Absurdo assistir o filme na Cinemateca. Já tinha visto duas vezes, em cópias mal restauradas, potencialmente censuradas, e só tive acesso aos diálogos e a pelo menos um terço das cenas vendo a cópia restaurada. Conheci o filme em realidade ontem. E volto aqui pra mais uma vez favoritá-lo.
Uma pequena de olhos enormes. Pra recordar do dia em que a vimos na Cinemateca, fevereiro de 2024, seguida de Os Herdeiros. A vinheta da mostra aquele cantarolar de When I'm 64. E viva Dib Lutfi!
Pra registrar a sessão do filme na Cinemateca em 01/07. Esses anos que têm sido como estar em uma caverna a congelar flores pra abstrair a demora do frio.
A boa e velha crítica estadunidense ao "sistema" que nunca tem nome, porque deus o livre falar que o modo de produção, processamento e distribuição da comida é feito pra que o trabalhador se esvaia de tanto trabalhar ou adoeça de todas as outras formas possíveis no caminho. Ao menos ajuda a não demonizar individualmente os produtores e fazendeiros, como parte do movimento vegano que abstrai um detalhe básico chamado consciência de classe costuma fazer. Mas simpatizo com Spurlock, como alguém que canta Close on Sunday sem remorso porque Kanye West fez um beat assombroso, mesmo citando o Chick-fil-A haha
conversa com membros de uma organização evangélica sobre aborto - eles dizem a ela que "derramar o sangue dos justos" sempre têm consequências devastadoras, que quem faz aborto se não for condenado vai ser punido espiritualmente, e que, "passada essa guerra", essa era uma das principais próximas batalhas. Ao que ela apenas responde, sorrindo, "podem contar comigo como grande aliada".
Enfim. Sensação angustiante de que as barbáries vão se gestando e que sempre vem coisa pior pela frente.
Se possível, assistir depois A Jangada de Welles. "Um filme morre quando se torna simples veículo de uma mensagem". E é morto mais uma vez quando tentam extrair dele apenas uma narrativa linear, uma progressão de imagens que se sucedem.
O plot twist que faltou: a "ilha da família" nunca vai ruir. Ela é, na verdade, a estrutura que sustenta e serve de base para todas as memórias e todas as "ilhas".
Como meu companheiro comentou: lamentável que a Alegria seja magra e alta e a Tristeza baixinha e gorda. Um dos reducionismos bizarros que nem sequer se justificam por "ah, mas é só um filme infantil que opera por alegorias". Crianças são seres de ética também.
Abominar as práticas que são retratadas por esse filme de forma ética é, necessariamente, saber identificar as semelhanças com o nosso ministro da justiça. A deturpação de aspectos processuais obscenamente, a despeito do valor da vida alheia.
Tenho outras muitas ressalvas com o filme, mas dizer que ele é completamente irresponsável ou romantizador ao abordar a situação me parece injusto com a cena final.
As expressões de Marina são sutilmente perturbadoras, vemos uma mulher que parece se convencer de sorrir, mas com um olhar perdido tendo ao fundo a seguinte letra: Cuando el mundo pierda toda magia Cuando mi enemigo sea yo Cuando me amenace la locura Cuando en mi moneda salga cruz
Resistiré, erguido frente a todo Me volveré de hierro para endurecer la piel Y aunque los vientos de la vida soplen fuerte Soy como el junco que se dobla, Pero siempre sigue en pie
Resistiré, para seguir viviendo Soportaré los golpes y jamás me rendiré Y aunque los sueños se me rompan en pedazos Resistiré, resistiré
Marina desenvolveu essa espécie de afeto como um reflexo de sobrevivência. É nitidamente violento (apesar de sim, as cores e a estética amenizarem essa violência). Seguir nessa fantasia talvez seja o único meio que essa mulher encontrou de continuar vivendo com o próprio trauma. E há alguma sensibilidade na forma de retratar isso.
