Ro Gomes

Sunset Boulevard > terminei de ver e fiquei alguns momentos imobilizada, pensativa, quase triste: um ex-marido que se sujeita à condição de empregado; uma ex estrela solitária, esquecida, alienada que se apega à cia de um macaco, e depois à de um homem comprado; um escritor em crise que sujeita à condição de um amante sustentado pela mulher,em troca das benesses oferecidas por ela.
Enfim, além do óbvio: Norma Desmond, estrela decadente e alheia a isso, também enxerguei relações doentias entre as pessoas, sustentadas fragilmente. Vaidade, ego, glória, decadência, loucura, e mais: é preciso estar sempre se adequando aos movimentos aos quais somos submetidos na vida, para não nos paralisarmos, engessados. Mais do que o retrato de Hollywood e sua transição, é também uma grande lição sobre o que nos tornamos quando somos fracos e nos falta jogo de cintura para contornar situações, superá-las.
Uma história triste, um filme bem interessante!

Tradução do título em português: temerosa; o filme está cheio de parenteses que enriquecem ainda mais a narrativa e o tornam interessante; sem caricaturas nos protagonistas - eles vão mudando ou apresentando novas facetas - o mal humorado o é tanto qto é inteligente, comediante, humano (com todos os seus traumas e vícios); em muitos momentos me senti um Alvy; uma comédia q leva à reflexão em todos os diálogos - não é um filme p/quem tem preguiça de reflexão; as citações que abrem e fecham o filme são apropriadas ao extremo; e a grande maioria convive com as "galinhas" pq, realmente, precisa dos ovos - ainda bem q não os como (haha).

Um Tarantino precisa ser assistido umas 3 vezes, repensado e analisado minuciosamente, mas me arrisco a dizer, em resposta a tanta gente rotulando "JACKIE BROWN' de "mais fraco", que gostei menos ainda de 'Pulp Fiction". Não que eu não tenha gostado de Jackie Brown, pelo contrário.
É unânime a excelência da trilha sonora, e o filme tem a marca do mestre, sempre revelando mulheres fortes e em fase de superação. Tarantino deve ser um fã do gênero feminino, pois sempre enfatiza o quão frias, inteligentes e desafiadoras podem ser, sempre um passo à frente da suposta esperteza masculina.
Adorei o tipo do Samuel L Jackson, hahaha, maior figura da praça: "ele sabe tanto quanto eu, só repete o que ouviu dizer." Maior matador, mtas mulheres, mas...homem.
As mulheres de Tarantino dão nó em pingo d´água!