O diretor Christopher Nolan foi o responsável por trazer o Batman de volta ao cinema com o ótimo Batman Begins, lançado em 2005. Três anos depois ele lança sua continuação, e se o anterior havia se tornado destaque por seu diferencial se tratando de um filme de heróis de quadrinhos, o sucessor engrandece tal fato sobre as demais adaptações se mostrando um filme maduro em todos os sentidos, longe de qualquer coisa vista antes no gênero.
Neste novo filme, Nolan põe em maior evidência sua abordagem realista do universo do personagem, sendo tudo bastante humano, tanto na complexidade da trama quanto a dos personagens. No entanto, ainda se trata de um filme, o que deve ser levado em conta para considerar os elementos ficcionais da história, sendo um belo resultado de uma fusão de realismo e ficção.
Essa escolha do diretor traz um retorno interessante e muito feliz. A visão realista dada ao Morcego e sua mitologia cria a possibilidade de uma trama madura, complexa e também filosófica. Isso além do teor psicológico dado pelo diretor e roteirista, que já se mostrou gostar muito de trabalhar com o tema em seus filmes. Mas como se trata de um filme de um herói ícone dos quadrinhos e outras mídias, há também um grande espaço para as cenas de ação belamente executadas e que dispensam muito uso de computação gráfica, o que as tornam ainda mais interessantes.
Na trama, Batman, com a ajuda do Tenente Gordon e do promotor de justiça Harvey Dent, combate o crime organizado de Gotham, sob o comando do mafioso Sal Maroni. O trio possui êxito no embate contra a máfia da cidade, mas então surge um criminoso misterioso e peculiar chamado Coringa. O vilão, que apresenta uma mente brilhante e bastante perturbada, inicia um caos em Gotham, trazendo responsabilidade e problemas ao herói que acaba tendo sua imagem questionada pela sociedade. Para conseguir pegá-lo, Batman deve enfrentar e tomar decisões complicadas, que atingem até mesmo sua vida pessoal.
Mesmo que a história do filme tenha sido criada por seus envolvidos, as influências para a composição desta vieram principalmente de duas HQs clássicas do Batman: “A Piada Mortal” e “O longo dia das Bruxas”. A fidelidade e respeito para com o universo do personagem ficam em evidência, ainda que com um toque particular estabelecido nas adaptações de Nolan. Mas é justamente esse toque particular, mais humano, que é influenciado das duas clássicas obras.
O principal exemplo dessas influências é a forma como Batman e Coringa são retratados. A filosofia que cerca o conflito entre os dois é de uma enorme excelência e também uma raridade dentro dos filmes do gênero. É engraçado que esse conflito só é tão forte e eternamente vivo devido ao caráter e motivações de ambos. Individualmente, a construção de cada um é tão primorosa quanto. É passada a melancolia e determinação do Batman em limpar a cidade do mal que tirou a vida de seus pais, além de seu senso de justiça e seus demais valores morais. Também é transmitida toda insanidade do Coringa, seu brilhantismo em articular e executar feitos mirabolantes. Seu humor negro e sadismo também estão presentes, mas de uma forma cabível ao que é proposto nesse universo criado. Não há espaço para o gás do riso e outras palhaçadas costumeiras dele, que podem funcionar muito bem nas HQs e desenhos animados, mas que aqui teriam um enorme contraste com o tom presente.
O que também enaltece os méritos de Batman: O Cavaleiro das Trevas é a exploração de inúmeras questões que surgem de forma indireta, ou que são apontadas de forma direta principalmente pelo Coringa, que prova merecer destaque entre os maiores vilões de todos os tempos. Seus motivos e ideais são diferentes dos estereótipos de vilões, além de serem muito bem trabalhados, já que muitos acontecimentos no filme são consequentes disso. E então proporcionam ao espectador diversas reflexões sobre a sociedade e seus atos.
A admiração vai além do roteiro. Nolan se mostra um ótimo líder ao dirigir tão bem cada aspecto do filme. Desde as já citadas incríveis cenas de ação à grandiosa trilha sonora composta por Hans Zimmer e James Newton Howard, que tornam essas e outras cenas ainda mais emocionantes. Também a excepcional fotografia de Wally Pfister, que possui um tom meio azulado, as maquiagens e a sonoplastia. Tudo realizado com muito esmero.
E claro, as atuações, que são antológicas. Christian Bale faz o melhor Batman, Maggie Gyllenhaal substitui Katie Holmes dando muito maior carisma à personagem. Há destaque também para Gary Oldman, Michael Caine e Morgan Freeman, cujos personagens auxiliam o herói. Aaron Eckhart vive bem o Harvey Dent e o conflito psicológico que ele enfrenta no decorrer do filme. Mas de fato, quem mais intrigou o público com sua performance, com todos os méritos, foi Heath Ledger, que incorporou toda a complexidade do Coringa, além das excelentes sacadas como os cacoetes que apresenta, entre outras coisas que o tornaram uma figura marcante. Faltam elogios para descrever seu trabalho que trouxe uma versão muito provavelmente insuperável do personagem.
Existem alguns erros, mas que não deixam comprometida essa obra que é muito mais que um filme de ação, e cumpre o que a maioria dos filmes em comum deixa a desejar, pois não tem como foco principal a pirotecnia, mas sim um roteiro fascinante que basicamente põe em questão os limites do ser humano e seus valores éticos. E o final traz enorme curiosidade e ansiedade para o que vem a seguir, o grande desfecho que, se manter a qualidade do que já foi feito, promete trazer uma das maiores trilogias já feitas.
A abertura da Universal apresentada em uma caracterização visual e sonora de 8 bits já deixa claro do que se trata Scott Pilgrim Contra o Mundo. O filme é uma adaptação das histórias em quadrinhos de Brian Lee O’Malley, onde música, videogame e muitos outros elementos da Cultura Pop estão presentes por toda parte na vida do protagonista.
Na trama, Scott Pilgrim (Michael Cera) é um jovem canadense de 22 anos, desempregado e que leva uma vida que considera preciosa, sem muitas pretensões, dando o maior foco à sua banda que não faz sucesso, os chamados Sex Bomb-Omb. Um dia conhece Ramona Flowers (Mary Elizabeth Winstead), garota que aparece em seu sonho, e por quem se apaixona instantaneamente. Resolve então convidá-la para sair, mas ainda se encontra amarrado a um relacionamento com Knives Chau (Ellen Wong), uma colegial de 17 anos.