Documentário muito bem feito, e com todo respeito à figura luminosa de Marsha, tão necessária pra um Brasil que executa suas travestis e transgêneros mais do que qualquer outro lugar do mundo.
Mas o final nos faz pensar numa questão que é muito forte nos EUA e crescente no Brasil.
Terminamos acompanhando parte do julgamento do caso de Islan Nettles e vemos como o movimento reivindica que seu assassino tenha uma pena maior ou tão grande quanto qualquer outro homicida - como se a grande injustiça fosse ser resolvida no sistema carcerário.
Ouçamos mais Angela Davis por lá, Dina Alves por aqui. O sistema criminal e penitenciário não é o caminho pra nenhum dos problemas sociais que enfrentamos. Também por ser um sistema superlotado, racista, moedor de corpos e reprodutor de violências. A esquerda precisa urgentemente abandonar uma postura punitivista pra se colocar de forma verdadeiramente combatente e ética frente à violência de seus corpos.
Marsha, seus conhecidos, todo um movimento lgbt por ela influenciado e agraciado, mereciam que a história de sua morte pudesse ser devidamente contada, que a violência que ela sofreu não fosse ignorada pelo Estado. Mas Marsha foi, ela mesma, submetida múltiplas vezes à situação de cárcere, violentada nesse espaço que não tem qualquer outro fim senão implementar uma necropolítica com os corpos indesejados. É por ela também que devemos pensar que não há justiça se há sofrer, não há justiça se há terror.
E no final, me vi chorando sem perceber, abismada (literalmente, como quem se depara com um abismo e sua imensidão) com a dor, a delícia e a beleza. Affonso Uchoa tem olhos muito sensíveis, e encontra os atores pra darem corpo a cada minúcia de seu projeto.
Em tempos de Coringa como retrato da violência de um Estado neoliberal, vem Rifle com um Brasil latifundiário, com má-distribuição agrária e de renda, e um trabalhador sem terras, despossuído de tudo e todos. Daí essa raiva (que muitas vezes se traduz em pulsão de violência sem necessariamente ter sentido) e melancolia indefesas. Talvez seja um paralelo que contraponha críticas excessivamente rígidas com o filme. O silêncio e a incompreensão constituem a trama.
Marcelo Gomes se coloca como diretor não como um sujeito estudioso, imparcial, afastado. Diz por que escolheu ali (conhecer a cidade pela viagem que fez com o pai, funcionário público, ainda criança), conduz as conversas sem dissecar pessoas e suas vidas como objetos de estudo. Gostei muito dele também em escolhas como narrar sua angústia diante do movimento repetitivo de uma máquina, cortar-lhe o som. E sobretudo, talvez, na escolha de dar uma câmera pra que Leo filmasse seu carnaval, sob seus olhos e sua própria sensibilidade ("tô gostando de filmar o senhor nessa rede aí").
E nisso, implícita e narrativamente, a imagem que se constrói dos moradores de Toritama não cai nem num retrato de pobres vítimas (do capitalismo e sua lógica de exploração, da divisão do trabalho, da distribuição de renda desigual, da precariedade de políticas sociais e de nossa legislação trabalhista), nem na romantização, muitas vezes comum, de pessoas que, marcadas por uma série de agruras, "acharam na simplicidade sabedoria e felicidade". O diretor captura diversos momentos cômicos e graciosos que surgem espontaneamente da boca de seus protagonistas, sem com isso deixar de mostrar que a "liberdade de trabalhar sem patrão" é uma farsa, um mito que produz novas situações de exploração e precariedade, na verdade.
logo após a feira da cidade que se estende por horas e vira a madrugada, em que o diretor grava várias respostas à pergunta "qual é o teu sonho?". Uma das mulheres responde: "sonhar até sonho, mas acredita que agora não consigo lembrar de nenhum?". Lembrou-me um trecho do rapper niLL: "E o tênis molhado por dentro soa como protesto/ Me impede num dia de sorte eu não descobrir/ O nome daquilo que eu quero, de fato".
