A Maldição da Mansão Bly (The Haunting of Bly Manor – 2020) 1ª Temporada Sou eu. É você. Somos nós O que é a aparência? Como ela é manipulada de modo a capturar a atenção do público e principalmente como se manifesta no âmbito mais superficial ou profundo da experiência cinematográfica? Em A Maldição da Mansão Bly, somos apresentados a uma concepção de aparência sutil e implícita, usando da sensibilidade para situar público e obra numa mesma esfera de contemplação. Isto é, o próprio seriado é vendido inicialmente como uma proposta de terror e sobrenatural, que utiliza da atmosfera densa para criar tensão e medo. A obra utiliza recursos determinantes de uma história de terror que vão desde a ideia de uma criatura a elementos técnicos, como jogos de câmera lentos e tensos, além de recursos de ambientação sinistros e meticulosamente arquitetados para gerar profundo medo na visão do desconcertada do público. Mas o terror não habita tão superficialmente na produção de Mike Flanagan, a aparência se faz presente aqui e permeia toda a obra. Há um medo construído em torno de relações de trauma, de fantasmas particulares, decepções, culpa e constante reconciliação com o passado. O recorte pode situar o seriado em uma perspectiva de experiência muito mais dramática do que assustadora, mas a compreensão de que esse medo é íntimo e pouco aparente fazem da experimentação um modelo inédito de como construir terror. Uma vez que essa aparência é desconstruída, toda a absorção da trama ganha novos ares e tratados e as relações de medo das personagens se intensificam, fornecendo um panorama de atuações exigentes e potencialmente sensíveis por todo o elenco. Assim, o terror está mais diretamente ligado à ressignificações de medo. O medo da morte, da perda e do desconhecido são muito mais articulados em outras cadências de medo que são pertinentes a cada personagem e seus fantasmas internos. As personagens são construídas em torno de relações extremamente intimistas e correlativas, são manifestações de angústia e incompletude constantes. Todos os personagens são pessoas que padecem de perdas ou de um profundo mal estar em sociedade, e essas correlações são o que movimentam a temporada e executam o terror psicológico juntamente ao drama romântico que se desenrola na trama. Aqui podemos observar três núcleos de elenco cujo comportamento se trata justamente dessa subversão da aparência: Peter e Rebeca, uma relação abusiva e ao mesmo tempo a mais palpável ao senso de realismo e uso da compreensão do terror íntimo; Hannah e Owen, uma relação afetada pelo sentimentalismo ilhado e a impossibilidade de comunicação; Danni e Jamie, e o sentimentalismo e sensibilidade da compreensão de amor impossível e sincero, gerando assim umas das mais complexas e honestas representações LGBTQIA+ do audiovisual. Ela dormia. Ela acordava. Ela andava. Diferentemente da maioria dos filmes e séries de terror, as criaturas sobrenaturais são personagens de alta complexidade. Todas essas criaturas, ao longo da série, possuem suas histórias contadas e seus demônios interiores expostos. Com um episódio quase inteiramente gravado em preto e branco, o início da maldição é explicado delicadamente. Nele, conhecemos um novo núcleo de personagens que até então era desconhecido. Tal núcleo é composto pelas irmãs Viola e Perdita, Arthur (esposo de Viola) e também sua filha. A partir dele, podemos compreender que a origem das criaturas sobrenaturais provém da ganância, egoísmo, inveja, rancor, privação do amor e contato do humano, traição, apego excessivo aos bens materiais, culpa e negação da morte. Você quer companhia enquanto espera sua fera na floresta? A Mansão Bly é, sem dúvida alguma, uma das principais obras da atualidade que abordam essa temática. A relação de Danni e Jamie é minuciosa, focada nos detalhes, suave e o principal: não hiper sexualizada, o