Felipe V. Piñeiro

Agora que já falei de "La la Land", vamos falar de um dos melhores filmes de 2016...A Chegada!!!

Antes de qualquer coisa, quero deixar registrado que, se eu já gostava do Denis Villeneuve antes, depois desse filme eu virei um fã do cara, que direção ousada a que ele conduz nesse filme! E outra, é uma SACANAGEM o que o Oscar fez com a Amy Adams em deixá-la de fora do Oscar de Melhor Atriz...esse prêmio é dela!

Mas vamos lá, a palavra que pra mim mais marca o "A Chegada" é uma: Originalidade. E, nossa, como nós, fãs de sci-fi, estávamos sedentos por algo REALMENTE original nessa área, que fugisse do clichê "Independence Day" e derivados...

Vou ser sincero, esse é um dos filmes mais brilhantes que já vi na vida...sério! Pra mim, é até difícil colocar me palavras tudo o que gostei nesse filme, pois não sei se sou capaz de colocar tudo isso em palavras e não dar spoilers do filme, por isso, prometo ser breve!

Vamos ao primeiro aspecto, e acho que único que posso comentar sem dar spoilers maiores, interessantíssimo do filme:

Linguagem...sim, isso mesmo, é por meio da linguagem que a abordagem de "A Chegada" se torna único! Eu sou historiador e não um linguista/filólogo, mas sei que se você quer "saber como os gregos pensavam" ou "pensar como os gregos", você NÃO deve estudar a filosofia grega, mas sim o idioma grego, pois só assim, depois de conhecer e estar familiarizado com o idioma é que, nós poderemos nos aproximar do que pode ser chamado "pensamento grego"...e isso, claro, vale para os outros idiomas, usei o grego como exemplo! E é nessa premissa fantástica que o Denis Villeneuve torna o filme único! Nesse aspecto não posso falar muito, senão quebrarei a magia do filme para quem ainda não o viu, mas se isso te deixou curioso, aqui vai um alerta: VÁ AGORA MESMO VER ESSE FILME, PARA O SEU PRÓPRIO BEM, FAÇA ISSO! JUST DO IT! :D

Ahhh claro, a relação entre linguagem e viagem no tempo é outro aspecto, realmente, incrível no filme...nós, seres humanos, ocidentais, de um modo geral, estamos habituados a ver o "tempo" como "passado, presente e futuro"...mas, é claro, que isso não é regra para todos, principalmente se vamos olhar para o Oriente...mas voltando ao Ocidente, nós temos uma certa dificuldade em conceber, em "ver" o tempo como algo "não-linear", quem é fã de Doctor Who, como eu, sabe do que eu estou falando...lembram-se da famosa explicação de tempo que o 10th Doctor nos deu?
"People assume that time is a strict progression of cause to effect, but *actually* from a non-linear, non-subjective viewpoint - it's more like a big ball of wibbly wobbly... time-y wimey... stuff."

Então, para os aliens de "A Chegada" a visão de tempo deles é BEM PRÓXIMA a essa, e essa noção de tempo tem uma ligação MUITO intrínseca com o tipo de linguagem que eles utilizam...bem, não sei se posso ir além sem dar spoilers hahahaha, por isso, digo aqui mais uma vez, VÃO VER ESSE FILME e podem me agradecer depois, tá? ;)

Estava aqui pensando como eu iria começar a comentar sobre "La la Land"...bem, antes de qualquer coisa, eu gostei bastante do filme, tá? Hahaha, dito isso, vamos em frente.

O filme é um exemplo clássico daqueles filmes que são feitos/pensados, milimetricamente/tecnicamente, para ganhar vários prêmios, e é o que vem acontecendo, e não, mesmo eu tendo gostado, eu não acho que "La la Land" mereça todas essas 14 indicações ao Oscar, não mesmo!

Mas vamos lá, eu nem tinha começado a assistir ao filme direito, quando eu vejo na tela o seguinte aviso na tela: "Presented in CinemaScope"...PRONTO! Tava ali a resposta para todo esse sucesso do filme e o motivo pelo qual ele caiu nas graças do público: o fator nostalgia...e isso "La la Land" faz perfeitamente!

Nada mais particularmente norte-americano, nada mais hollywoodiano que um musical homenageando os musicais clássicos...sim, é nessa metalinguagem que "La la Land" ganhou os críticos! Eu adorei o modo como o filme faz as referências, de um modo sutil nós vemos referências aos clássicos "Dançando na Chuva" de 1952, "West Side Story" de 1961, "A Roda da Fortuna" de 1953, "Moulin Rouge!" de 2001 e "Melodia da Broadway de 1940"...isso só para citar alguns hahahaha! Se quer saber como essas referências acontecem...vejam o filme! :)

Em uma coisa nós temos que concordar..."La la Land" não tem uma "trama", e, nesse ponto, o filme, ao meu ver, é até um tanto clichê, com exceção do final, que é interessante, mas o público acostumado com filmes ao estilo do Woody Allen, não irá se surpreender muito...o filme é centrado nos personagens Mia Dolan e Sebastian Wilder(Wilder? Seria uma referência ao grande Billy Wilder? hahaha)...e, vamos ser sinceros, não tem como não se apaixonar por esse casal, Emma Stone e Ryan Gosling estão brilhantes, a química entre os dois é imensa e acontece logo nos primeiros olhares entre os personagens...enfim, é um casal encantador! Olha, vou dar minha aposta aqui, Emma Stone e Ryan Gosling são os novos queridinhos de Hollywood, se isso ainda não estava claro, depois desse filme isso ficou MUITO evidente!

Como sempre, eu nunca planejo uma resenha/crítica/opinião sobre um filme...a coisa simplesmente acontece, e é assim que chegamos aqui, se vocês querem, realmente, entender o filme, vão vê-lo, é capaz de vocês captarem mais coisas do que eu, eu tinha mais comentários positivos pra fazer, mas não quero me alongar muito...então, se você chegou até aqui, obrigado! E vá ver o filme, sério, não deixe o fandom chato fazer você perder essa bela obra de arte! ;)

É de uma beleza surpreendente, lembra muito as animações do famoso Studio Ghibli! :)