expansão de influência, o terror causado pelos EUA anos antes fazia pensar que ainda havia um ressentimento grande, mas o que parece é que a ocupação americana gerou além de uma dependência finaceira uma aceitação rápida da cultura dos seus algozes mesmo antes do Japão passar pelo acelerado desenvolvimento econômico.
Mais que uma reflexão sobre a busca da fama, evidentemente metalinguística, que pode ter acontecido inclusive pra selecionar a garota que fez este filme, é também uma auto-crítica sobre a forma que diretores e estúdios utilizavam para selecionar atores, criando a falsa esperança que estes se tornariam estrelas de cinema, muito mais influenciados como a Anna Magnani pelo cinema americano que criara esse glamour que pela realidade italiana e o que seus filmes mostravam em tela. e isso é multiplicado pensando a quantidade de desempregados e subempregados na Itália pós guerra que se amontoavam em busca de emprego, situação que parece realmente ter incomodado tanto o Visconti, que retornaria ao tema no seu filme seguinte, quanto o roteirista Zavattini que trabalha com o tema do desempregoo feminino em "Roma às 11 Horas", provavelmente um dos filmes mais importantes e menos conhecidos do neo-realismo. Mas mesmo assim não dá pra questionar a qualidade da seleção, a garotinha é estupendamente nascida pra este papel, até quando está dormindo na cena final arrepia, final aliás, mesmo somente no campo sentimental, o mais esperançoso que vi dessa fase do neo-realismo.
É um daqueles que desde que ouvir falar sempre quis ver desde então, e boa parte disso se deu pelo ótimo título em português que assistindo o filme ainda o torna mais funcional, mas o filme é bastante diferente do que eu esperava, Harold se move com suas pernas longas como se fosse um desenho animado, assim como os seus familiares, me fez lembrar muito os personagens dos irmãos Coen, mas o filme fica sério, e muito sério, quando o Harold e Maude estão em cena, o fato de a relação dos dois ultrapassar as insunuações e chegar as vias de fato é de uma grandeza espetacular, e realmente pensando que ele foi realizado no auge das exacerbações dos valores jovens é ainda acima de tudo um tapa na cara.
A paciência demonstrada pela Ingrid Bergman no campo de concentração não se repete no casamento, entre o campo de concentração e o casamento ela parece estar muito mais incomodada com o segundo. E aquelas cenas de pesca são impressionantes.
Como um todo o que percebi nas entrelinhas foi que me parece que o Hitch aproveitou para fazer um crítica ao excesso de parcimônia das atitudes inglesas no processo de ascensão de Hitler, o que não poderia ser falado de um aliado abertamente por determinações inclusive de Hollywood, no mais, moralmente me acrescentou pouca coisa além do que é visto em outras obras de época que edificam os valores americanos enquanto demonizam ou como aqui demonstram surpresa com a maldade alemã, pois pra mim, mesmo com o John Steinback no roteiro, o filme acaba sendo menos uma contrubuição humanista que uma contribuição histórica para se conhecer os esforços de guerra americanos e também mais uma contribuição técnica do Hitch de como se fazer um filme de suspense envolvente até o fim em um espaço físico extremamente limitado.
Bonito ver um filme de Hollywood terminar de forma tão desesperançosa e amargurada como a história pedia que fosse, li em algum lugar e talvez seja realmente o que mais bem o defina, seu desfecho demonstra que no final pouco importa se o personagem central era culpado ou não, mas sim que bem que poderia ser, e isso é triste, e o Nick conseguiu que assim fosse.
Um estudo épico de como a verdade pode ser perigosa, ainda mais quando se vive sob o ar da hipocrisia, e ganha ainda mais em genialidade quando se percebe a conectividade com a situação local. além da comparação óbvia com o Hitchcock, é o segundo do Clouzot que vejo e me faz lembrar e querer ver mais o Renoir, ainda não sei de todo o porque. Serei a partir de hoje um propangadeador desses suspenses do Clouzot, não só merecem como precisam ser mais conhecidos.