que é quase regra na maioria das produções lésbicas, já que muitas são focadas no público masculino e não no público LGBTQIA+. O romance das personagens exemplifica o temor de uma relação lésbica vivida na década de 1980. O medo de enfrentar a família, a sociedade, o “sair do armário” diário que é extremamente doloroso. Medos frequentemente vividos por casais e pessoas LGBTQIA+ até os dias de hoje, medos que seguem sendo igualmente dolorosos. O terror nessa relação vem da incerteza, que as faz viver um dia de cada vez, sem planejar o futuro porque é sabido que ele está fadado ao fracasso. Não há nada mais aterrorizante que a espera de um fim já anunciado, que a angústia sentida ao ver a data limite de um romance se aproximar. Então a pergunta se repete, o que é a aparência? Como, aparentemente, essas relações são construídas em torno de traumas, medos e um constante padecer catártico de existência? É nessa pergunta que o seriado constrói suas principais vias de discernimento e compreensão sobre o terror e o modo como ele se traveste de um drama denso e nada frívolo. Acrescentemos isso a um retrato sensível e complexo de relações e seus construtos e temos uma icônica série que sabe flertar com o jogo de aparências como poucas. Equipe Espelho Retrovisor: Sarah Beatriz e Pedro Manoel (20/10/20)
A atuação de Adriana, como sempre, é impecável. A série é sublime desde o figurino aos diálogos, iluminação e escolha de atores. A reviravolta que traz o poder feminino e a figura de Hache como presença de força dá sabor à série. Digna de maratona (com áudio original, para não perder os detalhes da pronúncia espanhola).
Fazia tempos que eu não iniciava uma série que dava vontade de virar em um só dia. Dexter é metódico e encontrou um suposto controle para sia psicopatia. O modo de pensar que ele apresenta é ótimo e as atuações são satisfatórias.
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A Maldição da Mansão Bly
3.9 922 Assista AgoraA Maldição da Mansão Bly (The Haunting of Bly Manor – 2020)
1ª Temporada
Sou eu. É você. Somos nós
O que é a aparência? Como ela é manipulada de modo a capturar a atenção do público e principalmente como se manifesta no âmbito mais superficial ou profundo da experiência cinematográfica? Em A Maldição da Mansão Bly, somos apresentados a uma concepção de aparência sutil e implícita, usando da sensibilidade para situar público e obra numa mesma esfera de contemplação. Isto é, o próprio seriado é vendido inicialmente como uma proposta de terror e sobrenatural, que utiliza da atmosfera densa para criar tensão e medo. A obra utiliza recursos determinantes de uma história de terror que vão desde a ideia de uma criatura a elementos técnicos, como jogos de câmera lentos e tensos, além de recursos de ambientação sinistros e meticulosamente arquitetados para gerar profundo medo na visão do desconcertada do público. Mas o terror não habita tão superficialmente na produção de Mike Flanagan, a aparência se faz presente aqui e permeia toda a obra.
Há um medo construído em torno de relações de trauma, de fantasmas particulares, decepções, culpa e constante reconciliação com o passado. O recorte pode situar o seriado em uma perspectiva de experiência muito mais dramática do que assustadora, mas a compreensão de que esse medo é íntimo e pouco aparente fazem da experimentação um modelo inédito de como construir terror. Uma vez que essa aparência é desconstruída, toda a absorção da trama ganha novos ares e tratados e as relações de medo das personagens se intensificam, fornecendo um panorama de atuações exigentes e potencialmente sensíveis por todo o elenco. Assim, o terror está mais diretamente ligado à ressignificações de medo. O medo da morte, da perda e do desconhecido são muito mais articulados em outras cadências de medo que são pertinentes a cada personagem e seus fantasmas internos.
