O drama da família pobre, perdida no que resta de uma vida passada e diante do difícil reencontro é cortado, em diagonal, por um drama ainda maior. O dilema imposto pela questão agrária; a posse da terra, a exploração dos cortadores nas fazendas, as condições precárias no trabalho, a mudança na paisagem transformada em latifúndio, a doença do filho da matriarca; tudo soma-se para determinar o destino dos cinco personagens.
Não há beleza a ser mostrada. Ela é apenas a lembrança daquilo que já foi. Tanto assim que os pássaros se recusam a apresentarem-se diante da câmera, por mais que o avô e o menino chamem. A tragédia a que todos estão mergulhados se traduz na fala do velho Afonso para justificar sua partida e a longa ausência - "...não suportaria ver tudo se acabar". Uma chuva negra de cinzas cai diariamente sobre a casa. É a mensageira das queimadas e da morte que se abaterá sobre a família.
O menino não tem com quem brincar. A falta de outras crianças no filme é o retrato do isolamento a que todos foram submetidos. Vivem numa guerra surda e vã, simbolizada pela determinação da matriarca que recusa-se a entregar o pouco que lhe resta. Seguirá resistindo e sozinha. O filme é um retrato amargo e realista de um dilema agrário repetido exaustivamente no mundo.
O trabalho de câmera reforça o drama em tomadas letárgicas, em closers silenciosos. A luz usada atenua os contrastes e culmina magistralmente na cena impressionante das queimadas. O roteiro é conciso, focando nos dois dramas abordados e que se confundem na história; o social, da terra e o familiar, do reencontro.
Um filme sensível e que nos deixa uma mensagem de coragem e injustiça.
Não sou muito fã do cinema pensado e criado para adolescentes americanos dos anos 80. Essa proposta de cinema tem que ter gente muito talentosa e inteligente na execução para não virar somente um amontoado de cenas sem nenhum sentido. Sobretudo na direção. E é ai que o filme do Jackson merece reconhecimento.
O diretor de Senhor dos Anéis já demostrava, à época, que conhecia o riscado e dominava os códigos da sétima arte. Destaque para a montagem precisa que em conjunto com a trilha sonora dá à narrativa o equilíbrio entre suspense, ação, terror e humor. O trabalho de câmera e luz (fotografia) é outro ponto forte do filme.
Quanto ao roteiro nada a salientar - esse tipo de filme não pede lógica ou a mínima racionalidade mesmo - a não ser que se estende um pouco além do que poderia. Achei, ao final, um pouco cansativo. Mas dentro da proposta a história está bem contada.
Não há registro da infância de Jesus para além da natividade. Assim, toda e qualquer história dessa fase baseia-se em suposição ou pura fantasia. O cinema não tem de ser um registro fiel dos fatos mas não precisa ser tão oposta à eles. A despeito da liberdade artística que deve permear na produção de um filme penso que o espectador merece algum respaldo de verossimilhança quando tratar-se de fato histórico.
Numa terra de gente morena e pele queimada pelo sol intenso temos uma Maria e José brancos, e um Jesus mais brancos que os dois. Fica flagrante que comprometeram o cuidado com a caracterização histórica em nome do esteriótipo católico europeu.
Além disso, suponho que a guarda romana, força militar de ocupação, poderosa em toda região da Galileia não estaria a serviço, e muito menos responderia, ao rei Herodes, um judeu.
A direção não compromete, está concisa, e o roteiro cumpre o seu papel. O ponto alto é a fotografia e a interpretação de alguns atores. Sobretudo a de Jonathan Bailey como Herodes, Sara Lazzaro como Maria e Rory Keenan como Diabo. Quanto ao menino Adam Greaves-Deal, no papel de Jesus, teve uma atuação não mais que satisfatória, numa produção que pedia por um milagre.
Não é um filme para todos. Se você só aprecia roteiros aparentes com finais bem definidos não irá gostar. Seguem como que duas tramas paralelas, uma dos acontecimentos factuais, que dão temporalidade à história, e a outra que se passa nas camadas sedimentadas e escuras da alma. Um vento se ergue e agita essas camadas revelando desencontros e solidão, que no final nos diz que nem toda reconciliação é possível.