Um belo retrato produzido de acordo com sua época, realmente.
"Gosto de filmar a putrefação, detritos, restos, mofo e lixo." Agnès, que sem dúvidas é uma mulher bela, sensível, graciosa, curiosa e sobretudo gentil em seu cinema, aqui em um de seus filmes mais políticos (ainda que contar a si mesmo seja um ato intrinsecamente político, e ela o sabe, traçando a geografia das suas paisagens, e das de quem cruza seu caminho). Essa é uma de suas produções que mais sintoniza com o que acredito em ética de documentar. O narrador-produtor não se oculta, mas por vezes se insere. Tem olhos e ouvidos abertos (tanto pelas entrevistas, quanto inserindo pessoas que ocasionalmente estavam ali - mesmo o homem que fita o mar e Agnès decide não incomodar. Além, claro, de manter-se sensível a detalhes como as batatas em formato de coração, a princípio também resto, e então matéria pra cenas absolutamente lúdicas, e não por isso menos relevantes em uma obra que se dispõe a contar a história). Os Catadores e Eu é síntese de uma série de razões, entre outras tantas, pelas quais a admiro, sua relação com o mundo, o tempo, as pessoas, e seu próprio cinema.
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Hitler 3º Mundo
3.7 27Absurdo assistir o filme na Cinemateca. Já tinha visto duas vezes, em cópias mal restauradas, potencialmente censuradas, e só tive acesso aos diálogos e a pelo menos um terço das cenas vendo a cópia restaurada. Conheci o filme em realidade ontem. E volto aqui pra mais uma vez favoritá-lo.
A Falecida
4.1 105Uma pequena de olhos enormes. Pra recordar do dia em que a vimos na Cinemateca, fevereiro de 2024, seguida de Os Herdeiros. A vinheta da mostra aquele cantarolar de When I'm 64. E viva Dib Lutfi!
Cinemaníaco
4.2 43Primeiro de 2024. Na nossa casa, com olhos bem arregalados.
O Sangue
3.9 5Pra quando eu começar a me esquecer: esse foi o primeiro filme que vimos na Mostra de 2023.
Carta da Sibéria
4.2 6Pra registrar a sessão do filme na Cinemateca em 01/07. Esses anos que têm sido como estar em uma caverna a congelar flores pra abstrair a demora do frio.
Super Size Me 2: O Frango Nosso de Cada Dia
3.9 40A boa e velha crítica estadunidense ao "sistema" que nunca tem nome, porque deus o livre falar que o modo de produção, processamento e distribuição da comida é feito pra que o trabalhador se esvaia de tanto trabalhar ou adoeça de todas as outras formas possíveis no caminho. Ao menos ajuda a não demonizar individualmente os produtores e fazendeiros, como parte do movimento vegano que abstrai um detalhe básico chamado consciência de classe costuma fazer. Mas simpatizo com Spurlock, como alguém que canta Close on Sunday sem remorso porque Kanye West fez um beat assombroso, mesmo citando o Chick-fil-A haha
O Processo
4.0 240Assisti ao documentário em agosto de 2020. Há uma das cenas em que Janaína
conversa com membros de uma organização evangélica sobre aborto - eles dizem a ela que "derramar o sangue dos justos" sempre têm consequências devastadoras, que quem faz aborto se não for condenado vai ser punido espiritualmente, e que, "passada essa guerra", essa era uma das principais próximas batalhas. Ao que ela apenas responde, sorrindo, "podem contar comigo como grande aliada".
Enfim. Sensação angustiante de que as barbáries vão se gestando e que sempre vem coisa pior pela frente.
Tudo é Brasil
3.6 8Se possível, assistir depois A Jangada de Welles.
"Um filme morre quando se torna simples veículo de uma mensagem". E é morto mais uma vez quando tentam extrair dele apenas uma narrativa linear, uma progressão de imagens que se sucedem.
