Que elenco maravilhoso! O Gassman impecável. Totò um show, como sempre; Mastroianni, Salvatori, o carismático Pisacane (como eu gosto desse velhinho), e a musa (ora quem!). Monicelli quase me mata de rir com esse. Belo filme do mestre da comédia (ai, a repulsa ao trabalho! impagável).
O filme começa bem antes daí. "Consumo". Pasolini bateu a vida toda no consumo. As quebras, as formas diferentes de filmar dialogam com essa batalha perdida. Salò é negação da trilogia anterior, que é sensual, leve, engraçada. Salò é justamente o contrário, é feito com a sóbria vontade de ser "inconsumível" - mas ele já sabia que cedo ou tarde Salò também seria consumo: em fórum de cinema trash esse filme aqui é fichinha -, por isso a desilusão, a equivalência entre dominação sexual e repressão social, e por isso mesmo a ambientação da novela do Marquês de Sade na República de Salò, na época da ocupação nazifascista. Então, me faz bem ver a repulsa a esse filme, alguém achá-lo "nojento", "repugnante", "sem sentido porque quer ser bizarro", isso me deixa otimista - não sei com o quê. Nunca foi pensado pra ser agradável, pra ser belo. É uma obra corajosa, e por ela tenho muito respeito.
É o grande momento do neo-realismo, na minha opinião. O esforço de representar o outro vai além da estratégia dos planos, de uma questão estética... ela aqui se dá como linguagem. A tentativa do Visconti de criar a partir dos dialetos, de colocar no quadro os próprios pescadores, que encenam as próprias tragédias, é de uma sinceridade que me emociona. Filme-panfleto, filme-revolucionário, otimismo com a ferramenta de "conscientização" política que seria o cinema, o neo-realismo se resume nesse filme. Filmar o outro continua sendo um grande problema político.
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Os Eternos Desconhecidos
4.2 36Que elenco maravilhoso! O Gassman impecável. Totò um show, como sempre; Mastroianni, Salvatori, o carismático Pisacane (como eu gosto desse velhinho), e a musa (ora quem!). Monicelli quase me mata de rir com esse. Belo filme do mestre da comédia (ai, a repulsa ao trabalho! impagável).
Salò, ou os 120 Dias de Sodoma
3.2 1,0KO filme começa bem antes daí. "Consumo". Pasolini bateu a vida toda no consumo. As quebras, as formas diferentes de filmar dialogam com essa batalha perdida. Salò é negação da trilogia anterior, que é sensual, leve, engraçada. Salò é justamente o contrário, é feito com a sóbria vontade de ser "inconsumível" - mas ele já sabia que cedo ou tarde Salò também seria consumo: em fórum de cinema trash esse filme aqui é fichinha -, por isso a desilusão, a equivalência entre dominação sexual e repressão social, e por isso mesmo a ambientação da novela do Marquês de Sade na República de Salò, na época da ocupação nazifascista. Então, me faz bem ver a repulsa a esse filme, alguém achá-lo "nojento", "repugnante", "sem sentido porque quer ser bizarro", isso me deixa otimista - não sei com o quê. Nunca foi pensado pra ser agradável, pra ser belo. É uma obra corajosa, e por ela tenho muito respeito.
A Terra Treme
4.3 25É o grande momento do neo-realismo, na minha opinião. O esforço de representar o outro vai além da estratégia dos planos, de uma questão estética... ela aqui se dá como linguagem. A tentativa do Visconti de criar a partir dos dialetos, de colocar no quadro os próprios pescadores, que encenam as próprias tragédias, é de uma sinceridade que me emociona. Filme-panfleto, filme-revolucionário, otimismo com a ferramenta de "conscientização" política que seria o cinema, o neo-realismo se resume nesse filme. Filmar o outro continua sendo um grande problema político.