Tirando a fotografia bonita, os movimentos de câmeras bem executados e a trilha de clipe, o resto é, na minha humilde opinião, bem ruim.
O 1° já tem mtos problemas, mas pelas cenas picantes ainda sim embarcamos (porque a gente gosta de uma sacanagem). O segundo parece mais um vídeo clipe ardente que funciona na fotografia, movimentos de câmera e a trilha... Só. Mal dirigido, roteiro cagado, até as cenas de sexo são mal inseridas e MTO gratuitas (mais do que já estávamos acostumados). Filme totalmente sem ritmo, montagem péssima, a atuação e os diálogos beiram a vergonha alheia. Deu vontade de desver. A pipa nem subiu. Menosprezaram nossa safadeza e tacaram o foda-se demais rs.
Me lembra muito o filme O Preço da Verdade - Dark Waters, com Mark Ruffalo na condução e direção. É um bom filme, mas deixa um pouco a desejar na construção do roteiro em explicar a motivação de alguns dos personagens e peca no desenvolvimento. Mas recomendo. Pra quem curtir recomendo o filme citado acima que é melhor ainda.
Em Velozes & Furiosos 9 o céu não é um limite e o absurdo também não.
Comemorando seus 20 anos de saga, chegou aos cinemas (24 de junho) Velozes & Furiosos 9, com a proposta de divertir e tirar o fôlego do público com cenas absurdas sem medo de ser feliz.
Dirigido por Justin Lin (Star Trek: Sem Fronteiras/ True Detective/ Annapolis), diretor mais frequente na saga (Velozes & Furiosos 3,4,5 e 6), o novo longa parece ser a redenção definitiva do diretor com os fãs, que após muitas críticas com o terceiro filme, Desafio Em Tóquio (2006), vem reconquistando espaço, trazendo muito fan service e apelando para a nostalgia. Após ser presa no longa anterior, Cipher (Charlize Theron) consegue fugir com a ajuda do milionário excêntrico Otto (Thue Ersted Rasmussen), que tem planos de roubar um aparato tecnológico capaz de dominar o mundo. Na tentativa de impedir que isso aconteça, o Sr. Ninguém (Kurt Russell) envia uma mensagem aos nossos heróis, que tem a difícil escolha de se envolverem na trama ou continuarem com suas vidas pacatas em troca de se manterem a salvo. Tendo a filosofia de ‘família em primeiro lugar’ desde o início, o título mantém essa pegada e revira o passado de Domic Toretto (Vin Diesel). Através de flashbacks a narrativa conta a relação do protagonista com seu pai e seu irmão Jakob Toretto (John Cena), até então não mencionado na franquia. Com isso o filme utiliza a importância desse laço para inserir uma problemática entre os irmãos, que faz de Jakob seu principal antagonista na trama. Aproveitando a marca de 20 anos, Justin cria um ar de comemoração no novo filme, trazendo personagens antigos como Han (Sung Kang), dirigindo seu Toyota Supra Laranja numa homenagem a Brian O’Conner (Paul Walker), Earl (Jason Tobin), Twinkie (Bow Bow) e o protagonista do terceiro título Sean Boswell (Lucas Black). Com isso o diretor também aproveita para tentar estabelecer a ordem cronológica da franquia. A obra conta com 145 minutos de duração, a mais longa até então. Usa de paisagens alucinantes e cenas de ação de tirar o fôlego a moda 007, que perde aos poucos o tom de rebeldia e asfalto da periferia originários da franquia, para dar lugar a narrativas policiais, com espionagem internacional. Mas não é só nesse quesito que Velozes e Furiosos 9 lembra os clássicos de James Bond. Os aparatos tecnológicos, os saltos de locação pelo planeta e principalmente as façanhas ultra inverossímeis mostram como esta tem se tornado uma marca da franquia, onde nem o céu é o limite, levando nossos heróis até para o espaço (literalmente). O filme é divertido, mas ordinário e brinca com o próprio absurdo dos feitos de seus personagens, fato que fica claro no diálogo entre Tej (Ludacris) e Roman (Tyrese Gibson) em que se perguntam como alcançam suas façanhas mirabolantes e ainda permanecem vivos. Apesar da proposta de se levar cada vez menos a sério, Velozes e Furiosos 9 exagera nas acrobacias e efeitos especiais, fazendo os personagens parecerem super-heróis. Outro problema são os furos de roteiro, como no caso do Sr. Ninguém, que surge em uma situação de perigo tentando comunicar a fuga de Cipher dentro de um avião em queda livre. Quando os protagonistas chegam na cena do acidente não há corpo e nem indícios de onde ele possa estar. Logo Dominic e seu grupo embarcam na missão sem se perguntarem se o personagem está vivo ou se foi raptado. Nada, simplesmente seguem a trama sem responderem ao público o que aconteceu de fato. E não para por aí. A presença de diálogos mal construídos e sem justificativa também incomoda. A atuação de Vin Diesel com posturas de corpo arqueadas, olhos semicerrados e bico estão presentes, refletindo na contínua e já esperada ode a masculinidade, numa interpretação clichê e pobre em suas dimensões. Apesar de essa ser a proposta desde o primeiro título, é possível perceber o aumento do protagonismo feminino e da consistência de seus enredos. Sem contar a redução do apelo imagético para seus corpos. Um personagem que incomoda é Otto (Thue Ersted Rasmussen). Tudo bem que o principal antagonista seja Jakob Toretto, mas sua personalidade monodimensional, seu propósito fraco e seus discursos infantis não convencem. Ele nos dá a sensação de ser um vilão tirado dos quadrinhos. Tendo arrecadado mais de 5 bilhões desde o primeiro longa, a saga não para por aí e deve contar com o décimo capítulo, que será dividido em dois filmes. Além de possíveis continuações de seus títulos derivados como Hobbs & Shaw (2019) e a animação da Netflix Velozes & Furiosos: Espiões do Asfalto. A trilha conta com a participação de Anitta com a música Furiosa, e com a atuação de Cardi B, numa divertida aparição que deve se repetir no próximo filme. Ah, esperem pela cena pós-créditos.
Divertido, bem realizado e apresenta um 3D MUITO bonito, porém senti que faltou desenvolver melhor cada personagem e suas motivações. Tive a sensação de pressa em suas apresentações, o que me dificultou no envolvimento com a trama. Sem contar o uso da "receita de bolo" com elementos tirados de outros longas da produtora, como uma mistura de Moana com Mulan, onde a órfã e os macaquinhos me lembram os irmãos da Merida de Valente, a Sisu me remete muito ao Mushu etc. Vale a pena sim, mas senti falta da magia, comum em outros títulos da Disney.
Ainda tentando entender como esse filme foi parar essa semana no top 10 no Brasil na Netflix . Enredo com narrativa previsível e, apesar do detalhamento interessante na parte informática da trama, o restante é bem receita de bolo. Talvez o tema e o ator (não me refiro a atuação e sim a sua fama de outros títulos) estejam por trás do alto número de views pq fora isso...
Na minha humilde opinião, um filme bacana, mas que traz alguns clichês e motivações mal construídas. Mas é bom ver a netflix trazendo mais filmes de outras indústrias e valeu as 1h e 37m de filme (que poderiam ter sido mais para talvez construí-lo um pouco melhor).
Estrelado pelo famoso ator e diretor argentino Ricardo Darín, Kóblic é uma trama sobre a história de um militar que, após desrespeitar ordens de seus superiores, decide fugir para uma cidade do interior, na tentativa de se esconder da penalidade por sua deserção e de um grande trauma do passado.
Dirigido pelo argentino Sebastián Borensztein, autor dos títulos “Um Conto Chinês” (2011), “Lili’s Apron” (2003) e “El Garante” (1997), o longa apresenta um roteiro denso, de história simples, mas bem desenvolvida, com uma bela fotografia cheia de planos proximais focados nas expressões dos personagens, o que funciona muito bem devido a qualidade da atuação. Durante muitos diálogos é possível observar o resultado de atores competentes somados a uma boa direção, quando mesmo em textos curtos, a capacidade de comunicação via expressão facial e corporal conseguem narrar de forma intensa e eficiente a cena. A trilha sonora, muito bem executada, também agrega bastante a climática de cidade do interior, onde se passa o filme. A arte e a locação utilizada como cenáriEm pouco tempo o delegado começa a desconfiar de Kóblic, de sua identidade e decide buscar mais informações sobre o rapaz, aproximando-se da descoberta da traição de Nancy. A inquietação, violência e autoritarismo transmitidos em cada decisão do personagem de Martínez ilustram os impactos que o regime ditatorial deixou naquele país.
Um tema histórico e político como a ditadura, que é o tema central, ficou menos evidente e perdeu a chance de ser explorado na trama por conta dos minutos a mais gastos com o romance de Nancy e Kóblic, que talvez seja o único ponto a ser criticado. Apesar das grandes atuações, fotografia e trilha, a narrativa poderia ter ganho mais se o eixo chave fosse mais aprofundado.o da trama dão um ar de bang-bang contemporâneo, que apesar de não possuir tantas cenas de ação, fala de um conflito militar dentro de uma cidadezinha dominada por um comissário autoritário e violento. A trama se passa na década de 70 na Argentina, no período da ditadura militar e Kóblic é um ex-capitão das forças armadas, responsável por coordenar operações aéreas na qual indivíduos considerados subversivos são arremessados de encontro direto ao mar. Em uma das operações ele se vê perturbado com a crueldade, reluta em seguir as ordens de seu superior e deserta. Com medo de represálias e na tentativa de fugir das horríveis imagens que habitam sua memória, ele se isola na Colonia Helena. Lá, se hospeda no hangar de um amigo e tenta esconder o fato de ser um militar, vivendo sob a ameaça da ditadura tanto quanto os suspeitos de oposição ao sistema e começa a trabalhar para como piloto de avião pulverizador. Depois de uma pane em seu avião, ele acaba por conhecer o delegado Velarde, encarnado por Oscar Martínez, que faz diversas perguntas a Kóblic e mostra bastante curiosidade sobre o forasteiro.
Com o passar dos dias, Kóblic conhece a jovem Nancy ― interpretada com destreza por Inma Cuesta (Julieta, 2016), que interpreta de forma sutil o sofrimento de sua personagem. Com uma expressão sempre tensa, cabisbaixa e de voz apreensiva, Nancy é uma jovem retraída pela figura de seu namorado machista e violento, que a impõe uma condição de quase invisibilidade. Ao defrontar-se com Kóblic ela vê uma possibilidade de uma vida nova onde possa atender suas vontades. Eles iniciam um caso, sendo este a estrada que guiará o enredo.
Carregando um título recentemente explorado pelo diretor Peter Jackson (2005), Kong – A Ilha da Caveira chega às telonas trazendo uma leitura do gigante macaco menos bestial.
O macaco mais famoso da história do cinema volta a dar as caras mais uma vez. Quem não se lembra da clássica cena deste brutamontes pendurado no alto de um arranha céu, no meio de Nova York? Pois bem, dessa vez o palco desta narrativa será em uma ilha desconhecida no Pacífico Sul. O filme começa em 1944 durante a Guerra do Vietnã na qual dois militares, um norte americano e um japonês, se enfrentam numa luta corpo à corpo após caírem com seus aviões em uma ilha desconhecida. Nos primeiros minutos de filme Kong já se apresenta grande e poderoso bem na sua frente, tirando qualquer suspeita de que possa ter acidentalmente entrado na sessão errada. Mas apesar disso Kong ainda não é rei e esse é o plot que o diretor norte americano Jordan Vogt-Roberts (Crocked – 2015 / Nick Offerman: American Ham, 2014) pretende utilizar na busca de nos trazer alguma novidade. Diferente dos filmes clássicos, Kong ainda é um jovem macaco habitante de uma ilha inexplorada, que abriga figuras exóticas e desconhecidas pela humanidade. O longa traz uma fera menos bestial que vê seus pais serem mortos por outro tipo de criatura, despertando nele um instinto de cautela e proteção pelas criaturas mais indefesas, o que é uma novidade comparado aos outros títulos que em que o gigante não possuía qualquer apreço pela vida à sua volta.
Anos depois em 1971 dois norte americanos, William “Bill” Randa (interpretado por John Goodman – Rua Cloverfield 10, 2016 / Trumbo, 2015) e Houston Brooks (Interpretado por Corey Hawkins – Straight Outta Compton, 2015 / Romeo e Julieta, 2014) de uma equipe secreta governamental de nome Monarch descobrem, através de imagens de satélite, uma nova ilha. Estimulados pela Guerra Fria, um período histórico de disputas estratégicas e conflitos indiretos, eles decidem averiguar que mistérios guardam esta porção de terra antes que nações inimigas o façam. Após conseguirem convencer um figurão do governo a apoiar a empreitada, eles então começam a reunir um eclético grupo que conta escolta militar, membros do corpo técnico geológico, uma fotógrafa e um ex militar com experiência em exploração de áreas inóspitas.
