Na temporada passada um grande filme sobre jornalismo chegou às telonas: O Abutre. Acabou sendo desdenhando pelo Oscar. Já nesta temporada outro ótimo longa nos faz discutir a profissão: Spotlight, que diferentemente, conseguiu boas indicações para a maior premiação do cinema mundial, incluindo melhor filme. E pode vencer! Desponta como um dos favoritos, numa competição que promete ser a mais acirrada dos últimos anos. Enquanto O Abutre tratou sobre o mau jornalismo, Spotlight faz o contrário. É uma verdadeira homenagem à profissão que escolhi. Chega a motivar qualquer foca (até mesmo um veterano). Duvida? Assista e veja a paixão e o envolvimento da equipe Spotlight do jornal Boston Globe numa investigação para desvendar os casos de abusos sexuais cometidos por padres e acobertados pelo alto escalão da Igreja Católica. A equipe Spotlight tem dedicação exclusiva para fazer jornalismo investigativo. Emergem numa pauta por muito tempo. Reportagens de fôlego que exigem apuração rigorosa ficam a cargo de quatro jornalistas que a compõem. São várias as partes em que os jornalistas estão super envolvidos com a pauta. Eles mal conseguem dormir. Eles vivem para aquilo. O filme constrói os personagens muito bem, mostrando o envolvimento deles com a pauta. Na hora da refeição, na hora do descanso, na hora do sono… em todo lugar a cabeça deles está no trabalho. No final o mito da imparcialidade cai por terra. Imparcialidade serviria para a indiferença, que não cabe no jornalismo. A indignação e o sentimento pelas vítimas são importantes para que a equipe continue a investigação. Claro, sempre tem um mais afoito, que se apaixona demais. Mas tem o cara mais experiente que sabe o que fazer e age com mais equilíbrio. A paixão representada por Michael Rezendes, personagem de Mark Ruffalo e a parcimônia do chefe da equipe, Walter Robinson (Michael Keaton) são ótimos ingredientes para o bom jornalismo. Dosar os dois é necessário. A aula que eles nos dão deveria servir de lição principalmente para a grande mídia brasileira que tem deixado a reportagem de lado. Eu mesmo deixei de assinar a Folha de São Paulo porque ela não fazia mais falta na minha vida. Notícias requentadas da internet. Pouquíssimas reportagens. Superficialidade. Falta de envolvimento em pautas de interesse público. Isso está acontecendo em quase todos os veículos, que inundam seus sites, por exemplo, com notícias irrelevantes mas que atraem cliques. Cada vez menos os veículos de mídia brasileira têm dedicado tempo aos seus repórteres para investigarem assuntos que seriam importantes para a população. Reportagem exige tempo, imersão, fôlego! A mídia vai na contramão. É um assunto que merece outro texto. Spotlight nos mostra o tanto que é importante o jornalismo para a sociedade. Não! O jornalismo não pode morrer. Como não vai morrer enquanto houver jornalistas engajados, críticos e apaixonados pela profissão. A imprensa tem que incomodar. Deve ser independente para ter um olhar mais crítico em relação a tudo que acontece no mundo, principalmente com o que está próximo. No filme, por exemplo, o jornal bem como toda a cidade eram muito ligados a Igreja Católica. E isso não pode impedir o jornalismo de investigar uma denúncia contra a Instituição. Na verdade pode. Mas o jornalista não deve se submeter a isso. A cena em que o novo editor do Jornal, Marty Baron interpretado por Liev Schreiber visita o Cardeal de Boston é sensacional. A relação entre o jornal e a instituição é evidenciada nesta visita, que seria as boas vindas do principal representante da instituição. Enquanto o cardeal defende estreitar laços com a imprensa bem como com vários outros setores da sociedade, Marty Baron, diz que a imprensa precisa ser independente para desempenhar um bom papel. A pressão é grande. Esforço, persistência e paciência não faltou para a equipe. E não deve faltar nunca ao jornalismo. O jornalismo deve ser sensível mas ao mesmo tempo duro para aguentar a pressão daqueles que o veem como inimigo. O filme, baseado em fatos reais (o que me causou uma animação ainda maior com a história), e que ganhou o Pulitzer (o Oscar do jornalismo americano) é uma aula de jornalismo. Pode pegar o caderninho e anotar. Quem assistiu Todos os homens do Presidente sabe que um filme pode ensinar mais que uma aula.
Destaco neste grande filme duas lições: - Se revolte contra o sistema que te maltrata. Não fique inerte ao ser explorado; - Mas tome cuidado! Muitas vezes vislumbramos com paraísos que não existem. É melhor mudar a realidade que você vive, por mais que seja complicado.
Spotlight - Segredos Revelados
4.1 1,7K Assista AgoraNa temporada passada um grande filme sobre jornalismo chegou às telonas: O Abutre. Acabou sendo desdenhando pelo Oscar.
