Roteiro incrível e dilacerante que representa de forma bastante orgânica uma relação abusiva sem precisar explorar argumentos clichês. Vá preparada para possíveis gatilhos, pois a trama caminha em direção a empatia de forma crua. Uma direção primorosa com atuações muito boas. Recomendo muitíssimo.
Curti a série em vários sentidos e acho que o principal foi a forma sutil que ela apresenta os conflitos sem se posicionar sobre o que é "certo" ou "errado", deixando essa parte com o público.
Em minha humilde opinião, a série tenta mostrar os conflitos de ser mulher em uma sociedade marcada pelo cerceamento dos corpos e limitação das escolhas programadas. Digo isso porque na cena inicial do filme onde vemos a Billie e seu filho pequeno no jardim. No momento em que ele captura uma borboleta, a motivação da captura é explicitada em nome do amor. O pequeno diz que a borboleta é uma menina e que ele a ama, por isso quis guardá-la em um pote. Billie vendo aquilo aconselha seu filho a soltá-la, pois se ele a ama deve querer que ela seja livre.
Nesse primeiro diálogo me parece resumir boa parte do que a primeira temporada quer nos dizer. Daí em diante a série começa a nos mostrar a vida e os anseios de uma adulta que, após deixar para trás uma vida de aventuras, noitadas e muito sexo, se casa com um marido que ama, tem dois filhos e sente o peso da monotonia. Sem saber como lidar com o que sente, ela escreve suas memórias do passado em um diário, onde conta suas mais ardentes aventuras com seu ex namorado Brad. Ela só não esperava que seu marido Cooper fosse ler o diário, dando início a uma trama angustiante e turbulenta que vai abalar seu casamento perfeito.
O fato de Billie dar vários tropeços em suas escolhas erradas, omissões e mentiras pra mim soa como algo natural. Eles não tentam justificar seus erros ou se baseiam no bilateralismo de vilania e virtuose, apenas mostram uma mulher com seus desejos e anseios que não sabe como solucioná-los sem precisar ter de abrir mão do que a faz feliz. A série inteira mostra uma mulher que ama seu marido e filhos, numa vida que ela escolhei, mas que não são o suficiente. Ela tenta a todo momento se entender, buscar uma resposta e uma validação que não chegam e conforme a situação vai se complicando ainda mais por suas escolhas, ela ainda precisa lidar com os julgamentos de todos a sua volta que muitas vezes também se encontram numa vida parcialmente feliz com suas angústias conjugais.
Depois de uma jornada de julgamentos, angústias sem respostas, muita indecisão e escolhas erradas, o discurso final de sua melhor amiga Sasha sobre o quanto a sociedade tenta enquadrar a mulher em moldes fecha o arco com graça, resumindo tudo o que a personagem viveu nessa trajetória, fazendo com que ela meta mais uma vez os pés pelas mãos de forma impulsiva e desesperada.
Acho importante ressaltar que vi muita gente comentando sobre as escolhas erradas da Billie e que "qual é, ela foi super imatura etc" e acho que a série está aí justamente para nos fazer debater sobre isso. Já parou pra pensar quantas pessoas vivem incompletas um casamento depois de anos? Que apesar de amarem seus parceiros, falta alguma coisa que as dê vida depois de tantos anos? Sem contar que muitos dos comentários focaram nos erros de Billie, que realmente existiram, mas ninguém fala sobre os de seu marido em ler seu diário, sobre as demais mães da série que julgam cruelmente a personagem principal por suas angústias tendo muitas delas as mesmas inquietações.
Gosto da serie pela sutileza, pela forma como me fez repensar o assunto e pelo quanto nos provoca colocando personagens que erram, que anseiam e que, sem nos dar uma resposta até o último episódio, nos convida a repensar nossa forma de ver a monogamia de forma sutil. O tédio no casamento é um problema muito comum, temática de muitas sessões de terapia, livros etc, mas é algo pouco discutido na visão da mulher e Sex Life fala sobre isso mostrando uma mulher com desejos intensos de forma normal, sem caricaturar a figura da mulher selvagem, que tem suas escolhas possivelmente condicionadas pela sociedade, que quando se vê em dúvida é julgada e questionada e é um ser humano normal que erra, trepida e tem de lidar com as consequências de suas escolhas.
Começo dizendo que essa é a série mais bem avaliada da história no IMDB, principal catálogo de produções cinematográficas, dentre outros tipos. Melhor até que Game Of Thrones. É uma mini série de 5 episódios, que mesmo breve, tira seu fôlego e te prende de forma nada clichê. Terminei de assistí-la ontem e o frenesi foi tão grande que até sonhei com as cenas. Já vi diversos documentários e matérias a respeito de Chernobyl de tamanha imersão que a produção te causa. O nível tecnico e de detalhes justificam todo o burburinho que ela tem causado e é incrível que um diretor consiga nos causar tanto suspense e imersão sem mesmices ou recursos apelativos, takes dramáticos de choros ou cenas exageradas só pra te arrancar lágrimas. Não. A série te conta uma história já conhecida, que já se sabe o fim e ainda sim te prende, te angustia e usa do heroímo de pessoas comuns, sem nada épico. São os fatos protagonizados e levados com humanidade.
Ideia boa, porém mal explorada, com ideias que surgem do nada, motivações aleatórias e pouco complexas. Desfechos preguiçosos e as vezes um pouco bobos. Série meio sessão da tarde.
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Maid
4.5 366 Assista AgoraRoteiro incrível e dilacerante que representa de forma bastante orgânica uma relação abusiva sem precisar explorar argumentos clichês.
