Confesso que fiquei sabendo da existência da série quando me disseram "lembra de Gil da Esfiha? Tu não sabe a história daquele programa dele, triste". Mas fui atrás porque parecia um bom material para discutir punitivismo penal e midiático, como o sensacionalismo fomenta a sede por figuras messiânicas e justiceiras, narrativas moralistas e assistencialistas vazias, que em si corroboram com a manutenção de uma pá de coisa. Me decepcionei um tanto com a produção, no entanto. Utilizam em grande parte a mesma linguagem que o programa, com direito a depoimentos da família com zooms expressivos, lágrimas, música dramática de fundo. Constroem uma narrativa que, a meu ver, diz "tá, talvez ele tenha feito um trambique ali ou outro, mas o que é isso perto do bem que ele fez praquelas pessoas?". E logo no 1° ep isso se evidencia de cara: as primeiras cenas têm como principal objetivo mostrar como Manaus é assolada pelo tráfico, pelo crime, violência, miséria, injustiça. E não há sequer um momento de crítica que pondere como a própria lógica do Canal Livre pode agravar a situação, ser parte dela. Me parece que a narrativa da série também em muito tutela e imbeciliza o povo. Ou é massa de manobra ("acredita em qualquer coisa"), ou ignorante, ou carente e indefeso, necessitando de qualquer assistencialismo paternalista.
O último episódio é surreal, também. Apresenta, cronologicamente, a morte de Wallace, o crescimento e fortalecimento da FDN, as rebeliões e massacres em presídios de Manaus. Que mensagem isso passa? De que necessitamos de novos Wallaces? Que, de qualquer forma, a violência e o crime se mantêm, como "forças ocultas" sempre à espreita? Qual é a possível potência num discurso desses?
Galvão: Olha o Que Ele Fez
3.7 19Show do humor nacional
Neymar: O Caos Perfeito
3.2 68A quem interessa o apagamento histórico de Paulo Henrique Ganso????????
Bandidos na TV
4.2 260 Assista AgoraConfesso que fiquei sabendo da existência da série quando me disseram "lembra de Gil da Esfiha? Tu não sabe a história daquele programa dele, triste".
Mas fui atrás porque parecia um bom material para discutir punitivismo penal e midiático, como o sensacionalismo fomenta a sede por figuras messiânicas e justiceiras, narrativas moralistas e assistencialistas vazias, que em si corroboram com a manutenção de uma pá de coisa.
Me decepcionei um tanto com a produção, no entanto. Utilizam em grande parte a mesma linguagem que o programa, com direito a depoimentos da família com zooms expressivos, lágrimas, música dramática de fundo. Constroem uma narrativa que, a meu ver, diz "tá, talvez ele tenha feito um trambique ali ou outro, mas o que é isso perto do bem que ele fez praquelas pessoas?". E logo no 1° ep isso se evidencia de cara: as primeiras cenas têm como principal objetivo mostrar como Manaus é assolada pelo tráfico, pelo crime, violência, miséria, injustiça. E não há sequer um momento de crítica que pondere como a própria lógica do Canal Livre pode agravar a situação, ser parte dela.
Me parece que a narrativa da série também em muito tutela e imbeciliza o povo. Ou é massa de manobra ("acredita em qualquer coisa"), ou ignorante, ou carente e indefeso, necessitando de qualquer assistencialismo paternalista.
O último episódio é surreal, também. Apresenta, cronologicamente, a morte de Wallace, o crescimento e fortalecimento da FDN, as rebeliões e massacres em presídios de Manaus. Que mensagem isso passa? De que necessitamos de novos Wallaces? Que, de qualquer forma, a violência e o crime se mantêm, como "forças ocultas" sempre à espreita? Qual é a possível potência num discurso desses?
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