O debut do diretor Pedro Almodóvar no cinema espanhol completa 38 anos em 2018. E rever a obra inteira é também resgatar olhares particulares que talvez não foram percebidos das primeiras vezes, além de ajudar a perpetuar a filmografia para que mais gerações conheçam e se identifiquem.
"Pepi Luci Bom", tão abusiva já em 1980, representa a fragilidade de qualquer estreia, mas é tão visceral e particularmente extravagante que o criador e suas criaturas parecem um só em cada tomada do filme. Sim, Almodóvar disse sem precisar dizer: "Estão vendo? Esse é o meu jeito de fazer cinema!"
É comédia rasgada meeesmo, sem pudores, limpa por sua honestidade e suja pelos diálogos que beiram o escárnio de tão pornográficos. É a conversa de barzinho que se estende entre amigos, os desejos reprimidos que a gente só compartilha com alguém muito íntimo ou simplesmente os anseios de três mulheres que se perdem e se encontram em suas companhias. Uma pérola!
[foto/cena]
– Preciso mijar! – Espera! Está fazendo tanto calor hoje... Mija nela! – Ótimo
Não é à toa que o filme se chamaria "Silêncio". Um profundo e soluçante silêncio é o que é este filme. A solitude esparramada de Julieta na segunda fase, tomada pelo delírio de um dia reencontrar a única força motriz capaz de reavivar a sua existência foi tão bem escrita, dirigida e representada que aquele final inesperado me fez perceber que nós, espectadores, também éramos aquela mãe. Pela primeira vez, em mais de 20 filmes de Almodóvar, eu me senti "una chica" de seus enredos, como se de mim tivessem arrancado algo, um final, um desfecho. E foi exatamente assim que Julieta se sentiu a vida toda: com uma perda.
Que outro diretor nos coloca como protagonistas? Ele vai, passa anos nos devendo um drama daqueles, mas quando volta... Viva Pedro!
Esse filme fala bem do que muitos de nós vivemos todos os dias: solitarismo. Somos sozinhos até quando estamos acompanhados. O mesmo acontece com os encontros. Eles já estão cercados de despedidas. A última cena, quando, enfim, Russel consegue expressar carinho em público, é muito singela e bonita. Ah, estes finais de semana...
Eu queria poder mostrar os ataques de riso que tive em algumas cenas e a retidão que senti quando Muriel constatava que não era uma nova pessoa e, sim, a mulher que ela precisava aceitar que era. Ganhou minhas dez estrelinhas com o mesmo louvor que me fez esquecer do mundo enquanto assistia. Filme impagável!
Acabo de ver Frances Ha e saí assim da sala de cinema, leve e pensando em nada. Essa sensação de liberdade que a personagem e suas mini-histórias provocam vai muito além do contexto frio das cenas acinzentadas e satisfaz a alma. É simples, contemporâneo, honesto e muito palpável. É como se ver na tela e olhar a beleza natural de Frances e seu comportamento espevitado faz a gente se sentir elevado. É um filme delicioso!
Num emblemático conflito entre vaidades e afirmações, as relações humanas nunca estiveram tão estreitas e densas. A personagem Nina, que fez Natalie se despir de tantas obviedades cinemáticas, recorre ao intuito de perfeição para brilhar soberana nos palcos de dança. E diante de uma ''rival'' tão exuberante e atrevidamente ameaçosa, que também delibera os mais íntimos desejos na protagonista, o clímax de tensão toma conta da produção e nos faz esperar ansiosos pelas cenas finais - tão surreais e surpreendentes - e, assim, apreciar um thriller que dá vontade de rever sempre e delirar mais de uma vez com a sinfonia lago dos cisnes, tão assustadora e envolvente.
Não quero mudar de ano sem antes acompanhar essa delícia de filme. Espero que todas as expectativas sejam sacramentadas com aquele espetáculo de cenas e melodias.