A fotografia e direção casam perfeitamente e dão pinceladas que aprofunda a atmosfera de mistério.
Os atores estão excelentes com destaque para a interpretação da Nicole Kidman. Um filme para se ver mais de uma vez.
Doze essências, mais uma. A décima terceira que, se descoberta, sobressairá a todas as outras e permanecerá eternamente na memória das pessoas. Essa nota aromática suprema, dita como descrita no filme, soa mística e dogmática. E ao dizê-lo o Sr. Boldini nos prepara para o que nos reserva a bela estória do filme.
Mas afinal; quem é Jean-Baptiste, esse miserável que nasceu na imundície e que responde pelo mesmo nome do profeta que teria batizado Jesus nas águas do rio Jordão? O nome, que neste caso nos remete ao início da grande tribulação de Jesus na terra - a sua paixão - seria por acaso? Assim como as essências serem doze mais Uma? É claro que se trata apenas de uma leitura. Mas esse jogo de coincidências alinhava sutilmente uma estória sobre a outra.
O perfume. Invisível e que nos toca pelo sentido. No filme é a razão de vida de Jean-Baptiste, Ele a percebe num lampejo, na cena do encantamento pelo cheiro da moça dos damascos, e entende a que veio ao mundo. Será seu martírio do qual não poderá escapar. Seu propósito será criar o perfume "sublime". Aquele que pode salvar-nos da nossa vida miserável e mesquinha. Para tanto, ele vai extrair o que há de puro e bom - incorruptível - no mundo. Quem provar desse perfume será marcado pelo Amor. Não daquele que lava os pecados, mas o que nos liberta de toda culpa.
O roteiro do filme é perfeito. Tem a medida exata de ação, suspense, drama e surpresas. Cada momento casado com o tema musical correto numa trilha sonora belíssima, que preenche a trama sem ser pedante e ostensiva.
Outro ponto marcante do filme é a direção alinhada à fotografia. Juntas dão o andamento em cenas magistrais, com destaque para super closes que correm lentamente por olhos, bocas e mãos. Há nessas cenas um leve erotismo que reforça no filme um clima de encantamento.
Para mim é um dos melhores filmes que já vi e de um diretor que merece minha atenção especial.
Considerado o filme que deu origem ao cinema expressionista alemão, a criação do cineasta Robert Wiene é difícil de ser rotulada por gênero. É como se sua trama que resulta num desfecho inusitado e inquietante, somada ao magnífico espaço cenográfico, a situasse numa ilha, bem no meio do oceano cinematográfico. Com cenários concebidos magistralmente pelo cenografo ..., o clima claustrofóbico do filme nos serve de parábola e justifica-se em seu desfecho.
Quanto ao diretor, manipula magistralmente as filmagens por entre os espaços do cenário que, por alguns momentos, nem nos damos conta de que nos encontramos encaixotados com os atores. Vale observar a cena do parque. Ali, como que vencendo as leis da física e da perspectiva, o diretor Robert Wiene coloca três,.. quatro,.. cinco planos ao mesmo tempo numa única cena recriando as dimensões espaciais e cenográficas.
No filme, os sentidos da consciência, percepção e loucura são colocados a prova, lado à lado. Como médico ou paciente, a experiência que nos proporciona o filme e aventurar-se por lugares onde nada é o que parece ser.
O filme: http://meucinemanet.blogspot.com.br/2014/05/coracoes-e-mentes.html
Lyndon B. Johnson, presidente dos EUA, em seu discurso à nação profere a famosa frase: "A vitória da América dependerá dos corações e mentes das pessoas que moram no Vietnã." A frase foi profética e caiu como luva. Mas não serviu nas mãos dos americanos e a vitória coube ao povo vietnamita.
Da frase que marcou a história Peter Davis tirou o nome para seu documentário "Hearts and Minds", considerado um dos melhores documentários políticos já feito. Durante dois anos, de 1972 a 1973, P. Davis recolheu documentos, imagens, realizou entrevistas, organizou informações. O lançamento do filme se deu no ano seguinte. Mas antes os produtores Bert Schneider e Henry Jaglom tiveram que reaver os direitos do filme depois que a Columbia Pictures se recusou promover a distribuição, que acabou a cargo da Warner Bros. Pictures.