Divertida Mente
4.3 3,2K Assista AgoraO plot twist que faltou: a "ilha da família" nunca vai ruir. Ela é, na verdade, a estrutura que sustenta e serve de base para todas as memórias e todas as "ilhas".
Como meu companheiro comentou: lamentável que a Alegria seja magra e alta e a Tristeza baixinha e gorda. Um dos reducionismos bizarros que nem sequer se justificam por "ah, mas é só um filme infantil que opera por alegorias". Crianças são seres de ética também.
Seção Especial de Justiça
3.9 15Abominar as práticas que são retratadas por esse filme de forma ética é, necessariamente, saber identificar as semelhanças com o nosso ministro da justiça. A deturpação de aspectos processuais obscenamente, a despeito do valor da vida alheia.
O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro
4.1 133 Assista AgoraUma enorme pedra em que se lê "dia após o outro", em vermelho, em meio à multidão e seu coro descontente.
Tio Boonmee, Que Pode Recordar Suas Vidas Passadas
3.6 196 Assista AgoraEspero sonhar com o mel que tenha gosto de tamarindo e milho, e não com os olhos de Boonsong.
Ata-me!
3.7 550Tenho outras muitas ressalvas com o filme, mas dizer que ele é completamente irresponsável ou romantizador ao abordar a situação me parece injusto com a cena final.
As expressões de Marina são sutilmente perturbadoras, vemos uma mulher que parece se convencer de sorrir, mas com um olhar perdido tendo ao fundo a seguinte letra:
Cuando el mundo pierda toda magia
Cuando mi enemigo sea yo
Cuando me amenace la locura
Cuando en mi moneda salga cruz
Resistiré, erguido frente a todo
Me volveré de hierro para endurecer la piel
Y aunque los vientos de la vida soplen fuerte
Soy como el junco que se dobla,
Pero siempre sigue en pie
Resistiré, para seguir viviendo
Soportaré los golpes y jamás me rendiré
Y aunque los sueños se me rompan en pedazos
Resistiré, resistiré
Marina desenvolveu essa espécie de afeto como um reflexo de sobrevivência. É nitidamente violento (apesar de sim, as cores e a estética amenizarem essa violência). Seguir nessa fantasia talvez seja o único meio que essa mulher encontrou de continuar vivendo com o próprio trauma. E há alguma sensibilidade na forma de retratar isso.
Tudo Começou Pelo Fim
4.3 1Diante da morte, um homem diz: eis-me aqui. Carrego meu corpo, as pessoas que amei e o que produzimos e sentimos.
Noites Paraguayas
4.1 4Aloysio Raulino, o teu nome principia na palma da minha mão.
A Morte e Vida de Marsha P. Johnson
4.2 68 Assista AgoraDocumentário muito bem feito, e com todo respeito à figura luminosa de Marsha, tão necessária pra um Brasil que executa suas travestis e transgêneros mais do que qualquer outro lugar do mundo.
Mas o final nos faz pensar numa questão que é muito forte nos EUA e crescente no Brasil.
Terminamos acompanhando parte do julgamento do caso de Islan Nettles e vemos como o movimento reivindica que seu assassino tenha uma pena maior ou tão grande quanto qualquer outro homicida - como se a grande injustiça fosse ser resolvida no sistema carcerário.
Marsha, seus conhecidos, todo um movimento lgbt por ela influenciado e agraciado, mereciam que a história de sua morte pudesse ser devidamente contada, que a violência que ela sofreu não fosse ignorada pelo Estado. Mas Marsha foi, ela mesma, submetida múltiplas vezes à situação de cárcere, violentada nesse espaço que não tem qualquer outro fim senão implementar uma necropolítica com os corpos indesejados. É por ela também que devemos pensar que não há justiça se há sofrer, não há justiça se há terror.
