O que acontece no filme é tão brutal, tão terrível e difícil de ser digerido e metabolizado em palavras, que dá vontade de voltar atrás no que se vê e não ficar sabendo da cruz de Lee. As cenas dos corpos sendo retirados e a narração dele à polícia beiram o insuportável. Mas não se volta atrás no que se vê. Imagina estar no lugar de quem vivencia algo assim. Vem logo um sentimento de compreensão de toda aquela inexpressividade: "eu não julgo, não sei como agiria. Meu Deus". Dialogando com toda crueza apresentada, há personagens muito carismáticos, relações bem construídas. Para mim, Casey está muito bem, porque, ainda que quase morto, é um homem que desperta carinho. A compaixão por ele chega a ser sufocante, daí o desejo de uma reviravolta, um grito, uma rendenção possível e um final feliz, que, quando lembramos de novo do que aconteceu, é perfeitamente compreensível que não ocorra. Essa contraposição entre a dureza não maquiável da dor (quer algo mais cru que um corpo em um necrotério? E o choro do filho da ex-esposa no funeral?) e as tréguas geradas pelo afeto constroem um filme bonito e verossímil, que me ganhou.
Terminei há algumas horas e ainda fico ruminando a angústia que esse documentário transmite. Acho que principalmente por querer torcer por um final feliz que não tinha como chegar. Gostei muito da forma como tudo é retratado e por trazer uma Amy tão humana. Meu primeiro impulso é apedrejar Blake e o pai de Amy, mas dou uns passos atrás. Primeiro, porque documentários são sempre parciais, por mais bem feitos que sejam; e porque não dá pra classificar as pessoas de forma tão maniqueísta, como vilões ou mocinhos. As pessoas são mais complexas, as relações são mais complexas. Acho que a vontade que fica de abraçar Amy e cuidar dela é o que levo do filme para a vida, porque nós todos estamos imersos num tempo que prega o individualismo e o apedrejamento do outro, quando na verdade todos precisamos de companhia e amor. Que sejamos capazes de oferecer a quem está do lado, enquanto há tempo.
"Intocáveis": uma dupla que não se deixa tocar pelas normas, formas, pelo "politicamente correto", pelos preconceitos; enfim, pela chatice da vida, para ficar com o que ela é. François Cluzet merece o Oscar por colocar nos olhos e no sorriso a emoção e a alegria de ter ao lado a amizade genuína de Driss, também muito bem representado por Omar Sy. Leve, o filme me rendeu muitas gargalhadas e me levou às lágrimas sem esforço ou forçação: impossível não ser, sincera e simplesmente, tocado.
Geralmente não gosto muito de filmes com muitas histórias paralelas, e esse não foge à regra - as histórias não são bem desenvolvidas e/ou tem alguma de que não gosto muito.
Não gostei muito da do primeiro ministro, daquele cantor nem da história do "casal pornô". O filme só me valeu por ver o fofo do Colin Firth falando português (a história dele com a portuguesa é uma gracinha) e do padrasto/pai com seu enteado/filho apaixonado.
Manchester à Beira-Mar
3.8 1,4K Assista AgoraMuito bom!
O que acontece no filme é tão brutal, tão terrível e difícil de ser digerido e metabolizado em palavras, que dá vontade de voltar atrás no que se vê e não ficar sabendo da cruz de Lee. As cenas dos corpos sendo retirados e a narração dele à polícia beiram o insuportável. Mas não se volta atrás no que se vê. Imagina estar no lugar de quem vivencia algo assim. Vem logo um sentimento de compreensão de toda aquela inexpressividade: "eu não julgo, não sei como agiria. Meu Deus". Dialogando com toda crueza apresentada, há personagens muito carismáticos, relações bem construídas. Para mim, Casey está muito bem, porque, ainda que quase morto, é um homem que desperta carinho. A compaixão por ele chega a ser sufocante, daí o desejo de uma reviravolta, um grito, uma rendenção possível e um final feliz, que, quando lembramos de novo do que aconteceu, é perfeitamente compreensível que não ocorra. Essa contraposição entre a dureza não maquiável da dor (quer algo mais cru que um corpo em um necrotério? E o choro do filho da ex-esposa no funeral?) e as tréguas geradas pelo afeto constroem um filme bonito e verossímil, que me ganhou.
Amy
4.4 1,0K Assista AgoraTerminei há algumas horas e ainda fico ruminando a angústia que esse documentário transmite. Acho que principalmente por querer torcer por um final feliz que não tinha como chegar. Gostei muito da forma como tudo é retratado e por trazer uma Amy tão humana. Meu primeiro impulso é apedrejar Blake e o pai de Amy, mas dou uns passos atrás. Primeiro, porque documentários são sempre parciais, por mais bem feitos que sejam; e porque não dá pra classificar as pessoas de forma tão maniqueísta, como vilões ou mocinhos. As pessoas são mais complexas, as relações são mais complexas. Acho que a vontade que fica de abraçar Amy e cuidar dela é o que levo do filme para a vida, porque nós todos estamos imersos num tempo que prega o individualismo e o apedrejamento do outro, quando na verdade todos precisamos de companhia e amor. Que sejamos capazes de oferecer a quem está do lado, enquanto há tempo.
Intocáveis
4.4 4,1K Assista Agora"Intocáveis": uma dupla que não se deixa tocar pelas normas, formas, pelo "politicamente correto", pelos preconceitos; enfim, pela chatice da vida, para ficar com o que ela é. François Cluzet merece o Oscar por colocar nos olhos e no sorriso a emoção e a alegria de ter ao lado a amizade genuína de Driss, também muito bem representado por Omar Sy. Leve, o filme me rendeu muitas gargalhadas e me levou às lágrimas sem esforço ou forçação: impossível não ser, sincera e simplesmente, tocado.
Simplesmente Amor
3.5 889 Assista AgoraGeralmente não gosto muito de filmes com muitas histórias paralelas, e esse não foge à regra - as histórias não são bem desenvolvidas e/ou tem alguma de que não gosto muito.
Não gostei muito da do primeiro ministro, daquele cantor nem da história do "casal pornô". O filme só me valeu por ver o fofo do Colin Firth falando português (a história dele com a portuguesa é uma gracinha) e do padrasto/pai com seu enteado/filho apaixonado.
Aristogatas
3.8 311 Assista AgoraChoro de saudade!