Essa parte do longa nos revela alguns êxitos, que vão desde a feliz escolha do elenco, até uma bela fotografia, que trás sequências de imagens rápidas que conseguem contar todo esse processo de preparação da expedição sem ser lento e monótono. Além disso o diretor de fotografia estadunidense Larry Fong (Watchmen – 2009 / Sucker Punch – 2011 / Super 8 – 2011 / Batman v Superman: Dawn of Justice – 2016) é bastante feliz ao homenagear em sua fotografia clássicos como “Apocalypse Now” e “Bom Dia, Vietnã”, utilizando palhetas amareladas, cores quentes, agregando a atmosfera tropical e a icônica cena em que mostra um homem sorrindo prazerosamente ao provocar explosões pela ilha. Apesar da fotografia bem executada, o roteiro não mostra o mesmo sucesso. Ao chegarem próximo à ilha de navio, os exploradores embarcam em helicópteros e decidem atravessar uma tempestade que a circunda e parece não dissipar nunca. A ideia inicial é jogar uma série de bombas para que seja feito uma avaliação geológica do local. É então que Kong, incomodado por toda balbúrdia, parte furiosamente para cima dos helicópteros, causando uma série de mortes e separando os membros da equipe em diversos grupos, coisa que raramente (?) acontece numa aventura de monstros gigantes. Esta cena é contada com belas imagens em computação gráfica e takes que muito se assemelham com games em primeira pessoa.
O que Kong não esperava é que uma das figuras, o militar Preston Packard (interpretado Samuel L. Jackson – Cell, 2016 / Avengers: Age of Ultron, 2015 / Robocop, 2014), desiludido pelo fim da guerra e pela falta de um propósito, fosse ver na morte de seus colegas uma obsessiva necessidade de vingança que colocaria a vida de todos em risco se preciso para alcançar seu mais novo e único objetivo.
A partir daí os grupos sobreviventes tentam novamente se reunir e sobreviver a misteriosa ilha e não precisam de muito tempo para perceber que o primata gigante não é a única anormalidade presente neste cenário. Esta parte da narrativa já nos mostra uma frustrante falha, que é o roteiro. Após cenas empolgantes, bem orquestradas e referências louváveis é possível perceber a pobreza no desenvolvimento dos personagens. Um bom elenco mal aproveitado que pouco consegue mostrar a que veio. Diálogos rasos e um bilateralismo que não permite profundidade. A figura do Tenente Packard, na qual percebe-se sua fome por um objetivo, seus êxitos de guerra e seu vício pela destruição, serve para atender ao bilateralismo de vilão-mocinho que dará o climax da história. Os demais personagens também rasos, cativam o espectador pelo simples fato de suas virtuoses e apesar de algumas tiradas cômicas, não há outros elementos para construção identitária.
Não restam muitos sobreviventes e os que restam aos poucos vão sendo tragados pelas figuras míticas que a ilha abriga. Em meio a esse caos há algumas tentativas de humanizar Kong, como na cena em que se banha no lago após revelar alguns ferimentos do confronto com os helicópteros, ali é possível notá-lo mais calmo, até o momento em que um polvo gigante (até demais para um lago que mal chega aos joelhos do primata) tenta atacá-lo e acaba por ser devorado. Outro elemento dessa tentativa é a predominância do andar bípede que é falsamente utilizada, já que primatas andam predominantemente com as pernas traseiras, mas apoiados pelas patas frontais.
Além das figuras míticas, os exploradores também descobrem a presença de uma estranha e silenciosa tribo, que curiosamente desenvolve amizade pelo piloto norte americano que ficara 28 anos preso na ilha desde a década de 40. Seu nome é Hank Marlow (interpretado por John C. Reilly – Detona Ralph, 2012 / Guardiões da Galáxia, 2014). Ele explica um pouco de sua trajetória, como fora acolhido pela tribo e revela a faceta protetora de Kong ao afirmar que ele, diferente do que a equipe achava, na verdade é o protetor daquela tribo e mantém a harmonia local contra monstros residentes no subsolo.
Então é a vez de sermos apresentados ao verdadeiro predador. Figuras inspiradas em Tokusatsu, da cultura oriental, revelam-se as verdadeiras ameaças, tirando o papel de vilania do macaco gigante, tentativa essa que é reforçada com a cena em que ele salva um animal bem aos olhos da fotógrafa Mason Weaver (interpretada por Brie Larson – Free Fire, 2016 / Captain Marvel, 2019), que se vê surpresa ao ficar cara-a-cara com o gigante sem ser predada por ele.
Fotojornalista de guerra e ativista pela paz, esta é mais uma personagem que se vê mal aproveitada pela trama, servindo quase que somente para ser a nova “loira do kong”, em um dos planos ela mais uma vez se vê inesperadamente defronte à Kong e por sua ligação com a natureza sente-se encorajada a se aproximar ainda mais até o ponto de tocá-lo, criando uma relação de empatia em ambos. Ela e o um desiludido antigo capitão da Rhodesian Special Air Service, que serviu na Guerra do Vietnã, James Conrad (interpretado por Tom Hiddleston – Thor, 2011 / I Saw the Light, 2015), guiam os demais sobreviventes junto com Hank Marlow até o lado norte da ilha onde podem ser resgatados pelo navio que os havia transportado. Um outro complicador é que apesar da necessidade de partir imediatamente da ilha, ao se reunirem com os soldados sobreviventes e o Tenente Coronel Preston Packard, eles são obrigados a seguir com seu plano de vingança, que parece por esta motivação acima da sobrevivência de sua equipe.
Daí em diante o filme se torna um misto de cenas de ação e fracassos nas tentativas de escaparem. Obviamente há um confronto entre Kong e um dos monstros que vive embaixo da terra, tendo espaço até para uma ação de salvamento de Kong com a personagem Mason Weaver, confirmando seu estereótipo de “loira do Kong”.
A trilha sonora, apesar de possuir clássicos do Rock’n Roll, revela algumas falhas de inclusão, sendo acrescida quase aleatoriamente.
Ao fim do longa, numa cena pós crédito, fica evidente que o título faz parte de um crossover. Durante a aventura há diálogos que falam de uma lenda sobre feras gigantes que dominaram o globo e que possivelmente ainda existam. Com a aparição de Kong essa crença é reforçada e para finalizar o plot, o pós crédito mostra novamente a Monarch interessada numa nova exploração, só que dessa vez as fotos mostram uma criatura esguia, bastante parecida com outro monstro clássico do cinema, Godzilla, que será o crossover lançado em 2020: Godzilla vs Kong.
Um dos filmes que mais gerou expectativas este ano e que também mostrou-se bastante promissor na opinião do público como um possível vencedor do Oscar, o musical La La Land – Cantando Estações chega as telonas com grandes chances de surpreender até mesmo quem não curte o gênero. Dirigido por Damien Chazelle, diretor do elogiado Whiplash, La La Land traz um estilo quase datado e um romance que tem tudo para ser mais do mesmo. Na primeira sequência já é possível perceber a que veio La La Land. A primeira cena acontece em uma rodovia em direção a Los Angeles. Centenas de carros travados em um dos engarrafamentos tão comuns à cidade.
Aos poucos, jovens começam a deixar os veículos e cantar. São os aspirantes a artistas que peregrinam do mundo todo em direção ao sonho de uma carreira na Meca do cinema – metáfora que voltará mais tarde. Com toda a energia dos atores, harmonia e graça já da para perceber que Chazelle não será um diretor de apenas um filme de sucesso. Aos poucos mais jovens saem de seus carros para cantar, um furgão abre as portas e revela uma banda tocando na mesma sintonia e tudo vira uma grande festa. Impossível não ressaltar que o diretor passeia por toda essa cena dentre os carros sem fazer se quer um corte perceptível. Após todos voltarem a seus carros, somos apresentados a dois sonhadores românticos que também compunham essa grande massa de aspirantes que luta por um lugar ao sol. É então que entra em cena Emma Stone na pele de Mia, a atendente de uma cafeteria localizada no perímetro de um grande estúdio, aspirante a atriz que, apesar do talento, não tem obtido sucesso em suas audições. De forma desajeitada e divertida acontece seu primeiro “encontro” com Ryan Goslin na pele de Sebastian, um irascível e purista pianista de jazz e malsucedido que sonha em perpetuar seu estilo musical favorito em decadência. Após um comum estresse de trânsito entre os dois desconhecidos, o filme segue em ritmo mais lento, sem tantas cenas cantadas, mas com o mesmo charme de um musical bem produzido.
Falando em charme, outro toque que agrega ao filme é o ar anacrônico que Chazelle coloca ao propor cenários e figurinos da linguagem musical típicos dos anos de ouro da década de 60, junto a smartphones e carros atuais como o Prius.
Voltando aos nossos protagonistas, após mais um teste de elenco fracassado, Mia se vê tomada pelo desânimo com seu sonho e como num último suspiro de esperança, ela e suas colegas de quarto decidem ir a uma festa, onde se reúnem estrelas, diretores e possíveis contatos. Chegando lá ela se depara com pessoas fúteis, gananciosas e completamente desinteressadas no seu talento, fazendo da noite um completo fracasso. A volta para casa não foi diferente. Após ter seu carro rebocado e ter de percorrer um longo trecho à pé, a moça ouve uma belíssima melodia vinda de um bar e decide entrar. Para sua surpresa quem tocava o piano era justamente o rapaz com quem havia se desentendido no trânsito mais cedo (Ryan Goslin). Ele foi demitido bem diante dos seus olhos. Impressionada com o talento do rapaz, ela tenta iniciar uma conversa, mas é impedida por um truculento esbarrar de ombros que recebe do próprio pianista. Porém os encontros não pararam por aí. Em outra festa ela nota o pianista junto com a banda que animava o evento. Os jovens iniciam uma conversa. O papo evolui para uma divertida cena de sapateio e cantoria. Daí em diante se desenrola um cativante e bem dirigido romance entre de dois sonhadores que juntos lutam para alcançar o sucesso em suas carreiras, regados pelo companheirismo e devoção mútua.
A trajetória é narrada com diversas cenas compostas por cenários e vestimentas vintages, ao mesmo tempo que expõe peças mais contemporâneas, toques super precisos e fantásticos de humor e uma fotografia bastante colorida de luzes fortes quase neon, que brincam todo tempo com as diferentes referências cronológicas e cinematográficas. É possível notar algumas pinturas de Edward Hopper (1882 a 1967) espalhadas por aí. Cada gesto dos atores, apesar de milimetricamente calculado, soa natural e ao mesmo tempo simbólico. Chazelle usa todos os elementos técnicos do cinema à favor de sua história.Emma Stone e Ryan Goslin interpretam as diversas etapas de uma trama amorosa, fazendo os expectadores lembrarem de seus romances desde o primeiro contato: a fase avassaladora da paixão, a descoberta das particularidades do outro, as dificuldades em conciliar a vida à dois e o trabalho, a superação dos defeitos de quem se ama e a descoberta da impossibilidade de um viver sem o outro. Ué, mas então onde está o problema da trama? Chazelle se mostra ainda mais formidável nessa parte, evitando a clássica problemática clichê do triângulo amoroso ou do casal que passa o filme se amando, mas só fica junto no final. O diretor inova ao fazer o sonho que os uniu enquanto um par romântico também seja um obstáculo.
O musical fala sobre o cinema e enche o público de referências aos filmes clássicos de forma respeitosa e reverente, com locações e pequenos gestos. Talvez o maior mérito esteja na metáfora da cena inicial, que nos apresenta uma ponta que leva à Los Angeles enquanto forma de ligar o público cativo dos blockbusters a antiga e datada linguagem do musical, de forma didática e divertida, educando as novas gerações e mostrando que é possível atraí-las para assistir algo “fora de moda”.
Diretora de dois grandes sucessos “Guerra ao terror” (2008) e “A Hora Mais Escura” (2012), Katherin Bigalow retorna às telonas com um longa de tamanha qualidade que promete tensão do início ao fim. A proposta desta vez é falar sobre a questão étnica em Detroit na década de 60.
O filme começa com uma festa particular em uma casa noturna, onde após uma batida policial problemática, diversos convidados são presos abusivamente. Para o azar dos policiais o episódio que era para ser algo mais discreto, acaba se tornando um espetáculo reverso aos olhos da população predominantemente negra, se tornando um barril de pólvora e dando início a um dos maiores protestos da década de 60, só perdendo para o que se seguiu o assassinato de Martin Luther King. Daí em diante não é mais possível sentir-se relaxado, pois a maestria de Bigalow nos faz tensos até o último minuto, no qual nem o tempo sentimos passar de tão fluida que são as sequências.
Sem eleger um protagonista, no sentido clássico, a história é contada por vários personagens formando um mosaico. De cenas com multidões enfurecidas e conflitos, o filme nos apresenta, em um dos recortes a história, um grupo de músicos negros que tentam ganhar a vida. No badalado Teatro Fox, casa cheia, eles se mostram eufóricos com a primeira chance de uma apresentação digna de contrato com gravadoras, quando forças da segurança interrompem o espetáculo e aconselham que os expectadores sigam para suas casas sob ameaça de uma rebelião que estouraria do lado de fora. Um dos músicos é Larry Reed (Algee Smith – Terra para Echo, 2014), a principal voz da banda, detentor da maior parte das atenções e que protagoniza uma cena de frustração após o esvaziamento do teatro.