As personagens são construídas em torno de relações extremamente intimistas e correlativas, são manifestações de angústia e incompletude constantes. Todos os personagens são pessoas que padecem de perdas ou de um profundo mal estar em sociedade, e essas correlações são o que movimentam a temporada e executam o terror psicológico juntamente ao drama romântico que se desenrola na trama. Aqui podemos observar três núcleos de elenco cujo comportamento se trata justamente dessa subversão da aparência: Peter e Rebeca, uma relação abusiva e ao mesmo tempo a mais palpável ao senso de realismo e uso da compreensão do terror íntimo; Hannah e Owen, uma relação afetada pelo sentimentalismo ilhado e a impossibilidade de comunicação; Danni e Jamie, e o sentimentalismo e sensibilidade da compreensão de amor impossível e sincero, gerando assim umas das mais complexas e honestas representações LGBTQIA+ do audiovisual.
Ela dormia. Ela acordava. Ela andava.
Diferentemente da maioria dos filmes e séries de terror, as criaturas sobrenaturais são personagens de alta complexidade. Todas essas criaturas, ao longo da série, possuem suas histórias contadas e seus demônios interiores expostos. Com um episódio quase inteiramente gravado em preto e branco, o início da maldição é explicado delicadamente. Nele, conhecemos um novo núcleo de personagens que até então era desconhecido. Tal núcleo é composto pelas irmãs Viola e Perdita, Arthur (esposo de Viola) e também sua filha. A partir dele, podemos compreender que a origem das criaturas sobrenaturais provém da ganância, egoísmo, inveja, rancor, privação do amor e contato do humano, traição, apego excessivo aos bens materiais, culpa e negação da morte.
Você quer companhia enquanto espera sua fera na floresta?
A Mansão Bly é, sem dúvida alguma, uma das principais obras da atualidade que abordam essa temática. A relação de Danni e Jamie é minuciosa, focada nos detalhes, suave e o principal: não hiper sexualizada, o que é quase regra na maioria das produções lésbicas, já que muitas são focadas no público masculino e não no público LGBTQIA+.
O romance das personagens exemplifica o temor de uma relação lésbica vivida na década de 1980. O medo de enfrentar a família, a sociedade, o “sair do armário” diário que é extremamente doloroso. Medos frequentemente vividos por casais e pessoas LGBTQIA+ até os dias de hoje, medos que seguem sendo igualmente dolorosos.
O terror nessa relação vem da incerteza, que as faz viver um dia de cada vez, sem planejar o futuro porque é sabido que ele está fadado ao fracasso. Não há nada mais aterrorizante que a espera de um fim já anunciado, que a angústia sentida ao ver a data limite de um romance se aproximar.
Então a pergunta se repete, o que é a aparência? Como, aparentemente, essas relações são construídas em torno de traumas, medos e um constante padecer catártico de existência? É nessa pergunta que o seriado constrói suas principais vias de discernimento e compreensão sobre o terror e o modo como ele se traveste de um drama denso e nada frívolo. Acrescentemos isso a um retrato sensível e complexo de relações e seus construtos e temos uma icônica série que sabe flertar com o jogo de aparências como
poucas.
Equipe Espelho Retrovisor: Sarah Beatriz e Pedro Manoel (20/10/20)
Hache (1ª Temporada)
3.6 10 Assista AgoraA atuação de Adriana, como sempre, é impecável. A série é sublime desde o figurino aos diálogos, iluminação e escolha de atores. A reviravolta que traz o poder feminino e a figura de Hache como presença de força dá sabor à série.
Digna de maratona (com áudio original, para não perder os detalhes da pronúncia espanhola).
03/12/2019
Bates Motel (1ª Temporada)
4.3 1,4KUma boa série de suspense. Infelizmente o que mais dá gás a essa primeira temporada
é o caso da escravidão e comércio de sexo com as meninas chinesas, que é muito mal aprofundado e acaba deixando a desejar.
Dexter (1ª Temporada)
4.6 1,0K Assista AgoraFazia tempos que eu não iniciava uma série que dava vontade de virar em um só dia. Dexter é metódico e encontrou um suposto controle para sia psicopatia. O modo de pensar que ele apresenta é ótimo e as atuações são satisfatórias.