Scott não descobre muito sobre a misteriosa Ramona em seu encontro, e tenta fazer com que a história entre os dois não passe de uma noite. Logo ele se torna vítima da Liga dos 7 Ex Namorados do Mal da Ramona, e descobre que se ele quiser mesmo ficar junto dela, precisará enfrentar todos os obstáculos e derrotar cada um de seus ex namorados. Não é coincidência isso ser semelhante a um jogo onde o herói precisa enfrentar desafios a cada nível para conseguir o que almeja. Cada um dos combates que Scott precisa vencer é rico em detalhes e elementos clássicos facilmente reconhecidos dos clássicos games. Um bom exemplo disso é que os inimigos se tornam moedas ao serem derrotados, além das vidas extras, combos especiais, entre outros.
Ao transportar as páginas dos quadrinhos para a tela, o diretor e roteirista Edgar Wright recria com extrema fidelidade várias cenas, fazendo com que nos sintamos dentro dos quadrinhos vivos, causando enorme nostalgia aos fãs, que vêem grandes momentos da obra original recriados com tamanho cuidado. Ao mesmo tempo, ele também faz ao seu próprio modo, com alguns cortes e modificações para a história originalmente em seis volumes poder ser contada em um único filme. Ainda assim, não se esquecendo do espírito que deve ser mantido.
Até mesmo em seus cortes o filme referencia não só a obra da qual é adaptada, mas quaisquer outras histórias em quadrinhos. São pulos rápidos de uma situação para outra, o que por vezes pode até soar negativamente por parecer muito corrido, ainda que não seja um defeito grande para o filme. Na edição foram acrescentadas onomatopéias em diversos momentos, enaltecendo tais referências, além de efeitos sonoros. Tudo isso em maior evidência nas cenas de ação, únicas e muito bem realizadas, onde Michael Cera consegue convencer lutando, além de incorporar bem a personalidade “sem noção” do personagem.
Nunca se viu antes um tratamento assim em um filme, seja no quesito visual, sonoro ou no tipo de história. É algo que se pode chamar de único. Um universo bastante humano em que o nosso herói lida com as complicações de relacionamentos amorosos e a pressão do compromisso com sua banda, mas também bastante épico, com a magia das referências à Cultura Pop. Tudo isso juntamente com um humor nonsense. Infelizmente, nem todos souberam compreender o espírito e a pretensão que possui o filme, julgando-o de maneira errônea e trazendo a ele um péssimo resultado de bilheterias.
O filme sueco Deixa ela entrar (Låt den Rätte Komma In, 2008) alcançou um sucesso internacional passando pelos festivais de filmes de terror e independentes nos Estados Unidos. Os elogios não foram por acaso, a produção nórdica é uma obra-prima, e devo dizer que está entre os melhores filmes de vampiros já feitos. Aproveitando-se de tal sucesso, Hollywood encaminhou o seu remake do filme estrangeiro, como já fez tantas outras vezes. Desnecessário, sim, mas que por vezes traz resultados deveras positivos, como Os Infiltrados (The Departed, 2006), dirigido por Martin Scorsese, um dos melhores diretores existentes. Deixe-me Entrar (Let me in, 2010), pode ser considerado um desses casos, ainda que fique na sombra do original.
A trama é exatamente a mesma, Owen (Kodi Smit-McPhee) é um garoto de 12 anos que sofre com o conflito dos pais em separação e com o bullying na escola. Durante a noite, Owen fantasia sua vingança, além de espionar a vizinhança com seu telescópio. Em uma dessas noites, conhece Abby (a promissora Chloë Moretz), menina que aparenta ter sua idade, e um homem misterioso que se supõe que seja seu pai (Richard Jenkis). Owen e Abby iniciam uma relação, e um dia o garoto descobre que a menina é na verdade uma vampira, e os assassinatos recentes são relacionados a ela.
O diretor Matt Reeves (Cloverfield) não adapta o filme para os padrões hollywoodianos, e nesse ponto ele foi feliz, mas é claro que também usufrui de maiores privilégios do que Tomas Alfredson (o diretor do sueco), como os efeitos criados por computação gráfica, sendo dispensáveis em certos momentos, que poderiam causar impacto ao espectador mesmo com a ausência deles.
A proposta intelectual, a profundidade na história, suas metáforas, tudo isso é mantido por Reeves em sua versão, com direito a algumas alterações e acréscimos. Alguns que se saem até melhores, e por falar nisso, há outras questões em que ele se sobressai, como nas cenas de ação, dando como exemplo a cena em que o carro capota. A tensão que ela transmite é grande, vemos apenas as pessoas dentro do carro, enquanto o acidente ocorre. Enquanto no original, o contexto de tal momento apenas se passa em um vestiário. Em outra questão é que no filme sueco os personagens e o andamento da trama parecem ignorar certos acontecimentos que não deviam passar batidos, mas a impressão causada é essa. Já no remake, isso é reparado.
O roteiro deste pode ser considerado mais didático que do anterior, no qual é necessária uma compreensão maior de quem o assiste, sobre determinadas coisas, que agora são explicadas e outras nem mesmo abordadas. Não torna ruim, mas fica menos misterioso.
Reeves homenageia o trabalho de Alfredson, revivendo momentos exatamente iguais. Isso funciona em certos aspectos, mas o diretor falha em tentar reviver alguns momentos do original, como a piscina no fim, uma das cenas com mais brilhantismo da produção sueca. Melhor seria se ele desse resultados diferentes em certas passagens, ainda que seguindo o mesmo contexto, ou então tratar de objetivos inéditos, deixando mais surpreendente. Deixe-me Entrar, então, necessita de mais criatividade quanto ao roteiro, mas isso não muda o fato de ser um filme bem realizado, e um remake hollywoodiano digno.
Após os 10 anos marcados pelo sucesso de Harry Potter no cinema, o mínimo que aqueles que acompanharam a jornada do jovem bruxo ao longo desse tempo poderiam pedir era por um encerramento a altura da qualidade e encanto que a série foi ganhando cada vez mais até então. E o último filme não só atende a tal pedido em todos os aspectos, como também vai além.
David Yates, sendo o diretor pela quarta vez na série, entrega ao público, fã ou não, um desfecho de qualidade admirável após ter comandado com esmero o trabalho nos filmes anteriores que dirigiu. Mostra ser um diretor de visão inteligente, colocando cada elemento em sua quantidade e momentos certos. Na Parte 1, há um maior desenvolvimento no drama dos personagens e seus conflitos internos, além da trama preparar o essencial para o fim, mas sem dever sequer um pouco nos momentos de ação. Agora na Parte 2, o ritmo mais acelerado e eletrizante dá um maior foco aos conflitos físicos que o filme anterior, mas também a ênfase dramática necessária para emocionar o espectador.