Em contrapartida também somos apresentados a Dismukes (John Boyega – Star Wars: The Last Jedi, 2017), um segurança também negro, que trabalha protegendo uma loja local. Diferente dos músicos, Dismukes tenta manter aproximação com os policiais brancos na tentativa de sobrevivência e mostrar passividade. Mas aos poucos ele começa a se deparar com os absurdos cometidos pelos mesmos. A história nos traz mais alguns outros personagens e o mais interessante é que apesar do conflito entre duas etnias, a diretora não se basta no clichê da bilateralidade de negro x brancos. Com competência, ela dá multidimensionalidade a narrativa, apresentando ambos com diversas posturas. Alguns mais politizados, outros mais em cima do muro e até na hora de atribuir vilania ela faz questão de não dar uma cor única. Não se limita a homem branco mau e sim destacar organicamente uma questão racial séria, na qual policiais em sua grande maioria brancos, possuíam uma arraigada cultura preconceituosa, que dava lugar a abusos e violência descontrolada quando se tratava de negros. Ainda sim, ela não generaliza, mostrando facetas virtuosas dentro da instituição.
Após apresentar os complexos grupos, a história os reúne no Motel Algiers, onde conta um episódio verídico. O caso que começou com um disparo jocoso de arma de brinquedo dá lugar a uma batida policial cheia de violência, abusos e torturas. Para mostrar ainda mais essa multidimensionalidade de seus personagens, Bigalow nos mostra uma cena em que suas minorias estão de cara para a parede, inclusive duas mulheres brancas, que diferente das expectativas, também sofrem com as agressões.
O desenrolar do episódio e as imagens documentais que se mesclam a ficção, nos mostram a intenção em expor um caso mal resolvido e polêmico até hoje da história norte americana. Sem a ajuda de uma trilha apelativa, com uma fotografia objetiva que entrega ao que se propõe, o filme faz o expectador se angustiar com as emoções vividas pelos personagens e se perguntar se “Detroit fica logo ali”.
Não de é de hoje a conhecida eficiência do diretor indiano M. Night Shyamalan (Sexto Sentido – 1999 / Corpo Fechado – 2000) em produzir suspenses instigantes, que mesmo com alguns insucessos críticos (Pior diretor A Dama na Água (2007) – Vencedor / Pior filme Fim dos Tempos (2009) – Indicado) consegue gerar expectativas a cada título. Sua tendência em aproximar temas fantásticos do mundo real fazem com que ele apoie seus filmes na história e em atuações bem desenvolvidas, o que fica bastante claro em Fragmentado.
O longa fala da história de Kevin Wendell Crumb (James McAvoy – Wanted, 2008 / X-Men: Apocalypse, 2016), um homem que sofre de transtorno de identidade dissociativo (DID) e não possui uma ou três identidades, mas 23 personalidades diferentes, variando de idade e gênero inclusive. Tais identidades são explicadas como sendo fruto de abusos sofridos ou praticados pelo personagem, que em meio a traumas, desenvolveu figuras de escapismo tão complexas ao ponto de cada uma delas ter influências químicas diferentes no mesmo corpo. Uma cena que explicita essa complexidade é quando uma das figuras aparece injetando insulina para sua suposta diabetes, enquanto outras figuras não apresentam em nenhum momento a mesma necessidade.
O filme começa com três jovens estudantes de uma mesma turma de artes. Duas delas, Claire (Haley Lu Richardson – Quase 18) e Marcia (Jessica Sula – Skins, 2011) são as clássicas figuras de jovens na flor da idade, efusivas e dentro do padrão, já Casey (Anya Taylor-Joy – A Bruxa, 2015) é a representação de uma jovem de psicológico denso carregado de traumas de infância. Após o aniversário de Claire, as três jovens são sequestradas por Kevin, que as leva para um cativeiro, dando início ao enredo.
Apesar do temperamento outsider da personagem de Casey, o roteiro não pauta a relação das três jovens de forma conflituosa, ele apresenta suas diferenças que imediatamente dão lugar a união quando o perigo se apresenta, fugindo do esteriótipo bulímico utilizado em muitos filmes de personagens adolescentes/jovens. No cativeiro, ao ver Marcia ser arrastada por Kevin para outro cômodo separado das demais, Casey mostra seu primeiro traço de racionalidade diante da situação, quando ao sussurrar no ouvido de Marcia ela insiste para que a amiga se urine. Mesmo sem entender, minutos depois Marcia é levada de volta a companhia das amigas sã e salva, com suas calças molhadas e seu sequestrador incomodado com a situação, revelando que Casey sabia exatamente o que estava fazendo.
Dentre muitas tentativas de fuga das três jovens, o roteiro não se aprofunda muito nas duas meninas e sim em Casey que vira o fio condutor da narrativa que, além do sequestro, traça um paralelo com o passado da jovem em cenas que aos poucos vão explicando suas motivações, personalidade e habilidade em lidar com seu sequestrador.
Para desenvolver as facetas de Kevin o filme também usa a figura de uma terapeuta interpretada por Betty Buckley (Fim dos Tempos, 2008 / Pretty Little Liars – Temporada 3 Episódio 14, 2012), que em suas consultas dialoga com o personagem sobre suas personalidades, servindo de recurso didático para que o espectador compreenda melhor as tantas facetas do mesmo indivíduo. De acordo com a história, a terapeuta possui uma linha de estudo bastante peculiar em que acredita que portadores de DID podem realmente conter personalidades tão autônomas ao ponto de serem independentes, só que dentro do mesmo corpo, capazes de desenvolver cada um seu padrão enzimático, doenças, gostos e transtornos separadamente. Uma forma de tornar Kevin um personagem palpável e possível.
O grande mérito de Fragmentado está na atuação de James McAvoy, que sem o recurso da maquiagem ou cenário consegue dar forma aos diferentes personagens muitas vezes na mesma cena, carregando-os de trejeitos, vocabulários e diferentes entonações de voz.
Mesmo com um roteiro interessante, casado à atuação super eficiente, há algumas falhas que talvez impeçam Shyamalan de repetir o grande sucesso de O Sexto Sentido. O filme é vendido exageradamente como sendo de terror, o que não se confirma. Ele é sim um suspense instigante, mas para aterrorizar realmente o expectador falta uma trilha sonora mais eficiente e precisa, que consiga casar com a atuação e a ordem dos fatos.
O roteiro também possui imprecisões, uma delas se encontra na personagem da terapeuta, que começa como muleta para o desenvolvimento de Kevin, mas que é retirada da história de forma pobre, quase artificial, causando estranhamento no espectador. Em determinada cena se descobre o gatilho que leva Kevin a lucidez, impedindo que ele ataque suas vítimas. Apesar disso a personagem inacreditavelmente não faz o uso desse recurso quando se vê em situação de perigo, causando confusão e estranhamento no espectador.
Finalizado o conflito o diretor nos trás uma pequena surpresa nos últimos minutos do filme, em que revela um ator de um dos seus grandes filmes, realizando uma conexão entre suas obras, que deve ser desenvolvida no terceiro filme da trilogia.
Um dos filmes que mais gerou expectativas este ano e que também mostrou-se bastante promissor na opinião do público como um possível vencedor do Oscar, o musical La La Land – Cantando Estações chega as telonas com grandes chances de surpreender até mesmo quem não curte o gênero. Dirigido por Damien Chazelle, diretor do elogiado Whiplash, La La Land traz um estilo quase datado e um romance que tem tudo para ser mais do mesmo. Na primeira sequência já é possível perceber a que veio La La Land. A primeira cena acontece em uma rodovia em direção a Los Angeles. Centenas de carros travados em um dos engarrafamentos tão comuns à cidade.
Aos poucos, jovens começam a deixar os veículos e cantar. São os aspirantes a artistas que peregrinam do mundo todo em direção ao sonho de uma carreira na Meca do cinema – metáfora que voltará mais tarde. Com toda a energia dos atores, harmonia e graça já da para perceber que Chazelle não será um diretor de apenas um filme de sucesso. Aos poucos mais jovens saem de seus carros para cantar, um furgão abre as portas e revela uma banda tocando na mesma sintonia e tudo vira uma grande festa. Impossível não ressaltar que o diretor passeia por toda essa cena dentre os carros sem fazer se quer um corte perceptível.
Após todos voltarem a seus carros, somos apresentados a dois sonhadores românticos que também compunham essa grande massa de aspirantes que luta por um lugar ao sol. É então que entra em cena Emma Stone na pele de Mia, a atendente de uma cafeteria localizada no perímetro de um grande estúdio, aspirante a atriz que, apesar do talento, não tem obtido sucesso em suas audições. De forma desajeitada e divertida acontece seu primeiro “encontro” com Ryan Goslin na pele de Sebastian, um irascível e purista pianista de jazz e malsucedido que sonha em perpetuar seu estilo musical favorito em decadência. Após um comum estresse de trânsito entre os dois desconhecidos, o filme segue em ritmo mais lento, sem tantas cenas cantadas, mas com o mesmo charme de um musical bem produzido.
Falando em charme, outro toque que agrega ao filme é o ar anacrônico que Chazelle coloca ao propor cenários e figurinos da linguagem musical típicos dos anos de ouro da década de 60, junto a smartphones e carros atuais como o Prius.
Voltando aos nossos protagonistas, após mais um teste de elenco fracassado, Mia se vê tomada pelo desânimo com seu sonho e como num último suspiro de esperança, ela e suas colegas de quarto decidem ir a uma festa, onde se reúnem estrelas, diretores e possíveis contatos. Chegando lá ela se depara com pessoas fúteis, gananciosas e completamente desinteressadas no seu talento, fazendo da noite um completo fracasso. A volta para casa não foi diferente. Após ter seu carro rebocado e ter de percorrer um longo trecho à pé, a moça ouve uma belíssima melodia vinda de um bar e decide entrar. Para sua surpresa quem tocava o piano era justamente o rapaz com quem havia se desentendido no trânsito mais cedo (Ryan Goslin). Ele foi demitido bem diante dos seus olhos. Impressionada com o talento do rapaz, ela tenta iniciar uma conversa, mas é impedida por um truculento esbarrar de ombros que recebe do próprio pianista.
Porém os encontros não pararam por aí. Em outra festa ela nota o pianista junto com a banda que animava o evento. Os jovens iniciam uma conversa. O papo evolui para uma divertida cena de sapateio e cantoria. Daí em diante se desenrola um cativante e bem dirigido romance entre de dois sonhadores que juntos lutam para alcançar o sucesso em suas carreiras, regados pelo companheirismo e devoção mútua.
A trajetória é narrada com diversas cenas compostas por cenários e vestimentas vintages, ao mesmo tempo que expõe peças mais contemporâneas, toques super precisos e fantásticos de humor e uma fotografia bastante colorida de luzes fortes quase neon, que brincam todo tempo com as diferentes referências cronológicas e cinematográficas. É possível notar algumas pinturas de Edward Hopper (1882 a 1967) espalhadas por aí. Cada gesto dos atores, apesar de milimetricamente calculado, soa natural e ao mesmo tempo simbólico. Chazelle usa todos os elementos técnicos do cinema à favor de sua história.
Emma Stone e Ryan Goslin interpretam as diversas etapas de uma trama amorosa, fazendo os expectadores lembrarem de seus romances desde o primeiro contato: a fase avassaladora da paixão, a descoberta das particularidades do outro, as dificuldades em conciliar a vida à dois e o trabalho, a superação dos defeitos de quem se ama e a descoberta da impossibilidade de um viver sem o outro. Ué, mas então onde está o problema da trama? Chazelle se mostra ainda mais formidável nessa parte, evitando a clássica problemática clichê do triângulo amoroso ou do casal que passa o filme se amando, mas só fica junto no final. O diretor inova ao fazer o sonho que os uniu enquanto um par romântico também seja um obstáculo.
O musical fala sobre o cinema e enche o público de referências aos filmes clássicos de forma respeitosa e reverente, com locações e pequenos gestos. Talvez o maior mérito esteja na metáfora da cena inicial, que nos apresenta uma ponta que leva à Los Angeles enquanto forma de ligar o público cativo dos blockbusters a antiga e datada linguagem do musical, de forma didática e divertida, educando as novas gerações e mostrando que é possível atraí-las para assistir algo “fora de moda”.
Estrelado pelo famoso ator e diretor argentino Ricardo Darín, Kóblic é uma trama sobre a história de um militar que, após desrespeitar ordens de seus superiores, decide fugir para uma cidade do interior, na tentativa de se esconder da penalidade por sua deserção e de um grande trauma do passado.
Dirigido pelo argentino Sebastián Borensztein, autor dos títulos “Um Conto Chinês” (2011), “Lili’s Apron” (2003) e “El Garante” (1997), o longa apresenta um roteiro denso, de história simples, mas bem desenvolvida, com uma bela fotografia cheia de planos proximais focados nas expressões dos personagens, o que funciona muito bem devido a qualidade da atuação. Durante muitos diálogos é possível observar o resultado de atores competentes somados a uma boa direção, quando mesmo em textos curtos, a capacidade de comunicação via expressão facial e corporal conseguem narrar de forma intensa e eficiente a cena. A trilha sonora, muito bem executada, também agrega bastante a climática de cidade do interior, onde se passa o filme. A arte e a locação utilizada como cenário da trama dão um ar de bang-bang contemporâneo, que apesar de não possuir tantas cenas de ação, fala de um conflito militar dentro de uma cidadezinha dominada por um comissário autoritário e violento.
