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Últimas opiniões enviadas

  • André Pessoa

    Meu comentário vai inteiro dentro da tag spoiler:

    Comentário contando partes do filme. Mostrar.

    1 - As pessoas se encantam com as belíssimas cenas de amor e sexo entre o Roy e o Nathan (talvez as mais belas já filmadas) e isso as leva a pensar que esse filme é um romance gay. Mas não é. O tema central do filme, o que o define enquanto obra artística, é a questão do abuso sexual do filho pelo pai.

    2 - Vocês têm ideia do que é ser abusado sexualmente pela pessoa da qual a gente só espera proteção e carinho filial? É enlouquecedor. E é por isso que a questão do abuso está presente em todas as cenas capitais do filme.

    3 - A cena dos dois dentro da caminhonete, na chuva, é triste demais. Nathan é um rapaz inocente e supostamente inexperiente, mas quando o clima com o amigo, esquenta, ele "cavalga" o pênis do amigo, o que é uma coisa que uma pessoa inocente jamais faria, e o que causa a repulsa de Roy. Se ele fez isso com o namorado, é porque ele já tinha feito isso (ou obrigado a fazer) com outra pessoa, e é aí que fica claro o abuso anterior.

    4 - Depois, aparecem cenas que deixam claro, com todas as letras, o abuso que ele sofria pelo pai, e mais adiante temos as polêmicas cenas finais, que parece que deram um nó na cabeça dos espectadores.

    5 - Em primeiro lugar, entenda: se você só consegue assistir histórias com narrativa clássica, com começo, meio e fim, esse filme não é pra você. E o curioso é que o diretor prega uma peça no espectador, porque ele faz um filme com narrativa clássica do começo até quase o fim, mas ele quebra a narrativa depois da cena da descoberta do romance dos dois, e o que temos a partir daí é uma narrativa de sonho, onde ele não explica direito o que está acontecendo e na prática coloca dois finais no filme, praticamente pedindo para cada espectador escolher o seu.

    6 - Então não é verdade que o final seja ruim; ele apenas destoa do restante do filme (mas não muito). Na verdade, eu achei o final ótimo, profundo e cheio de metáforas. Sim, porque a minha teoria é que a cena em que os amigos descobrem que o Roy e Nathan têm um romance é a última cena "real" do filme. A partir daí, o que temos é um sonho do Nathan, um sonho confuso e contraditório, mas perfeitamente compatível com a mente de uma pessoa tão machucada psicologicamente como a dele.

    7 - Por que o Burke estupra e mata o Nathan nesse "sonho"? Vejam que que havia uma atração física clara entre o Burke e o Nathan em todas as cenas em que eles aparecem juntos. Quem leu o livro diz que isso é ainda mais claro nele. A relação da vítima do abuso sexual com o abuso não é uma coisa "preto-no-branco". Existe uma repulsa, mas em muitos casos existe um fascínio por ele. Por isso, acho razoável imaginar que uma mente tão machucada como a do Nathan fantasiava sobre estupro, sobre a própria morte, mas também tinha um espaço na sua mente para uma fantasia romântica do amor do Roy. No final, tudo isso se misturou no mesmo sonho.

    8 - Uma pista que o diretor deixa de que tudo aquilo é o sonho é o fato do Burke não ser preso nem sofrer qualquer tipo de sanção por estuprar e matar o amigo. Gente, isso jamais aconteceria nos Estados Unidos, no caso da vitima ser um respeitável rapaz branco como é o Nathan.

    9 - Enfim, o diretor (e o autor do livro também, ao qual o filme é bem fiel) aposta na inteligência do espectador. Aposta de que ele saberá pescar as pistas que ele vai colocando na história, e montar sem muito drama o quebra-cabeça do final aberto do filme. Pode ser que cada espectador tenha uma teoria diferente sobre o filme, mas isso não é um problema, e é isso que torna os finais abertos tão ricos.

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  • André Pessoa

    Bem, como é impossível fazer um comentário profundo sobre esse filme sem contá-lo inteiro, até a última cena, o meu comentário abaixo vai todo dentro da tag spoiler.

    Comentário contando partes do filme. Mostrar.