Na trama, Voldemort obteve a Varinha das varinhas, a fim de se tornar invencível. No entanto, fica mais fraco a cada pedaço de sua alma que é destruído pelos protagonistas. Com seu exército de Comensais da Morte, ele inicia um ataque a Hogwarts, para impedir que eles encontrem e consigam destruir as últimas horcruxes. Harry, sabendo de sua ira, luta para conseguir encontrar e destruí-las a tempo, e finalmente ter o duelo definitivo com seu nêmesis.
Com a batalha que ocorre na escola, Yates mais uma vez segue o correto, fazendo não um confronto final carregado de explosões numa ação cujo intuito seja apenas o impacto visual, mas sim uma batalha que apesar de épica, passa a emoção de como o momento verdadeiramente é: triste e sombrio. A trilha sonora de Alexandre Desplat, que repete o ótimo trabalho do filme anterior, evidencia essa questão.
Nos quesitos técnicos, o filme não fica nada a dever. Pelo contrário. O tratamento de efeitos visuais, a já citada trilha sonora, a fotografia de Eduardo Serra, que também repete muito bem seu trabalho, a bela direção de arte e também a maquiagem, proporcionando um ótimo resultado aos duendes, e também no epílogo, fazendo uma caracterização convincente dos personagens. Tudo isso num elevado padrão de qualidade.
As atuações não merecem menor atenção. A série sempre foi privilegiada por contar com um elenco incrível, e agorase trata do filme onde elas estão em maior destaque. Daniel Radcliffe tem o seu melhor momento e lidera de forma admirável. Rupert Grint e Emma Watson também são mais que merecedores de reconhecimento. Matthew Lewis tem bons momentos protagonizados por um Neville mais maduro. Alan Rickman, ainda que não apareça por muito tempo, proporciona um espetáculo na cena das memórias de seu personagem. Ralph Fiennes encarna um violento Voldemort consumido por fúria e medo. Helena Bonham Carter também marca presença como a insana BelatrizLestrange, tendo destaque na comicidade da cena da invasão ao Banco Gringotes. Também é digna de nota a atriz Maggie Smith, surpreendendo com seu papel da Professora Minerva McGonnagall, liderando a defesa de Hogwarts.
É gratificante ver o conjunto de todos esses trabalhos realizados com competência resultando em algo tão admirável, que talvez peque apenas por não dar a devida emoção em algumas das mortes, onde personagens queridos se vão, e também em explicar alguns detalhes deixados de fora que possivelmente confundam um pouco a quem não leu os livros. Não chegam a ser muito prejudiciais, mas o cuidado com esses detalhes poderia ser maior. No entanto, os acertos falam muito mais alto, e sim, contribuem para o desfecho merecido desse fenômeno que marcou a muitos e certamente continuará marcando, pois mesmo com a triste despedida, a série não morreu e tampouco morrerá nos corações e memórias de milhares.
Quando via notícias sobre esse filme, me vinha em mente certas possíveis incoerências com a trilogia original. Algumas se concretizaram, fazendo desse o maior problema do filme. Ao mesmo tempo que parece seguir a trilogia, também parece ignorá-la. Apesar disso, Matthew Vaughn, que fez o excelente "Kick-Ass - Quebrando Tudo", dirige muito bem o filme, e se apega a certos detalhes impressionantes. O roteiro possui uma boa exploração dos personagens (Mística possui mais carisma neste do que na trilogia toda), resultando em incríveis performances dos atores. Destaque para a dupla James McAvoy e Michael Fassbender, sensacionais como Charles Xavier e Erik Lensherr/Magneto. A direção de arte consegue remeter à época em que a trama se passa, esta que também é explorada não só em seus personagens, mas também nas situações que ocorrem. Com todos os aspectos positivos, afirmo com segurança de que trata-se do melhor filme dos X-Men, e a qualidade sobre os demais poderia ser ainda maior se não fosse o conflito entre seguir e não seguir o que já havia sido estabelecido antes.
Utiliza bastante os elementos principais dos games, inclusive nos movimentos do Príncipe Dastan numa boa coreografia. Na técnica, não deixa a desejar, e exemplos disso são os ótimos efeitos, cenários, fotografia e direção de arte. Nas atuações, alguns olhares do Jake Gyllenhaal soavam estranhos, embora este estivesse engraçado. No roteiro, peca no final, dando um desenrolar não muito satisfatório. Mas apesar disso, é um ótimo exemplo de uma adaptação de games (mídia que possui raros exemplos de adaptação para se admirar), e um bom blockbuster, tendo se saído muito mais agradável que o Fúria de Titãs.
Merecedor de todos os elogios, Kick-Ass é realmente um dos grandes filmes do ano. Na história, acompanhamos o jovem Dave Lisewski, um adolescente comum, que não é o atleta da escola, nem o CDF, e nem nada do gênero. Apenas um garoto fascinado por histórias em quadrinhos, que um dia questiona o porque de ninguém nunca ter tentado se rum super herói antes. A resposta parece óbvia, mas não para Dave. Ele se vê preso nessa ideia e decide fazer ele mesmo algo que ninguém havia feito: se tornar um herói mascarado em um mundo normal.
Compra uma roupa de mergulho e a transforma em seu uniforme cafona, empolgado à espera de seu primeiro ato até que ele surge. Vemos que o resultado é completamente diferente das fantasias do protagonista, que é brutalmente esfaqueado, e em seguida, atropelado, sentindo da pior forma a resposta da questão que o fez querer ser um vigilante, e sentindo a realidade da coisa.
Como em "Batman - Ano Um", o herói é quase morto em sua luta contra o crime. Uma das várias referências que o filme (e a HQ também) faz às histórias de Heróis, tais como o já citado Batman, e Homem Aranha.
Sendo gravemente ferido, Dave vê um ótimo motivo para largar essa loucura, mas é o que ele faz? Não! Tempos após se recuperar, ele volta à ativa, e então consegue se sair bem, salvando um homem de três bandidos. Mais do que isso, ele chama a atenção das pessoas, que passam à assisti-lo em sua ação, e uma delas o filma e coloca o vídeo no YouTube. A consequência é que o Kick-Ass se torna o maior fenômeno atual. Uma ótima sacada de introduzir a nossa realidade na história. E este é apenas um dos exemplos. Kick-Ass é chieo de Cultura Pop, algo bem como os filmes de Quentin Tarantino.