A trama se passa na década de 70 na Argentina, no período da ditadura militar e Kóblic é um ex-capitão das forças armadas, responsável por coordenar operações aéreas na qual indivíduos considerados subversivos são arremessados de encontro direto ao mar. Em uma das operações ele se vê perturbado com a crueldade, reluta em seguir as ordens de seu superior e deserta.
Com medo de represálias e na tentativa de fugir das horríveis imagens que habitam sua memória, ele se isola na Colonia Helena. Lá, se hospeda no hangar de um amigo e tenta esconder o fato de ser um militar, vivendo sob a ameaça da ditadura tanto quanto os suspeitos de oposição ao sistema e começa a trabalhar para como piloto de avião pulverizador. Depois de uma pane em seu avião, ele acaba por conhecer o delegado Velarde, encarnado por Oscar Martínez, que faz diversas perguntas a Kóblic e mostra bastante curiosidade sobre o forasteiro.
Com o passar dos dias, Kóblic conhece a jovem Nancy ― interpretada com destreza por Inma Cuesta (Julieta, 2016), que interpreta de forma sutil o sofrimento de sua personagem. Com uma expressão sempre tensa, cabisbaixa e de voz apreensiva, Nancy é uma jovem retraída pela figura de seu namorado machista e violento, que a impõe uma condição de quase invisibilidade. Ao defrontar-se com Kóblic ela vê uma possibilidade de uma vida nova onde possa atender suas vontades. Eles iniciam um caso, sendo este a estrada que guiará o enredo.
Em pouco tempo o delegado começa a desconfiar de Kóblic, de sua identidade e decide buscar mais informações sobre o rapaz, aproximando-se da descoberta da traição de Nancy. A inquietação, violência e autoritarismo transmitidos em cada decisão do personagem de Martínez ilustram os impactos que o regime ditatorial deixou naquele país.
Um tema histórico e político como a ditadura, que é o tema central, ficou menos evidente e perdeu a chance de ser explorado na trama por conta dos minutos a mais gastos com o romance de Nancy e Kóblic, que talvez seja o único ponto a ser criticado. Apesar das grandes atuações, fotografia e trilha, a narrativa poderia ter ganho mais se o eixo chave fosse mais aprofundado.
Apresentado na Comic-Con pela produtora Lionsgate como sendo uma produção “secreta”, o filme Bruxa de Blair é a terceira parte dessa famosa sequência dentre os filmes de terror. O primeiro e mais famoso foi lançado em 1999 como uma produção independente e com um módico orçamento de 60 mil dólares, mas apesar do pouco investimento, foi uma das maiores bilheterias da história do cinema, arrecadando em torno de 250 milhões de dólares, se tornando um dos 100 filmes americanos de maior faturamento de todos os tempos.
O sucesso se deu pela introdução de uma narrativa amadora, onde os planos são feitos no estilo “câmera na mão”, sendo a história contada pelo olhar dos personagens, o que gera uma grande expectativa e angústia no espectador, já que ele consegue ver tanto ou menos que os protagonistas. Os diretores Daniel Myrick e Eduardo Sánchez foram os primeiros na história do cinema a criarem esse formato, elevando o nível do gênero de terror.
O segundo filme não teve a mesma sorte. Lançado em 2000 com o título “Livro das Sombras”, o longa feito as pressas segue uma narrativa bastante diferente do primeiro, passando a impressão de ter sido rodado para fins de arrecadação, aproveitando o embalo e sucesso do primeiro filme. Embalo esse que não se observou na bilheteria, sendo considerado por muitos um fracasso.
O “Blair Witch”, terceiro filme, foi dirigido por Adam Wingard, um diretor aparentemente muito entusiasmado por filmes do gênero. Já dirigiu outras produções como “The Guest” (2014), “V/H/S/2” (2013), “Você é o Próximo” (2012), “Outcast” temporada 1 episódio 1 (2016), dentre outros. Na tentativa de obter o mesmo sucesso do primeiro filme, o longa contou com um grande escopo publicitário, tendo sua apresentação surpresa na Comic-Con e nas redes sociais, elevando as expectativas.
É possível reparar que há um receio por parte da equipe em decepcionar os fãs, pois mais uma vez apostaram no formato de “câmera na mão”, já utilizado tanto na primeira produção da série, como em outros filmes como “[Rec]” (Jaume Balagueró e Paco Plaza, 2007), “Atividade paranormal” (Oren Peli, 2007), Cloverfield: Monstro” (Matt Reeves, 2008), “V/H/S” (Adam Wingard, David Bruckner, Ti West, Joe Swanberg e Radio Silence, 2012), “The taking” (Adam Robitel, 2014), ou seja, é um formato bastante explorado pelo cinema e até um pouco desgastado.
A história baseia-se em James (James Allen McCune), cuja irmã Heather desapareceu com um grupo de jovens no primeiro longa. Após o surgimento de um novo vídeo, supostamente achado no local em que Heather sumiu, ele e mais três amigos decidem voltar ao local onde ela esteve pela última vez, a floresta de Black Hills, em Maryland, para descobrir os mistérios que rodearam seu desaparecimento.
O plot é interessante, mas seu desenvolvimento falha na falta de criatividade ao apresentar uma sequência de fatos já explorada. Assim como no primeiro filme, um grupo de jovens incrédulos vão acampar na floresta inabitada de Black Hills, desafiando a antiga lenda de uma bruxa que há séculos matou crianças e está envolvida em mistérios de desaparecimentos recentes sem resposta. O que muda até então é que dessa vez eles são acompanhados por um casal de moradores da região, que encontrou o suposto vídeo da câmera de Heather.
Conforme a interação dos personagens, observa-se aquela velha fórmula dos filmes de terror em atribuir a cada figura um papel emocional: o personagem principal, James (James Allen McCune), como a figura centrada e mais equilibrada do grupo, o casal de amigos, Peter (Brandon Scott) e Ashley (Corbin Reid), com personalidade mais humorada funcionando como alívio cômico e uma mulher, Lisa (Callie Hernandez), que vem a se identificar e unir ao personagem principal.
Os dois moradores citados anteriormente, Talia (Valorie Curry) e Lane (Wes Robinson), destoam do resto do grupo, inseridos como elementos importantes a contribuir com a história. Diferente dos jovens universitários da cidade grande, os dois cresceram ouvindo as lendas sobre a floresta e a bruxa, o que faz deles mais temerosos e atentos aos sinais da floresta.
Sons estranhos na calada da noite, galhos pendurados em formato de pentagrama, árvores despencando sem motivo aparente, muita correria, gritos e imagens angustiantes. É a mesma sequência de fatos vista no primeiro longa, só que com figuras diferentes. Há um momento da história sem resposta que talvez seja o único diferencial e que deixa o expectador com uma pulga atrás da orelha. Perto do fim, em uma cena de tentativa de fuga, nota-se que a imagem da câmera da personagem Lisa (Callie Hernandez) é idêntica a imagem do vídeo achado na câmera de Heather, o que gera inquietação e dúvida. Afinal, se aquele vídeo foi achado muito antes do grupo adentrar na floresta, como pode estar acontecendo naquele momento?
Não se pode dizer que é ruim, já que na primeira vez rendeu uma bilheteria milionária. Dá para se sentir ansiedade, angústia e tensão em muitos momentos, pois a linguagem ainda funciona ao provocar tais emoções, porém o forte marketing trouxe uma expectativa bastante alta para uma história repetida contada por outros personagens.
Os aspectos que me atraem no filme são muito mais pela fotografia do que pelo roteiro em si. Suspense dentro daquele clássico clichê de aventura no espaço, o filme não apresenta tantas variações comparando com outros títulos, como "Enigma do Horizonte", por exemplo. O mais interessante do filme, porém, são os ângulos bem explorados, o visual, efeitos e a movimentação da câmera. Quem tiver a oportunidade, assita em 3D, pois ficou bem feito, bem explorado e acrescenta muito na experiência do filme.
Apesar de achar que o filme aborda de forma muito breve como ele consegue resgatar sua amada
, ainda sim a obra é belíssima. A combinação de exuberantes paisagens com uma trilha orquestrada dão um toque delicado e emotivo. Também é interessante observar os pequenos conceitos religiosos abordados de forma bastante sutil. Com certeza uma bonita história de amor e lealdade. Vale a pena assistir.
Para quem nunca viu os demais filmes ou leu os livros de Nicholas Sparks o filme pode ser um bom romance. Apresenta uma bela fotografia e trilha sonora. O único problema é a previsibilidade que todas as histórias de romance, principalmente do Nicholas Sparks, tem. Isso não faz do filme ruim, apenas mais do mesmo com algumas variantes.
Um filme divertidíssimo e cheio de referências dos contos infantis. Mesclando Shrek, com a história do ovo podre (Humpty Dumpty), João e o Pé de Feijão, Zorro etc. Conta com excelente equipe de dublagem, tanto brasileira, quanto a norte americana. Achei muito bacana como eles conseguiram aproveitar apenas um dos personagens do Shrek de forma tão bem sucedida. Imprevisível, divertido e para todas as idades. Recomendo.
Apesar da preferência pela versão sueca do filme, admito que tanto o norte americano quanto o sueco são bons. A diferença é que abordam a mesma história de pontos de vistas diferentes. O tema é interessante, a forma como o filme é conduzido é ótima e a atuação faz com que o espectador entre ainda mais na história. Recomendo bastante, inclusive os outros 2 filmes da trilogia.
Bom, mas apenas para quem curte musical e ABBA. O filme trás músicas bacanas, um visual incrível (Grécia) e atores conhecidos. Um divertido filme pra sessão da tarde.
O filme em si não apresenta novidades, seu ponto forte é o humor, que se vale de piadas com o próprio estilo. Muito "tiro, porrada e bomba", referências de longas anteriormente feitos pelos próprios atores e feitos impossíveis como todo bom filme de ação.
365 Dias: Hoje
1.3 164 Assista AgoraTirando a fotografia bonita, os movimentos de câmeras bem executados e a trilha de clipe, o resto é, na minha humilde opinião, bem ruim.
O 1° já tem mtos problemas, mas pelas cenas picantes ainda sim embarcamos (porque a gente gosta de uma sacanagem). O segundo parece mais um vídeo clipe ardente que funciona na fotografia, movimentos de câmera e a trilha... Só. Mal dirigido, roteiro cagado, até as cenas de sexo são mal inseridas e MTO gratuitas (mais do que já estávamos acostumados). Filme totalmente sem ritmo, montagem péssima, a atuação e os diálogos beiram a vergonha alheia. Deu vontade de desver. A pipa nem subiu.
Menosprezaram nossa safadeza e tacaram o foda-se demais rs.
Magic Mike XXL
3.2 469 Assista AgoraNão tenho maturidade para criticar esse filme. Esses homens dançando é uma coisa linda de se ver rs
Quanto Vale?
3.5 50 Assista AgoraMe lembra muito o filme O Preço da Verdade - Dark Waters, com Mark Ruffalo na condução e direção. É um bom filme, mas deixa um pouco a desejar na construção do roteiro em explicar a motivação de alguns dos personagens e peca no desenvolvimento. Mas recomendo. Pra quem curtir recomendo o filme citado acima que é melhor ainda.
Velozes e Furiosos 9
2.8 415 Assista AgoraEm Velozes & Furiosos 9 o céu não é um limite e o absurdo também não.
Comemorando seus 20 anos de saga, chegou aos cinemas (24 de junho) Velozes & Furiosos 9, com a proposta de divertir e tirar o fôlego do público com cenas absurdas sem medo de ser feliz.
Dirigido por Justin Lin (Star Trek: Sem Fronteiras/ True Detective/ Annapolis), diretor mais frequente na saga (Velozes & Furiosos 3,4,5 e 6), o novo longa parece ser a redenção definitiva do diretor com os fãs, que após muitas críticas com o terceiro filme, Desafio Em Tóquio (2006), vem reconquistando espaço, trazendo muito fan service e apelando para a nostalgia.
Após ser presa no longa anterior, Cipher (Charlize Theron) consegue fugir com a ajuda do milionário excêntrico Otto (Thue Ersted Rasmussen), que tem planos de roubar um aparato tecnológico capaz de dominar o mundo. Na tentativa de impedir que isso aconteça, o Sr. Ninguém (Kurt Russell) envia uma mensagem aos nossos heróis, que tem a difícil escolha de se envolverem na trama ou continuarem com suas vidas pacatas em troca de se manterem a salvo.
Tendo a filosofia de ‘família em primeiro lugar’ desde o início, o título mantém essa pegada e revira o passado de Domic Toretto (Vin Diesel). Através de flashbacks a narrativa conta a relação do protagonista com seu pai e seu irmão Jakob Toretto (John Cena), até então não mencionado na franquia. Com isso o filme utiliza a importância desse laço para inserir uma problemática entre os irmãos, que faz de Jakob seu principal antagonista na trama.
Aproveitando a marca de 20 anos, Justin cria um ar de comemoração no novo filme, trazendo personagens antigos como Han (Sung Kang), dirigindo seu Toyota Supra Laranja numa homenagem a Brian O’Conner (Paul Walker), Earl (Jason Tobin), Twinkie (Bow Bow) e o protagonista do terceiro título Sean Boswell (Lucas Black). Com isso o diretor também aproveita para tentar estabelecer a ordem cronológica da franquia.