Expondo a crueza e brutalidade da guerra, até então abordada com pouco realismo pelo noticiário americano, o filme estreou no festival de Cannes e foi aclamado pela crítica e público. No ano de 75 foi a vez do Oscar, onde levou o prêmiou de melhor documentário.
Chocados pelas imagens que apresentavam uma realidade desconhecida, o público, que a anos vinha protestando contra as razões apresentadas para a guerra passa a questiona-la também moralmente.
Até o final do conflito mais de 1 milhão de vietnamitas, na maioria civis, e 45 mil americanos iriam morrer. A exibição da chegada dos corpos dos soldados em sacos plásticos, fato tratado com sigilo de estado pelo governo, era o que faltava para quebrar a resistência dos que insistiam em acreditar no discurso de vitória das autoridades americanas. Fato é que em 1973, um povo simples, pobre e com poucos recursos bélicos obrigaram o país mais poderoso do mundo a retirar-se do campo de batalha. E em 30 de abril de 1975 o norte impõe sua vitória. Chegara ao fim 25 anos de conflito armado e ocupação estrangeira no Vietnã.
O filme comove com depoimentos do povo vietnamita diante da tragédia das famílias, que perdiam seus filhos, esposas ou maridos queimados pelo napalm ou pela fome provocada pela guerra. As plantações dos pequenos agricultores eram queimadas, os animais eram mortos e os fuzilamentos aconteciam em plena rua. Com a força do coração e a mente focada na resistência aquele povo de aparência franzina conquistou uma vitória que jamais teria sido imaginada. A não ser por eles próprios.
O susto é um patrimônio americano. Sobretudo na estética do cinema. Não devemos confundi-lo com o mistério e suspense, esses, legitimamente ingleses e tratados com sofisticação por diretores com Alfred Hitchicock. Falo do susto em estado puro e cru. Daqueles que surgem de repente detrás da porta, protagonizados pela perversidade infantil que toda criança ostenta naquela fase da vida. Pois é nisso que este e tantos outros filmes do gênero tentam se sustentar.
É claro que um bom roteiro salvaria a banalidade infantil da fraude, mas esse não foi o caso. Quando o roteiro fica a merce do susto e não da estória o resultado é uma sucessão de ideias desencontradas e pouco convincentes.
O estilo de filmagem e edição escolhidos, por vezes simulando documentário com inserção de gravações antigas em preto e branco, somado ao uso da câmera indiscreta, trêmula e apoiada diretamente sobre as mãos, foi uma escolha acertada para a proposta estética de viés jornalístico do filme. Mas a ausência de uma trama bem alinhavada esvaziou o filme de qualquer possibilidade de exito.
Ficam do filme os sustos tediosos, mais que manjados e previsíveis que nos empolgam na ingenuidade dos nossos 10 anos, mas que por ser fase transitória nos passa e nos cobra outras surpresas e intendimentos.
Impressiona pelo realismo das cenas, tecnicamente bem estudadas por um viés científico. A falta de som e explosões deve ter contrariado o espírito de hollywood mas no caso do espaço corresponde a verdade. E ao abdicar de trilha sonora o diretor concede ao filme sua força dramática; o silêncio. Não um silêncio qualquer, mais um que nos engole na imensidão do espaço. É o aspecto mais interessante do filme.
O filme tinha tudo pra ser enfadonho, mas um roteiro que não atrapalha - e isso já ajuda muito - somado ao clima de tensão constante nos conduz até ao final sem traumas. É a velha estória do retorno para casa. A Sandra Bullock nos mostra que quando não é chamada à fazer piadas pode-se tirar dali uma atriz. Vi pela tela do PC mas com certeza esse é um filme para ser visto na telona e no escuro de uma sala de cinema. Se for em 3D melhor ainda.
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Blade Runner 2049
4.0 1,7K Assista AgoraLouco pra ver. Um clássico com um diretor que eu gosto.