É um dos filmes mais loucos que eu já vi. Cheio de nuances, trocadilhos e subintenções. É o contra-ponto da beleza da Isabelle Adjani com a figura não-humana que ela mesma cria nos seus desejos mais íntimos. Muito bom!
A linha de produção do Nolan está incrível em mais essa empreitada. Desde ''Batman Begins'', o elenco condizente com as tramas amarradas e o histórico conturbado de Bruce Wayne não foram mais os mesmos. Foram melhores!!! Ótimo enredo pra um filme blockbuster e uma encruzilhada de emoções de tirar o fôlego. A imagem astuta da catwoman - entrelaçada com maestria pela sempre linda Anne Hathaway - foi um dos pontos altos dessa nova roupagem, que contou com um vilão à moda antiga, entre caras, bocas e sussurros deliberados de uma face ardilosamente intrigante e sedenta. Porém, é quase impossível não nos remetermos ao grande Heath Ledger, que fez do seu Coringa, um dos grandes épicos no segundo filme da saga. O filme retrata resurgimento e redenção, dois parâmetros que poderiam ter mumificado a real intenção dos produtores e diretores. E houve um deslize - digno de risadas -, ao deixar o grande trunfo do filme nas mãos de uma personagem apagada e sem carisma (Miranda, Marion Cotillard). No mais, a trilogia cumpriu e ''cessou a fome'' dos ''batmaníanos'' com belas cenas sombrias e arduamente ficcionadas que queríamos e desejávamos. E ao fundo, o grande morcego sendo projetado em mais uma noite Noir no céu de Gothan City.
Pepi, Luci, Bom
3.5 118 Assista AgoraO debut do diretor Pedro Almodóvar no cinema espanhol completa 38 anos em 2018. E rever a obra inteira é também resgatar olhares particulares que talvez não foram percebidos das primeiras vezes, além de ajudar a perpetuar a filmografia para que mais gerações conheçam e se identifiquem.
"Pepi Luci Bom", tão abusiva já em 1980, representa a fragilidade de qualquer estreia, mas é tão visceral e particularmente extravagante que o criador e suas criaturas parecem um só em cada tomada do filme. Sim, Almodóvar disse sem precisar dizer: "Estão vendo? Esse é o meu jeito de fazer cinema!"
É comédia rasgada meeesmo, sem pudores, limpa por sua honestidade e suja pelos diálogos que beiram o escárnio de tão pornográficos. É a conversa de barzinho que se estende entre amigos, os desejos reprimidos que a gente só compartilha com alguém muito íntimo ou simplesmente os anseios de três mulheres que se perdem e se encontram em suas companhias. Uma pérola!
[foto/cena]
– Preciso mijar!
– Espera! Está fazendo tanto calor hoje... Mija nela!
– Ótimo
Julieta
3.8 529 Assista AgoraNão é à toa que o filme se chamaria "Silêncio". Um profundo e soluçante silêncio é o que é este filme. A solitude esparramada de Julieta na segunda fase, tomada pelo delírio de um dia reencontrar a única força motriz capaz de reavivar a sua existência foi tão bem escrita, dirigida e representada que aquele final inesperado me fez perceber que nós, espectadores, também éramos aquela mãe. Pela primeira vez, em mais de 20 filmes de Almodóvar, eu me senti "una chica" de seus enredos, como se de mim tivessem arrancado algo, um final, um desfecho. E foi exatamente assim que Julieta se sentiu a vida toda: com uma perda.
Que outro diretor nos coloca como protagonistas? Ele vai, passa anos nos devendo um drama daqueles, mas quando volta... Viva Pedro!
Final de Semana
3.9 518 Assista AgoraEsse filme fala bem do que muitos de nós vivemos todos os dias: solitarismo. Somos sozinhos até quando estamos acompanhados. O mesmo acontece com os encontros. Eles já estão cercados de despedidas. A última cena, quando, enfim, Russel consegue expressar carinho em público, é muito singela e bonita. Ah, estes finais de semana...