A obra conta com 145 minutos de duração, a mais longa até então. Usa de paisagens alucinantes e cenas de ação de tirar o fôlego a moda 007, que perde aos poucos o tom de rebeldia e asfalto da periferia originários da franquia, para dar lugar a narrativas policiais, com espionagem internacional. Mas não é só nesse quesito que Velozes e Furiosos 9 lembra os clássicos de James Bond. Os aparatos tecnológicos, os saltos de locação pelo planeta e principalmente as façanhas ultra inverossímeis mostram como esta tem se tornado uma marca da franquia, onde nem o céu é o limite, levando nossos heróis até para o espaço (literalmente).
O filme é divertido, mas ordinário e brinca com o próprio absurdo dos feitos de seus personagens, fato que fica claro no diálogo entre Tej (Ludacris) e Roman (Tyrese Gibson) em que se perguntam como alcançam suas façanhas mirabolantes e ainda permanecem vivos. Apesar da proposta de se levar cada vez menos a sério, Velozes e Furiosos 9 exagera nas acrobacias e efeitos especiais, fazendo os personagens parecerem super-heróis.
Outro problema são os furos de roteiro, como no caso do Sr. Ninguém, que surge em uma situação de perigo tentando comunicar a fuga de Cipher dentro de um avião em queda livre. Quando os protagonistas chegam na cena do acidente não há corpo e nem indícios de onde ele possa estar. Logo Dominic e seu grupo embarcam na missão sem se perguntarem se o personagem está vivo ou se foi raptado. Nada, simplesmente seguem a trama sem responderem ao público o que aconteceu de fato. E não para por aí.
A presença de diálogos mal construídos e sem justificativa também incomoda. A atuação de Vin Diesel com posturas de corpo arqueadas, olhos semicerrados e bico estão presentes, refletindo na contínua e já esperada ode a masculinidade, numa interpretação clichê e pobre em suas dimensões. Apesar de essa ser a proposta desde o primeiro título, é possível perceber o aumento do protagonismo feminino e da consistência de seus enredos. Sem contar a redução do apelo imagético para seus corpos.
Um personagem que incomoda é Otto (Thue Ersted Rasmussen). Tudo bem que o principal antagonista seja Jakob Toretto, mas sua personalidade monodimensional, seu propósito fraco e seus discursos infantis não convencem. Ele nos dá a sensação de ser um vilão tirado dos quadrinhos.
Tendo arrecadado mais de 5 bilhões desde o primeiro longa, a saga não para por aí e deve contar com o décimo capítulo, que será dividido em dois filmes. Além de possíveis continuações de seus títulos derivados como Hobbs & Shaw (2019) e a animação da Netflix Velozes & Furiosos: Espiões do Asfalto. A trilha conta com a participação de Anitta com a música Furiosa, e com a atuação de Cardi B, numa divertida aparição que deve se repetir no próximo filme. Ah, esperem pela cena pós-créditos.
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Raya e o Último Dragão
4.0 646 Assista AgoraDivertido, bem realizado e apresenta um 3D MUITO bonito, porém senti que faltou desenvolver melhor cada personagem e suas motivações. Tive a sensação de pressa em suas apresentações, o que me dificultou no envolvimento com a trama.
Sem contar o uso da "receita de bolo" com elementos tirados de outros longas da produtora, como uma mistura de Moana com Mulan, onde a órfã e os macaquinhos me lembram os irmãos da Merida de Valente, a Sisu me remete muito ao Mushu etc.
Vale a pena sim, mas senti falta da magia, comum em outros títulos da Disney.
Hacker
2.5 283 Assista AgoraAinda tentando entender como esse filme foi parar essa semana no top 10 no Brasil na Netflix . Enredo com narrativa previsível e, apesar do detalhamento interessante na parte informática da trama, o restante é bem receita de bolo. Talvez o tema e o ator (não me refiro a atuação e sim a sua fama de outros títulos) estejam por trás do alto número de views pq fora isso...
Filhos de Istambul
3.6 57Na minha humilde opinião, um filme bacana, mas que traz alguns clichês e motivações mal construídas. Mas é bom ver a netflix trazendo mais filmes de outras indústrias e valeu as 1h e 37m de filme (que poderiam ter sido mais para talvez construí-lo um pouco melhor).
Milagre na Cela 7
4.1 1,2K Assista AgoraMeu olho caiu da cara. É isso.
(Tecnicamente não é o melhor filme do mundo, mas vale assistir)
Koblic
3.2 56 Assista AgoraEstrelado pelo famoso ator e diretor argentino Ricardo Darín, Kóblic é uma trama sobre a história de um militar que, após desrespeitar ordens de seus superiores, decide fugir para uma cidade do interior, na tentativa de se esconder da penalidade por sua deserção e de um grande trauma do passado.
Dirigido pelo argentino Sebastián Borensztein, autor dos títulos “Um Conto Chinês” (2011), “Lili’s Apron” (2003) e “El Garante” (1997), o longa apresenta um roteiro denso, de história simples, mas bem desenvolvida, com uma bela fotografia cheia de planos proximais focados nas expressões dos personagens, o que funciona muito bem devido a qualidade da atuação. Durante muitos diálogos é possível observar o resultado de atores competentes somados a uma boa direção, quando mesmo em textos curtos, a capacidade de comunicação via expressão facial e corporal conseguem narrar de forma intensa e eficiente a cena. A trilha sonora, muito bem executada, também agrega bastante a climática de cidade do interior, onde se passa o filme. A arte e a locação utilizada como cenáriEm pouco tempo o delegado começa a desconfiar de Kóblic, de sua identidade e decide buscar mais informações sobre o rapaz, aproximando-se da descoberta da traição de Nancy. A inquietação, violência e autoritarismo transmitidos em cada decisão do personagem de Martínez ilustram os impactos que o regime ditatorial deixou naquele país.
Um tema histórico e político como a ditadura, que é o tema central, ficou menos evidente e perdeu a chance de ser explorado na trama por conta dos minutos a mais gastos com o romance de Nancy e Kóblic, que talvez seja o único ponto a ser criticado. Apesar das grandes atuações, fotografia e trilha, a narrativa poderia ter ganho mais se o eixo chave fosse mais aprofundado.o da trama dão um ar de bang-bang contemporâneo, que apesar de não possuir tantas cenas de ação, fala de um conflito militar dentro de uma cidadezinha dominada por um comissário autoritário e violento.
A trama se passa na década de 70 na Argentina, no período da ditadura militar e Kóblic é um ex-capitão das forças armadas, responsável por coordenar operações aéreas na qual indivíduos considerados subversivos são arremessados de encontro direto ao mar. Em uma das operações ele se vê perturbado com a crueldade, reluta em seguir as ordens de seu superior e deserta.
Com medo de represálias e na tentativa de fugir das horríveis imagens que habitam sua memória, ele se isola na Colonia Helena. Lá, se hospeda no hangar de um amigo e tenta esconder o fato de ser um militar, vivendo sob a ameaça da ditadura tanto quanto os suspeitos de oposição ao sistema e começa a trabalhar para como piloto de avião pulverizador. Depois de uma pane em seu avião, ele acaba por conhecer o delegado Velarde, encarnado por Oscar Martínez, que faz diversas perguntas a Kóblic e mostra bastante curiosidade sobre o forasteiro.
Com o passar dos dias, Kóblic conhece a jovem Nancy ― interpretada com destreza por Inma Cuesta (Julieta, 2016), que interpreta de forma sutil o sofrimento de sua personagem. Com uma expressão sempre tensa, cabisbaixa e de voz apreensiva, Nancy é uma jovem retraída pela figura de seu namorado machista e violento, que a impõe uma condição de quase invisibilidade. Ao defrontar-se com Kóblic ela vê uma possibilidade de uma vida nova onde possa atender suas vontades. Eles iniciam um caso, sendo este a estrada que guiará o enredo.
Kong: A Ilha da Caveira
3.3 1,2K Assista AgoraCarregando um título recentemente explorado pelo diretor Peter Jackson (2005), Kong – A Ilha da Caveira chega às telonas trazendo uma leitura do gigante macaco menos bestial.
O macaco mais famoso da história do cinema volta a dar as caras mais uma vez. Quem não se lembra da clássica cena deste brutamontes pendurado no alto de um arranha céu, no meio de Nova York? Pois bem, dessa vez o palco desta narrativa será em uma ilha desconhecida no Pacífico Sul.
O filme começa em 1944 durante a Guerra do Vietnã na qual dois militares, um norte americano e um japonês, se enfrentam numa luta corpo à corpo após caírem com seus aviões em uma ilha desconhecida. Nos primeiros minutos de filme Kong já se apresenta grande e poderoso bem na sua frente, tirando qualquer suspeita de que possa ter acidentalmente entrado na sessão errada.
Mas apesar disso Kong ainda não é rei e esse é o plot que o diretor norte americano Jordan Vogt-Roberts (Crocked – 2015 / Nick Offerman: American Ham, 2014) pretende utilizar na busca de nos trazer alguma novidade. Diferente dos filmes clássicos, Kong ainda é um jovem macaco habitante de uma ilha inexplorada, que abriga figuras exóticas e desconhecidas pela humanidade. O longa traz uma fera menos bestial que vê seus pais serem mortos por outro tipo de criatura, despertando nele um instinto de cautela e proteção pelas criaturas mais indefesas, o que é uma novidade comparado aos outros títulos que em que o gigante não possuía qualquer apreço pela vida à sua volta.
Anos depois em 1971 dois norte americanos, William “Bill” Randa (interpretado por John Goodman – Rua Cloverfield 10, 2016 / Trumbo, 2015) e Houston Brooks (Interpretado por Corey Hawkins – Straight Outta Compton, 2015 / Romeo e Julieta, 2014) de uma equipe secreta governamental de nome Monarch descobrem, através de imagens de satélite, uma nova ilha. Estimulados pela Guerra Fria, um período histórico de disputas estratégicas e conflitos indiretos, eles decidem averiguar que mistérios guardam esta porção de terra antes que nações inimigas o façam. Após conseguirem convencer um figurão do governo a apoiar a empreitada, eles então começam a reunir um eclético grupo que conta escolta militar, membros do corpo técnico geológico, uma fotógrafa e um ex militar com experiência em exploração de áreas inóspitas.
Essa parte do longa nos revela alguns êxitos, que vão desde a feliz escolha do elenco, até uma bela fotografia, que trás sequências de imagens rápidas que conseguem contar todo esse processo de preparação da expedição sem ser lento e monótono. Além disso o diretor de fotografia estadunidense Larry Fong (Watchmen – 2009 / Sucker Punch – 2011 / Super 8 – 2011 / Batman v Superman: Dawn of Justice – 2016) é bastante feliz ao homenagear em sua fotografia clássicos como “Apocalypse Now” e “Bom Dia, Vietnã”, utilizando palhetas amareladas, cores quentes, agregando a atmosfera tropical e a icônica cena em que mostra um homem sorrindo prazerosamente ao provocar explosões pela ilha.
Apesar da fotografia bem executada, o roteiro não mostra o mesmo sucesso. Ao chegarem próximo à ilha de navio, os exploradores embarcam em helicópteros e decidem atravessar uma tempestade que a circunda e parece não dissipar nunca. A ideia inicial é jogar uma série de bombas para que seja feito uma avaliação geológica do local. É então que Kong, incomodado por toda balbúrdia, parte furiosamente para cima dos helicópteros, causando uma série de mortes e separando os membros da equipe em diversos grupos, coisa que raramente (?) acontece numa aventura de monstros gigantes. Esta cena é contada com belas imagens em computação gráfica e takes que muito se assemelham com games em primeira pessoa.
O que Kong não esperava é que uma das figuras, o militar Preston Packard (interpretado Samuel L. Jackson – Cell, 2016 / Avengers: Age of Ultron, 2015 / Robocop, 2014), desiludido pelo fim da guerra e pela falta de um propósito, fosse ver na morte de seus colegas uma obsessiva necessidade de vingança que colocaria a vida de todos em risco se preciso para alcançar seu mais novo e único objetivo.
A partir daí os grupos sobreviventes tentam novamente se reunir e sobreviver a misteriosa ilha e não precisam de muito tempo para perceber que o primata gigante não é a única anormalidade presente neste cenário. Esta parte da narrativa já nos mostra uma frustrante falha, que é o roteiro. Após cenas empolgantes, bem orquestradas e referências louváveis é possível perceber a pobreza no desenvolvimento dos personagens. Um bom elenco mal aproveitado que pouco consegue mostrar a que veio. Diálogos rasos e um bilateralismo que não permite profundidade. A figura do Tenente Packard, na qual percebe-se sua fome por um objetivo, seus êxitos de guerra e seu vício pela destruição, serve para atender ao bilateralismo de vilão-mocinho que dará o climax da história. Os demais personagens também rasos, cativam o espectador pelo simples fato de suas virtuoses e apesar de algumas tiradas cômicas, não há outros elementos para construção identitária.
Não restam muitos sobreviventes e os que restam aos poucos vão sendo tragados pelas figuras míticas que a ilha abriga. Em meio a esse caos há algumas tentativas de humanizar Kong, como na cena em que se banha no lago após revelar alguns ferimentos do confronto com os helicópteros, ali é possível notá-lo mais calmo, até o momento em que um polvo gigante (até demais para um lago que mal chega aos joelhos do primata) tenta atacá-lo e acaba por ser devorado. Outro elemento dessa tentativa é a predominância do andar bípede que é falsamente utilizada, já que primatas andam predominantemente com as pernas traseiras, mas apoiados pelas patas frontais.