    Este filme é um drama mas é também um thriller. E ele é sensacional nos dois gêneros. A cena quase no início, quando o protagonista Daniel é enganado e inúmeros rapazes entram em seu apartamento para se divertir e roubar, é tão longa e tão tensa, que eu não tive coragem de vê-la até o final, e pulei a parte final dela (eu vi pelo streaming do My French Film Festival). A princípio, a reação dele àquela invasão é incompreensível. Penso que seria fácil pra ele sair do apartamento e chamar a polícia. Mas ele fica lá, e até confraterniza com os rapazes, meio apalermado. A princípio, eu pensei que o motivo disso fosse que ele é um cara tão depravado que somente a presença e a alegria daqueles rapazes tão bonitos já o excitasse, mesmo que ele não pudesse transar com eles e eles fossem roubá-lo. Mas as atitudes posteriores dele mostraram que não, e o motivo eu acho que foi simplesmente ele ter ficado em choque com invasão tão inusual ou então sentiu pena dos rapazes, que eram estrangeiros sem visto e seriam presos e deportados se ele chamasse a polícia.

    E depois aparece o Marek, um rapaz que se eu tivesse que definir com um único conceito, eu diria que é alguém que tem uma tristeza infinita dentro de si. Vende seu corpo mas talvez não seja nem gay. Chega, tira a roupa e se entrega, sem dor, sem entusiasmo, sem prazer, sem nada. Depois pega o dinheiro e vai embora, sem uma palavra. Como se ligar emocionalmente a alguém assim? Mas Daniel se ligou, talvez porque ele fosse um garoto muito lindo, mas eu acho que o motivo foi justamente a tristeza que ele demonstrava. Daniel viu naquele rapaz a chance de cultivar uma relação e tentar curá-lo de sua tristeza.

    E Marek voltou na semana seguinte, e na outra. E eles foram se vendo duas vezes por semana. Em algum momento, um sorriso do rapaz. Depois, uma demonstração genuína de prazer sexual. Mais tarde, ele conta a história da vida dele para Daniel, e também seu verdadeiro nome, que é Rouslan, e termina dizendo "eu confio em você". A relação estava fazendo bem a ambos, apesar da óbvia instabilidade desse tipo de ligação. Daniel foi inteligente na aproximação. Primeiro, pagava 50 euros por cada encontro, mas depois combinou de pagar um valor fixo por mês e que Rouslan viesse quando tivesse vontade, e por fim o convidou para morar com ele, sem pagamento mas provendo todas as necessidades dele. Essa era a única maneira de se ligar profundamente a alguém tão desconfiado (por razões óbvias) como Rouslan.

    Mas tinha algo que turvava a relação deles, que era a ligação de Rouslan com a gangue que roubou o apartamento. Todos eram estrangeiros sem visto permanente na França, e moravam juntos num hotel. Uma das cenas mais importantes do filme é a que Daniel diz para Rouslan: "eu não quero que você os veja mais; eles me assustam, e também assustam você". É isso mesmo. Rouslan tinha muito medo deles, especialmente do russo Boss, chefe da gangue. E porque ele continuava com eles? Porque eles eram a única família que ele tinha. Uma família autoritária, abusiva e violenta, mas ainda assim uma família. Mas ele ganhava coisas bonitas de Daniel, e os amigos começaram a perceber, e vai contra os códigos da gangue um membro ter muito mais do que os outros.

    O desfecho violento do caso era mais que óbvio, mas felizmente Daniel teve o sangue frio de fazer tudo certo e salvar Rouslan dos rapazes e talvez até mesmo da morte. Nesse trecho do filme, o meu destaque vai para a interpretação maravilhosa da Edéa Darcque como a funcionária do hotel que tem que interagir com todos os lados. Ela já é uma mulher linda, mas no filme ela se mostra com uma altivez e dignidade impressionantes, numa situação dificílima, onde ela era obrigada a relativizar certas coisas em nome da segurança e tranquilidade de todos. Quando a polícia chega para prender os rapazes, me cortou o coração que eles tenham prendido também outros estrangeiros que moravam no hotel, asiáticos a maioria, pessoas tranquilas que não tinham nada a ver com a violência denunciada.

    E por fim, chegamos à cena final, que é a da audiência judicial de adoção de Rouslan por Daniel. Sim, o francês não quer que ele seja seu amante ou marido, mas sim que seja seu filho. Concordamos que isso é um baita plot twist, não é? Mas nem tanto. Se a gente observar com calma as cenas do filme, vai ver que ele já estava se afastando sexualmente dele. Não queria mais transar, prepara um quarto para Rouslan dormir sozinho... Isso inclusive é motivo de pânico para o garoto, que interpreta isso como o prenúncio de um rompimento. Mas não; a coisa é que Daniel não queria mais transar com ele, mas cuidar dele. E isso é atitude de pai, e não de amante. É claro que as cenas em si não são tão claras assim, mas a cena final joga uma nova luz e um novo entendimento sobre elas. Uma pessoa muito querida minha achou esse final bizarro, mas eu não, achei normal e até muito bonito. Bizarro seria o contrário, se eles tivessem começado a relação como pai e filho e terminado como amantes. E foi esse final tão invulgar que tornou esse filme um drama digno de nota.

