Ao julgar somente pela proposta, pode-se dizer que a série é boa. Digamos que "cumpre o que promete" ao trazer à tona a história de três mulheres de classe média-alta e uma mulher negra da periferia que superam diversas adversidades em meio ao "ser mulher" em uma sociedade altamente sexista e patriarcalizada. Contudo, a história é bem problemática e refletir sobre isso é importante. Penso que a discussão entre Malú e Adélia, em que ambas falam sobre as diferenças nas vidas de cada uma delas, foi completamente esvaziada e perdida no contexto da série. Esse foi o diálogo que serviu de propaganda da serie, mas foi só um pedacinho de todo o desenrolar. Viu-se muito pouco sobre racismo, classismo e a falta de oportunidades enfrentadas pela personagem Adélia no desenrolar dos acontecimentos. Esse ponto penso que seja a grande "falha" da trama. Adélia, que tinha tudo pra ser uma grande personagem-chave, tornou-se só mais uma espectadora da "grandiosa" Malu. Os estereótipos não faltam: Malú, mulher branca de classe alta, instruída, inteligente, bonita, aparece como a "salvadora" de Adélia, uma mulher sofrida, empobrecida e analfabeta que
se encontra dividida entre "dois amores". Porqué a mulher negra nunca sai do morro? Ao começar pelo começo... Quem é Adélia? O que ela sonha? O que ela quer para sua vida? Além de ser uma mãe-solo ["mãe-solteira que engravida do ex-patrão que a abandona], pobre e analfabeta, ela não é nada além? Ela nunca sai do morro, não estuda, não conquista nada além do que a Malú lhe proporciona. Parece que suas únicas conquistas são: trabalhar em um bar popular e usar roupas bonitas.
. Isso é muito complicado. Um outro ponto que considero não menos importante é que todas as quatro vivem suas vidas ao redor de homens. Seja se divorciando ou lutando por um amor, a felicidade está diretamente vinculada a uma figura masculina bem-sucedida e romantizada que as acompanha.
Um exemplo bem expressivo é a Lígia que sofre horrores em um relacionamento super abusivo, passa por um aborto para dedicar-se a sua carreira e... voilá! Conquista o coração de um gringo bacanudo cheio de dinheiro pra deslanchar sua carreira. Poxa... será que sozinha ela não seria capaz de conquistar? Enfim... Sobre os homens da série um outro ponto: Capitão mesmo sendo um grande músico, está sempre acompanhando o Chico -que não passa de um bêbado bohemio, mas que super se dá bem na vida -
Muita gente vai justificar com: "ah, mas tem que ver o contexto da época". Ok, beleza, mas precisa continuar a reforçar estereótipos de uma forma tão escancarada assim? Todas elas tomam atitudes à frente de seu tempo em alguns quesitos, mas ao mesmo tempo, reforçam profundamente estereótipos e problemas de gênero profundamente debatidos nos dias de hoje. Enfim.... há muito que ser comentado sobre os problemas da série. Penso que vale demais a pena assistir pra repensar as personagens, a histórias e os desafios de se tratar de temas tão complexos de forma marqueteira e, por vezes, leviana. Quem sabe na próxima vez a Netflix não coloca mais mulheres na direção, né? Mais pessoas abertas à esses debates e que possam trazer mais diversidade pra série. Faltou representatividade, diversidade e, principalmente, noção.
me incomoda demais o fato de que todas as personagens femininas sofrem violência sistemática por parte dos personagens masculinos. Não tem nenhuma personagem feminina que não seja passiva ou resiliente.
Quão realmente distantes estamos de viver em um lugar como Gileard? Quão longe estamos de tomar contato com aias como Offglen?
Numa sociedade misógina e violenta como a nossa, já há muitos casos de ventres de alugueis sendo comercializados e vendidos em alguns lugares no mundo. Bancadas religiosas dominam dezenas de parlamentos mundo afora enquanto que mulheres são assinadas cotidianamente só pelo fato de serem mulheres.
O Conto da Aia é uma série muito bem-feita, conduzida e organizada. A trilha sonora maravilhosa e a fotografia fria nos fazem sentir a agonia dessa sociedade em que mulheres são reduzidas à sua capacidade reprodutiva enquanto que o estado teocrático coordena, domina e gerencia o controle populacional.
Denso, tenebroso e intenso, é uma série que nos deixa completamente presas.
O que tem de ruim a trilha sonora tem de lindo o figurino e a a fotografia da série <3 Ainda assim, acho que a centralidade da história das mulheres fica sempre condicionada ao clichê do "amor antigo impossível"
Ainda não terminei a primeira temporada mas tô gostando demais da fotografia e, principalmente, o fato de que o foco são as mulheres em um contexto de guerra. Tem tudo pra me prender
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Coisa Mais Linda (1ª Temporada)
4.2 401 Assista AgoraAo julgar somente pela proposta, pode-se dizer que a série é boa. Digamos que "cumpre o que promete" ao trazer à tona a história de três mulheres de classe média-alta e uma mulher negra da periferia que superam diversas adversidades em meio ao "ser mulher" em uma sociedade altamente sexista e patriarcalizada. Contudo, a história é bem problemática e refletir sobre isso é importante.