A trilha sonora (com direito até a homenagem ao Ennio Morricone) é um ótimo exemplo disso, e a fotografia também. Esta que o seu responsável pretendia dar um tom sombrio, mas felizmente o diretor Matthew Vaughn (Stardust, 2007) o instruiu para realizar de modo diferente, algo mais pop e colorido, a atmosfera certa para o filme. As atuações são ótimas, Aaron Johnson sustenta muito bem o filme como protagonista; Christopher Mintz-Plasse, o grande McLovin de "Superbad" continua com seu carisma; Nicholas Cage está impecável, e faz uma grande referência ao Adam West. Mas as atenções se voltam mesmo é para a pequena Chloë Moretz, que rouba as cenas e protagoniza os melhores momentos de ação do filme.
Sendo tão bom em todos esses quesitos, nada mais justo que o filme tenha esse grande recebimento de crítica que teve. Dou meus parabéns ao Matthew Vaughn, que se arriscou com seu dinheiro nessa produção independente, e conseguiu o que queria.
Embora eu nunca tenha tido grandes expectativas para esse filme, em questão da grande deturpação da mitologia grega, não esperava que fosse tão ruim quanto é. A ação não empolga, não mostrando nada espetacular e único, as atuações ficam devendo, e isso me foi inesperado, ainda mais por ter os grandes Liam Neeson e Ralph Fiennes no elenco. O roteiro é desenvolvido de forma péssima, assim como seus personagens. E ainda utiliza o estereótipo nada menos que equivocado de retratar Hades como um vilão. O pior é a argumentação de alguns dizendo que não dá pra esperar história vindo de mitologia grega, sendo que esta é rica em mitos de enorme profundidade e dignos de reflexão. Uma pena o filme não ter a absorção de tal profundidade.
Quando soube da premissa, já havia achado mais interessante que a do terceiro. Felizmente, não só a premissa, mas como o filme também é muito superior ao seu anterior. A técnica de animação empregada é ótima, proporcionando um belo visual, e a história até que diverte. Mas seria melhor se não repetisse tanto em algumas questões, o que acaba sendo negativo para o filme. E é inegável que o humor é bem fraco em relação à aquele humor negro, sarcástico e inteligente dos dois primeiros filmes da série. Resumindo, é isso. Consegue ser superior ao terceiro, mas precisaria melhorar muito para se igualar aos dois primeiros da série.
Sensacional. Ótimas críticas que se apegam à questões sociais, de fato para servirem de reflexão. Atuação sinistra do Malcolm McDowell, e brilhante direção do Stanley Kubrick. Louco para ter essa obra logo em DVD.
Fazia um certo tempo em que não saia um filme com um bom 3D estereoscópico. Henry Selick utilizou a tecnologia com grande inteligência, ou seja, o 3D serviu mais pra dar uma noção de profundidade e maior interação com o filme do que simplesmente atirar objetos em nossas caras, como é o caso de outros... Unindo à técnica do stop-motion, tornou simplesmente uma coisa perfeita de se ver. Por exemplo, a cena no jardim formando o rosto da protagonista foi fantástica. Aliás, todo o visual do filme é encantador. A trilha sonora do Bruno Coulais é linda, e combina perfeitamente com o filme. E a história não pode ser desmerecida. Trata-se de uma adaptação de uma obra do mestre Neil Gaiman. Acompanhamos uma menina carente que se vê em um mundo (diferente, bizarro,assustador, mas também curioso e fantástico) que à primeira vista é ideal para uma criança, com pais que dão atenção, e fazem tudo em seu nome. É demasiadamente interessante como vemos a menina se apegar ao real sentido da coragem, que é sabendo lidar com o medo para poder salvar a quem ama. O filme é fiel ao livro, mas tem as suas próprias características, como o personagem Wybie e outros elementos, mas mesmo assim seguindo o principal da história da obra original.
Uma revolução para a série no meio cinematográfico. O filme de mais influência, já que levou a série a um novo patamar, e tirou de vez aquela imagem que tinham dos dois primeiros filmes (os mais fracos se avaliados como filmes, e não por serem fieis) e fazendo a série subir no conceito de críticos e tal. Pode ser considerado o pior roteiro por conter algumas falhas, mas a grande direção do Alfonso Cuarón não deixou que isso fosse um problema. Também é admirável a forma como esse filme lida com a fidelidade. Não xerocou o livro como no caso dos dois filmes anteriores, mas foi fiel o bastante e tomou liberdades que não prejudicaram o andamento da série e nada parecido, como infelizmente aconteceu com filmes futuros...
Não credito esse filme apenas ao Tim Burton, que fez o poema original e produziu o filme, sendo grande influente. Acredito que vale dar os merecidos créditos também ao trabalho do Henry Selick como diretor também, e às belas canções criadas pelo Danny Elfman. Além de toda a bizarrice e coisas sombrias que me chamam muito a atenção, o filme também tem questões como o que é de de nossa natureza. E a técnica do stop-motion é simplesmente divina, sendo uma das melhores animações do gênero.
Cresci vendo inúmeras vezes, nunca me cansava. Traz uma mensagem e questões morais lindas à história. Sem dúvidas é mais que merecidamente um clássico.
Realmente, uma aula de cinema. Roteiro e direção impecáveis. Sem falar das atuações também... Tarantino é com toda a certeza um dos diretores mais geniais da atualidade. É um filme que adoraria ter em DVD, assim como o mais atual do diretor, Bastardos Inglórios.
Mais um filme do Alfonso Cuarón que eu adorei. Ótima direção dele, uma fotografia linda e a arte também. A história é tão carismática quanto a protagonista Sara, com uma grande mente criativa.
Comprar Ingressos
Este site usa cookies para oferecer a melhor experiência possível. Ao navegar em nosso site, você concorda com o uso de cookies.
Se você precisar de mais informações e / ou não quiser que os cookies sejam colocados ao usar o site, visite a página da Política de Privacidade.
Batman: O Cavaleiro das Trevas
4.5 3,8K Assista AgoraO diretor Christopher Nolan foi o responsável por trazer o Batman de volta ao cinema com o ótimo Batman Begins, lançado em 2005. Três anos depois ele lança sua continuação, e se o anterior havia se tornado destaque por seu diferencial se tratando de um filme de heróis de quadrinhos, o sucessor engrandece tal fato sobre as demais adaptações se mostrando um filme maduro em todos os sentidos, longe de qualquer coisa vista antes no gênero.