    Ou seja, o filme é uma mistura de drama e thriller muito bem feita. As cenas de sexo são bonitas e de bom gosto, mas saiba: é sexo gay, então não recomendo passar o filme com a família reunida. O único defeito do filme é que ele é muito longo; se tivesse 20 ou 30 minutos a menos, seria perfeito (a cena da invasão eu cortaria pela metade).

    Nota 9/10.

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  • André Pessoa

    Em primeiro lugar, eu queria dizer que quando tocou "Caravan", com orquestra completa de jazz no Carnagie Hall, eu chorei, de tão lindo que foi.

    Mas o filme é uma farsa.

    É MENTIRA que Charlie Parker tenha se tornado Bird depois que atiraram um prato nele. Essa história nem está nas biografias dele. Em uma entrevista, o próprio Parker disse que quando era adolescente ficou 3 ou 4 anos praticando o sax 15 horas por dia. Foi isso que o tornou um dos maiores saxofonistas da história: o amor extremado à música e o desejo firme de se tornar um grande intérprete.

    Também é MENTIRA que seja um bom método de ensino aplicar xingamentos homofóbicos aos alunos ou obrigá-los a continuar tocando mesmo com as mãos sangrando. E a deslealdade! Afagar o ego do aluno em particular para depois massacrá-lo em público. Isso não cria bons músicos. Isso cria maníacos, como o ex-aluno que teve um brilho efêmero e depois... (bem, quem viu o filme sabe o que aconteceu com ele)

    Rigor extremo na avaliação sim. Praticar até quase a exaustão, também sim. Mas o que é mostrado no filme NÃO! E o mais irritante é que o diretor do filme concorda com os métodos do louco. É como se ele quisesse dizer que hoje em dia não existe gente que seja "macho o suficiente" para se tornar músico de alto nível, o que é uma noção totalmente retrógrada tanto do ponto de vista comportamental como do próprio ponto de vista artístico, afinal temos inúmeros exemplos de grandes músicos que não tinham muita técnica.

    A história do filme é tão curtinha e os personagens (com exceção dos dois protagonistas) tão mal construídos, que não é dado devido destaque à Nicole, que no meu roteiro ideal pra esse filme seria o grande amor da vida do Andrew. Ele gosta dela, mas prefere o estrelato a que a música pode levá-lo. Sim, porque ele não ama a música; ele ama o reconhecimento público que a música pode dar pra ele. Isso fica claríssimo na conversa com os primos. Um deles estava super feliz porque tinha acertado um lançamento de não sei quantas jardas, e o sr. azedo diz em seguida: "mas o seu time é da terceira divisão". Ou seja, o futebol fazia o primo dele feliz, mas como ele não era o melhor dos melhores, não prestava.

    Eu devia ter dado uma nota até mais baixa pra esse filme, especialmente pelos inúmeros solos de bateria que tem nele (Que coisa chata! Ninguém gosta de solo de bateria! Só os bateristas). Mas então veio "Caravan", e essa canção como que purificou o filme de seus pecados. Penso até mesmo em comprar o Blu-ray quando sair, para ouvir e ver todos os dias essa interpretação magnifica.

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  • Filmow
    Filmow

    O Oscar 2017 está logo aí e teremos o nosso tradicional BOLÃO DO OSCAR FILMOW!

    Serão 3 vencedores no Bolão com prêmios da loja Chico Rei para os três participantes que mais acertarem nas categorias da premiação. (O 1º lugar vai ganhar um kit da Chico Rei com 01 camiseta + 01 caneca + 01 almofada; o 2º lugar 01 camiseta da Chico Rei; e o 3º lugar 01 almofada da Chico Rei.)

    Vem participar da brincadeira com a gente, acesse https://filmow.com/bolao-do-oscar/ para votar.
    Boa sorte! :)

    * Lembrando que faremos uma transmissão ao vivo via Facebook e Youtube da Casa Filmow na noite da cerimônia, dia 26 de fevereiro. Confirme presença no evento https://www.facebook.com/events/250416102068445/

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