Depois de acompanhar 8 temporadas de "House" e 3 de "The Good Doctor", acabei me deparando com uma série médica nacional. Meio desconfiada, resolvi dar uma olhada. E que bom que fiz isso! Vi os 9 episódios da primeira temporada em poucos dias, largando todo o resto que eu estava vendo.
Sendo bem sincera, a primeira cena da série me fez pensar se eu realmente queria passar meu tempo vendo aquilo. É uma cena que serve para apresentar o arco dramático de um dos personagens principais, mas eu parecia que tinha caído em um novelão (nada contra, tenho até amigos que gostam ~rs, mas não é meu tipo de entretenimento).
Continuei vendo, e, apesar do que parecia ser um novelão não ter continuado, eu continuava me sentindo incomodada. E lá pela metade do primeiro episódio, eu percebi o que era. Eu não estava mais vendo uma série médica de um hospital de ponta. O que estava ali era toda a dificuldade e precariedade do sistema público de saúde do Brasil.
Os equipamentos de ponta, o hospital de luxo, o estoque cheio... Que nada! Sob pressão mostra o que falta. E falta tudo: profissionais, material básico, leitos... O meu incômodo era o incômodo da vida real. As outras séries médicas não mostravam nada disso. Precisa de um equipamento que só vende no Japão? Tudo bem, em meia hora chega. Precisa de algum material? O estoque está plenamente abastecido. Macas no corredor? Nunca vi!
Outra coisa de diferente que percebi entre Sob Pressão e essas as séries gringas, é a ausência da "epifania do gênio". Sabe aquele momento em que ninguém mais tem ideia do que fazer, o paciente parece prestes a morrer, e então o médico genial tem uma súbita inspiração e resolve tudo? Aqui também não tem isso. A genialidade da equipe médica (e aqui não falo só dos médicos, mas de todos os profissionais da saúde) é fazer tudo sem ter nada. É improvisar.
Isso talvez seja porque a série não é sobre um médico específico, mas sobre a situação em que os médicos do sistema público trabalham, sobre a falta de condições básicas. Apesar de uma quantidade razoável de personagens, Sob Pressão foca especialmente em dois: Dr. Evandro e Dra. Carolina, vez ou outra pincelando nuances de outros personagens. A dinâmica entre os dois protagonistas funciona bem, e, ainda que tenham personalidades distintas, quase opostas, eles se dão bem e possuem o mesmo objetivo, que é salvar vidas.
O enredo da série segue aquela fórmula comum: os casos da semana e o desenvolvimento da rotina do hospital e dos personagens. Outro fator positivo da série é que as situações apresentadas quase sempre envolvem importantes temas sociais que precisam ser discutidos: desde as mais cotidianas, como diabetes e cigarros, até os mais difíceis, como estupro e violência. Nada de doenças mirabolantes, raras. Aqui, o difícil é tratar aquilo que poderia ser simples se não fosse a falta de condição (e de políticas públicas).
Outro ponto que me agradou foi a rapidez na resolução dos problemas que são apresentados. Um assunto que poderia se estender ao longo da temporada inteira, rapidamente avança, ou sendo solucionada, ou sendo levada para outro ponto. Não fica aquela constante corrida atrás do próprio rabo, sabe?, insistindo num único ponto.
Teve uma única coisa que não me agradou: o plot do anestesista. Era para ser um alívio cômico, mas foi totalmente desnecessário! A única coisa que me deixou satisfeita nisso tudo foi que
não colocaram as duas mulheres para se estapear, como costuma acontecer em triângulos amorosos
.
Às vezes, a série tem um tom meio professoral, mas isso não chega a incomodar, e, na verdade, pode ser até mesmo um pouco necessária, considerando o alcance da Globo.
Sob Pressão (1ª Temporada)
4.4 89 Assista AgoraDepois de acompanhar 8 temporadas de "House" e 3 de "The Good Doctor", acabei me deparando com uma série médica nacional. Meio desconfiada, resolvi dar uma olhada. E que bom que fiz isso! Vi os 9 episódios da primeira temporada em poucos dias, largando todo o resto que eu estava vendo.
Sendo bem sincera, a primeira cena da série me fez pensar se eu realmente queria passar meu tempo vendo aquilo. É uma cena que serve para apresentar o arco dramático de um dos personagens principais, mas eu parecia que tinha caído em um novelão (nada contra, tenho até amigos que gostam ~rs, mas não é meu tipo de entretenimento).
Continuei vendo, e, apesar do que parecia ser um novelão não ter continuado, eu continuava me sentindo incomodada. E lá pela metade do primeiro episódio, eu percebi o que era. Eu não estava mais vendo uma série médica de um hospital de ponta. O que estava ali era toda a dificuldade e precariedade do sistema público de saúde do Brasil.
Os equipamentos de ponta, o hospital de luxo, o estoque cheio... Que nada! Sob pressão mostra o que falta. E falta tudo: profissionais, material básico, leitos... O meu incômodo era o incômodo da vida real. As outras séries médicas não mostravam nada disso. Precisa de um equipamento que só vende no Japão? Tudo bem, em meia hora chega. Precisa de algum material? O estoque está plenamente abastecido. Macas no corredor? Nunca vi!
Outra coisa de diferente que percebi entre Sob Pressão e essas as séries gringas, é a ausência da "epifania do gênio". Sabe aquele momento em que ninguém mais tem ideia do que fazer, o paciente parece prestes a morrer, e então o médico genial tem uma súbita inspiração e resolve tudo? Aqui também não tem isso. A genialidade da equipe médica (e aqui não falo só dos médicos, mas de todos os profissionais da saúde) é fazer tudo sem ter nada. É improvisar.
Isso talvez seja porque a série não é sobre um médico específico, mas sobre a situação em que os médicos do sistema público trabalham, sobre a falta de condições básicas. Apesar de uma quantidade razoável de personagens, Sob Pressão foca especialmente em dois: Dr. Evandro e Dra. Carolina, vez ou outra pincelando nuances de outros personagens. A dinâmica entre os dois protagonistas funciona bem, e, ainda que tenham personalidades distintas, quase opostas, eles se dão bem e possuem o mesmo objetivo, que é salvar vidas.
O enredo da série segue aquela fórmula comum: os casos da semana e o desenvolvimento da rotina do hospital e dos personagens. Outro fator positivo da série é que as situações apresentadas quase sempre envolvem importantes temas sociais que precisam ser discutidos: desde as mais cotidianas, como diabetes e cigarros, até os mais difíceis, como estupro e violência. Nada de doenças mirabolantes, raras. Aqui, o difícil é tratar aquilo que poderia ser simples se não fosse a falta de condição (e de políticas públicas).
Outro ponto que me agradou foi a rapidez na resolução dos problemas que são apresentados. Um assunto que poderia se estender ao longo da temporada inteira, rapidamente avança, ou sendo solucionada, ou sendo levada para outro ponto. Não fica aquela constante corrida atrás do próprio rabo, sabe?, insistindo num único ponto.
Teve uma única coisa que não me agradou: o plot do anestesista. Era para ser um alívio cômico, mas foi totalmente desnecessário! A única coisa que me deixou satisfeita nisso tudo foi que
não colocaram as duas mulheres para se estapear, como costuma acontecer em triângulos amorosos
Às vezes, a série tem um tom meio professoral, mas isso não chega a incomodar, e, na verdade, pode ser até mesmo um pouco necessária, considerando o alcance da Globo.
Resumindo: que série!