Neste novo filme, Nolan põe em maior evidência sua abordagem realista do universo do personagem, sendo tudo bastante humano, tanto na complexidade da trama quanto a dos personagens. No entanto, ainda se trata de um filme, o que deve ser levado em conta para considerar os elementos ficcionais da história, sendo um belo resultado de uma fusão de realismo e ficção.
Essa escolha do diretor traz um retorno interessante e muito feliz. A visão realista dada ao Morcego e sua mitologia cria a possibilidade de uma trama madura, complexa e também filosófica. Isso além do teor psicológico dado pelo diretor e roteirista, que já se mostrou gostar muito de trabalhar com o tema em seus filmes. Mas como se trata de um filme de um herói ícone dos quadrinhos e outras mídias, há também um grande espaço para as cenas de ação belamente executadas e que dispensam muito uso de computação gráfica, o que as tornam ainda mais interessantes.
Na trama, Batman, com a ajuda do Tenente Gordon e do promotor de justiça Harvey Dent, combate o crime organizado de Gotham, sob o comando do mafioso Sal Maroni. O trio possui êxito no embate contra a máfia da cidade, mas então surge um criminoso misterioso e peculiar chamado Coringa. O vilão, que apresenta uma mente brilhante e bastante perturbada, inicia um caos em Gotham, trazendo responsabilidade e problemas ao herói que acaba tendo sua imagem questionada pela sociedade. Para conseguir pegá-lo, Batman deve enfrentar e tomar decisões complicadas, que atingem até mesmo sua vida pessoal.
Mesmo que a história do filme tenha sido criada por seus envolvidos, as influências para a composição desta vieram principalmente de duas HQs clássicas do Batman: “A Piada Mortal” e “O longo dia das Bruxas”. A fidelidade e respeito para com o universo do personagem ficam em evidência, ainda que com um toque particular estabelecido nas adaptações de Nolan. Mas é justamente esse toque particular, mais humano, que é influenciado das duas clássicas obras.
O principal exemplo dessas influências é a forma como Batman e Coringa são retratados. A filosofia que cerca o conflito entre os dois é de uma enorme excelência e também uma raridade dentro dos filmes do gênero. É engraçado que esse conflito só é tão forte e eternamente vivo devido ao caráter e motivações de ambos. Individualmente, a construção de cada um é tão primorosa quanto. É passada a melancolia e determinação do Batman em limpar a cidade do mal que tirou a vida de seus pais, além de seu senso de justiça e seus demais valores morais. Também é transmitida toda insanidade do Coringa, seu brilhantismo em articular e executar feitos mirabolantes. Seu humor negro e sadismo também estão presentes, mas de uma forma cabível ao que é proposto nesse universo criado. Não há espaço para o gás do riso e outras palhaçadas costumeiras dele, que podem funcionar muito bem nas HQs e desenhos animados, mas que aqui teriam um enorme contraste com o tom presente.
O que também enaltece os méritos de Batman: O Cavaleiro das Trevas é a exploração de inúmeras questões que surgem de forma indireta, ou que são apontadas de forma direta principalmente pelo Coringa, que prova merecer destaque entre os maiores vilões de todos os tempos. Seus motivos e ideais são diferentes dos estereótipos de vilões, além de serem muito bem trabalhados, já que muitos acontecimentos no filme são consequentes disso. E então proporcionam ao espectador diversas reflexões sobre a sociedade e seus atos.
A admiração vai além do roteiro. Nolan se mostra um ótimo líder ao dirigir tão bem cada aspecto do filme. Desde as já citadas incríveis cenas de ação à grandiosa trilha sonora composta por Hans Zimmer e James Newton Howard, que tornam essas e outras cenas ainda mais emocionantes. Também a excepcional fotografia de Wally Pfister, que possui um tom meio azulado, as maquiagens e a sonoplastia. Tudo realizado com muito esmero.
E claro, as atuações, que são antológicas. Christian Bale faz o melhor Batman, Maggie Gyllenhaal substitui Katie Holmes dando muito maior carisma à personagem. Há destaque também para Gary Oldman, Michael Caine e Morgan Freeman, cujos personagens auxiliam o herói. Aaron Eckhart vive bem o Harvey Dent e o conflito psicológico que ele enfrenta no decorrer do filme. Mas de fato, quem mais intrigou o público com sua performance, com todos os méritos, foi Heath Ledger, que incorporou toda a complexidade do Coringa, além das excelentes sacadas como os cacoetes que apresenta, entre outras coisas que o tornaram uma figura marcante. Faltam elogios para descrever seu trabalho que trouxe uma versão muito provavelmente insuperável do personagem.
Existem alguns erros, mas que não deixam comprometida essa obra que é muito mais que um filme de ação, e cumpre o que a maioria dos filmes em comum deixa a desejar, pois não tem como foco principal a pirotecnia, mas sim um roteiro fascinante que basicamente põe em questão os limites do ser humano e seus valores éticos. E o final traz enorme curiosidade e ansiedade para o que vem a seguir, o grande desfecho que, se manter a qualidade do que já foi feito, promete trazer uma das maiores trilogias já feitas.
Scott Pilgrim Contra o Mundo
3.9 3,2K Assista AgoraA abertura da Universal apresentada em uma caracterização visual e sonora de 8 bits já deixa claro do que se trata Scott Pilgrim Contra o Mundo. O filme é uma adaptação das histórias em quadrinhos de Brian Lee O’Malley, onde música, videogame e muitos outros elementos da Cultura Pop estão presentes por toda parte na vida do protagonista.
Na trama, Scott Pilgrim (Michael Cera) é um jovem canadense de 22 anos, desempregado e que leva uma vida que considera preciosa, sem muitas pretensões, dando o maior foco à sua banda que não faz sucesso, os chamados Sex Bomb-Omb. Um dia conhece Ramona Flowers (Mary Elizabeth Winstead), garota que aparece em seu sonho, e por quem se apaixona instantaneamente. Resolve então convidá-la para sair, mas ainda se encontra amarrado a um relacionamento com Knives Chau (Ellen Wong), uma colegial de 17 anos.