Realmente impressionante, o roteiro é muito bom mas o filme é conduzido por excelentes diálogos que por vezes nada tem a ver com o desenvolvimento da história que no entanto não compromete a tensão cômica criada pelo diretor desde o começo, parece em algumas coisas a condução que o Hitchcock dá a suas histórias, porém o que mais me lembrou foram os outros dois grandes diretores parisienses até então, René Clair, pela história se passar boa parte dentro de uma pensão como em "O Milhão" e a música cantada na rua, e Renoir, principalmente pelo movimento de câmera.
Do vazio burguês em todas as esferas ao sublime encontro até a dúvida, mas não ao arrempendimento como o Louis Malle faz questão de destacar e a Jeanne Morreau faz questão em nos atestar, afinal de contas "bons atores são capazes de nos mostrar as verdades."
Há trocentas coisas a serem destacadas aqui, fotografia, trilha, edição de som, atuações impecáveis das crianças, e até coisas que muitos acham ruim como a mudança de foco e clima que o filme apresenta que vai de um suspense noir a um conto de fadas sem nenhum problema, porém a personagem da sempre surpreendente Lilian Gish assim como foi desde o começo do cinema americano até o fim da sua carreira que coincide com o fim da sua vida foi o que mais me impressionou, talvez seja ela que mais demonstre onde o filme realmente quer chegar, por vezes o bem e o mal partem do mesmo princípio, em quase toda cena ela reclama da ingenuidade e fraquezas das mulheres porém jamais deixa de acreditar em si, suas citações morais são todas bíblicas assim como a do pastor mas em nenhum momento cheiram a dogmatismo e sim como exemplo para sua bondade, belo e extremamente funcional para ser destrinchado em uma conversa de bar.
Por mais que ache que o Arno Frisch tenha sido o ator que melhor compreendeu o sadismo hanekiano, não achei que o Michael Pitt comprometeu, na verdade o que mais me incomodou foi a personificação da Anna pela Naomi Watts e sua relação com seu marido, e aí talvez tenha sido ocasionado pela falta de carisma da Susanne Lothar na primeira versão, o que não é nenhum demérito, pelo contrário, é extremamente coerente e funcional na obra do Haneke onde é difícil encontrar ou simpatizar realmente pelas vítimas, sendo mais fácil encontrar culpados, e aqui, mais que em qualquer outro, somos nós.
A Bela da Tarde
4.1 342 Assista AgoraAmanheci no dia seguinte e descobri que pouco importa aqui o que é a realidade e o que é sonho, aí tudo fez sentido,.
Eu Sou Cuba
4.5 62 Assista AgoraRevendo, ainda acho as duas primeiras histórias obras-primas, e caso tenha sido a intenção, justificativa já suficiente para aderirmos a frase título, a cada hora que ela é repetida, repetia junto, "Soy Cuba". As duas últimas são boníssimas também, mas o romantismo revolucionário toca menos a mim que a exploração crua das primeiras. A presença marcante da música cubana em todas as passagens mostra uma cultura popular viva e intensa que não combinava com a situação de dependência e servilismo a que estavam submetidos, a revolução teria de vir independente qual fossem as consequências, que foram duras, mas sim, libertadoras. E a câmera viva caminha por Cuba, adentra os matos, e em planos sequências incríveis sempre acha a expressão correta nos rostos dos personagens, tal qual achou Dovzenko, Eisenstein, Vertov e Pudovkin nos rostos soviéticos.
Romance
4.0 14Acima de tudo um filme corajoso, por um diretor definitivamente corajoso. Se ainda havia dúvidas em mim de que as críticas do Sergio Bianchi dirigiam-se a estruturas que já haviam comprovado as suas contradições, e que por vezes o Bianchi só "chutava cachorro morto", aqui a crítica contundente e irônica logo nos primeiros minutos à Constituição que acabara de nascer e a postura denuncista em relação ao mercado da AIDS, apresentando indícios que nos faz pensar se a doença não teria sido mais uma aliança no Brasil entre mercado e moralismo, vai muito além do pessimismo conformista o qual o diretor é constantemente acusado. "Romance" mexe em coisas difíceis e não tem medo de especular, como tem que ser.
