Cordeiro de Roupinha

O filme ao se passar inteiramente durante um programa de TV é o diferencial.
Esse inicio me passou uma vibe lendas urbanas ou casos bizarros que costumávamos ver em programas como o 'Domingo Legal' com o Gugu antigamente haha

Acho que é interessante a ambiguidade sobre a veracidade desses eventos e como isso foi explorado, especialmente através do personagem cético que é também convidado para a entrevista com o paranormal. A tentativa do cético de justificar o inexplicável ecoa as dúvidas dos próprios telespectadores (enquanto eu assistia, tentava racionalizar o sobrenatural da mesma forma que ele fazia haha).

Enfim, deu para ser hipnotizado um pouco pela história, geralmente filmes ambientados em um único local são bons em prender a atenção. E eu acho que as partes sobrenaturais poderiam até ser um pouco mais discretas.

[SPOILER] "Nossa, acho que o filme tem muita coisa implícita, uma delas é:

Agora acho que entendi a menina colhendo frutas, parece que ela estava pegando frutas e as deixava para os judeus comerem, o que gerava essa imagem negativa (talvez como se ela fosse o oposto de todos ali?). Mais tarde é mencionado que eles estavam brigando por uma maçã, que provavelmente são as que ela deixou para trás.

E que atmosfera pesada aquele som cria hein? É um filme interessante, especialmente por essas coisas implícitas, tem a história de João e Maria sobre a fornalha, a fumaça aparecendo o tempo todo (sempre querendo dizer algo óbvio, né). Pode parecer parado, mas ele diz muuuuita coisa sem precisar dizer.

Outra coisa interessante é o vômito dele no final quando ele olha para a escuridão, quase como nos dizendo sobre o futuro com aquela cena das vitrines, como se fosse em um museu. E o filme é basicamente isso, somos nós como telespectadores desse museu. E as letras sumindo na tela são como se falassem: 'Ei, não esqueçam a história'. Muito bonito (embora triste né) todo esse simbolismo!"

A ideia do filme é justamente essa, você perceber sem ver, tanto que a tela preta é importante, o filme começa assim por um longo tempo já tentando dizer o que vai ser.

“O homem conhece a si mesmo apenas na medida em que conhece o mundo. Ele se torna consciente apenas dentro do mundo, e consciente do mundo apenas dentro de si. Todo objeto, se bem contemplado, abre um novo órgão de percepção dentro de nós.” ― Goethe

Bem, é um filme repleto de camadas para reflexão.
Acredito que o filme merece ganhar o Oscar, pois é o mais "completo" em termos de gênero, visual... (comédia, mistério, romance, fantasia, tem de tudo).

Mas se fosse pra definir escolher o sentimento que prevalesse, eu diria que é pertubador (existem camadas obscuras na beleza, humor e inocência da personagem, de como ela descobre o mundo). Foi bem indigesto na maior parte (quase como ver um filme do Lars von Trier estilo ninfomaniaca), mas gostei bastante e com certeza vai para os meus favoritos.