A Vizinhança do Tigre
3.9 44E no final, me vi chorando sem perceber, abismada (literalmente, como quem se depara com um abismo e sua imensidão) com a dor, a delícia e a beleza. Affonso Uchoa tem olhos muito sensíveis, e encontra os atores pra darem corpo a cada minúcia de seu projeto.
Rifle
2.7 15Em tempos de Coringa como retrato da violência de um Estado neoliberal, vem Rifle com um Brasil latifundiário, com má-distribuição agrária e de renda, e um trabalhador sem terras, despossuído de tudo e todos. Daí essa raiva (que muitas vezes se traduz em pulsão de violência sem necessariamente ter sentido) e melancolia indefesas. Talvez seja um paralelo que contraponha críticas excessivamente rígidas com o filme. O silêncio e a incompreensão constituem a trama.
Estou Me Guardando Para Quando o Carnaval Chegar
4.3 209Marcelo Gomes se coloca como diretor não como um sujeito estudioso, imparcial, afastado. Diz por que escolheu ali (conhecer a cidade pela viagem que fez com o pai, funcionário público, ainda criança), conduz as conversas sem dissecar pessoas e suas vidas como objetos de estudo. Gostei muito dele também em escolhas como narrar sua angústia diante do movimento repetitivo de uma máquina, cortar-lhe o som. E sobretudo, talvez, na escolha de dar uma câmera pra que Leo filmasse seu carnaval, sob seus olhos e sua própria sensibilidade ("tô gostando de filmar o senhor nessa rede aí").
E nisso, implícita e narrativamente, a imagem que se constrói dos moradores de Toritama não cai nem num retrato de pobres vítimas (do capitalismo e sua lógica de exploração, da divisão do trabalho, da distribuição de renda desigual, da precariedade de políticas sociais e de nossa legislação trabalhista), nem na romantização, muitas vezes comum, de pessoas que, marcadas por uma série de agruras, "acharam na simplicidade sabedoria e felicidade". O diretor captura diversos momentos cômicos e graciosos que surgem espontaneamente da boca de seus protagonistas, sem com isso deixar de mostrar que a "liberdade de trabalhar sem patrão" é uma farsa, um mito que produz novas situações de exploração e precariedade, na verdade.
Isso talvez seja bem representado pelo momento,
logo após a feira da cidade que se estende por horas e vira a madrugada, em que o diretor grava várias respostas à pergunta "qual é o teu sonho?". Uma das mulheres responde: "sonhar até sonho, mas acredita que agora não consigo lembrar de nenhum?". Lembrou-me um trecho do rapper niLL: "E o tênis molhado por dentro soa como protesto/ Me impede num dia de sorte eu não descobrir/ O nome daquilo que eu quero, de fato".
Um belo retrato produzido de acordo com sua época, realmente.
Os Catadores e Eu
4.4 52 Assista Agora"Gosto de filmar a putrefação, detritos, restos, mofo e lixo."
Agnès, que sem dúvidas é uma mulher bela, sensível, graciosa, curiosa e sobretudo gentil em seu cinema, aqui em um de seus filmes mais políticos (ainda que contar a si mesmo seja um ato intrinsecamente político, e ela o sabe, traçando a geografia das suas paisagens, e das de quem cruza seu caminho).
Essa é uma de suas produções que mais sintoniza com o que acredito em ética de documentar. O narrador-produtor não se oculta, mas por vezes se insere. Tem olhos e ouvidos abertos (tanto pelas entrevistas, quanto inserindo pessoas que ocasionalmente estavam ali - mesmo o homem que fita o mar e Agnès decide não incomodar. Além, claro, de manter-se sensível a detalhes como as batatas em formato de coração, a princípio também resto, e então matéria pra cenas absolutamente lúdicas, e não por isso menos relevantes em uma obra que se dispõe a contar a história).
Os Catadores e Eu é síntese de uma série de razões, entre outras tantas, pelas quais a admiro, sua relação com o mundo, o tempo, as pessoas, e seu próprio cinema.