Além das figuras míticas, os exploradores também descobrem a presença de uma estranha e silenciosa tribo, que curiosamente desenvolve amizade pelo piloto norte americano que ficara 28 anos preso na ilha desde a década de 40. Seu nome é Hank Marlow (interpretado por John C. Reilly – Detona Ralph, 2012 / Guardiões da Galáxia, 2014). Ele explica um pouco de sua trajetória, como fora acolhido pela tribo e revela a faceta protetora de Kong ao afirmar que ele, diferente do que a equipe achava, na verdade é o protetor daquela tribo e mantém a harmonia local contra monstros residentes no subsolo.
Então é a vez de sermos apresentados ao verdadeiro predador. Figuras inspiradas em Tokusatsu, da cultura oriental, revelam-se as verdadeiras ameaças, tirando o papel de vilania do macaco gigante, tentativa essa que é reforçada com a cena em que ele salva um animal bem aos olhos da fotógrafa Mason Weaver (interpretada por Brie Larson – Free Fire, 2016 / Captain Marvel, 2019), que se vê surpresa ao ficar cara-a-cara com o gigante sem ser predada por ele.
Fotojornalista de guerra e ativista pela paz, esta é mais uma personagem que se vê mal aproveitada pela trama, servindo quase que somente para ser a nova “loira do kong”, em um dos planos ela mais uma vez se vê inesperadamente defronte à Kong e por sua ligação com a natureza sente-se encorajada a se aproximar ainda mais até o ponto de tocá-lo, criando uma relação de empatia em ambos.
Ela e o um desiludido antigo capitão da Rhodesian Special Air Service, que serviu na Guerra do Vietnã, James Conrad (interpretado por Tom Hiddleston – Thor, 2011 / I Saw the Light, 2015), guiam os demais sobreviventes junto com Hank Marlow até o lado norte da ilha onde podem ser resgatados pelo navio que os havia transportado. Um outro complicador é que apesar da necessidade de partir imediatamente da ilha, ao se reunirem com os soldados sobreviventes e o Tenente Coronel Preston Packard, eles são obrigados a seguir com seu plano de vingança, que parece por esta motivação acima da sobrevivência de sua equipe.
Daí em diante o filme se torna um misto de cenas de ação e fracassos nas tentativas de escaparem. Obviamente há um confronto entre Kong e um dos monstros que vive embaixo da terra, tendo espaço até para uma ação de salvamento de Kong com a personagem Mason Weaver, confirmando seu estereótipo de “loira do Kong”.
A trilha sonora, apesar de possuir clássicos do Rock’n Roll, revela algumas falhas de inclusão, sendo acrescida quase aleatoriamente.
Ao fim do longa, numa cena pós crédito, fica evidente que o título faz parte de um crossover. Durante a aventura há diálogos que falam de uma lenda sobre feras gigantes que dominaram o globo e que possivelmente ainda existam. Com a aparição de Kong essa crença é reforçada e para finalizar o plot, o pós crédito mostra novamente a Monarch interessada numa nova exploração, só que dessa vez as fotos mostram uma criatura esguia, bastante parecida com outro monstro clássico do cinema, Godzilla, que será o crossover lançado em 2020: Godzilla vs Kong.
La La Land: Cantando Estações
4.1 3,6K Assista AgoraUm dos filmes que mais gerou expectativas este ano e que também mostrou-se bastante promissor na opinião do público como um possível vencedor do Oscar, o musical La La Land – Cantando Estações chega as telonas com grandes chances de surpreender até mesmo quem não curte o gênero.
Dirigido por Damien Chazelle, diretor do elogiado Whiplash, La La Land traz um estilo quase datado e um romance que tem tudo para ser mais do mesmo. Na primeira sequência já é possível perceber a que veio La La Land. A primeira cena acontece em uma rodovia em direção a Los Angeles. Centenas de carros travados em um dos engarrafamentos tão comuns à cidade.
Aos poucos, jovens começam a deixar os veículos e cantar. São os aspirantes a artistas que peregrinam do mundo todo em direção ao sonho de uma carreira na Meca do cinema – metáfora que voltará mais tarde. Com toda a energia dos atores, harmonia e graça já da para perceber que Chazelle não será um diretor de apenas um filme de sucesso. Aos poucos mais jovens saem de seus carros para cantar, um furgão abre as portas e revela uma banda tocando na mesma sintonia e tudo vira uma grande festa. Impossível não ressaltar que o diretor passeia por toda essa cena dentre os carros sem fazer se quer um corte perceptível.
Após todos voltarem a seus carros, somos apresentados a dois sonhadores românticos que também compunham essa grande massa de aspirantes que luta por um lugar ao sol. É então que entra em cena Emma Stone na pele de Mia, a atendente de uma cafeteria localizada no perímetro de um grande estúdio, aspirante a atriz que, apesar do talento, não tem obtido sucesso em suas audições. De forma desajeitada e divertida acontece seu primeiro “encontro” com Ryan Goslin na pele de Sebastian, um irascível e purista pianista de jazz e malsucedido que sonha em perpetuar seu estilo musical favorito em decadência. Após um comum estresse de trânsito entre os dois desconhecidos, o filme segue em ritmo mais lento, sem tantas cenas cantadas, mas com o mesmo charme de um musical bem produzido.
Falando em charme, outro toque que agrega ao filme é o ar anacrônico que Chazelle coloca ao propor cenários e figurinos da linguagem musical típicos dos anos de ouro da década de 60, junto a smartphones e carros atuais como o Prius.
Voltando aos nossos protagonistas, após mais um teste de elenco fracassado, Mia se vê tomada pelo desânimo com seu sonho e como num último suspiro de esperança, ela e suas colegas de quarto decidem ir a uma festa, onde se reúnem estrelas, diretores e possíveis contatos. Chegando lá ela se depara com pessoas fúteis, gananciosas e completamente desinteressadas no seu talento, fazendo da noite um completo fracasso. A volta para casa não foi diferente. Após ter seu carro rebocado e ter de percorrer um longo trecho à pé, a moça ouve uma belíssima melodia vinda de um bar e decide entrar. Para sua surpresa quem tocava o piano era justamente o rapaz com quem havia se desentendido no trânsito mais cedo (Ryan Goslin). Ele foi demitido bem diante dos seus olhos. Impressionada com o talento do rapaz, ela tenta iniciar uma conversa, mas é impedida por um truculento esbarrar de ombros que recebe do próprio pianista.
Porém os encontros não pararam por aí. Em outra festa ela nota o pianista junto com a banda que animava o evento. Os jovens iniciam uma conversa. O papo evolui para uma divertida cena de sapateio e cantoria. Daí em diante se desenrola um cativante e bem dirigido romance entre de dois sonhadores que juntos lutam para alcançar o sucesso em suas carreiras, regados pelo companheirismo e devoção mútua.
A trajetória é narrada com diversas cenas compostas por cenários e vestimentas vintages, ao mesmo tempo que expõe peças mais contemporâneas, toques super precisos e fantásticos de humor e uma fotografia bastante colorida de luzes fortes quase neon, que brincam todo tempo com as diferentes referências cronológicas e cinematográficas. É possível notar algumas pinturas de Edward Hopper (1882 a 1967) espalhadas por aí. Cada gesto dos atores, apesar de milimetricamente calculado, soa natural e ao mesmo tempo simbólico. Chazelle usa todos os elementos técnicos do cinema à favor de sua história.Emma Stone e Ryan Goslin interpretam as diversas etapas de uma trama amorosa, fazendo os expectadores lembrarem de seus romances desde o primeiro contato: a fase avassaladora da paixão, a descoberta das particularidades do outro, as dificuldades em conciliar a vida à dois e o trabalho, a superação dos defeitos de quem se ama e a descoberta da impossibilidade de um viver sem o outro. Ué, mas então onde está o problema da trama? Chazelle se mostra ainda mais formidável nessa parte, evitando a clássica problemática clichê do triângulo amoroso ou do casal que passa o filme se amando, mas só fica junto no final. O diretor inova ao fazer o sonho que os uniu enquanto um par romântico também seja um obstáculo.
O musical fala sobre o cinema e enche o público de referências aos filmes clássicos de forma respeitosa e reverente, com locações e pequenos gestos. Talvez o maior mérito esteja na metáfora da cena inicial, que nos apresenta uma ponta que leva à Los Angeles enquanto forma de ligar o público cativo dos blockbusters a antiga e datada linguagem do musical, de forma didática e divertida, educando as novas gerações e mostrando que é possível atraí-las para assistir algo “fora de moda”.
Detroit em Rebelião
4.0 193 Assista AgoraDiretora de dois grandes sucessos “Guerra ao terror” (2008) e “A Hora Mais Escura” (2012), Katherin Bigalow retorna às telonas com um longa de tamanha qualidade que promete tensão do início ao fim. A proposta desta vez é falar sobre a questão étnica em Detroit na década de 60.
O filme começa com uma festa particular em uma casa noturna, onde após uma batida policial problemática, diversos convidados são presos abusivamente. Para o azar dos policiais o episódio que era para ser algo mais discreto, acaba se tornando um espetáculo reverso aos olhos da população predominantemente negra, se tornando um barril de pólvora e dando início a um dos maiores protestos da década de 60, só perdendo para o que se seguiu o assassinato de Martin Luther King.
Daí em diante não é mais possível sentir-se relaxado, pois a maestria de Bigalow nos faz tensos até o último minuto, no qual nem o tempo sentimos passar de tão fluida que são as sequências.
Sem eleger um protagonista, no sentido clássico, a história é contada por vários personagens formando um mosaico. De cenas com multidões enfurecidas e conflitos, o filme nos apresenta, em um dos recortes a história, um grupo de músicos negros que tentam ganhar a vida. No badalado Teatro Fox, casa cheia, eles se mostram eufóricos com a primeira chance de uma apresentação digna de contrato com gravadoras, quando forças da segurança interrompem o espetáculo e aconselham que os expectadores sigam para suas casas sob ameaça de uma rebelião que estouraria do lado de fora. Um dos músicos é Larry Reed (Algee Smith – Terra para Echo, 2014), a principal voz da banda, detentor da maior parte das atenções e que protagoniza uma cena de frustração após o esvaziamento do teatro.
Em contrapartida também somos apresentados a Dismukes (John Boyega – Star Wars: The Last Jedi, 2017), um segurança também negro, que trabalha protegendo uma loja local. Diferente dos músicos, Dismukes tenta manter aproximação com os policiais brancos na tentativa de sobrevivência e mostrar passividade. Mas aos poucos ele começa a se deparar com os absurdos cometidos pelos mesmos.
A história nos traz mais alguns outros personagens e o mais interessante é que apesar do conflito entre duas etnias, a diretora não se basta no clichê da bilateralidade de negro x brancos. Com competência, ela dá multidimensionalidade a narrativa, apresentando ambos com diversas posturas. Alguns mais politizados, outros mais em cima do muro e até na hora de atribuir vilania ela faz questão de não dar uma cor única. Não se limita a homem branco mau e sim destacar organicamente uma questão racial séria, na qual policiais em sua grande maioria brancos, possuíam uma arraigada cultura preconceituosa, que dava lugar a abusos e violência descontrolada quando se tratava de negros. Ainda sim, ela não generaliza, mostrando facetas virtuosas dentro da instituição.
Após apresentar os complexos grupos, a história os reúne no Motel Algiers, onde conta um episódio verídico. O caso que começou com um disparo jocoso de arma de brinquedo dá lugar a uma batida policial cheia de violência, abusos e torturas. Para mostrar ainda mais essa multidimensionalidade de seus personagens, Bigalow nos mostra uma cena em que suas minorias estão de cara para a parede, inclusive duas mulheres brancas, que diferente das expectativas, também sofrem com as agressões.
O desenrolar do episódio e as imagens documentais que se mesclam a ficção, nos mostram a intenção em expor um caso mal resolvido e polêmico até hoje da história norte americana. Sem a ajuda de uma trilha apelativa, com uma fotografia objetiva que entrega ao que se propõe, o filme faz o expectador se angustiar com as emoções vividas pelos personagens e se perguntar se “Detroit fica logo ali”.
O Castelo de Vidro
3.8 269 Assista AgoraApesar de ser um tema comum no cinema, o diretor Destin Cretton (“Temporário 12”, “I Am Not a Hipster”) fez da biografia da escritora e jornalista Jeannette Walls um longa digno de fazer todo mundo refletir sobre suas relações familiares. Ele conta a história de uma família pobre, não conformista que se apoia na figura paterna, Rex (Woody Harrelson - “Jogos Vorazes”, “Onde os Fracos Não Tem Vez”) um engenheiro que tenta incentivar a imaginação e o sentimentos de esperança, a fim de distraí-los das dificuldades diárias.