Penso que a discussão entre Malú e Adélia, em que ambas falam sobre as diferenças nas vidas de cada uma delas, foi completamente esvaziada e perdida no contexto da série. Esse foi o diálogo que serviu de propaganda da serie, mas foi só um pedacinho de todo o desenrolar. Viu-se muito pouco sobre racismo, classismo e a falta de oportunidades enfrentadas pela personagem Adélia no desenrolar dos acontecimentos. Esse ponto penso que seja a grande "falha" da trama. Adélia, que tinha tudo pra ser uma grande personagem-chave, tornou-se só mais uma espectadora da "grandiosa" Malu. Os estereótipos não faltam: Malú, mulher branca de classe alta, instruída, inteligente, bonita, aparece como a "salvadora" de Adélia, uma mulher sofrida, empobrecida e analfabeta que
se encontra dividida entre "dois amores". Porqué a mulher negra nunca sai do morro? Ao começar pelo começo... Quem é Adélia? O que ela sonha? O que ela quer para sua vida? Além de ser uma mãe-solo ["mãe-solteira que engravida do ex-patrão que a abandona], pobre e analfabeta, ela não é nada além? Ela nunca sai do morro, não estuda, não conquista nada além do que a Malú lhe proporciona. Parece que suas únicas conquistas são: trabalhar em um bar popular e usar roupas bonitas.
Um outro ponto que considero não menos importante é que todas as quatro vivem suas vidas ao redor de homens. Seja se divorciando ou lutando por um amor, a felicidade está diretamente vinculada a uma figura masculina bem-sucedida e romantizada que as acompanha.
Um exemplo bem expressivo é a Lígia que sofre horrores em um relacionamento super abusivo, passa por um aborto para dedicar-se a sua carreira e... voilá! Conquista o coração de um gringo bacanudo cheio de dinheiro pra deslanchar sua carreira. Poxa... será que sozinha ela não seria capaz de conquistar? Enfim... Sobre os homens da série um outro ponto: Capitão mesmo sendo um grande músico, está sempre acompanhando o Chico -que não passa de um bêbado bohemio, mas que super se dá bem na vida -
Muita gente vai justificar com: "ah, mas tem que ver o contexto da época". Ok, beleza, mas precisa continuar a reforçar estereótipos de uma forma tão escancarada assim? Todas elas tomam atitudes à frente de seu tempo em alguns quesitos, mas ao mesmo tempo, reforçam profundamente estereótipos e problemas de gênero profundamente debatidos nos dias de hoje.
Enfim.... há muito que ser comentado sobre os problemas da série.
Penso que vale demais a pena assistir pra repensar as personagens, a histórias e os desafios de se tratar de temas tão complexos de forma marqueteira e, por vezes, leviana.
Quem sabe na próxima vez a Netflix não coloca mais mulheres na direção, né? Mais pessoas abertas à esses debates e que possam trazer mais diversidade pra série.
Faltou representatividade, diversidade e, principalmente, noção.
Bates Motel (5ª Temporada)
4.4 757Que final mediocre.
Bates Motel (2ª Temporada)
4.2 645me incomoda demais o fato de que todas as personagens femininas sofrem violência sistemática por parte dos personagens masculinos. Não tem nenhuma personagem feminina que não seja passiva ou resiliente.
O Conto da Aia (2ª Temporada)
4.5 1,2K Assista AgoraSorprendente a cada episódio. Sem dúvidas a melhor série que já vi nas vida
O Conto da Aia (1ª Temporada)
4.7 1,5K Assista AgoraQuão realmente distantes estamos de viver em um lugar como Gileard?
Quão longe estamos de tomar contato com aias como Offglen?
Numa sociedade misógina e violenta como a nossa, já há muitos casos de ventres de alugueis sendo comercializados e vendidos em alguns lugares no mundo. Bancadas religiosas dominam dezenas de parlamentos mundo afora enquanto que mulheres são assinadas cotidianamente só pelo fato de serem mulheres.
O Conto da Aia é uma série muito bem-feita, conduzida e organizada. A trilha sonora maravilhosa e a fotografia fria nos fazem sentir a agonia dessa sociedade em que mulheres são reduzidas à sua capacidade reprodutiva enquanto que o estado teocrático coordena, domina e gerencia o controle populacional.
Denso, tenebroso e intenso, é uma série que nos deixa completamente presas.
As Telefonistas (1ª Temporada)
4.2 228 Assista AgoraO que tem de ruim a trilha sonora tem de lindo o figurino e a a fotografia da série <3
Ainda assim, acho que a centralidade da história das mulheres fica sempre condicionada ao clichê do "amor antigo impossível"
Sense8 (2ª Temporada)
4.3 891 Assista Agoraachei meio .. meh... sei lá. não me convenceu.
The Crown (1ª Temporada)
4.5 389 Assista AgoraFotografia maravilhosa, figurino impecável e história muito mais surpreendente do que poderia pensar .
The Crown (1ª Temporada)
4.5 389 Assista AgoraFotografia incrível, figurino impecável e a história é muito interessante. Certamente é uma série que vaibme empolgar em cada temporada 👏😻
Land Girls (1ª Temporada)
3.4 10Ainda não terminei a primeira temporada mas tô gostando demais da fotografia e, principalmente, o fato de que o foco são as mulheres em um contexto de guerra. Tem tudo pra me prender