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Últimas opiniões enviadas

  • Pedro

    Depois de anos fazendo a mesma coisa a Marvel assumiu em Guardiões 2 que a ação em seus filmes é absolutamente acessória e sem consequência, e está aí um filme em que as cenas de ação não fingem ser o que não são. Uma acontece no pano de fundo, embaçada, outra é operada à distância, outra é mais uma montagem musical, a última se parece com a primeira e acontece essencialmente no extracampo (e o Star Lord entra nela como se se jogasse numa piscina de bolinha, escondida da gente). Acho que tem algum valor aí em fazer um filme de ação de mais de duas horas que não dá a mínima para ação e mesmo assim segura o espectador com algum interesse

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  • Pedro

    Sua sexualidade. Moonlight tem uma narrativa bem similar, mas a diferença que poderia e deveria parecer apenas estética acaba por ser algo extremamente significativo para a trajetória do protagonista: Sua cor de pele.

    A história, dividida em capítulos, aborda as três fases da vida de um rapaz negro, de nome Chiron: Criança (o bom Alex Hibbert), o qual encontra-se em dificuldades por sofrer com bullying e com a irresponsabilidade de sua mãe (Naomie Harris, a qual rouba todas as suas cenas), uma mulher tão carinhosa quanto propensa ao consumo de drogas pesadas. Este encontra conforto ao passar a ser cuidado pelo traficante Juan (Mahershala Ali) e pela gentil namorada deste (Janelle Monáe). A segunda fase enquanto adolescente (o excelente Ashton Sanders), quando há a descoberta sexual ao passo em que o preconceito e a violência tornam-se recorrentes na vida do rapaz. Por fim, a terceira o traz adulto (o fraco porém funcional Trevante Rhodes) quando vemos as consequências de toda esta trajetória.

    A abordagem é simples e efetiva. Assim como ocorrera no recente Fences, não vemos nenhum personagem branco, porém sentimos a todo o momento o resultado de séculos de maus tratos, intolerância e falta de empatia de uma sociedade formada por indivíduos desta cor. Se o garoto de Boyhood tinha todo um espaço para poder calmamente se descobrir, Chiron precisa primeiramente sobreviver. Sua trajetória é marcada por momentos de calmaria sucedidos por verdadeiros pesadelos.

    Os instantes em que Chiron pode respirar envolvem figuras constantemente estereotipadas pelo universo midiático e oratório, e aquela que chama atenção de imediato é Juan. Homem de aparência imediatamente intimidadora, surpreende ao tratar Chiron com tanta consideração. Podemos então perceber aos poucos por que aquele homem desempenha o papel de traficante, mas não exatamente se este quer estar lá. Será que quer? Quando ele é obrigado a confrontar sua profissão, a imensa dimensão por trás do segregacionismo velado contemporâneo começa a ficar mais clara. A trajetória do protagonista complementa o que vimos inicialmente sobre Juan, mesmo que a falta da performance magistral de Mahershala Ali, o qual cria um homem de modos rígidos, postura defensiva porém com humanidade, seja sentida após o primeiro ato.

    A luta do personagem central para fugir do destino de sua figura paterna, o caminho das drogas no caso, envolve contornar mundos de preconceitos projetados seja no ambiente ou numa ação individual. Envolve guardar o amor que pôde obter de suas duas mães ("Nesta casa só se permite amor e orgulho!" diz a namorada de Juan em ao ver a tristeza de Chiron em sua casa) e alimentá-lo num mundo onde o ódio cresce não importando o fator anacrônico. Como afinal prosperar economicamente e ter uma condição de cidadão branco de classe média se o mundo, o qual já negou um crescimento construtivo do indivíduo negro, só tem a oferecer empregos marcados por baixo pagamento e tratamento excludente? Moonlight é um filme no qual os personagens, pessoas comuns que encaramos com total indiferença no dia a dia, encerram em si conflitos pesados demais cuja origem vem de fatores externos quase incontornáveis.

    O trabalho do jovem diretor Barry Jenkins para então criar uma narrativa sóbria porém de notável personalidade é louvável. O sentimento de simplicidade, de acompanhar uma vida a se desenvolver, jamais é confundido com simplismo, e assim momentos brilhantes tais como aquele envolvendo dois personagens no mar ou outro que envolve o Chiron adolescente e cubos de gelo, estão bastante presentes. Jenkins prioriza o silêncio, as reações e a dinâmica de seus retratados com relação ao mundo, o qual é visualizado fotograficamente com um misto de beleza e mistério. Isto é acompanhado pela trilha sonora cuja melodia é oriunda da melancolia em cena e do impacto do que não imaginamos ser mundano.