O longa utiliza a ótica de Jeannette para narrar essa trajetória e constantemente compara o passado e presente da personagem para explicar sua personalidade e motivações. Na primeira cena Jeannette (Brie Larson - “O Quarto de Jack”, “Kong - A Ilha da Caveira”) e seu noivo David (Max Greenfield - “A Grande Aposta”) jantam em um luxuoso restaurante a negócios. Seu marido, um rico banqueiro, tenta fechar contrato com um figurão da alta sociedade. Em meio a conversa, Jeannette é questionada sobre sua família e muito encabulada em revelar sua origem humilde, opta por sustentar uma história falaciosa.
Ao fim do jantar, Jeannette pega um táxi para casa, quando é surpreendida no meio do caminho por aparentes moradores de rua que obstruem a passagem do veículo. Para sua surpresa as figuras rotas eram seus pais. Ela os observa com certa surpresa e vergonha enquanto o veículo consegue passagem e se afasta. Mas antes que possamos sentir qualquer sentimento negativo pela conduta omissa da personagem, somos catapultados para vinte anos antes, para enfim compreendermos seu comportamento sintomático e o que levou os pais a esta situação.
A narrativa que se sucede mostra diversas situações em que reafirmam as dificuldades enfrentadas, mas em contrapartida a união, a persistência e a forte filosofia entranhada na base familiar. Diversas vezes o diretor faz questão de nos guiar a sentimentos contraditórios, que ora compreendem parte da loucura vivida, mas em outros momentos nos questionamos se aquilo realmente pode dar certo. Os pais de Jeannette, Rex e Rose Mary, são geniosos, temperamentais, relapsos, egoístas, negligentes e completamente disfuncionais. Ao longo da história as crianças da família Wall são submetidas à todo tipo de risco, abandono e perigo, muitas vezes naturalizado.
Além de Jeannette, nas mesmas condições vivem outros três filhos do casal: Brian (Josh Caras - “Três Vezes Amor”), Lori (Sarah Snook - “Steve Jobs”) e Maureen (Brigette Lundy-Paine - “O Homem Irracional”), que também enfrentam os mesmos dramas. Como se já não bastasse a pobreza, os problemas tornam-se ainda piores com o alcoolismo enfrentado por Rex, um homem inteligente que não gosta de seguir regras, mas sente necessidade de impor suas próprias normas sem enfrentar nenhuma objeção, além de mudá-las conforme seus interesses. Constantemente submete seus filhos a algum tipo de prova, obrigando-os a lidar precocemente com as circunstâncias mais adversas da vida, como as constantes mudanças de cidade, as brigas violentas com a esposa, sua instabilidade emocional, sua embriaguez e até mesmo com a falta de comida em casa. Rex faz muitas promessas que não cumpre, gerando em seus filhos uma grande frustração e uma das mais importantes, que deu nome ao longa, é de um dia construir uma casa quase toda em vidro, assunto que ele toca diversas vezes na tentativa de trazer esperança e o perdão de Jeannette, que sonha em vê-la pronta.
Como a narrativa vai e volta no tempo com frequência é possível ir desvendando o pano de fundo dos personagens e até do próprio pai, que em um determinado instante da história se vê obrigado a voltar a casa de sua mãe e lá descobrimos a origem de suas perturbações e desequilíbrio.
O título da obra funciona como a grande metáfora da relação entre Rex e Jeannette. Sob os aspectos técnicos, o filme se mostra eficiência, a fotografia de Brett Pawlak não deixa a desejar e uma trilha sonora que não é tão marcante, mas que funciona na sua forma sutil. A direção das cenas junto a construção do roteiro também foi bastante feliz, pois mesmo se tratando de um tema corriqueiro no cinema, o diretor soube dar bastante importância a construção dos personagens sem deixar que o pano de fundo afetasse esse processo.
A história que começa nos anos 60 no auge publicitário do american way, passando pelo período dos baby boomers, consegue aproximar bastante o espectador da narrativa com uma pegada bastante geracional norte americana. A pegada confessional utilizada por Jeannette mantida no filme, gera ainda uma maior aproximação, evitando um olhar distanciado, gerando ainda mais empatia. Outro grande êxito de Destin Cretton é utilizar personagens densos e representativos sem parecer caricatos. Não se trata daquela família clichê, com frases e problemas prontos, mas um nicho de características dramáticas, preocupantes e complexas o suficiente para não se limitarem em vilania e virtuose. Por vezes as atitudes dos personagens dividem o público em situações de consternação e afeto, dando um um “quê” totalmente orgânico ao enredo, como uma família da vida real.
Com um elenco não menos habilidoso que seu diretor, quem mais se destaca é Woody Harrelson em um dos melhores papéis de sua carreira, ele vive Rex com uma categoria tão autêntica e parece compreender que seu personagem é a total representação do homem trágico e dramático, que atravessou todas as transformações e problematizações de sua época sem evadir dos traumas, consequentemente os transferindo de alguma forma para a história de sua família. Woody Harrelson faz de Rex um personagem que vai de sonhador à um frágil desesperado sem medo de se mostrar.
Fragmentado
3.9 3,0K Assista AgoraNão de é de hoje a conhecida eficiência do diretor indiano M. Night Shyamalan (Sexto Sentido – 1999 / Corpo Fechado – 2000) em produzir suspenses instigantes, que mesmo com alguns insucessos críticos (Pior diretor A Dama na Água (2007) – Vencedor / Pior filme Fim dos Tempos (2009) – Indicado) consegue gerar expectativas a cada título. Sua tendência em aproximar temas fantásticos do mundo real fazem com que ele apoie seus filmes na história e em atuações bem desenvolvidas, o que fica bastante claro em Fragmentado.
O longa fala da história de Kevin Wendell Crumb (James McAvoy – Wanted, 2008 / X-Men: Apocalypse, 2016), um homem que sofre de transtorno de identidade dissociativo (DID) e não possui uma ou três identidades, mas 23 personalidades diferentes, variando de idade e gênero inclusive. Tais identidades são explicadas como sendo fruto de abusos sofridos ou praticados pelo personagem, que em meio a traumas, desenvolveu figuras de escapismo tão complexas ao ponto de cada uma delas ter influências químicas diferentes no mesmo corpo. Uma cena que explicita essa complexidade é quando uma das figuras aparece injetando insulina para sua suposta diabetes, enquanto outras figuras não apresentam em nenhum momento a mesma necessidade.
O filme começa com três jovens estudantes de uma mesma turma de artes. Duas delas, Claire (Haley Lu Richardson – Quase 18) e Marcia (Jessica Sula – Skins, 2011) são as clássicas figuras de jovens na flor da idade, efusivas e dentro do padrão, já Casey (Anya Taylor-Joy – A Bruxa, 2015) é a representação de uma jovem de psicológico denso carregado de traumas de infância. Após o aniversário de Claire, as três jovens são sequestradas por Kevin, que as leva para um cativeiro, dando início ao enredo.
Apesar do temperamento outsider da personagem de Casey, o roteiro não pauta a relação das três jovens de forma conflituosa, ele apresenta suas diferenças que imediatamente dão lugar a união quando o perigo se apresenta, fugindo do esteriótipo bulímico utilizado em muitos filmes de personagens adolescentes/jovens. No cativeiro, ao ver Marcia ser arrastada por Kevin para outro cômodo separado das demais, Casey mostra seu primeiro traço de racionalidade diante da situação, quando ao sussurrar no ouvido de Marcia ela insiste para que a amiga se urine. Mesmo sem entender, minutos depois Marcia é levada de volta a companhia das amigas sã e salva, com suas calças molhadas e seu sequestrador incomodado com a situação, revelando que Casey sabia exatamente o que estava fazendo.
Dentre muitas tentativas de fuga das três jovens, o roteiro não se aprofunda muito nas duas meninas e sim em Casey que vira o fio condutor da narrativa que, além do sequestro, traça um paralelo com o passado da jovem em cenas que aos poucos vão explicando suas motivações, personalidade e habilidade em lidar com seu sequestrador.
Para desenvolver as facetas de Kevin o filme também usa a figura de uma terapeuta interpretada por Betty Buckley (Fim dos Tempos, 2008 / Pretty Little Liars – Temporada 3 Episódio 14, 2012), que em suas consultas dialoga com o personagem sobre suas personalidades, servindo de recurso didático para que o espectador compreenda melhor as tantas facetas do mesmo indivíduo. De acordo com a história, a terapeuta possui uma linha de estudo bastante peculiar em que acredita que portadores de DID podem realmente conter personalidades tão autônomas ao ponto de serem independentes, só que dentro do mesmo corpo, capazes de desenvolver cada um seu padrão enzimático, doenças, gostos e transtornos separadamente. Uma forma de tornar Kevin um personagem palpável e possível.
O grande mérito de Fragmentado está na atuação de James McAvoy, que sem o recurso da maquiagem ou cenário consegue dar forma aos diferentes personagens muitas vezes na mesma cena, carregando-os de trejeitos, vocabulários e diferentes entonações de voz.
Mesmo com um roteiro interessante, casado à atuação super eficiente, há algumas falhas que talvez impeçam Shyamalan de repetir o grande sucesso de O Sexto Sentido. O filme é vendido exageradamente como sendo de terror, o que não se confirma. Ele é sim um suspense instigante, mas para aterrorizar realmente o expectador falta uma trilha sonora mais eficiente e precisa, que consiga casar com a atuação e a ordem dos fatos.
O roteiro também possui imprecisões, uma delas se encontra na personagem da terapeuta, que começa como muleta para o desenvolvimento de Kevin, mas que é retirada da história de forma pobre, quase artificial, causando estranhamento no espectador. Em determinada cena se descobre o gatilho que leva Kevin a lucidez, impedindo que ele ataque suas vítimas. Apesar disso a personagem inacreditavelmente não faz o uso desse recurso quando se vê em situação de perigo, causando confusão e estranhamento no espectador.
Finalizado o conflito o diretor nos trás uma pequena surpresa nos últimos minutos do filme, em que revela um ator de um dos seus grandes filmes, realizando uma conexão entre suas obras, que deve ser desenvolvida no terceiro filme da trilogia.
La La Land: Cantando Estações
4.1 3,6K Assista AgoraUm dos filmes que mais gerou expectativas este ano e que também mostrou-se bastante promissor na opinião do público como um possível vencedor do Oscar, o musical La La Land – Cantando Estações chega as telonas com grandes chances de surpreender até mesmo quem não curte o gênero.
Dirigido por Damien Chazelle, diretor do elogiado Whiplash, La La Land traz um estilo quase datado e um romance que tem tudo para ser mais do mesmo. Na primeira sequência já é possível perceber a que veio La La Land. A primeira cena acontece em uma rodovia em direção a Los Angeles. Centenas de carros travados em um dos engarrafamentos tão comuns à cidade.
Aos poucos, jovens começam a deixar os veículos e cantar. São os aspirantes a artistas que peregrinam do mundo todo em direção ao sonho de uma carreira na Meca do cinema – metáfora que voltará mais tarde. Com toda a energia dos atores, harmonia e graça já da para perceber que Chazelle não será um diretor de apenas um filme de sucesso. Aos poucos mais jovens saem de seus carros para cantar, um furgão abre as portas e revela uma banda tocando na mesma sintonia e tudo vira uma grande festa. Impossível não ressaltar que o diretor passeia por toda essa cena dentre os carros sem fazer se quer um corte perceptível.
Após todos voltarem a seus carros, somos apresentados a dois sonhadores românticos que também compunham essa grande massa de aspirantes que luta por um lugar ao sol. É então que entra em cena Emma Stone na pele de Mia, a atendente de uma cafeteria localizada no perímetro de um grande estúdio, aspirante a atriz que, apesar do talento, não tem obtido sucesso em suas audições. De forma desajeitada e divertida acontece seu primeiro “encontro” com Ryan Goslin na pele de Sebastian, um irascível e purista pianista de jazz e malsucedido que sonha em perpetuar seu estilo musical favorito em decadência. Após um comum estresse de trânsito entre os dois desconhecidos, o filme segue em ritmo mais lento, sem tantas cenas cantadas, mas com o mesmo charme de um musical bem produzido.
Falando em charme, outro toque que agrega ao filme é o ar anacrônico que Chazelle coloca ao propor cenários e figurinos da linguagem musical típicos dos anos de ouro da década de 60, junto a smartphones e carros atuais como o Prius.
Voltando aos nossos protagonistas, após mais um teste de elenco fracassado, Mia se vê tomada pelo desânimo com seu sonho e como num último suspiro de esperança, ela e suas colegas de quarto decidem ir a uma festa, onde se reúnem estrelas, diretores e possíveis contatos. Chegando lá ela se depara com pessoas fúteis, gananciosas e completamente desinteressadas no seu talento, fazendo da noite um completo fracasso. A volta para casa não foi diferente. Após ter seu carro rebocado e ter de percorrer um longo trecho à pé, a moça ouve uma belíssima melodia vinda de um bar e decide entrar. Para sua surpresa quem tocava o piano era justamente o rapaz com quem havia se desentendido no trânsito mais cedo (Ryan Goslin). Ele foi demitido bem diante dos seus olhos. Impressionada com o talento do rapaz, ela tenta iniciar uma conversa, mas é impedida por um truculento esbarrar de ombros que recebe do próprio pianista.
Porém os encontros não pararam por aí. Em outra festa ela nota o pianista junto com a banda que animava o evento. Os jovens iniciam uma conversa. O papo evolui para uma divertida cena de sapateio e cantoria. Daí em diante se desenrola um cativante e bem dirigido romance entre de dois sonhadores que juntos lutam para alcançar o sucesso em suas carreiras, regados pelo companheirismo e devoção mútua.
