Luiz Fernando Carvalho produz, com "A Pedra do Reino", um belíssimo espetáculo lírico-teatral, inflexão poderosa em sua carreira. No entanto, ao contrário do que ocorre em "Capitu", microssérie que muito deve a esta e é capaz de superá-la, o diretor não é capaz de transformar a labiríntica trama de Suassuna em uma narrativa coerente e condizente com as necessidades da tela. Dessa forma, em cinco frenéticos episódios, o espectador assiste atônito a um exuberante desfile de trajes barrocos, a um sofisticado concerto de música armorial e a um delicado número de dança, sem compreender exatamente o que se passa e, pior, sem poder internalizar a riqueza da história por trás da série.
O poder das séries, bem como o das novelas, é grande, se tomarmos em conta a grande massa atingida por esses produtos. Conciliar arte e entretenimento nunca é simples. Às vezes a produção acaba pendendo demais para a arte erudita e não consegue canalizar um público fiel. Em contrapartida, às vezes é entretenimento besta e não consegue chamar atenção de uma mente um pouco mais crítica. Orange is The New Black se destaca, ao meu ver, por conseguir, equilibrar muito bem as necessidades estruturais de uma série e problematizar de maneira inteligente e aguda seus argumentos. É tão interessante ao ponto de nos perdermos ao tentarmos classificá-la como comédia ou drama. Diria que se trata de um drama explícito mascarado pela ironia. Nessa temporada, após uma terceira um pouco fragmentada demais, os produtores parecem ter acertado na maioria dos pontos da série. As personagens ganharam atenção mais bem distribuída, o enredo corre mais nitidamente para um final e questões políticas e sociais são colocadas de maneira inteligentíssima e saborosa. O abuso das autoridades e a sub-humanidade da vida na prisão caminham junto com os dramas individuais de cada prisioneira, enriquecendo assim o produto final que se torna, ao mesmo tempo, fruto da individualidade de personagens cuidadosamente construídas e de uma coletividade que é a voz da cadeia. Cinco estrelas pelo esmero com o qual foi produzida essa temporada, sem dúvidas a melhor até o momento. Que os produtores saibam bem como conduzir a(s) temporada(s) seguinte(s) e não se percam no caminho.
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Chernobyl
4.7 1,4K Assista AgoraPassando mal com a propaganda antissoviética.
Cidade Invisível (1ª Temporada)
4.0 751Muito bacana a ideia e a realização, mas o roteiro é de "Mutantes—Caminhos do Coração".
Faz de Conta que NY é uma Cidade
4.2 30 Assista AgoraSensacional.
A Pedra do Reino
4.3 12Luiz Fernando Carvalho produz, com "A Pedra do Reino", um belíssimo espetáculo lírico-teatral, inflexão poderosa em sua carreira. No entanto, ao contrário do que ocorre em "Capitu", microssérie que muito deve a esta e é capaz de superá-la, o diretor não é capaz de transformar a labiríntica trama de Suassuna em uma narrativa coerente e condizente com as necessidades da tela. Dessa forma, em cinco frenéticos episódios, o espectador assiste atônito a um exuberante desfile de trajes barrocos, a um sofisticado concerto de música armorial e a um delicado número de dança, sem compreender exatamente o que se passa e, pior, sem poder internalizar a riqueza da história por trás da série.
Orange Is The New Black (4ª Temporada)
4.4 838 Assista AgoraO poder das séries, bem como o das novelas, é grande, se tomarmos em conta a grande massa atingida por esses produtos. Conciliar arte e entretenimento nunca é simples. Às vezes a produção acaba pendendo demais para a arte erudita e não consegue canalizar um público fiel. Em contrapartida, às vezes é entretenimento besta e não consegue chamar atenção de uma mente um pouco mais crítica. Orange is The New Black se destaca, ao meu ver, por conseguir, equilibrar muito bem as necessidades estruturais de uma série e problematizar de maneira inteligente e aguda seus argumentos. É tão interessante ao ponto de nos perdermos ao tentarmos classificá-la como comédia ou drama. Diria que se trata de um drama explícito mascarado pela ironia. Nessa temporada, após uma terceira um pouco fragmentada demais, os produtores parecem ter acertado na maioria dos pontos da série. As personagens ganharam atenção mais bem distribuída, o enredo corre mais nitidamente para um final e questões políticas e sociais são colocadas de maneira inteligentíssima e saborosa. O abuso das autoridades e a sub-humanidade da vida na prisão caminham junto com os dramas individuais de cada prisioneira, enriquecendo assim o produto final que se torna, ao mesmo tempo, fruto da individualidade de personagens cuidadosamente construídas e de uma coletividade que é a voz da cadeia. Cinco estrelas pelo esmero com o qual foi produzida essa temporada, sem dúvidas a melhor até o momento. Que os produtores saibam bem como conduzir a(s) temporada(s) seguinte(s) e não se percam no caminho.