    Assim podemos contar com o poder do trabalho de um artista, o qual desafia sem escancarar pontos de vista. É uma produção cuja transcendência vem pela empatia e o entendimento, cujo poder é a única coisa capaz de alinhar seu protagonista mundano, melancólico e curioso com um mundo tão ameaçador, imenso e acima de tudo diverso.

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  • Pedro

    Alguns filmes jamais abandonarão seu público. Isso se dá pelo fato de seu diretor se comprometer a não só contar uma história mas deixar séries de detalhes que serão eternamente desvendados com o passar dos tempos. Falemos um pouco do cineasta Mel Gibson, um sujeito tão talentoso quanto intempestivo. Há doze anos suas polêmicas envolvendo anti semitismo e alcoolismo se sobrepuseram ao seu trabalho como profissional, e mesmo tendo um sucesso colossal com seu A Paixão de Cristo e um moderado com o belíssimo e subestimado Apocalypto, Gibson se entregou a um ostracismo artístico. Ora ou outra retornou como ator em filmes tais como O Fim da Escuridão e Mercenários 3, mas sem conseguir muito destaque.

    A verdade é que todos os filmes que este dirigiu lidavam com culpa. Até naqueles em que atuara contavam com um personagem com problemas de alcoolismo e tendo que lidar com consequências de suas próprias ações ou então de um mundo corrompido. Com o passar dos anos chegou a hora de Gibson mostrar seu amadurecimento, e assim atuou no mesmo ano no elogiado Herança de Sangue e dirigiu este Até o Último Homem, onde utiliza suas habilidades de contador de histórias não só para falar sobre um acontecimento verídico fenomenal como para de fato se confessar como pessoa.

    O roteiro de Andrew Knight e Robert Schenkkan conta a história baseada em fatos de Desmond Doss (Andrew Garfield), um homem simples e religioso que sempre quis ser médico porém não teve oportunidades de estudo. Filho de um alcoólatra veterano da Primeira Guerra Mundial (Hugo Weaving) e irmão de um jovem recruta que parte para o devastador combate da Segunda Guerra, Desmond decide se alistar enquanto na posição de Objetor de Consciência, determinado a ir ao campo não para atacar quem quer que seja, porém para tirar soldados feridos do campo de batalha. Este é confrontado por seu Capitão (Sam Worthington), seu Sargento (Vince Vaughn), e por seus colegas, porém resiste até finalmente chegar ao cenário onde a missão principal é confrontar soldados japoneses na montanha Hacksaw.

    Por mais que se trate de um filme no qual o trabalho do diretor chama muito a atenção, o roteiro também merece diversas citações positivas. É nos diálogos certeiros nos quais a dupla de roteiristas desconstroem inúmeras falácias modernas acerca da questão armamentista, como um subterfúgio digno do “Cidadão de Bem”. A postura do protagonista, o qual mesmo não tendo tido acesso à escolaridade que merecia, aprendeu a ter senso crítico para abraçar o que de melhor uma crença poderia ter a oferecer, é frequentemente incisiva, e sua dinâmica com o resto do exército é algo excepcional. Tão excepcional é que falarei mais desta em breve. O humor do longa também deriva da desconstrução: Inacreditavelmente a cena mais engraçada que pude ver num filme nos últimos anos está aqui (onde foi que Vince Vaughn se meteu por todos estes tempos?!) e tira um sarro maravilhoso em cima de conceitos ultrapassados de masculinidade.

    Trata-se de um filme no qual os personagens têm de lidar com esteriótipos prontos de uma sociedade conflituosa. Por isso, a relação entre tais figuras é desenvolvida a partir da humanidade, e as atuações excepcionais acompanham a estratégia. A escolha prioritária foi por atores que, de alguma maneira pareciam limitados a necessidades mercadológicas genéricas e que finalmente ganham a chance de mostrar dimensões mais complexas. A começar por Teresa Palmer, a qual há pouco tempo era chamada apenas para encarnar figuras que se destacavam por seus atributos físicos e aqui interpreta uma mulher expressiva e decidida, e por mais que o longa se passe na década de quarenta, é injusto limitá-la numa análise a “interesse romântico do herói”. Hugo Weaving, por sua vez, traz intensidade ao veterano amargurado, o qual procura na bebedeira, na agressividade e no distanciamento uma saída pelas perdas que a guerra o trouxe. Uma certa cena entre este e Garfield escancaram a sensibilidade dos dois intérpretes.

    Outros que ganham o direito de fazer um belo retorno às telas são Vince Vaughn, o qual equilibra o humor desbocado de seu Sargento com uma crescente empatia, e Sam Worthington. Este último é um ator que sempre elogiei e aqui, como o Capitão do pelotão traz em seu olhar a luta de um homem contra regulamentos burocráticos e a pressão de uma sociedade preconceituosa em prol de sua contraparte altruísta. O que priorizar afinal? Missão cumprida ou a segurança de seres humanos? E a resposta está na gentileza e da satisfação do olhar de Worthington quando seu personagem contempla uma oração de Doss.