A Terra e a Sombra
3.8 52 Assista AgoraO drama da família pobre, perdida no que resta de uma vida passada e diante do difícil reencontro é cortado, em diagonal, por um drama ainda maior. O dilema imposto pela questão agrária; a posse da terra, a exploração dos cortadores nas fazendas, as condições precárias no trabalho, a mudança na paisagem transformada em latifúndio, a doença do filho da matriarca; tudo soma-se para determinar o destino dos cinco personagens.
Não há beleza a ser mostrada. Ela é apenas a lembrança daquilo que já foi. Tanto assim que os pássaros se recusam a apresentarem-se diante da câmera, por mais que o avô e o menino chamem. A tragédia a que todos estão mergulhados se traduz na fala do velho Afonso para justificar sua partida e a longa ausência - "...não suportaria ver tudo se acabar". Uma chuva negra de cinzas cai diariamente sobre a casa. É a mensageira das queimadas e da morte que se abaterá sobre a família.
O menino não tem com quem brincar. A falta de outras crianças no filme é o retrato do isolamento a que todos foram submetidos. Vivem numa guerra surda e vã, simbolizada pela determinação da matriarca que recusa-se a entregar o pouco que lhe resta. Seguirá resistindo e sozinha.
O filme é um retrato amargo e realista de um dilema agrário repetido exaustivamente no mundo.
O trabalho de câmera reforça o drama em tomadas letárgicas, em closers silenciosos. A luz usada atenua os contrastes e culmina magistralmente na cena impressionante das queimadas. O roteiro é conciso, focando nos dois dramas abordados e que se confundem na história; o social, da terra e o familiar, do reencontro.
Um filme sensível e que nos deixa uma mensagem de coragem e injustiça.
Trash: Náusea Total
3.6 242 Assista AgoraNão sou muito fã do cinema pensado e criado para adolescentes americanos dos anos 80. Essa proposta de cinema tem que ter gente muito talentosa e inteligente na execução para não virar somente um amontoado de cenas sem nenhum sentido. Sobretudo na direção. E é ai que o filme do Jackson merece reconhecimento.
O diretor de Senhor dos Anéis já demostrava, à época, que conhecia o riscado e dominava os códigos da sétima arte. Destaque para a montagem precisa que em conjunto com a trilha sonora dá à narrativa o equilíbrio entre suspense, ação, terror e humor. O trabalho de câmera e luz (fotografia) é outro ponto forte do filme.
Quanto ao roteiro nada a salientar - esse tipo de filme não pede lógica ou a mínima racionalidade mesmo - a não ser que se estende um pouco além do que poderia. Achei, ao final, um pouco cansativo. Mas dentro da proposta a história está bem contada.
Enfim, Peter Jackson já mostrava a que vinha.
O Jovem Messias
3.3 56 Assista AgoraNão há registro da infância de Jesus para além da natividade. Assim, toda e qualquer história dessa fase baseia-se em suposição ou pura fantasia. O cinema não tem de ser um registro fiel dos fatos mas não precisa ser tão oposta à eles. A despeito da liberdade artística que deve permear na produção de um filme penso que o espectador merece algum respaldo de verossimilhança quando tratar-se de fato histórico.
Numa terra de gente morena e pele queimada pelo sol intenso temos uma Maria e José brancos, e um Jesus mais brancos que os dois. Fica flagrante que comprometeram o cuidado com a caracterização histórica em nome do esteriótipo católico europeu.
Além disso, suponho que a guarda romana, força militar de ocupação, poderosa em toda região da Galileia não estaria a serviço, e muito menos responderia, ao rei Herodes, um judeu.
A direção não compromete, está concisa, e o roteiro cumpre o seu papel.
O ponto alto é a fotografia e a interpretação de alguns atores. Sobretudo a de Jonathan Bailey como Herodes, Sara Lazzaro como Maria e Rory Keenan como Diabo.
Quanto ao menino Adam Greaves-Deal, no papel de Jesus, teve uma atuação não mais que satisfatória, numa produção que pedia por um milagre.
Terra Estranha
2.5 122 Assista AgoraNão é um filme para todos. Se você só aprecia roteiros aparentes com finais bem definidos não irá gostar.
Seguem como que duas tramas paralelas, uma dos acontecimentos factuais, que dão temporalidade à história, e a outra que se passa nas camadas sedimentadas e escuras da alma. Um vento se ergue e agita essas camadas revelando desencontros e solidão, que no final nos diz que nem toda reconciliação é possível.