Scott não descobre muito sobre a misteriosa Ramona em seu encontro, e tenta fazer com que a história entre os dois não passe de uma noite. Logo ele se torna vítima da Liga dos 7 Ex Namorados do Mal da Ramona, e descobre que se ele quiser mesmo ficar junto dela, precisará enfrentar todos os obstáculos e derrotar cada um de seus ex namorados. Não é coincidência isso ser semelhante a um jogo onde o herói precisa enfrentar desafios a cada nível para conseguir o que almeja. Cada um dos combates que Scott precisa vencer é rico em detalhes e elementos clássicos facilmente reconhecidos dos clássicos games. Um bom exemplo disso é que os inimigos se tornam moedas ao serem derrotados, além das vidas extras, combos especiais, entre outros.
Ao transportar as páginas dos quadrinhos para a tela, o diretor e roteirista Edgar Wright recria com extrema fidelidade várias cenas, fazendo com que nos sintamos dentro dos quadrinhos vivos, causando enorme nostalgia aos fãs, que vêem grandes momentos da obra original recriados com tamanho cuidado. Ao mesmo tempo, ele também faz ao seu próprio modo, com alguns cortes e modificações para a história originalmente em seis volumes poder ser contada em um único filme. Ainda assim, não se esquecendo do espírito que deve ser mantido.
Até mesmo em seus cortes o filme referencia não só a obra da qual é adaptada, mas quaisquer outras histórias em quadrinhos. São pulos rápidos de uma situação para outra, o que por vezes pode até soar negativamente por parecer muito corrido, ainda que não seja um defeito grande para o filme. Na edição foram acrescentadas onomatopéias em diversos momentos, enaltecendo tais referências, além de efeitos sonoros. Tudo isso em maior evidência nas cenas de ação, únicas e muito bem realizadas, onde Michael Cera consegue convencer lutando, além de incorporar bem a personalidade “sem noção” do personagem.
Nunca se viu antes um tratamento assim em um filme, seja no quesito visual, sonoro ou no tipo de história. É algo que se pode chamar de único. Um universo bastante humano em que o nosso herói lida com as complicações de relacionamentos amorosos e a pressão do compromisso com sua banda, mas também bastante épico, com a magia das referências à Cultura Pop. Tudo isso juntamente com um humor nonsense. Infelizmente, nem todos souberam compreender o espírito e a pretensão que possui o filme, julgando-o de maneira errônea e trazendo a ele um péssimo resultado de bilheterias.
Deixe-me Entrar
3.4 1,9K Assista AgoraO filme sueco Deixa ela entrar (Låt den Rätte Komma In, 2008) alcançou um sucesso internacional passando pelos festivais de filmes de terror e independentes nos Estados Unidos. Os elogios não foram por acaso, a produção nórdica é uma obra-prima, e devo dizer que está entre os melhores filmes de vampiros já feitos. Aproveitando-se de tal sucesso, Hollywood encaminhou o seu remake do filme estrangeiro, como já fez tantas outras vezes. Desnecessário, sim, mas que por vezes traz resultados deveras positivos, como Os Infiltrados (The Departed, 2006), dirigido por Martin Scorsese, um dos melhores diretores existentes. Deixe-me Entrar (Let me in, 2010), pode ser considerado um desses casos, ainda que fique na sombra do original.
A trama é exatamente a mesma, Owen (Kodi Smit-McPhee) é um garoto de 12 anos que sofre com o conflito dos pais em separação e com o bullying na escola. Durante a noite, Owen fantasia sua vingança, além de espionar a vizinhança com seu telescópio. Em uma dessas noites, conhece Abby (a promissora Chloë Moretz), menina que aparenta ter sua idade, e um homem misterioso que se supõe que seja seu pai (Richard Jenkis). Owen e Abby iniciam uma relação, e um dia o garoto descobre que a menina é na verdade uma vampira, e os assassinatos recentes são relacionados a ela.
O diretor Matt Reeves (Cloverfield) não adapta o filme para os padrões hollywoodianos, e nesse ponto ele foi feliz, mas é claro que também usufrui de maiores privilégios do que Tomas Alfredson (o diretor do sueco), como os efeitos criados por computação gráfica, sendo dispensáveis em certos momentos, que poderiam causar impacto ao espectador mesmo com a ausência deles.
A proposta intelectual, a profundidade na história, suas metáforas, tudo isso é mantido por Reeves em sua versão, com direito a algumas alterações e acréscimos. Alguns que se saem até melhores, e por falar nisso, há outras questões em que ele se sobressai, como nas cenas de ação, dando como exemplo a cena em que o carro capota. A tensão que ela transmite é grande, vemos apenas as pessoas dentro do carro, enquanto o acidente ocorre. Enquanto no original, o contexto de tal momento apenas se passa em um vestiário. Em outra questão é que no filme sueco os personagens e o andamento da trama parecem ignorar certos acontecimentos que não deviam passar batidos, mas a impressão causada é essa. Já no remake, isso é reparado.
O roteiro deste pode ser considerado mais didático que do anterior, no qual é necessária uma compreensão maior de quem o assiste, sobre determinadas coisas, que agora são explicadas e outras nem mesmo abordadas. Não torna ruim, mas fica menos misterioso.
Reeves homenageia o trabalho de Alfredson, revivendo momentos exatamente iguais. Isso funciona em certos aspectos, mas o diretor falha em tentar reviver alguns momentos do original, como a piscina no fim, uma das cenas com mais brilhantismo da produção sueca. Melhor seria se ele desse resultados diferentes em certas passagens, ainda que seguindo o mesmo contexto, ou então tratar de objetivos inéditos, deixando mais surpreendente. Deixe-me Entrar, então, necessita de mais criatividade quanto ao roteiro, mas isso não muda o fato de ser um filme bem realizado, e um remake hollywoodiano digno.
Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2
4.3 5,2K Assista AgoraApós os 10 anos marcados pelo sucesso de Harry Potter no cinema, o mínimo que aqueles que acompanharam a jornada do jovem bruxo ao longo desse tempo poderiam pedir era por um encerramento a altura da qualidade e encanto que a série foi ganhando cada vez mais até então. E o último filme não só atende a tal pedido em todos os aspectos, como também vai além.
David Yates, sendo o diretor pela quarta vez na série, entrega ao público, fã ou não, um desfecho de qualidade admirável após ter comandado com esmero o trabalho nos filmes anteriores que dirigiu. Mostra ser um diretor de visão inteligente, colocando cada elemento em sua quantidade e momentos certos. Na Parte 1, há um maior desenvolvimento no drama dos personagens e seus conflitos internos, além da trama preparar o essencial para o fim, mas sem dever sequer um pouco nos momentos de ação. Agora na Parte 2, o ritmo mais acelerado e eletrizante dá um maior foco aos conflitos físicos que o filme anterior, mas também a ênfase dramática necessária para emocionar o espectador.