Vá preparada para possíveis gatilhos, pois a trama caminha em direção a empatia de forma crua. Uma direção primorosa com atuações muito boas.
Recomendo muitíssimo.
Sex/Life (1ª Temporada)
2.6 192Curti a série em vários sentidos e acho que o principal foi a forma sutil que ela apresenta os conflitos sem se posicionar sobre o que é "certo" ou "errado", deixando essa parte com o público.
Em minha humilde opinião, a série tenta mostrar os conflitos de ser mulher em uma sociedade marcada pelo cerceamento dos corpos e limitação das escolhas programadas. Digo isso porque na cena inicial do filme onde vemos a Billie e seu filho pequeno no jardim. No momento em que ele captura uma borboleta, a motivação da captura é explicitada em nome do amor. O pequeno diz que a borboleta é uma menina e que ele a ama, por isso quis guardá-la em um pote. Billie vendo aquilo aconselha seu filho a soltá-la, pois se ele a ama deve querer que ela seja livre.
Nesse primeiro diálogo me parece resumir boa parte do que a primeira temporada quer nos dizer. Daí em diante a série começa a nos mostrar a vida e os anseios de uma adulta que, após deixar para trás uma vida de aventuras, noitadas e muito sexo, se casa com um marido que ama, tem dois filhos e sente o peso da monotonia. Sem saber como lidar com o que sente, ela escreve suas memórias do passado em um diário, onde conta suas mais ardentes aventuras com seu ex namorado Brad. Ela só não esperava que seu marido Cooper fosse ler o diário, dando início a uma trama angustiante e turbulenta que vai abalar seu casamento perfeito.
O fato de Billie dar vários tropeços em suas escolhas erradas, omissões e mentiras pra mim soa como algo natural. Eles não tentam justificar seus erros ou se baseiam no bilateralismo de vilania e virtuose, apenas mostram uma mulher com seus desejos e anseios que não sabe como solucioná-los sem precisar ter de abrir mão do que a faz feliz. A série inteira mostra uma mulher que ama seu marido e filhos, numa vida que ela escolhei, mas que não são o suficiente. Ela tenta a todo momento se entender, buscar uma resposta e uma validação que não chegam e conforme a situação vai se complicando ainda mais por suas escolhas, ela ainda precisa lidar com os julgamentos de todos a sua volta que muitas vezes também se encontram numa vida parcialmente feliz com suas angústias conjugais.
Depois de uma jornada de julgamentos, angústias sem respostas, muita indecisão e escolhas erradas, o discurso final de sua melhor amiga Sasha sobre o quanto a sociedade tenta enquadrar a mulher em moldes fecha o arco com graça, resumindo tudo o que a personagem viveu nessa trajetória, fazendo com que ela meta mais uma vez os pés pelas mãos de forma impulsiva e desesperada.
Acho importante ressaltar que vi muita gente comentando sobre as escolhas erradas da Billie e que "qual é, ela foi super imatura etc" e acho que a série está aí justamente para nos fazer debater sobre isso. Já parou pra pensar quantas pessoas vivem incompletas um casamento depois de anos? Que apesar de amarem seus parceiros, falta alguma coisa que as dê vida depois de tantos anos? Sem contar que muitos dos comentários focaram nos erros de Billie, que realmente existiram, mas ninguém fala sobre os de seu marido em ler seu diário, sobre as demais mães da série que julgam cruelmente a personagem principal por suas angústias tendo muitas delas as mesmas inquietações.
Gosto da serie pela sutileza, pela forma como me fez repensar o assunto e pelo quanto nos provoca colocando personagens que erram, que anseiam e que, sem nos dar uma resposta até o último episódio, nos convida a repensar nossa forma de ver a monogamia de forma sutil. O tédio no casamento é um problema muito comum, temática de muitas sessões de terapia, livros etc, mas é algo pouco discutido na visão da mulher e Sex Life fala sobre isso mostrando uma mulher com desejos intensos de forma normal, sem caricaturar a figura da mulher selvagem, que tem suas escolhas possivelmente condicionadas pela sociedade, que quando se vê em dúvida é julgada e questionada e é um ser humano normal que erra, trepida e tem de lidar com as consequências de suas escolhas.
Chernobyl
4.7 1,4K Assista AgoraComeço dizendo que essa é a série mais bem avaliada da história no IMDB, principal catálogo de produções cinematográficas, dentre outros tipos. Melhor até que Game Of Thrones.
É uma mini série de 5 episódios, que mesmo breve, tira seu fôlego e te prende de forma nada clichê. Terminei de assistí-la ontem e o frenesi foi tão grande que até sonhei com as cenas. Já vi diversos documentários e matérias a respeito de Chernobyl de tamanha imersão que a produção te causa.
O nível tecnico e de detalhes justificam todo o burburinho que ela tem causado e é incrível que um diretor consiga nos causar tanto suspense e imersão sem mesmices ou recursos apelativos, takes dramáticos de choros ou cenas exageradas só pra te arrancar lágrimas. Não. A série te conta uma história já conhecida, que já se sabe o fim e ainda sim te prende, te angustia e usa do heroímo de pessoas comuns, sem nada épico. São os fatos protagonizados e levados com humanidade.
Recomendo muitíssimo.
Osmosis (1ª Temporada)
3.1 87 Assista AgoraIdeia boa, porém mal explorada, com ideias que surgem do nada, motivações aleatórias e pouco complexas. Desfechos preguiçosos e as vezes um pouco bobos. Série meio sessão da tarde.