A trajetória é narrada com diversas cenas compostas por cenários e vestimentas vintages, ao mesmo tempo que expõe peças mais contemporâneas, toques super precisos e fantásticos de humor e uma fotografia bastante colorida de luzes fortes quase neon, que brincam todo tempo com as diferentes referências cronológicas e cinematográficas. É possível notar algumas pinturas de Edward Hopper (1882 a 1967) espalhadas por aí. Cada gesto dos atores, apesar de milimetricamente calculado, soa natural e ao mesmo tempo simbólico. Chazelle usa todos os elementos técnicos do cinema à favor de sua história.
Emma Stone e Ryan Goslin interpretam as diversas etapas de uma trama amorosa, fazendo os expectadores lembrarem de seus romances desde o primeiro contato: a fase avassaladora da paixão, a descoberta das particularidades do outro, as dificuldades em conciliar a vida à dois e o trabalho, a superação dos defeitos de quem se ama e a descoberta da impossibilidade de um viver sem o outro. Ué, mas então onde está o problema da trama? Chazelle se mostra ainda mais formidável nessa parte, evitando a clássica problemática clichê do triângulo amoroso ou do casal que passa o filme se amando, mas só fica junto no final. O diretor inova ao fazer o sonho que os uniu enquanto um par romântico também seja um obstáculo.
O musical fala sobre o cinema e enche o público de referências aos filmes clássicos de forma respeitosa e reverente, com locações e pequenos gestos. Talvez o maior mérito esteja na metáfora da cena inicial, que nos apresenta uma ponta que leva à Los Angeles enquanto forma de ligar o público cativo dos blockbusters a antiga e datada linguagem do musical, de forma didática e divertida, educando as novas gerações e mostrando que é possível atraí-las para assistir algo “fora de moda”.
Koblic
3.2 56 Assista AgoraEstrelado pelo famoso ator e diretor argentino Ricardo Darín, Kóblic é uma trama sobre a história de um militar que, após desrespeitar ordens de seus superiores, decide fugir para uma cidade do interior, na tentativa de se esconder da penalidade por sua deserção e de um grande trauma do passado.
Dirigido pelo argentino Sebastián Borensztein, autor dos títulos “Um Conto Chinês” (2011), “Lili’s Apron” (2003) e “El Garante” (1997), o longa apresenta um roteiro denso, de história simples, mas bem desenvolvida, com uma bela fotografia cheia de planos proximais focados nas expressões dos personagens, o que funciona muito bem devido a qualidade da atuação. Durante muitos diálogos é possível observar o resultado de atores competentes somados a uma boa direção, quando mesmo em textos curtos, a capacidade de comunicação via expressão facial e corporal conseguem narrar de forma intensa e eficiente a cena. A trilha sonora, muito bem executada, também agrega bastante a climática de cidade do interior, onde se passa o filme. A arte e a locação utilizada como cenário da trama dão um ar de bang-bang contemporâneo, que apesar de não possuir tantas cenas de ação, fala de um conflito militar dentro de uma cidadezinha dominada por um comissário autoritário e violento.
A trama se passa na década de 70 na Argentina, no período da ditadura militar e Kóblic é um ex-capitão das forças armadas, responsável por coordenar operações aéreas na qual indivíduos considerados subversivos são arremessados de encontro direto ao mar. Em uma das operações ele se vê perturbado com a crueldade, reluta em seguir as ordens de seu superior e deserta.
Com medo de represálias e na tentativa de fugir das horríveis imagens que habitam sua memória, ele se isola na Colonia Helena. Lá, se hospeda no hangar de um amigo e tenta esconder o fato de ser um militar, vivendo sob a ameaça da ditadura tanto quanto os suspeitos de oposição ao sistema e começa a trabalhar para como piloto de avião pulverizador. Depois de uma pane em seu avião, ele acaba por conhecer o delegado Velarde, encarnado por Oscar Martínez, que faz diversas perguntas a Kóblic e mostra bastante curiosidade sobre o forasteiro.
Com o passar dos dias, Kóblic conhece a jovem Nancy ― interpretada com destreza por Inma Cuesta (Julieta, 2016), que interpreta de forma sutil o sofrimento de sua personagem. Com uma expressão sempre tensa, cabisbaixa e de voz apreensiva, Nancy é uma jovem retraída pela figura de seu namorado machista e violento, que a impõe uma condição de quase invisibilidade. Ao defrontar-se com Kóblic ela vê uma possibilidade de uma vida nova onde possa atender suas vontades. Eles iniciam um caso, sendo este a estrada que guiará o enredo.
Em pouco tempo o delegado começa a desconfiar de Kóblic, de sua identidade e decide buscar mais informações sobre o rapaz, aproximando-se da descoberta da traição de Nancy. A inquietação, violência e autoritarismo transmitidos em cada decisão do personagem de Martínez ilustram os impactos que o regime ditatorial deixou naquele país.
Um tema histórico e político como a ditadura, que é o tema central, ficou menos evidente e perdeu a chance de ser explorado na trama por conta dos minutos a mais gastos com o romance de Nancy e Kóblic, que talvez seja o único ponto a ser criticado. Apesar das grandes atuações, fotografia e trilha, a narrativa poderia ter ganho mais se o eixo chave fosse mais aprofundado.
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Bruxa de Blair
2.4 1,0K Assista AgoraApresentado na Comic-Con pela produtora Lionsgate como sendo uma produção “secreta”, o filme Bruxa de Blair é a terceira parte dessa famosa sequência dentre os filmes de terror. O primeiro e mais famoso foi lançado em 1999 como uma produção independente e com um módico orçamento de 60 mil dólares, mas apesar do pouco investimento, foi uma das maiores bilheterias da história do cinema, arrecadando em torno de 250 milhões de dólares, se tornando um dos 100 filmes americanos de maior faturamento de todos os tempos.
O sucesso se deu pela introdução de uma narrativa amadora, onde os planos são feitos no estilo “câmera na mão”, sendo a história contada pelo olhar dos personagens, o que gera uma grande expectativa e angústia no espectador, já que ele consegue ver tanto ou menos que os protagonistas. Os diretores Daniel Myrick e Eduardo Sánchez foram os primeiros na história do cinema a criarem esse formato, elevando o nível do gênero de terror.
O segundo filme não teve a mesma sorte. Lançado em 2000 com o título “Livro das Sombras”, o longa feito as pressas segue uma narrativa bastante diferente do primeiro, passando a impressão de ter sido rodado para fins de arrecadação, aproveitando o embalo e sucesso do primeiro filme. Embalo esse que não se observou na bilheteria, sendo considerado por muitos um fracasso.
O “Blair Witch”, terceiro filme, foi dirigido por Adam Wingard, um diretor aparentemente muito entusiasmado por filmes do gênero. Já dirigiu outras produções como “The Guest” (2014), “V/H/S/2” (2013), “Você é o Próximo” (2012), “Outcast” temporada 1 episódio 1 (2016), dentre outros. Na tentativa de obter o mesmo sucesso do primeiro filme, o longa contou com um grande escopo publicitário, tendo sua apresentação surpresa na Comic-Con e nas redes sociais, elevando as expectativas.
É possível reparar que há um receio por parte da equipe em decepcionar os fãs, pois mais uma vez apostaram no formato de “câmera na mão”, já utilizado tanto na primeira produção da série, como em outros filmes como “[Rec]” (Jaume Balagueró e Paco Plaza, 2007), “Atividade paranormal” (Oren Peli, 2007), Cloverfield: Monstro” (Matt Reeves, 2008), “V/H/S” (Adam Wingard, David Bruckner, Ti West, Joe Swanberg e Radio Silence, 2012), “The taking” (Adam Robitel, 2014), ou seja, é um formato bastante explorado pelo cinema e até um pouco desgastado.
A história baseia-se em James (James Allen McCune), cuja irmã Heather desapareceu com um grupo de jovens no primeiro longa. Após o surgimento de um novo vídeo, supostamente achado no local em que Heather sumiu, ele e mais três amigos decidem voltar ao local onde ela esteve pela última vez, a floresta de Black Hills, em Maryland, para descobrir os mistérios que rodearam seu desaparecimento.
O plot é interessante, mas seu desenvolvimento falha na falta de criatividade ao apresentar uma sequência de fatos já explorada. Assim como no primeiro filme, um grupo de jovens incrédulos vão acampar na floresta inabitada de Black Hills, desafiando a antiga lenda de uma bruxa que há séculos matou crianças e está envolvida em mistérios de desaparecimentos recentes sem resposta. O que muda até então é que dessa vez eles são acompanhados por um casal de moradores da região, que encontrou o suposto vídeo da câmera de Heather.
Conforme a interação dos personagens, observa-se aquela velha fórmula dos filmes de terror em atribuir a cada figura um papel emocional: o personagem principal, James (James Allen McCune), como a figura centrada e mais equilibrada do grupo, o casal de amigos, Peter (Brandon Scott) e Ashley (Corbin Reid), com personalidade mais humorada funcionando como alívio cômico e uma mulher, Lisa (Callie Hernandez), que vem a se identificar e unir ao personagem principal.
Os dois moradores citados anteriormente, Talia (Valorie Curry) e Lane (Wes Robinson), destoam do resto do grupo, inseridos como elementos importantes a contribuir com a história. Diferente dos jovens universitários da cidade grande, os dois cresceram ouvindo as lendas sobre a floresta e a bruxa, o que faz deles mais temerosos e atentos aos sinais da floresta.
Sons estranhos na calada da noite, galhos pendurados em formato de pentagrama, árvores despencando sem motivo aparente, muita correria, gritos e imagens angustiantes. É a mesma sequência de fatos vista no primeiro longa, só que com figuras diferentes. Há um momento da história sem resposta que talvez seja o único diferencial e que deixa o expectador com uma pulga atrás da orelha. Perto do fim, em uma cena de tentativa de fuga, nota-se que a imagem da câmera da personagem Lisa (Callie Hernandez) é idêntica a imagem do vídeo achado na câmera de Heather, o que gera inquietação e dúvida. Afinal, se aquele vídeo foi achado muito antes do grupo adentrar na floresta, como pode estar acontecendo naquele momento?
Não se pode dizer que é ruim, já que na primeira vez rendeu uma bilheteria milionária. Dá para se sentir ansiedade, angústia e tensão em muitos momentos, pois a linguagem ainda funciona ao provocar tais emoções, porém o forte marketing trouxe uma expectativa bastante alta para uma história repetida contada por outros personagens.
Gravidade
3.9 5,1K Assista AgoraOs aspectos que me atraem no filme são muito mais pela fotografia do que pelo roteiro em si.
Suspense dentro daquele clássico clichê de aventura no espaço, o filme não apresenta tantas variações comparando com outros títulos, como "Enigma do Horizonte", por exemplo.
O mais interessante do filme, porém, são os ângulos bem explorados, o visual, efeitos e a movimentação da câmera.
Quem tiver a oportunidade, assita em 3D, pois ficou bem feito, bem explorado e acrescenta muito na experiência do filme.
Amor Além da Vida
3.8 846 Assista AgoraApesar de achar que o filme aborda de forma muito breve como ele consegue resgatar sua amada
Também é interessante observar os pequenos conceitos religiosos abordados de forma bastante sutil. Com certeza uma bonita história de amor e lealdade. Vale a pena assistir.
Querido John
3.3 2,4K Assista AgoraPara quem nunca viu os demais filmes ou leu os livros de Nicholas Sparks o filme pode ser um bom romance. Apresenta uma bela fotografia e trilha sonora. O único problema é a previsibilidade que todas as histórias de romance, principalmente do Nicholas Sparks, tem. Isso não faz do filme ruim, apenas mais do mesmo com algumas variantes.
Gato de Botas
3.4 1,7K Assista AgoraUm filme divertidíssimo e cheio de referências dos contos infantis. Mesclando Shrek, com a história do ovo podre (Humpty Dumpty), João e o Pé de Feijão, Zorro etc. Conta com excelente equipe de dublagem, tanto brasileira, quanto a norte americana.
Achei muito bacana como eles conseguiram aproveitar apenas um dos personagens do Shrek de forma tão bem sucedida.
Imprevisível, divertido e para todas as idades. Recomendo.
Os Homens que não Amavam as Mulheres
4.1 1,5KApesar da preferência pela versão sueca do filme, admito que tanto o norte americano quanto o sueco são bons. A diferença é que abordam a mesma história de pontos de vistas diferentes. O tema é interessante, a forma como o filme é conduzido é ótima e a atuação faz com que o espectador entre ainda mais na história.
Recomendo bastante, inclusive os outros 2 filmes da trilogia.
Mamma Mia! O Filme
3.6 1,8K Assista AgoraBom, mas apenas para quem curte musical e ABBA. O filme trás músicas bacanas, um visual incrível (Grécia) e atores conhecidos. Um divertido filme pra sessão da tarde.
Os Mercenários 2
3.5 2,3K Assista AgoraO filme em si não apresenta novidades, seu ponto forte é o humor, que se vale de piadas com o próprio estilo. Muito "tiro, porrada e bomba", referências de longas anteriormente feitos pelos próprios atores e feitos impossíveis como todo bom filme de ação.