Já nesta temporada outro ótimo longa nos faz discutir a profissão: Spotlight, que diferentemente, conseguiu boas indicações para a maior premiação do cinema mundial, incluindo melhor filme. E pode vencer! Desponta como um dos favoritos, numa competição que promete ser a mais acirrada dos últimos anos.
Enquanto O Abutre tratou sobre o mau jornalismo, Spotlight faz o contrário. É uma verdadeira homenagem à profissão que escolhi. Chega a motivar qualquer foca (até mesmo um veterano). Duvida? Assista e veja a paixão e o envolvimento da equipe Spotlight do jornal Boston Globe numa investigação para desvendar os casos de abusos sexuais cometidos por padres e acobertados pelo alto escalão da Igreja Católica.
A equipe Spotlight tem dedicação exclusiva para fazer jornalismo investigativo. Emergem numa pauta por muito tempo. Reportagens de fôlego que exigem apuração rigorosa ficam a cargo de quatro jornalistas que a compõem.
São várias as partes em que os jornalistas estão super envolvidos com a pauta. Eles mal conseguem dormir. Eles vivem para aquilo. O filme constrói os personagens muito bem, mostrando o envolvimento deles com a pauta. Na hora da refeição, na hora do descanso, na hora do sono… em todo lugar a cabeça deles está no trabalho.
No final o mito da imparcialidade cai por terra. Imparcialidade serviria para a indiferença, que não cabe no jornalismo. A indignação e o sentimento pelas vítimas são importantes para que a equipe continue a investigação. Claro, sempre tem um mais afoito, que se apaixona demais. Mas tem o cara mais experiente que sabe o que fazer e age com mais equilíbrio. A paixão representada por Michael Rezendes, personagem de Mark Ruffalo e a parcimônia do chefe da equipe, Walter Robinson (Michael Keaton) são ótimos ingredientes para o bom jornalismo. Dosar os dois é necessário.
A aula que eles nos dão deveria servir de lição principalmente para a grande mídia brasileira que tem deixado a reportagem de lado. Eu mesmo deixei de assinar a Folha de São Paulo porque ela não fazia mais falta na minha vida. Notícias requentadas da internet. Pouquíssimas reportagens. Superficialidade. Falta de envolvimento em pautas de interesse público. Isso está acontecendo em quase todos os veículos, que inundam seus sites, por exemplo, com notícias irrelevantes mas que atraem cliques.
Cada vez menos os veículos de mídia brasileira têm dedicado tempo aos seus repórteres para investigarem assuntos que seriam importantes para a população. Reportagem exige tempo, imersão, fôlego! A mídia vai na contramão. É um assunto que merece outro texto.
Spotlight nos mostra o tanto que é importante o jornalismo para a sociedade. Não! O jornalismo não pode morrer. Como não vai morrer enquanto houver jornalistas engajados, críticos e apaixonados pela profissão.
A imprensa tem que incomodar. Deve ser independente para ter um olhar mais crítico em relação a tudo que acontece no mundo, principalmente com o que está próximo. No filme, por exemplo, o jornal bem como toda a cidade eram muito ligados a Igreja Católica. E isso não pode impedir o jornalismo de investigar uma denúncia contra a Instituição. Na verdade pode. Mas o jornalista não deve se submeter a isso.
A cena em que o novo editor do Jornal, Marty Baron interpretado por Liev Schreiber visita o Cardeal de Boston é sensacional. A relação entre o jornal e a instituição é evidenciada nesta visita, que seria as boas vindas do principal representante da instituição. Enquanto o cardeal defende estreitar laços com a imprensa bem como com vários outros setores da sociedade, Marty Baron, diz que a imprensa precisa ser independente para desempenhar um bom papel.
A pressão é grande. Esforço, persistência e paciência não faltou para a equipe. E não deve faltar nunca ao jornalismo. O jornalismo deve ser sensível mas ao mesmo tempo duro para aguentar a pressão daqueles que o veem como inimigo.
O filme, baseado em fatos reais (o que me causou uma animação ainda maior com a história), e que ganhou o Pulitzer (o Oscar do jornalismo americano) é uma aula de jornalismo. Pode pegar o caderninho e anotar. Quem assistiu Todos os homens do Presidente sabe que um filme pode ensinar mais que uma aula.
Keith Richards: Under the Influence
4.1 45Personagem incrível, passagens inspiradoras, mas analisando como um todo o doc é superficial. Esperava mais.
Mad Max: Estrada da Fúria
4.2 4,7K Assista AgoraDestaco neste grande filme duas lições:
- Se revolte contra o sistema que te maltrata. Não fique inerte ao ser explorado;
- Mas tome cuidado! Muitas vezes vislumbramos com paraísos que não existem. É melhor mudar a realidade que você vive, por mais que seja complicado.
Relatos Selvagens
4.4 2,9K Assista AgoraGente, alguém tem o link para download?
O Abutre
4.0 2,5K Assista AgoraImprensa sensacionalista. Qualquer semelhança com o jornalismo brasileiro não é mera coincidência.