A Última Sessão de Cinema
4.1 123 Assista AgoraO grande diálogo entre o velho e o novo, tudo é símbologia aqui, do relacionamento, as mortes, a última sessão. Enquanto parte da geração gritava com as liberdades da Nova Hollywood, Bogdanovich é melancólico, duvida, mas segue, é o percurso natural.
Chico & Rita
3.8 125Por mais que a necessidade de incluir a relação amorosa dos personagens títulos em diversos momentos trave por vezes o filme, ele se desenvolve e emociona quando trata e faz música. Com química perfeita entre animação e música, e tendo na linha de frente o cubano Chano Pozzo e o buchechudo estadunidense Dizzy Gillespie, não tinha como ser menos que envolvente.
Todas as Mulheres do Mundo
4.0 89Enquanto Paulo José - com seu personagem simpatissíssimo - e o Flávio Migliaccio estabelecem milhares de teses sobre mulheres, Leila Diniz com apenas um olhar para a câmera mostra que nenhuma delas faz sentido para ela, mulheres, pessoas como ela só podem ser pensadas individualmente. Grandiosa mesmo, sem medo de estar sendo influenciado por sua fama póstuma e pelos elogios abaixo, quando ela aparece o filme brilha.
Todas as Mulheres do Mundo
4.0 89É pra ver num fôlego só, UAU!
Trinta Anos Esta Noite
4.3 142A relativa tradicionalidade narrativa que o Louis Malle conserva frente a alguns diretores da sua geração não é proporcional a forma que ele trabalha seus temas, sem concessões; lindo e triste de doer ou triste e lindo de doer.
Em Teu Nome
3.1 37 Assista AgoraDiversas coisas são passadas de maneira vaga, que acaba construindo a História para o telespectador de maneira extremamente equivocada, um exemplo disso é quando é explicada a volta dos exilados pelo apoio de mídias como a Globo e a Veja, informação vaga que faz com que essas mídias conservadoras e aliadas ao regime se passem como progressitas.
São Paulo Sociedade Anônima
4.2 172Assim como pela dependência financeira a classe média estará presa a burguesia industrial, Carlos pela falta de projetos estará preso a metrópole. Carlos tem consciência mas não decide, então São Paulo decide. Casamento, emprego, metas, não são escolhas suas, mas do movimento do personagem mais determinante, a cidade. Carlos foge, mas não sabe pra onde novamente, e volta pra recomeçar, e nada indica que seja de modo diferente.
Maravilhoso, a maior síntese da industrialização brasileira, e juntamente com o "Opinião Pública" do Jabor, as maiores desmistificações da classe média como revolucionária.
Vinhas da Ira
4.4 206Um filme que com certeza não chegaria as telonas se realizado poucos anos depois e que geraria grandes problemas até mesmo pro Ford. Diferentemente da maioria que conheço eu gosto muito mais da primeira metade, do afastamento da terra, das críticas a burocracia que despersonaliza e deixa invisível o inimigo, da importãncia de cada personagem que acaba se perdendo no decorrer do filme, da belíssima forografia com um céu estático ao fundo, por mais que a segunda parte demonstre que a Grande Depressão chegou em todas as partes e que sejam fortes as imagens dos acampamentos, dos velhos e crianças famintas, da mensagem socialista mais forte principalmente representada pelo cidadão que toma consciência e "ilumina" o caminho dos demais e como já foi dito, o senso de comunidade do Ford que sempre o ameniza ideologicamente e aqui o baile comunitário que ele tanto gosta ainda tem uma função prática de organização contra os opressores, certamente o filme mais completo que já vi produzido por Hollywood, e que se demorasse um pouco mais pra ser feito provavelmente nunca teria saído do papel, literalmente.