Na trama, Voldemort obteve a Varinha das varinhas, a fim de se tornar invencível. No entanto, fica mais fraco a cada pedaço de sua alma que é destruído pelos protagonistas. Com seu exército de Comensais da Morte, ele inicia um ataque a Hogwarts, para impedir que eles encontrem e consigam destruir as últimas horcruxes. Harry, sabendo de sua ira, luta para conseguir encontrar e destruí-las a tempo, e finalmente ter o duelo definitivo com seu nêmesis.
Com a batalha que ocorre na escola, Yates mais uma vez segue o correto, fazendo não um confronto final carregado de explosões numa ação cujo intuito seja apenas o impacto visual, mas sim uma batalha que apesar de épica, passa a emoção de como o momento verdadeiramente é: triste e sombrio. A trilha sonora de Alexandre Desplat, que repete o ótimo trabalho do filme anterior, evidencia essa questão.
Nos quesitos técnicos, o filme não fica nada a dever. Pelo contrário. O tratamento de efeitos visuais, a já citada trilha sonora, a fotografia de Eduardo Serra, que também repete muito bem seu trabalho, a bela direção de arte e também a maquiagem, proporcionando um ótimo resultado aos duendes, e também no epílogo, fazendo uma caracterização convincente dos personagens. Tudo isso num elevado padrão de qualidade.
As atuações não merecem menor atenção. A série sempre foi privilegiada por contar com um elenco incrível, e agorase trata do filme onde elas estão em maior destaque. Daniel Radcliffe tem o seu melhor momento e lidera de forma admirável. Rupert Grint e Emma Watson também são mais que merecedores de reconhecimento. Matthew Lewis tem bons momentos protagonizados por um Neville mais maduro. Alan Rickman, ainda que não apareça por muito tempo, proporciona um espetáculo na cena das memórias de seu personagem. Ralph Fiennes encarna um violento Voldemort consumido por fúria e medo. Helena Bonham Carter também marca presença como a insana BelatrizLestrange, tendo destaque na comicidade da cena da invasão ao Banco Gringotes. Também é digna de nota a atriz Maggie Smith, surpreendendo com seu papel da Professora Minerva McGonnagall, liderando a defesa de Hogwarts.
É gratificante ver o conjunto de todos esses trabalhos realizados com competência resultando em algo tão admirável, que talvez peque apenas por não dar a devida emoção em algumas das mortes, onde personagens queridos se vão, e também em explicar alguns detalhes deixados de fora que possivelmente confundam um pouco a quem não leu os livros. Não chegam a ser muito prejudiciais, mas o cuidado com esses detalhes poderia ser maior. No entanto, os acertos falam muito mais alto, e sim, contribuem para o desfecho merecido desse fenômeno que marcou a muitos e certamente continuará marcando, pois mesmo com a triste despedida, a série não morreu e tampouco morrerá nos corações e memórias de milhares.
X-Men: Primeira Classe
3.9 3,4K Assista AgoraQuando via notícias sobre esse filme, me vinha em mente certas possíveis incoerências com a trilogia original. Algumas se concretizaram, fazendo desse o maior problema do filme. Ao mesmo tempo que parece seguir a trilogia, também parece ignorá-la. Apesar disso, Matthew Vaughn, que fez o excelente "Kick-Ass - Quebrando Tudo", dirige muito bem o filme, e se apega a certos detalhes impressionantes. O roteiro possui uma boa exploração dos personagens (Mística possui mais carisma neste do que na trilogia toda), resultando em incríveis performances dos atores. Destaque para a dupla James McAvoy e Michael Fassbender, sensacionais como Charles Xavier e Erik Lensherr/Magneto. A direção de arte consegue remeter à época em que a trama se passa, esta que também é explorada não só em seus personagens, mas também nas situações que ocorrem. Com todos os aspectos positivos, afirmo com segurança de que trata-se do melhor filme dos X-Men, e a qualidade sobre os demais poderia ser ainda maior se não fosse o conflito entre seguir e não seguir o que já havia sido estabelecido antes.
Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo
3.3 2,0K Assista AgoraUtiliza bastante os elementos principais dos games, inclusive nos movimentos do Príncipe Dastan numa boa coreografia. Na técnica, não deixa a desejar, e exemplos disso são os ótimos efeitos, cenários, fotografia e direção de arte. Nas atuações, alguns olhares do Jake Gyllenhaal soavam estranhos, embora este estivesse engraçado. No roteiro, peca no final, dando um desenrolar não muito satisfatório. Mas apesar disso, é um ótimo exemplo de uma adaptação de games (mídia que possui raros exemplos de adaptação para se admirar), e um bom blockbuster, tendo se saído muito mais agradável que o Fúria de Titãs.
Kick-Ass: Quebrando Tudo
3.9 2,8K Assista AgoraMe animei pra fazer um texto, e resolvi postar aqui. Porém, possui alguns spoilers do começo do filme mais ou menos, então vou ter que tagar.
Merecedor de todos os elogios, Kick-Ass é realmente um dos grandes filmes do ano. Na história, acompanhamos o jovem Dave Lisewski, um adolescente comum, que não é o atleta da escola, nem o CDF, e nem nada do gênero. Apenas um garoto fascinado por histórias em quadrinhos, que um dia questiona o porque de ninguém nunca ter tentado se rum super herói antes. A resposta parece óbvia, mas não para Dave. Ele se vê preso nessa ideia e decide fazer ele mesmo algo que ninguém havia feito: se tornar um herói mascarado em um mundo normal.
Compra uma roupa de mergulho e a transforma em seu uniforme cafona, empolgado à espera de seu primeiro ato até que ele surge. Vemos que o resultado é completamente diferente das fantasias do protagonista, que é brutalmente esfaqueado, e em seguida, atropelado, sentindo da pior forma a resposta da questão que o fez querer ser um vigilante, e sentindo a realidade da coisa.
Como em "Batman - Ano Um", o herói é quase morto em sua luta contra o crime. Uma das várias referências que o filme (e a HQ também) faz às histórias de Heróis, tais como o já citado Batman, e Homem Aranha.
Sendo gravemente ferido, Dave vê um ótimo motivo para largar essa loucura, mas é o que ele faz? Não! Tempos após se recuperar, ele volta à ativa, e então consegue se sair bem, salvando um homem de três bandidos. Mais do que isso, ele chama a atenção das pessoas, que passam à assisti-lo em sua ação, e uma delas o filma e coloca o vídeo no YouTube. A consequência é que o Kick-Ass se torna o maior fenômeno atual. Uma ótima sacada de introduzir a nossa realidade na história. E este é apenas um dos exemplos. Kick-Ass é chieo de Cultura Pop, algo bem como os filmes de Quentin Tarantino.