A fotografia e direção casam perfeitamente e dão pinceladas que aprofunda a atmosfera de mistério.
Os atores estão excelentes com destaque para a interpretação da Nicole Kidman.
Um filme para se ver mais de uma vez.
Perfume: A História de um Assassino
4.0 2,2KDoze essências, mais uma. A décima terceira que, se descoberta, sobressairá a todas as outras e permanecerá eternamente na memória das pessoas. Essa nota aromática suprema, dita como descrita no filme, soa mística e dogmática. E ao dizê-lo o Sr. Boldini nos prepara para o que nos reserva a bela estória do filme.
Mas afinal; quem é Jean-Baptiste, esse miserável que nasceu na imundície e que responde pelo mesmo nome do profeta que teria batizado Jesus nas águas do rio Jordão? O nome, que neste caso nos remete ao início da grande tribulação de Jesus na terra - a sua paixão - seria por acaso? Assim como as essências serem doze mais Uma?
É claro que se trata apenas de uma leitura. Mas esse jogo de coincidências alinhava sutilmente uma estória sobre a outra.
O perfume. Invisível e que nos toca pelo sentido. No filme é a razão de vida de Jean-Baptiste, Ele a percebe num lampejo, na cena do encantamento pelo cheiro da moça dos damascos, e entende a que veio ao mundo. Será seu martírio do qual não poderá escapar. Seu propósito será criar o perfume "sublime". Aquele que pode salvar-nos da nossa vida miserável e mesquinha. Para tanto, ele vai extrair o que há de puro e bom - incorruptível - no mundo. Quem provar desse perfume será marcado pelo Amor. Não daquele que lava os pecados, mas o que nos liberta de toda culpa.
O roteiro do filme é perfeito. Tem a medida exata de ação, suspense, drama e surpresas. Cada momento casado com o tema musical correto numa trilha sonora belíssima, que preenche a trama sem ser pedante e ostensiva.
Outro ponto marcante do filme é a direção alinhada à fotografia. Juntas dão o andamento em cenas magistrais, com destaque para super closes que correm lentamente por olhos, bocas e mãos. Há nessas cenas um leve erotismo que reforça no filme um clima de encantamento.
Para mim é um dos melhores filmes que já vi e de um diretor que merece minha atenção especial.
O Gabinete do Dr. Caligari
4.3 522 Assista AgoraConsiderado o filme que deu origem ao cinema expressionista alemão, a criação do cineasta Robert Wiene é difícil de ser rotulada por gênero. É como se sua trama que resulta num desfecho inusitado e inquietante, somada ao magnífico espaço cenográfico, a situasse numa ilha, bem no meio do oceano cinematográfico. Com cenários concebidos magistralmente pelo cenografo ..., o clima claustrofóbico do filme nos serve de parábola e justifica-se em seu desfecho.
Quanto ao diretor, manipula magistralmente as filmagens por entre os espaços do cenário que, por alguns momentos, nem nos damos conta de que nos encontramos encaixotados com os atores.
Vale observar a cena do parque. Ali, como que vencendo as leis da física e da perspectiva, o diretor Robert Wiene coloca três,.. quatro,.. cinco planos ao mesmo tempo numa única cena recriando as dimensões espaciais e cenográficas.
No filme, os sentidos da consciência, percepção e loucura são colocados a prova, lado à lado.
Como médico ou paciente, a experiência que nos proporciona o filme e aventurar-se por lugares onde nada é o que parece ser.
Corações e Mentes
4.5 47O filme: http://meucinemanet.blogspot.com.br/2014/05/coracoes-e-mentes.html
Lyndon B. Johnson, presidente dos EUA, em seu discurso à nação profere a famosa frase: "A vitória da América dependerá dos corações e mentes das pessoas que moram no Vietnã." A frase foi profética e caiu como luva. Mas não serviu nas mãos dos americanos e a vitória coube ao povo vietnamita.