Pai e Filha
4.3 54 Assista AgoraInteressante perceber o tanto de referência americana já infiltrada na cultura japonesa a pouco tempo depois da guerra, sendo que o presidente americano a época ainda era o Harry Truman, o mesmo que autorizou o lançamento das bombas atômicas quando o Japão estava praticamente rendido e que pouco tempo antes junto com seus acessores conservadores espalhavam frases extremamente preconceituosas contra os japoneses caracterizando-os como sub-humanos. Mesmo sabendo que boa parte da reconstrução do Japão foi arquitetada através de subsídios americanos visando expansão de influência, o terror causado pelos EUA anos antes fazia pensar que ainda havia um ressentimento grande, mas o que parece é que a ocupação americana gerou além de uma dependência finaceira uma aceitação rápida da cultura dos seus algozes mesmo antes do Japão passar pelo acelerado desenvolvimento econômico.
Belíssima
4.0 31 Assista AgoraMais que uma reflexão sobre a busca da fama, evidentemente metalinguística, que pode ter acontecido inclusive pra selecionar a garota que fez este filme, é também uma auto-crítica sobre a forma que diretores e estúdios utilizavam para selecionar atores, criando a falsa esperança que estes se tornariam estrelas de cinema, muito mais influenciados como a Anna Magnani pelo cinema americano que criara esse glamour que pela realidade italiana e o que seus filmes mostravam em tela. e isso é multiplicado pensando a quantidade de desempregados e subempregados na Itália pós guerra que se amontoavam em busca de emprego, situação que parece realmente ter incomodado tanto o Visconti, que retornaria ao tema no seu filme seguinte, quanto o roteirista Zavattini que trabalha com o tema do desempregoo feminino em "Roma às 11 Horas", provavelmente um dos filmes mais importantes e menos conhecidos do neo-realismo. Mas mesmo assim não dá pra questionar a qualidade da seleção, a garotinha é estupendamente nascida pra este papel, até quando está dormindo na cena final arrepia, final aliás, mesmo somente no campo sentimental, o mais esperançoso que vi dessa fase do neo-realismo.
Ensina-me a Viver
4.3 873 Assista AgoraÉ um daqueles que desde que ouvir falar sempre quis ver desde então, e boa parte disso se deu pelo ótimo título em português que assistindo o filme ainda o torna mais funcional, mas o filme é bastante diferente do que eu esperava, Harold se move com suas pernas longas como se fosse um desenho animado, assim como os seus familiares, me fez lembrar muito os personagens dos irmãos Coen, mas o filme fica sério, e muito sério, quando o Harold e Maude estão em cena, o fato de a relação dos dois ultrapassar as insunuações e chegar as vias de fato é de uma grandeza espetacular, e realmente pensando que ele foi realizado no auge das exacerbações dos valores jovens é ainda acima de tudo um tapa na cara.
Stromboli
4.0 40A paciência demonstrada pela Ingrid Bergman no campo de concentração não se repete no casamento, entre o campo de concentração e o casamento ela parece estar muito mais incomodada com o segundo. E aquelas cenas de pesca são impressionantes.
Um Barco e Nove Destinos
4.0 121Como um todo o que percebi nas entrelinhas foi que me parece que o Hitch aproveitou para fazer um crítica ao excesso de parcimônia das atitudes inglesas no processo de ascensão de Hitler, o que não poderia ser falado de um aliado abertamente por determinações inclusive de Hollywood, no mais, moralmente me acrescentou pouca coisa além do que é visto em outras obras de época que edificam os valores americanos enquanto demonizam ou como aqui demonstram surpresa com a maldade alemã, pois pra mim, mesmo com o John Steinback no roteiro, o filme acaba sendo menos uma contrubuição humanista que uma contribuição histórica para se conhecer os esforços de guerra americanos e também mais uma contribuição técnica do Hitch de como se fazer um filme de suspense envolvente até o fim em um espaço físico extremamente limitado.
