Filme de um brutalismo raro. Toda época tem sua linguagem própria e seu modo de seduzir, com neoliberalismo não é diferente, logo no início já somos apresentados ao léxico aparentemente encantador desses tempos sombrios: "não trabalha para nós, trabalha conosco", "não há salários, e sim honorários", você é patrão de si mesmo, crie sua própria franquia, faça horário. É desse modo que o diretor Ken Loach nos guia para acompanhar o novo emprego de Ricky. Ou melhor, subemprego, ou ainda, uberização. Uberização que atravessa a todos, seja a Ricky e seus amigos, seja sua mulher no emprego de cuidadora. Aos poucos, vamos acompanhando a degradação da vida proporcionado por essas novas modalidades de trabalhos, a família que se desestrutura, o casal que se desestabiliza, a corrosão do futuro (o filho já não quer mais faculdade, afinal, pra que? se tudo o que resta são empregos como o do pai). A secura do filme é espelhamento dessa vida robotizada e sem energia ocasionada por essa nova economia. Retrato cruel e preciso de um futuro terrível que já nos alcançou. Atualíssimo.
Inteso. Frio. Cru. Filme surpreendente, diálogos incríveis (pode parecer, em alguns momentos, um certo pedantismo, mas nada que tenha me incomodado), cenas belíssimas, me senti entrando na vida interior do protagonista, acompanhando a memória e seus labirintos, a memória e suas armadilhas, o poder do tempo, a força incrível das nossas ilusões. No final, já adortado com as reviravoltas do roteiro, só ficou uma vontade: ver novamente.
O documentário de Lucas Gallo surpreende pela ousadia, para mapear a influência da mídia ( em especial, o programa 60 minutos) durante a guerra das Malvinas, Gallo se vale unicamente de recortes de cena da época. A ousadia, contudo, cai numa certa monotonia, tornando um documentário cansativo e sem vida. De todo modo, não deixa de ser interessante ver a construção do patriotismo pela mídia através da construção e do reforço de símbolos nacionais, como o futebol, a igreja, o exército.
Somado a isso, há a adesão sem crítica, por parte dessa mesma mídia, ao discurso oficial, surpreende em alguns momentos a proximadade da mídia com o alto escalão do Estado. Isso tudo acaba por inflamar a sociedade argentina. Imersos nessa ilusão, os argentinos não têm dúvida: guerra é causa ganha.
É a história desse engano propalado pela mídia que o documentário tenta captar. Vale assistir, sem dúvida nenhuma, pela atualidade.
O filme acompanha durante tres meses o cotidiana da escola Milton Dortas, em Sergipe. Entre a reforma da escola e a construção dos sonhos, marcados por incerteza, somos convidados a fazer parte da vida de estudantes, professores, pedreiros. Ali situações típicas se apresentam: falta de professores, alunos ora motivados, ora sonolentos, namoro, amizades, tudo isso marcado pela pressão do vestibular que se aproxima. Preocupações mais radicais vêem se somar às do ENEM: problemas familiares (em todos os casos são os homens abandonando as filhas e filhos), suícidio, multilação,relação pais e filhos complicada, a influência da eleição de 2018.
E é nesse ambiente carregado de tensão e angustia que a escola adquiri um outro colorido: a escola como espaço de troca, de diálogo verdadeiro, de abertura (a cena da professora de português analisando a letra de Pais e filhos, da Legião, é realmente muito emocionante; ou ainda no diálogo sobre Pena de Morte feito pelo professor de história). A escola como cura. Privados de espaço de diálogo na sociedade estamos todos, espaços de troca são cada vez mais raros e é bonito ver quando um desses óasis surge no horizonte. O filme não é espetacular, mas entrega o que promete.
O filme trata de temática atualíssima, o poder de influência das redes sociais. Aborda o tema de maneira muito didática. Como filme, o documentário é sofrível, cheio de encenações desnecessárias e artificiais. Além do fato de colocar os entrevistados na posição de bons mocinhos, são aqueles que, depois de muito lucrarem com as tecnologias do vale do sílicio, resolveram, enfim, denunciar as mazelas que ajudaram a construir.
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Você Não Estava Aqui
4.1 242 Assista AgoraFilme de um brutalismo raro.