Da frase que marcou a história Peter Davis tirou o nome para seu documentário "Hearts and Minds", considerado um dos melhores documentários políticos já feito. Durante dois anos, de 1972 a 1973, P. Davis recolheu documentos, imagens, realizou entrevistas, organizou informações. O lançamento do filme se deu no ano seguinte. Mas antes os produtores Bert Schneider e Henry Jaglom tiveram que reaver os direitos do filme depois que a Columbia Pictures se recusou promover a distribuição, que acabou a cargo da Warner Bros. Pictures.
Expondo a crueza e brutalidade da guerra, até então abordada com pouco realismo pelo noticiário americano, o filme estreou no festival de Cannes e foi aclamado pela crítica e público. No ano de 75 foi a vez do Oscar, onde levou o prêmiou de melhor documentário.
Chocados pelas imagens que apresentavam uma realidade desconhecida, o público, que a anos vinha protestando contra as razões apresentadas para a guerra passa a questiona-la também moralmente.
Até o final do conflito mais de 1 milhão de vietnamitas, na maioria civis, e 45 mil americanos iriam morrer. A exibição da chegada dos corpos dos soldados em sacos plásticos, fato tratado com sigilo de estado pelo governo, era o que faltava para quebrar a resistência dos que insistiam em acreditar no discurso de vitória das autoridades americanas. Fato é que em 1973, um povo simples, pobre e com poucos recursos bélicos obrigaram o país mais poderoso do mundo a retirar-se do campo de batalha. E em 30 de abril de 1975 o norte impõe sua vitória. Chegara ao fim 25 anos de conflito armado e ocupação estrangeira no Vietnã.
O filme comove com depoimentos do povo vietnamita diante da tragédia das famílias, que perdiam seus filhos, esposas ou maridos queimados pelo napalm ou pela fome provocada pela guerra. As plantações dos pequenos agricultores eram queimadas, os animais eram mortos e os fuzilamentos aconteciam em plena rua. Com a força do coração e a mente focada na resistência aquele povo de aparência franzina conquistou uma vitória que jamais teria sido imaginada. A não ser por eles próprios.
The Banshee Chapter
2.6 40O gosto pelo susto.
O susto é um patrimônio americano. Sobretudo na estética do cinema. Não devemos confundi-lo com o mistério e suspense, esses, legitimamente ingleses e tratados com sofisticação por diretores com Alfred Hitchicock. Falo do susto em estado puro e cru. Daqueles que surgem de repente detrás da porta, protagonizados pela perversidade infantil que toda criança ostenta naquela fase da vida.
Pois é nisso que este e tantos outros filmes do gênero tentam se sustentar.
É claro que um bom roteiro salvaria a banalidade infantil da fraude, mas esse não foi o caso. Quando o roteiro fica a merce do susto e não da estória o resultado é uma sucessão de ideias desencontradas e pouco convincentes.
O estilo de filmagem e edição escolhidos, por vezes simulando documentário com inserção de gravações antigas em preto e branco, somado ao uso da câmera indiscreta, trêmula e apoiada diretamente sobre as mãos, foi uma escolha acertada para a proposta estética de viés jornalístico do filme. Mas a ausência de uma trama bem alinhavada esvaziou o filme de qualquer possibilidade de exito.
Ficam do filme os sustos tediosos, mais que manjados e previsíveis que nos empolgam na ingenuidade dos nossos 10 anos, mas que por ser fase transitória nos passa e nos cobra outras surpresas e intendimentos.
Gravidade
3.9 5,1K Assista AgoraImpressiona pelo realismo das cenas, tecnicamente bem estudadas por um viés científico. A falta de som e explosões deve ter contrariado o espírito de hollywood mas no caso do espaço corresponde a verdade. E ao abdicar de trilha sonora o diretor concede ao filme sua força dramática; o silêncio. Não um silêncio qualquer, mais um que nos engole na imensidão do espaço. É o aspecto mais interessante do filme.
O filme tinha tudo pra ser enfadonho, mas um roteiro que não atrapalha - e isso já ajuda muito - somado ao clima de tensão constante nos conduz até ao final sem traumas. É a velha estória do retorno para casa. A Sandra Bullock nos mostra que quando não é chamada à fazer piadas pode-se tirar dali uma atriz.
Vi pela tela do PC mas com certeza esse é um filme para ser visto na telona e no escuro de uma sala de cinema. Se for em 3D melhor ainda.