No Silêncio da Noite
4.1 79 Assista AgoraBonito ver um filme de Hollywood terminar de forma tão desesperançosa e amargurada como a história pedia que fosse, li em algum lugar e talvez seja realmente o que mais bem o defina, seu desfecho demonstra que no final pouco importa se o personagem central era culpado ou não, mas sim que bem que poderia ser, e isso é triste, e o Nick conseguiu que assim fosse.
Sombras do Pavor
4.0 34 Assista AgoraUm estudo épico de como a verdade pode ser perigosa, ainda mais quando se vive sob o ar da hipocrisia, e ganha ainda mais em genialidade quando se percebe a conectividade com a situação local. além da comparação óbvia com o Hitchcock, é o segundo do Clouzot que vejo e me faz lembrar e querer ver mais o Renoir, ainda não sei de todo o porque.
Serei a partir de hoje um propangadeador desses suspenses do Clouzot, não só merecem como precisam ser mais conhecidos.
O Assassino Mora no 21
3.8 11Realmente impressionante, o roteiro é muito bom mas o filme é conduzido por excelentes diálogos que por vezes nada tem a ver com o desenvolvimento da história que no entanto não compromete a tensão cômica criada pelo diretor desde o começo, parece em algumas coisas a condução que o Hitchcock dá a suas histórias, porém o que mais me lembrou foram os outros dois grandes diretores parisienses até então, René Clair, pela história se passar boa parte dentro de uma pensão como em "O Milhão" e a música cantada na rua, e Renoir, principalmente pelo movimento de câmera.
As Irmãs de Gion
4.0 10 Assista AgoraQue final digno.
Os Amantes
3.9 60Do vazio burguês em todas as esferas ao sublime encontro até a dúvida, mas não ao arrempendimento como o Louis Malle faz questão de destacar e a Jeanne Morreau faz questão em nos atestar, afinal de contas "bons atores são capazes de nos mostrar as verdades."
O Mensageiro do Diabo
4.1 262 Assista Agora"- Mas não eram dois reis no Egito?
- É, vai ver que era mesmo."
Uma aula de cristianismo!
O Mensageiro do Diabo
4.1 262 Assista AgoraHá trocentas coisas a serem destacadas aqui, fotografia, trilha, edição de som, atuações impecáveis das crianças, e até coisas que muitos acham ruim como a mudança de foco e clima que o filme apresenta que vai de um suspense noir a um conto de fadas sem nenhum problema, porém a personagem da sempre surpreendente Lilian Gish assim como foi desde o começo do cinema americano até o fim da sua carreira que coincide com o fim da sua vida foi o que mais me impressionou, talvez seja ela que mais demonstre onde o filme realmente quer chegar, por vezes o bem e o mal partem do mesmo princípio, em quase toda cena ela reclama da ingenuidade e fraquezas das mulheres porém jamais deixa de acreditar em si, suas citações morais são todas bíblicas assim como a do pastor mas em nenhum momento cheiram a dogmatismo e sim como exemplo para sua bondade, belo e extremamente funcional para ser destrinchado em uma conversa de bar.
Violência Gratuita
3.4 1,3KPor mais que ache que o Arno Frisch tenha sido o ator que melhor compreendeu o sadismo hanekiano, não achei que o Michael Pitt comprometeu, na verdade o que mais me incomodou foi a personificação da Anna pela Naomi Watts e sua relação com seu marido, e aí talvez tenha sido ocasionado pela falta de carisma da Susanne Lothar na primeira versão, o que não é nenhum demérito, pelo contrário, é extremamente coerente e funcional na obra do Haneke onde é difícil encontrar ou simpatizar realmente pelas vítimas, sendo mais fácil encontrar culpados, e aqui, mais que em qualquer outro, somos nós.