A trilha sonora (com direito até a homenagem ao Ennio Morricone) é um ótimo exemplo disso, e a fotografia também. Esta que o seu responsável pretendia dar um tom sombrio, mas felizmente o diretor Matthew Vaughn (Stardust, 2007) o instruiu para realizar de modo diferente, algo mais pop e colorido, a atmosfera certa para o filme.
As atuações são ótimas, Aaron Johnson sustenta muito bem o filme como protagonista; Christopher Mintz-Plasse, o grande McLovin de "Superbad" continua com seu carisma; Nicholas Cage está impecável, e faz uma grande referência ao Adam West. Mas as atenções se voltam mesmo é para a pequena Chloë Moretz, que rouba as cenas e protagoniza os melhores momentos de ação do filme.
Sendo tão bom em todos esses quesitos, nada mais justo que o filme tenha esse grande recebimento de crítica que teve. Dou meus parabéns ao Matthew Vaughn, que se arriscou com seu dinheiro nessa produção independente, e conseguiu o que queria.
Fúria de Titãs
3.0 2,2K Assista AgoraEmbora eu nunca tenha tido grandes expectativas para esse filme, em questão da grande deturpação da mitologia grega, não esperava que fosse tão ruim quanto é. A ação não empolga, não mostrando nada espetacular e único, as atuações ficam devendo, e isso me foi inesperado, ainda mais por ter os grandes Liam Neeson e Ralph Fiennes no elenco. O roteiro é desenvolvido de forma péssima, assim como seus personagens. E ainda utiliza o estereótipo nada menos que equivocado de retratar Hades como um vilão. O pior é a argumentação de alguns dizendo que não dá pra esperar história vindo de mitologia grega, sendo que esta é rica em mitos de enorme profundidade e dignos de reflexão. Uma pena o filme não ter a absorção de tal profundidade.
Shrek Para Sempre
3.4 1,3K Assista AgoraQuando soube da premissa, já havia achado mais interessante que a do terceiro. Felizmente, não só a premissa, mas como o filme também é muito superior ao seu anterior.
A técnica de animação empregada é ótima, proporcionando um belo visual, e a história até que diverte. Mas seria melhor se não repetisse tanto em algumas questões, o que acaba sendo negativo para o filme. E é inegável que o humor é bem fraco em relação à aquele humor negro, sarcástico e inteligente dos dois primeiros filmes da série.
Resumindo, é isso. Consegue ser superior ao terceiro, mas precisaria melhorar muito para se igualar aos dois primeiros da série.
Laranja Mecânica
4.3 3,8K Assista AgoraSensacional. Ótimas críticas que se apegam à questões sociais, de fato para servirem de reflexão. Atuação sinistra do Malcolm McDowell, e brilhante direção do Stanley Kubrick. Louco para ter essa obra logo em DVD.
Coraline e o Mundo Secreto
4.1 1,9K Assista AgoraFazia um certo tempo em que não saia um filme com um bom 3D estereoscópico. Henry Selick utilizou a tecnologia com grande inteligência, ou seja, o 3D serviu mais pra dar uma noção de profundidade e maior interação com o filme do que simplesmente atirar objetos em nossas caras, como é o caso de outros... Unindo à técnica do stop-motion, tornou simplesmente uma coisa perfeita de se ver. Por exemplo, a cena no jardim formando o rosto da protagonista foi fantástica. Aliás, todo o visual do filme é encantador. A trilha sonora do Bruno Coulais é linda, e combina perfeitamente com o filme. E a história não pode ser desmerecida. Trata-se de uma adaptação de uma obra do mestre Neil Gaiman. Acompanhamos uma menina carente que se vê em um mundo (diferente, bizarro,assustador, mas também curioso e fantástico) que à primeira vista é ideal para uma criança, com pais que dão atenção, e fazem tudo em seu nome. É demasiadamente interessante como vemos a menina se apegar ao real sentido da coragem, que é sabendo lidar com o medo para poder salvar a quem ama.
O filme é fiel ao livro, mas tem as suas próprias características, como o personagem Wybie e outros elementos, mas mesmo assim seguindo o principal da história da obra original.
Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban
4.2 1,6K Assista AgoraUma revolução para a série no meio cinematográfico. O filme de mais influência, já que levou a série a um novo patamar, e tirou de vez aquela imagem que tinham dos dois primeiros filmes (os mais fracos se avaliados como filmes, e não por serem fieis) e fazendo a série subir no conceito de críticos e tal. Pode ser considerado o pior roteiro por conter algumas falhas, mas a grande direção do Alfonso Cuarón não deixou que isso fosse um problema. Também é admirável a forma como esse filme lida com a fidelidade. Não xerocou o livro como no caso dos dois filmes anteriores, mas foi fiel o bastante e tomou liberdades que não prejudicaram o andamento da série e nada parecido, como infelizmente aconteceu com filmes futuros...
O Estranho Mundo de Jack
4.1 1,3K Assista AgoraNão credito esse filme apenas ao Tim Burton, que fez o poema original e produziu o filme, sendo grande influente. Acredito que vale dar os merecidos créditos também ao trabalho do Henry Selick como diretor também, e às belas canções criadas pelo Danny Elfman.
Além de toda a bizarrice e coisas sombrias que me chamam muito a atenção, o filme também tem questões como o que é de de nossa natureza. E a técnica do stop-motion é simplesmente divina, sendo uma das melhores animações do gênero.
O Rei Leão
4.5 2,7K Assista AgoraCresci vendo inúmeras vezes, nunca me cansava. Traz uma mensagem e questões morais lindas à história. Sem dúvidas é mais que merecidamente um clássico.
Pulp Fiction: Tempo de Violência
4.4 3,7K Assista AgoraRealmente, uma aula de cinema. Roteiro e direção impecáveis. Sem falar das atuações também... Tarantino é com toda a certeza um dos diretores mais geniais da atualidade. É um filme que adoraria ter em DVD, assim como o mais atual do diretor, Bastardos Inglórios.
A Princesinha
4.1 789 Assista AgoraMais um filme do Alfonso Cuarón que eu adorei. Ótima direção dele, uma fotografia linda e a arte também. A história é tão carismática quanto a protagonista Sara, com uma grande mente criativa.