Vindo pra derrubar o que foi firmado antes, THE HANDMAID’S TALE revisita os núcleos que tornaram a série famosa e os destrói, um por um, nos retumbantes capítulos que se apresentam nesta nova temporada... “O Conto da Aia” vai além de um discurso feminista/pró-feminista ‘simples’ em relação ao corpo/sexualidade/direito da mulher – a trama é basicamente toda a história de repressão e usurpação do feminino ao longo do tempo. Como a maternidade é, também, uma forma de manter as mulheres longe do poder, fora dos cargos mais importantes. Como o discurso do "nascimento divino” diviniza o ventre, e não a mulher que o carrega, e como a cultura de ter filhos é um fardo sempre maior para as mulheres, que estiveram até então dominadas pelas expectativas reprodutivas de seus parceiros. Fazia um tempão que eu não via uma série tão inquietante, chocante, alarmante. Todos os atores são excelentes. As atuações, os jogos de câmera, a trilha sonora, tudo aqui é afiado e muitíssimo bem conduzido pelas mãos da talentosa Kari Skogland. Para mim, “The Handmaid’s Tale” é um sinônimo de série de qualidade, de algo que funciona nesta época e que poderia funcionar em qualquer outra do passado ou futuro. Como um alerta, a série entrega seu discurso cuidadosamente, de maneira plácida mas por vezes violenta – com cenas explícitas de situações extremas a que mulheres são submetidas. A força da série não reside aí, mas no que ela faz com isso: o que cada aia vai escolher pra si depois de ter sido escravizada pelo condado de Gilead... Porém, uma esperança parece surgir. É uma flor. “Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio”, e agora vem para a libertação dessas mulheres, desafiando tudo. Terá a rosa do povo alguma chance frente à cultura hegemônica, ao estado de exceção e à teocracia? Terá a rosa do povo alguma chance frente ao aniquilamento inclusive dela mesma? Só vendo a terceira pra saber... Muito, muito boa mesmo. Edifica, humaniza e sedimenta a esperança no fundo dos nossos corações.
Uma grata surpresa proporcionada pelo catálogo do Netflix, The End of the F***ing World traz muito da estética de outros seriado ingleses recentes na maneira ágil de sua narrativa e cortes e nos diálogos espertos com que a trama é conduzida (o exemplo mais notório é a finada Utopia). Acho que a primeira grande incoerência da série já está no nome, a série tem palavrão a torto, mas no título os cara vão e metem uns asteriscos, jura? Por que? Na HQ os caras colocam o Fucking e Foda-se. (Sim a série é baseada em uma HQ). A dramédia foca-se na história de um casal de adolescentes disfuncionais que resolvem sair em fuga pelo país. Até aí nada de novo. Entretanto, ambos são bem desenvolvidos e cimentados em ótima atuação dos protagonistas. Além disso, o seriado é muito bem planejado. Suas narrações em off entrecortadas nos dão uma dimensão do que esperar - ou não - de cada personagem, mesmo que de forma subjetiva. Outro trunfo (que muitos podem considerar um defeito) é a duração curta do episódios, em média vinte minutos. Você assiste os oito disponíveis, encerra a temporada e fica com gosto de quero mais. Sobre James e Alyssa, a identificação, pelo menos no meu caso, é imediata. Ambos tem personalidades distintas - e isso é o que os atrai - e na sociedade moderna acabam não passando de párias. E eles sabem muito bem disso. E o melhor, em nenhum momento buscam aceitação social ou algo que o valha. Ponto para a série que soube celebrar e cativar os outsiders. Aliás, amei a trilha sonora.
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O Conto da Aia (2ª Temporada)
4.5 1,2K Assista AgoraVindo pra derrubar o que foi firmado antes, THE HANDMAID’S TALE revisita os núcleos que tornaram a série famosa e os destrói, um por um, nos retumbantes capítulos que se apresentam nesta nova temporada...
“O Conto da Aia” vai além de um discurso feminista/pró-feminista ‘simples’ em relação ao corpo/sexualidade/direito da mulher – a trama é basicamente toda a história de repressão e usurpação do feminino ao longo do tempo. Como a maternidade é, também, uma forma de manter as mulheres longe do poder, fora dos cargos mais importantes. Como o discurso do "nascimento divino” diviniza o ventre, e não a mulher que o carrega, e como a cultura de ter filhos é um fardo sempre maior para as mulheres, que estiveram até então dominadas pelas expectativas reprodutivas de seus parceiros.
Fazia um tempão que eu não via uma série tão inquietante, chocante, alarmante. Todos os atores são excelentes. As atuações, os jogos de câmera, a trilha sonora, tudo aqui é afiado e muitíssimo bem conduzido pelas mãos da talentosa Kari Skogland. Para mim, “The Handmaid’s Tale” é um sinônimo de série de qualidade, de algo que funciona nesta época e que poderia funcionar em qualquer outra do passado ou futuro. Como um alerta, a série entrega seu discurso cuidadosamente, de maneira plácida mas por vezes violenta – com cenas explícitas de situações extremas a que mulheres são submetidas. A força da série não reside aí, mas no que ela faz com isso: o que cada aia vai escolher pra si depois de ter sido escravizada pelo condado de Gilead...
Porém, uma esperança parece surgir. É uma flor. “Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio”, e agora vem para a libertação dessas mulheres, desafiando tudo. Terá a rosa do povo alguma chance frente à cultura hegemônica, ao estado de exceção e à teocracia? Terá a rosa do povo alguma chance frente ao aniquilamento inclusive dela mesma?
Só vendo a terceira pra saber...
Muito, muito boa mesmo. Edifica, humaniza e sedimenta a esperança no fundo dos nossos corações.
“Moira: Blessed be the froot loops.”
The End of the F***ing World (1ª Temporada)
3.8 817 Assista AgoraUma grata surpresa proporcionada pelo catálogo do Netflix, The End of the F***ing World traz muito da estética de outros seriado ingleses recentes na maneira ágil de sua narrativa e cortes e nos diálogos espertos com que a trama é conduzida (o exemplo mais notório é a finada Utopia).
Acho que a primeira grande incoerência da série já está no nome, a série tem palavrão a torto, mas no título os cara vão e metem uns asteriscos, jura? Por que? Na HQ os caras colocam o Fucking e Foda-se. (Sim a série é baseada em uma HQ).
A dramédia foca-se na história de um casal de adolescentes disfuncionais que resolvem sair em fuga pelo país. Até aí nada de novo. Entretanto, ambos são bem desenvolvidos e cimentados em ótima atuação dos protagonistas. Além disso, o seriado é muito bem planejado. Suas narrações em off entrecortadas nos dão uma dimensão do que esperar - ou não - de cada personagem, mesmo que de forma subjetiva. Outro trunfo (que muitos podem considerar um defeito) é a duração curta do episódios, em média vinte minutos. Você assiste os oito disponíveis, encerra a temporada e fica com gosto de quero mais.
Sobre James e Alyssa, a identificação, pelo menos no meu caso, é imediata. Ambos tem personalidades distintas - e isso é o que os atrai - e na sociedade moderna acabam não passando de párias. E eles sabem muito bem disso. E o melhor, em nenhum momento buscam aceitação social ou algo que o valha. Ponto para a série que soube celebrar e cativar os outsiders. Aliás, amei a trilha sonora.