O Casamento de Muriel
3.8 237Eu queria poder mostrar os ataques de riso que tive em algumas cenas e a retidão que senti quando Muriel constatava que não era uma nova pessoa e, sim, a mulher que ela precisava aceitar que era. Ganhou minhas dez estrelinhas com o mesmo louvor que me fez esquecer do mundo enquanto assistia. Filme impagável!
Frances Ha
4.1 1,5K Assista AgoraAcabo de ver Frances Ha e saí assim da sala de cinema, leve e pensando em nada. Essa sensação de liberdade que a personagem e suas mini-histórias provocam vai muito além do contexto frio das cenas acinzentadas e satisfaz a alma. É simples, contemporâneo, honesto e muito palpável. É como se ver na tela e olhar a beleza natural de Frances e seu comportamento espevitado faz a gente se sentir elevado. É um filme delicioso!
Cisne Negro
4.2 7,9K Assista AgoraNum emblemático conflito entre vaidades e afirmações, as relações humanas nunca estiveram tão estreitas e densas. A personagem Nina, que fez Natalie se despir de tantas obviedades cinemáticas, recorre ao intuito de perfeição para brilhar soberana nos palcos de dança. E diante de uma ''rival'' tão exuberante e atrevidamente ameaçosa, que também delibera os mais íntimos desejos na protagonista, o clímax de tensão toma conta da produção e nos faz esperar ansiosos pelas cenas finais - tão surreais e surpreendentes - e, assim, apreciar um thriller que dá vontade de rever sempre e delirar mais de uma vez com a sinfonia lago dos cisnes, tão assustadora e envolvente.
Crash: Estranhos Prazeres
3.6 328 Assista AgoraO filme relata, de maneira única e invasora, o palpável de uma relação humana. É de uma subversividade incrível. Assistam muitas vezes!!!
Os Miseráveis
4.1 4,2K Assista AgoraNão quero mudar de ano sem antes acompanhar essa delícia de filme. Espero que todas as expectativas sejam sacramentadas com aquele espetáculo de cenas e melodias.
Possessão
3.9 587É um dos filmes mais loucos que eu já vi. Cheio de nuances, trocadilhos e subintenções. É o contra-ponto da beleza da Isabelle Adjani com a figura não-humana que ela mesma cria nos seus desejos mais íntimos. Muito bom!
Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge
4.2 6,4K Assista AgoraA linha de produção do Nolan está incrível em mais essa empreitada. Desde ''Batman Begins'', o elenco condizente com as tramas amarradas e o histórico conturbado de Bruce Wayne não foram mais os mesmos. Foram melhores!!! Ótimo enredo pra um filme blockbuster e uma encruzilhada de emoções de tirar o fôlego. A imagem astuta da catwoman - entrelaçada com maestria pela sempre linda Anne Hathaway - foi um dos pontos altos dessa nova roupagem, que contou com um vilão à moda antiga, entre caras, bocas e sussurros deliberados de uma face ardilosamente intrigante e sedenta. Porém, é quase impossível não nos remetermos ao grande Heath Ledger, que fez do seu Coringa, um dos grandes épicos no segundo filme da saga. O filme retrata resurgimento e redenção, dois parâmetros que poderiam ter mumificado a real intenção dos produtores e diretores. E houve um deslize - digno de risadas -, ao deixar o grande trunfo do filme nas mãos de uma personagem apagada e sem carisma (Miranda, Marion Cotillard). No mais, a trilogia cumpriu e ''cessou a fome'' dos ''batmaníanos'' com belas cenas sombrias e arduamente ficcionadas que queríamos e desejávamos. E ao fundo, o grande morcego sendo projetado em mais uma noite Noir no céu de Gothan City.
O Sétimo Selo
4.4 1,0KÉ um clássico! Demasiadamente lúcido e fantástico!