Toda época tem sua linguagem própria e seu modo de seduzir, com neoliberalismo não é diferente, logo no início já somos apresentados ao léxico aparentemente encantador desses tempos sombrios: "não trabalha para nós, trabalha conosco", "não há salários, e sim honorários", você é patrão de si mesmo, crie sua própria franquia, faça horário. É desse modo que o diretor Ken Loach nos guia para acompanhar o novo emprego de Ricky. Ou melhor, subemprego, ou ainda, uberização. Uberização que atravessa a todos, seja a Ricky e seus amigos, seja sua mulher no emprego de cuidadora. Aos poucos, vamos acompanhando a degradação da vida proporcionado por essas novas modalidades de trabalhos, a família que se desestrutura, o casal que se desestabiliza, a corrosão do futuro (o filho já não quer mais faculdade, afinal, pra que? se tudo o que resta são empregos como o do pai). A secura do filme é espelhamento dessa vida robotizada e sem energia ocasionada por essa nova economia.
Retrato cruel e preciso de um futuro terrível que já nos alcançou. Atualíssimo.
Estou Pensando em Acabar com Tudo
3.1 1,0K Assista AgoraInteso. Frio. Cru. Filme surpreendente, diálogos incríveis (pode parecer, em alguns momentos, um certo pedantismo, mas nada que tenha me incomodado), cenas belíssimas, me senti entrando na vida interior do protagonista, acompanhando a memória e seus labirintos, a memória e suas armadilhas, o poder do tempo, a força incrível das nossas ilusões. No final, já adortado com as reviravoltas do roteiro, só ficou uma vontade: ver novamente.
1982
3.2 1O documentário de Lucas Gallo surpreende pela ousadia, para mapear a influência da mídia ( em especial, o programa 60 minutos) durante a guerra das Malvinas, Gallo se vale unicamente de recortes de cena da época. A ousadia, contudo, cai numa certa monotonia, tornando um documentário cansativo e sem vida. De todo modo, não deixa de ser interessante ver a construção do patriotismo pela mídia através da construção e do reforço de símbolos nacionais, como o futebol, a igreja, o exército.
Somado a isso, há a adesão sem crítica, por parte dessa mesma mídia, ao discurso oficial, surpreende em alguns momentos a proximadade da mídia com o alto escalão do Estado. Isso tudo acaba por inflamar a sociedade argentina. Imersos nessa ilusão, os argentinos não têm dúvida: guerra é causa ganha.
É a história desse engano propalado pela mídia que o documentário tenta captar. Vale assistir, sem dúvida nenhuma, pela atualidade.
Atravessa a Vida
3.9 5 Assista AgoraO filme acompanha durante tres meses o cotidiana da escola Milton Dortas, em Sergipe.
Entre a reforma da escola e a construção dos sonhos, marcados por incerteza, somos convidados a fazer parte da vida de estudantes, professores, pedreiros. Ali situações típicas se apresentam: falta de professores, alunos ora motivados, ora sonolentos, namoro, amizades, tudo isso marcado pela pressão do vestibular que se aproxima. Preocupações mais radicais vêem se somar às do ENEM: problemas familiares (em todos os casos são os homens abandonando as filhas e filhos), suícidio, multilação,relação pais e filhos complicada, a influência da eleição de 2018.
E é nesse ambiente carregado de tensão e angustia que a escola adquiri um outro colorido: a escola como espaço de troca, de diálogo verdadeiro, de abertura (a cena da professora de português analisando a letra de Pais e filhos, da Legião, é realmente muito emocionante; ou ainda no diálogo sobre Pena de Morte feito pelo professor de história). A escola como cura. Privados de espaço de diálogo na sociedade estamos todos, espaços de troca são cada vez mais raros e é bonito ver quando um desses óasis surge no horizonte.
O filme não é espetacular, mas entrega o que promete.
O Dilema das Redes
4.0 594 Assista AgoraO filme trata de temática atualíssima, o poder de influência das redes sociais. Aborda o tema de maneira muito didática. Como filme, o documentário é sofrível, cheio de encenações desnecessárias e artificiais. Além do fato de colocar os entrevistados na posição de bons mocinhos, são aqueles que, depois de muito lucrarem com as tecnologias do vale do sílicio, resolveram, enfim, denunciar as mazelas que ajudaram a construir.