    Assim sendo, uma das grandes proezas do longa é trazer momentos notáveis que evidenciam desenvolvimento individual dos coadjuvantes. Mas não tem jeito, pois Doss é mesmo um personagem único. Encarnado por Andrew Garfield, quase um jovem Tom Hanks, como um homem cuja falta de instrução e de tato social é compensada por uma imensa vontade de contemplar a beleza do mundo, Desmond traz em seu olhar uma inocência que não se confunde com ingenuidade. Conhece o mundo tanto quanto conhece os preceitos bíblicos, e por isso lida com a agressividade seja de interlocutores quanto de si mesmo com dignidade. Sim, Garfield não faz a menor questão de trazer um estoicismo caricato a seu personagem: Este pode dar a outra face, mas é um ser humano comum, o qual sente além de amor (por pessoas ou pela divindade que satisfaz) raiva, desgosto e tristeza. Só um intérprete com sensibilidade gigantesca poderia ter a expressão no olhar para carregar um momento tal como o que o soldado confronta seu Sargento após ser agredido. É como se um turbilhão de ressentimento fosse contido pela satisfação de um dever sendo cumprido, e palmas neste momento não só para o jovem ator como para Vaughn, o qual dá uma resposta expressiva perfeita para este momento. É uma atuação sincera, que denota imensa maturidade.

    Maturidade, enfatizo, acompanhada por seu diretor, o qual confronta a bondade de seu herói com a selvageria do mundo em guerra. Desde O Resgate do Soldado Ryan não há tanta visceralidade em combates quanto aqui: Iniciando com um choque literal de realidade medonho, o confronto com os japoneses assume uma escala de brutalidade inacreditável, com rostos sendo destruídos, corpos devorados por ratos (enquanto não pegam fogo) e explosões ocorrem em qualquer que seja o terreno. Gibson evita efeitos digitais para dar destaque ao prático e também aos efeitos de maquiagem. Não há a menor minimização quando o assunto é o horror que o homem pode causar numa batalha, e mesmo que a narrativa se concentre na jornada de Doss, e portanto protagonize os soldados estadunidenses, os japoneses também ganham destaque, seja no começo quando seus cadáveres dividem o mesmo espaço de cena que os do outro lado quanto num momento envolvendo um esconderijo e no desfecho. O fato de serem adversários não torna os japoneses mera caricatura, e Gibson demonstra consciência ao destacar as ações destes em um dos vários momentos marcantes do longa. A tensão maior é enquanto acompanhamos o protagonista em sua missão particular, pois somos doutrinados a enxergar os interesses políticos mais do que as vítimas de um combate. Doss torna-se a verdadeira personificação da humanidade em meio ao mais animalesco.

    Rodado com uma fotografia que evita ao máximo o ar documental e prioriza as cores e a amplitude visual, e com uma trilha de Rupert Gregson Williams cujas beleza e gravidade jamais se tornam intrusivas, Até o Último Homem não busca ser documento histórico, e sim uma amostra de como é possível ser fiel a convicções não importando a fonte sem se limitar a dogmas. A convicção, se acompanhada do senso crítico é o que auxilia Doss em sua fidelidade a um Deus o qual vai além de uma série de mandos e desmandos. Em tempos de supostos fascistas escondidos pelo véu de “cidadãos de bem”, os quais se orgulham de justificar preconceitos com religiosidade, um homem cristão que se recusou a aderir à violência teve como seu Deus o ideal de responsabilidade e empatia com relação a seres humanos. E é por isso que a última imagem do filme jamais, jamais vai sair de minha mente.

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  • Filmow
    Filmow

    O Oscar 2017 está logo aí e teremos o nosso tradicional BOLÃO DO OSCAR FILMOW!

    Serão 3 vencedores no Bolão com prêmios da loja Chico Rei para os três participantes que mais acertarem nas categorias da premiação. (O 1º lugar vai ganhar um kit da Chico Rei com 01 camiseta + 01 caneca + 01 almofada; o 2º lugar 01 camiseta da Chico Rei; e o 3º lugar 01 almofada da Chico Rei.)

    Vem participar da brincadeira com a gente, acesse https://filmow.com/bolao-do-oscar/ para votar.
    Boa sorte! :)

    * Lembrando que faremos uma transmissão ao vivo via Facebook e Youtube da Casa Filmow na noite da cerimônia, dia 26 de fevereiro. Confirme presença no evento https://www.facebook.com/events/250416102068445/

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